Julgamento do Supremo sobre Google pode acabar com a química de Trump 

Para Mendonça, STF arrisca precedente perigoso em quebra de sigilo online

Reprodução do site Migalhas

Carolina Brígido
Estadão

Um julgamento que prosseguiu  nesta quarta-feira, 24, no Supremo Tribunal Federal (STF), com o voto de Gilmar Mendes, tem potencial para interferir nas negociações entre o Brasil e os EUA. A Corte está conduzindo um debate caro aos provedores de internet, sobre a obrigação de compartilhar dados pessoais de usuários para alimentar investigações policiais.

Na terça-feira, 23, um encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump nos bastidores da Assembleia Geral da ONU quebrou o gelo da relação. Os dois devem conversar por telefone nos próximos dias.

ASSUNTO SENSÍVEL – A regulação das plataformas é assunto sensível entre os dois países. Na carta que Donald Trump enviou a Lula em julho, o presidente americano lembrou que o STF emitiu ordens que ele considera “ilegais” às plataformas para a retirada de perfis do ar.

Mencionou, ainda, “ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas norte-americanas”.

Em junho, o Supremo alterou o entendimento sobre o Marco Civil da Internet em um julgamento que resultou em mais responsabilidades às plataformas e redes sociais. As empresas ficaram obrigadas a retirar do ar publicações com conteúdo ilegal após serem notificadas. A exceção é para crimes contra a honra, que devem ser removidos mediante decisão judicial específica.

DIALOGAR É PRECISO – O governo brasileiro está disposto a dialogar com os EUA sobre a regulação de plataformas como um caminho para acertar os ponteiros com Trump. Se o resultado do julgamento desta quarta tiver como consequência o aumento da responsabilização de plataformas, a conversa pode ficar mais tensa. Por outro lado, o tribunal pode auxiliar no diálogo se o entendimento for favorável às big techs.

O julgamento tem como pano de fundo o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

O Google recorreu de uma ordem judicial para que fossem compartilhados com as investigações dados sobre buscas realizadas por usuários nos dias anteriores ao crime e também no dia que os dois foram mortos.

QUEBRAS DE SIGILO – No plenário, o STF vai definir os limites para a quebra de sigilo de usuários da internet. Até o momento, os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Nunes Marques e Gilmar Mendes votaram para permitir a quebra de sigilo de um grupo indeterminado de usuários, mas com algumas regras, como decisão judicial prévia, descarte de dados coletados de pessoas que não são investigadas e validade somente para crimes hediondos.

Ao validar a quebra de sigilo, Gilmar Mendes afirmou que a Constituição garante a proteção de dados pessoais que estão em meios digitais.

Dessa forma, a quebra de sigilo das buscas realizadas por palavras-chave na internet deve restringida em investigações em crimes hediondos, como homicídio, feminicídio, estupro, entre outros.

ESTADO POLICIALESCO – “Estamos tratando de restrições de direitos fundamentais de pessoas indeterminadas. A limitação da medida parece essencial para garantir que o menor número de sujeitos não relacionados ao crime sofra essa limitação”, afirmou.

Durante o julgamento, o ministro André Mendonça divergiu e disse que a medida pode criar um “Estado policialesco”.

“Entendo que nós estamos construindo um procedente muito perigoso para os direitos fundamentais, a liberdade e a intimidade das pessoas. Estamos abrindo um caminho para um Estado de polícia, e é um caminho sem volta”, argumentou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente matéria.  O tema é perigosíssimo. Se o Supremo insistir em dar ordens às big techs estrangeiras, Trump vai ter uma recaída e não há química que resista ao totalitarismo do STF. (C.N.)

5 thoughts on “Julgamento do Supremo sobre Google pode acabar com a química de Trump 

  1. A química boa para a esquerda é a de colocar doses de estricnina no lanche, almoço e janta dos adversários, e para isso conta com uma mídia amancebada com as verbas de publicidade do patronato instalado no poder.
    Nada fica de fora, está tudo dentro… do poder.
    Escribas farisaicos e mesmerizados pelo experimento soviético cavalgam a toda brida montados em cavalos do carrossel, giram sempre no mesmo lugar.
    E lá na ONU…

    Pinóquio da Silva
    Lula mais uma vez demonstrou seu desapreço à verdade, ao afirmar que não se mete em eleições dos Estados Unidos. Ele não só declarou apoio a Kamala Harris como insultou Donald Trump de “nazista”. (CH)

    No futebol da esquerda.
    Cantoria de amor

    Viralizou o vídeo de momento de intensa ternura, nos showmícios petistas de domingo (21), em que militantes de esquerda gritavam “meu sonho é jogar bola com cabeça de fascista”. São uns amores. (CH)

    Molecagem infantil

    Apesar de o plano ter vazado para imprensa na véspera, a ONU atribuiu a “incidentes” a sabotagem da escada rolante na chegada de Trump, assim como o teleprompter ter travado durante o discurso do americano. (CH)

    E assim entre afagos de ocasião e narrativas paridas por marqueteiros lá vão eles por mares dantes navegados pelos carniceiros da história.

  2. Alguém, conscientemente, caiu nessa cretinice de “quimica”?! Bem, até onde vi, o Sr. Rocha e o Sr. Limongi, embora eu custe a crer, manifestara-se positivamente.

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