Ameaças de Trump podem prejudicar a direita e favorecer Lula em 2026

Crise diplomática? Lula responde Trump

Tratamento que Trump dá a Lula é simplesmente burrice

William Waack

O ataque do presidente americano ao Brasil não tem paralelos históricos. Trata-se sobretudo de uma agressão política, cujos termos são por definição inegociáveis. Trump age com a prepotência de quem, de fato, escolheu dividir o mundo em esferas onde os fortões fazem o que querem, e os fracos — como o Brasil — que se virem.

A última vez em que um presidente americano agiu contra o Brasil por questões políticas ocorreu sob Jimmy Carter a meados da década de setenta. As semelhanças são remotas dada a brutalidade — e a irracionalidade ideológica — exibida por Trump neste momento.

DOIS MOTIVOS – Naquela época dois fatores haviam se combinado: a pressão contra a ditadura militar brasileira por conta de violações de direitos humanos e o acordo nuclear que o Brasil assinara com a Alemanha, que incluía a transferência de tecnologia sensitiva.

O presidente era o general Ernesto Geisel, que reagiu cancelando um acordo de cooperação militar com os EUA. O Brasil acabou fazendo um programa nuclear paralelo e a democratização liquidou a questão dos direitos humanos.

Do ponto de vista exclusivamente comercial e geopolítico o tratamento que Trump dá ao Brasil é simplesmente burrice. Mas é um extraordinário nível de mediocridade estratégica, ignorância histórica e posturas prejudiciais aos próprios interesses da superpotência que Trump vem exibindo desde que assumiu. Em nome de um eleitorado que aplaude o populista que está diminuindo em vez de aumentar a liderança e capacidade de ação americana.

ALGO A NEGOCIAR – Os danos comerciais ao Brasil são consideráveis, mas em situações semelhantes de imposição de tarifas Trump demonstrou a falta de consistência habitual — é algo que pode ser eventualmente “negociado”. O problema muito mais grave é político e terá impacto também no contexto eleitoral doméstico brasileiro.

Como aconteceu em países como Canadá, Austrália, México e, até certo ponto Alemanha, a interferência política de Trump nos assuntos de cada um produziu os resultados contrários.

Ou seja, Trump desmoralizou, enfraqueceu e tirou potencial eleitoral das forças políticas que quis “proteger”. No caso brasileiro, o clã Bolsonaro e todo agente político que aderiu ao fã clube de Trump.

ILUSÃO INFANTILÓIDE – É claro que esse é um problema do capitão e sua ilusão infantilóide de que um prepotente como Trump possa livrá-lo da cadeia — onde provavelmente mais e não menos gente vai querer vê-lo agora. Bem mais complicada é a situação do governo brasileiro que, ao contrário do exemplo da esquerdista que preside o México, não soube criar qualquer canal direto com a Casa Branca.

O Brasil é uma potência menor, com escassa capacidade de retaliação que não nos torne ainda mais vulneráveis, sobretudo em relação a insumos. É grande a tentação de pular para um lado no confronto geopolítico, mas um pouco de inteligência estratégica indica que os Trumps acabam indo embora, e a profundidade dos laços entre Brasil e Estados Unidos permanecem. Mas o mais provável é que ninguém vai enxergar esse horizonte nos próximos dias.

10 thoughts on “Ameaças de Trump podem prejudicar a direita e favorecer Lula em 2026

  1. A direita brasileira identificada com Trump vai sofrer graves danos eleitorais

    Na cadeia — é onde provavelmente mais e não menos gente vai querer ver o ex-mito agora.

    O ataque de Trump ao Brasil trata-se sobretudo de uma agressão política, cujos termos são por definição inegociáveis. Trump age, no caso, com prepotência, brutalidade e irracionalidade ideológica.

    Os danos comerciais ao Brasil são consideráveis, mas o problema muito mais grave é político e terá impacto também no contexto eleitoral doméstico brasileiro.

    Como aconteceu em países como Canadá, Austrália, México e, até certo ponto Alemanha, a interferência política de Trump nos assuntos de cada um produziu os resultados contrários.

    Ou seja, Trump desmoralizou, enfraqueceu e tirou potencial eleitoral das forças políticas que quis “proteger”. No caso brasileiro, o clã Bolsonaro e todo agente político que aderiu ao fã clube de Trump.

    É claro que esse é um problema do ex-mito e sua ilusão infantiloide de que um prepotente como Trump possa livrá-lo da cadeia — onde provavelmente mais e não menos gente vai querer vê-lo agora.

    Fonte: O Estado de S. Paulo, Opinião, 09/07/2025 | 19h42 Por William Waack

  2. O eleitorado brasileiro não é burro e não cairá na propaganda enganosa de Lula.

    Bolsonaro fica em situação complicada.

    Trump poderia dizer abertamente que a retaliação se deve à aliança com o Irã.

    E utilizar instrumentos mais sofisticados e sutis para minar o desgoverno Lula 5, cuja base de sustentação não é lá essas coisas.

    Talvez Trump seja esperto e o analista que afirmou na sua eleição: ‘só podia ser coisa de preto” e que foi transformado em estrela cadente só não consiga compreender que essa loucura tem método.

    Se o remédio pra doido é doido e meio.

    Talvez a segurança do burro seja outro burro e meio.

    É o caso do desgoverno Lula.

    O Palácio do Planalto já era um DCE de moleques entorpecidos em 2013.

    Agora, como Maduro, Lula tem um culpado para todos os seus erros.

    E “isso causará a união de guerra fictícia entre os três poderes da ladronagem”

  3. Sr. Newton

    Ah, esses vira-latinhas duma figa….

    A Primeira-Vira-Lata fazendo comprinhas em Shopping de Luxo no Rio de Janeiro……

    Ela é um luxo,”chique no úrtimo…….””

    Ai está a Guerra entre Pobres e Ricos ou Ricos e Pobres….

    Pobres contra ricos? Janja faz compras em shopping da elite no Leblon

    Entre uma loja e outra, a primeira-dama deu autógrafos a frequentadores do centro de compras que é um dos mais caros do país

    https://veja.abril.com.br/coluna/radar/pobres-contra-ricos-janja-faz-compras-em-shopping-da-elite-no-leblon/

    • “Vamos acabar com a fome”, diz Lula (drão) no ato pelos 20 anos do Bolsa Família

      Sr. Newton

      Talvez o Narco-Comuna-Nike errou ao falar das “bolsas”……

      aquele abraço

  4. Lembrando que Lula, quando Trumpiza, sempre mete os pés pelas mãos.

    Argentina

    Venezuela

    Até na eleição do Vaticano o nosso invejoso de Trump tentou interferir após a morte de João Paulo II.

    E perdeu feio como sempre.

    Lulla e Trump se equivalem em quase tudo.

    Da safadeza à estupidez há paridade.

    A escala interfere nos demais parâmetros e neles, mesmo agradecendo a Trump pelo passe errado da bola, perderá a eleição pelos seus próprios erros.

    Desperdiçará o lance e chutará pra fora na cara do gol como sempre.

  5. Programa de Proteção ao Ditador de Trump
    Usando tarifas para combater a democracia
    Paulo Krugman

    09 de julho de 2025

    Normalmente não faço posts noturnos. Um por dia no café da manhã é, eu acho, suficiente ou mais do que suficiente. Mas a última carta de Trump, impondo uma tarifa de 50% ao Brasil, marca um novo rumo, e acho que merece um boletim especial. Afinal, é tanto perversa quanto megalomaníaca.

    Observe que Trump mal finge que há uma justificativa econômica para essa ação. Trata-se apenas de punir o Brasil por levar Jair Bolsonaro a julgamento.

    Bolsonaro, como a maioria dos leitores provavelmente sabe, é o ex-presidente do Brasil, que perdeu a última eleição — mas tentou se manter no poder por meio de um golpe que anulou a eleição. Claro que isso soa familiar.

    Ora, esta não seria a primeira vez que os Estados Unidos utilizam a política tarifária para fins políticos. Pelo contrário, o sistema de comércio internacional que estabelecemos após a Segunda Guerra Mundial foi, em parte, motivado pela crença das autoridades americanas de que o comércio, além de ser economicamente benéfico, era uma força para a paz e fortaleceria a democracia em todo o mundo. Eles provavelmente estavam certos e, de qualquer forma, era um objetivo nobre.

    Agora, Trump está tentando usar tarifas para ajudar outro aspirante a ditador. Se você ainda achava que os Estados Unidos eram um dos mocinhos do mundo, isso deve lhe dizer de que lado estamos hoje em dia.

    Por que digo que é megalomaníaco? O Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes. Veja para onde vão suas exportações:

    Fonte: Organização Mundial do Comércio

    Essas exportações para os EUA representam menos de 2% do PIB brasileiro. Trump realmente imagina que pode usar tarifas para intimidar uma nação enorme, que nem sequer depende muito do mercado americano, a abandonar a democracia?

    Então, como eu disse, perverso e megalomaníaco. Se ainda tivéssemos uma democracia em funcionamento, essa manobra do Brasil seria, por si só, motivo para impeachment. É claro que teria que ficar na fila atrás de todos os outros motivos.

    De qualquer forma, não ignore isso. Estamos diante de mais um passo terrível na espiral descendente do nosso país.

  6. Embora o Trump tenha lá suas instablilidades, ou estratégias pouco ortodoxas de negociação, mostrou que é capaz de resolver problemas causados por quem vive na realidade paralela, opondo-se ao avanço das forças produtivas, querendo voltar à Idade Média, neoludistamente, com suas máquina de escrever, querendo segurar o tsunami que é a Quarta Revolução Tecnológica.

    Deixou os aiotolás medievais, bárbaros, terroristas, insignificantes tecnologicamente, homofóbicos misóginos e opressores do seu povo: uma bela bomba atolou seu desejo genocida de exterminar o “imperialismo norte-americano”.

    China e Rússia, cujo ditadores não são idiotas e descompromissados com suas economias deixaram pra nossa múmia bananeira jogar pedras na Lua.

    O resultado taí!

    E será que o povo esteja confundindo nossa oligarquia estatal reacionária, atrasada, censora, neoludista, que lhe custa o olho da cara, como sempre a expressão do país?

  7. Para quem não havia compreendido quando falaramos da censura às big techs como uma ameaça à possibilidade des saírmos do atraso econômico e tecnológico.

    “Em carta, Trump diz a Lula que EUA abrirão investigação sobre ações do Brasil contra big techs americanas”

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