“Governo Lula já tinha acabado, mas tarifaço o ressuscitou”, afirma Bacha“

Trump tem mentalidade de comerciante e negocia ameaçando parceiros', diz Edmar  Bacha

Bacha comenta que Lula é um político que tem sorte

Alice Ferraz e Malu Mões
Estadão

Dedicado à vida acadêmica e às análises profundas, de caráter estrutural, Edmar Bacha evita se envolver com a conjuntura. Após anos acompanhando o noticiário em tempo real, hoje ele recusa entrevistas. Ainda assim, um dos pais do Plano Real e imortal da Academia Brasileira de Letras recebeu a Coluna Alice Ferraz duas vezes na semana passada: antes e depois do tarifaço de Donald Trump. Na primeira conversa, na segunda-feira, dia 7, foi categórico: “O governo Lula já acabou. Ele apenas não sabe”.

Já na sexta, dia 11, embora mantivesse o tom direto e ácido – marca registrada de Bacha –, o cenário havia mudado. “A situação dele foi da água ao vinho. Mais uma vez, Lula mostrou que nasceu com o bumbum virado para a lua.”

LULA RESSUSCITOU – O economista avalia que se repetirá no Brasil o que foi visto no Canadá, na Austrália e no México. “Ao fazer esses ataques tributários, Trump criou condições para que seus supostos aliados perdessem as eleições.” Esse é seu diagnóstico sobre a taxação de 50% às importações brasileiras: “Lula estava na corda bamba e Trump o ressuscitou”.

Para Bacha, o Brasil precisa ter uma atitude dura, mas não responder com um tiro no pé. “Retaliar com a reciprocidade nas tarifas vai acabar com o comércio entre o Brasil e os EUA.” A solução, segundo ele, será negociar – e, até lá, a incerteza paira.

“Trump é essa coisa maluca. Nunca se sabe se é ameaça ou se virá uma medida concreta. Esse é o problema. A incerteza é paralisante. Ninguém sabe que atitude tomar. E, nesse caso, é melhor esperar do que produzir.” O resultado? Será de prejuízo à economia global. “Minha dúvida é apenas sobre o grau do dano que vamos enfrentar.”

FREAR O CRESCIMENTO – A China também está no radar de Bacha. Em sua avaliação, a política mercantilista agressiva adotada por Xi Jinping tende a frear o crescimento global. “Se eles mantiverem o modelo atual, vai ser difícil para todos. Mas, se a China passar a priorizar o consumo interno, o país crescerá mais – e o mundo também.” Para ele, essa transição é fundamental para aliviar as tensões no comércio internacional.

Apesar das mudanças no contexto nacional, Bacha mantém o alerta para a falta de governabilidade. Uma das vozes mais respeitadas da economia brasileira, ele fala com a autoridade de quem já viu o presidencialismo de coalizão funcionar por dentro.

Durante o governo FHC, presidiu o BNDES e acompanhou de perto os bastidores do poder. “Naquele tempo, havia de fato uma partilha entre o Executivo e o Legislativo – mas o presidente mantinha o comando. Isso acabou. Lula não controla nada.”

EXEMPLO DO IOF – A crise ficou escancarada no episódio do IOF – medida proposta por Lula que Bacha classifica como “absurda”. Para o economista, o erro foi duplo. De um lado, o governo tentou utilizar o imposto como instrumento arrecadatório, o que ele considera inconstitucional. De outro, o Congresso respondeu com outra irregularidade: derrubou o decreto, também de forma inconstitucional. “É muito atípica a situação que estamos vivendo”, resume.

Bacha não minimiza os desafios atuais, mas argumenta que eles estão longe da complexidade do período em que esteve no setor público – marcado por uma hiperinflação de 3.000%.

Não por acaso, foi descrito em perfil da The Economist, em 2017, como um “lutador contra a inflação”, em referência ao seu papel central na criação do Plano Real.

SITUAÇÃO MAIS GRAVE – “Era outro Brasil. A situação era muito mais grave. O cenário externo também era desfavorável. Enfrentamos a crise da moeda mexicana em 1994, a dos países asiáticos em 1997, a da Rússia em 1998 – e a nossa própria, em 1999.”

O economista tem se dedicado à produção intelectual – entre artigos econômicos e a rotina como membro da Academia Brasileira de Letras, onde marca presença semanalmente. Está especialmente animado com a chegada da nova imortal, Ana Maria Gonçalves. Um Defeito de Cor, diz ele, é “o melhor romance brasileiro do século 21”. E elogia: “É um retrato extraordinário do Brasil do século 19, escrito de forma fascinante”.

Na próxima terça, dia 16, ele vestirá o fardão verde e dourado também para falar sobre as grandes potências globais. A ABL se transformará em sala de aula para Bacha abordar a evolução da ordem econômica mundial, do pós-guerra até antes do segundo mandato de Trump.

“Agora está uma confusão infernal, não dá para incluir enquanto o Trump estiver aí fazendo bagunça.” Mas o cenário a partir de 2029 estará presente. Bacha trará hipóteses de como deve ficar o cenário pós-Trump. Um spoiler: “O mais provável é um mundo ainda mais multipolar, com presença mais forte da China e da União Europeia, vis-à-vis aos EUA, que sofrem com a erosão de sua hegemonia”. A palestra também será transmitida ao vivo, já as inscrições para acompanhar presencialmente podem ser feitas neste link.

10 thoughts on ““Governo Lula já tinha acabado, mas tarifaço o ressuscitou”, afirma Bacha“

  1. O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucaaadaaa.

    Trump virou o único marketeiro eficiente de Lula…

    “O presidente Trump enviou uma carta impondo consequências há muito esperadas ao Supremo Tribunal de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio com os EUA.

    Tais ataques são uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil.

    As declarações do presidente Trump são claras. Estaremos acompanhando de perto.”

  2. Dica aos marketeiros de Lula 2026:

    Não esqueçam de tocar:

    Brasil Pandeiro
    Novos Baianos

    Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
    Eu fui à Penha, fui pedir à Padroeira para me ajudar
    Salve o Morro do Vintém
    Pendura a saia, eu quero ver
    Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar

    O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
    Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
    Vai entrar no cuscuz, acarajé e abará
    Na Casa Branca já dançou a batucada de ioiô, iaiá

    Brasil, esquentai vossos pandeiros
    Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
    Há quem sambe diferente noutras terras
    Outra gente, um batuque de matar

    Batucada, reuni vossos valores
    Pastorinhas e cantores
    Expressão que não tem par, ó, meu Brasil

    Brasil, esquentai vossos pandeiros
    Iluminai os terreiros que nós queremos sambar
    Brasil, esquentai vossos pandeiros
    Iluminai os terreiros que nós queremos sambar

    Ô, ô, sambar

  3. O ressuscitado (trânsfuga de sarcófago) vai continuar assombrando nosso terreiro até a avacalhação total do esquerdismo de peculato.
    Depois do experimento soviético o bruto pretendia estabelecer o experimento caquistocrático.

    Caquistocracia – Wikipédia, a enciclopédia livre.
    Wikipedia
    https://pt.wikipedia.org › wiki › Caquistocracia
    Caquistocracia ou kakistocracia é o sistema de governo onde os líderes são os piores, menos qualificados e/ou mais inescrupulosos cidadãos.

  4. EX-MITO FOI PARA O TUDO OU NADA COM ‘ANISTIA OU TARIFAÇÃO’

    E TERÁ ENTÃO QUE VENCER O XANDE E O BARBA AGORA, POIS SABE QUE DEPOIS NÃO VAI CONSEGUIR OUTRO APOIO TÃO PODEROSO QUANTO O DE LARANJÃO.

    E SABE TAMBÉM QUE, SE PERDER A PARADA, SERÁ O ‘ADEUS À ANISTIA’ E ‘CADEIA’ NA CERTA.

    É DISSO QUE SE TRATA.

    Acorda, Brasil!

  5. Uma coisa é certa: o bolsonarismo se lascou!

    Como Trump resolveu, no caso brasileiro, acrescentar à sua mafiosa prática comercial um componente político-ideológico, a discussão deixou o mundo da economia e se deslocou para a narrativa política.

    E o bolsonarismo se lascou! Hoje é o grande derrotado político. Os brasileiros, como um todo, exceto a bolha fanática bolsonarista, estão contra Trump e, por consequência, o ex-mito.

    O ex-mito só chegou aonde chegou, desde a pré-campanha em 2018, passando por seu desgoverno aloprado e o melancólico fim golpista, pelo apoio irrestrito e pesado de boa parte do empresariado nacional.

    E o bicho-empresário, como é sabido, não gosta de perder dinheiro. Setores como o agronegócio, que aderiu em peso ao bolsonarismo, agora, começam a fazer as contas.

    A política orbita o grande capital. E quando este “ente” se afasta de um lado, a chance de derrota é enorme. Não há amor a Bolsonaro que supere um prejuízo no balanço anual do empresariado.

    Quando os lucros e dividendos – e os bônus, claro – saem pela porta, Deus, pátria e família voam pela janela.

    O tarifaço de Trump, vendido como graça e obra da família Bolsonaro – pelo próprio clã -, fará muito bolsominion, com camisa verde-amarela, deixar de frequentar os “domingos no parque” da Avenida Paulista (manifestações pró-anistia etc.).

    Fonte: O Antagonista, Opinião, 11.07.2025 16:01 por Ricardo Kertzman

    • O Antagonista sempre foi contra o Bolsonaro tanto que apoiou o Lula em 2022. O que eles dizem e publicam não tem o menor valor. As Vestais andam cantando de galo pois pensam que podem enganar. Na hora que o tarifaço for aplicado, vão mostrar que são apenas galinhas.

  6. Sr. Newton

    Vou discordar do Bacha pelo simples fato de que o ecomunista não frequenta feiras e mercados deste Páis.

    Há quatro meses o Narco-Pelego X9 mentia em seu discurso alcóolico para os jumentinhos amestrados que se reuniria com os empresários para baixarem os preços dos alimentos.

    Não baixou como os aumentos são semanais., quem frequenta as feiras e mercados sabem disso.

    “as carnes vão baixar, os ovos vão baixar, o café vão baixar..””

    E continua tudo antes como no quartel de Abrantes.

    Patinho……41,99 Kilo
    Coxão Mole…..41,99 Kilo
    Coxão Duro….41,99 Kilo
    Lagarto………..41,99 kilo.

    Contra o Filé…….59,90 kilo…

    Não vou por os preços da Picanha e Filé Mignon para o Sr. Bacha não cair da cadeira……

    Aquele abraço

    Vão indo que vou depois….

  7. EX-MITO VAI PARA O TUDO OU NADA COM ‘CHANTAGEM’ DA ‘ANISTIA OU TARIFAÇO’

    O EX-MITO TERÁ ENTÃO QUE VENCER O XANDE E O BARBA AGORA, POIS SABE QUE NÃO TERÁ DEPOIS OUTRO APOIO TÃO PODEROSO QUANTO O DE LARANJÃO.

    E SABE TAMBÉM QUE, SE PERDER A PARADA AGORA, SERÁ O ‘ADEUS À ANISTIA’ E ‘CADEIA’ NA CERTA.

    É DISSO QUE SE TRATA.

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