Legenda não sabe se lança candidatos próprios ou compõe alianças
Érika Giovannini
O Tempo
Apesar do otimismo de alguns parlamentares na disputa por uma vaga ao Senado Federal, o Partido Liberal (PL) em Minas Gerais enfrenta um impasse que precisa ser resolvido antes de definir os nomes que entrarão nessa briga: como será o papel da legenda na corrida pelo Executivo estadual. Até o momento, o partido não lançou candidatura própria ao governo de Minas nem firmou aliança com os principais nomes da direita no estado – Mateus Simões (PSD) e Cleitinho (Republicanos).
Segundo interlocutores, a incerteza ocorre em meio à dificuldade de comunicação direta com Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar desde abril e cuja influência continua determinante para a escolha. Além da indefinição do nome para o cargo majoritário, há divergências internas sobre a disputa pelo Senado, já que haveria muitos interessados para apenas duas vagas.
NOMES PRÓPRIOS – Algumas lideranças defendem que o PL leve nomes próprios para ambas, outras defendem uma composição. Enquanto isso, quem está de olho na cadeira no Legislativo federal vai defendendo seu terreno e buscando a bênção do ex-presidente.
Há duas semanas, o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) esteve com Bolsonaro e, após o encontro, anunciou publicamente que teria recebido o aval do ex-presidente para disputar uma das vagas ao Senado. Na ocasião, Caporezzo afirmou que Bolsonaro havia dito que o PL lançaria dois mineiros à Casa Alta. “O presidente Bolsonaro afirmou que serão duas vagas para o Senado por Minas Gerais e, certamente, uma dessas será minha”, declarou.
INDICAÇÕES – O deputado federal Eros Biondini também acredita que apenas candidatos do partido serão indicados às duas cadeiras disponíveis para Minas no Senado. “O cenário tem mudado muito de tempos em tempos. Hoje eu acredito que os dois candidatos seriam próprios do PL”.
Em contrapartida, na segunda-feira passada, o presidente estadual do PL, deputado federal Domingos Sávio, disse que o partido indicará dois nomes, mas não necessariamente ambos da legenda. “O que é absolutamente certo é que o PL indicará ao menos um candidato próprio”.
Segundo o dirigente, a possibilidade de composição e candidatura própria do PL sempre foi considerada pelo ex-presidente. “Legalmente, pode lançar dois do mesmo partido? Pode. Estrategicamente? Se você olhar as eleições históricas, não lembro de lançarem dois nomes dos partidos e terem êxito. O processo de composição é sempre usado”, ressaltou.
UM CANDIDATO – Essa leitura foi reforçada por dois interlocutores da legenda. Um deles avaliou que o PL “terá de abrir mão de uma cadeira, porque duas vagas ao Senado enfraquecem o partido na disputa pelo governo do estado”. Outro foi direto: “No fundo, o PL quer apenas um candidato ao Senado”.
O presidente da sigla em Minas revelou ainda que o ex-presidente tem sido “generoso” com todos os interessados na Câmara Alta que o visitam, dando “a sensação de indicação a todos”. No entanto, ele enfatizou que nem o ex-presidente, nem seus “porta-vozes” declararam publicamente quem ou quantos serão os indicados. “Temos que esperar”, declarou Domingos Sávio, que também recebeu, em agosto, a “bênção” do ex-presidente para a disputa. Só neste ano, dos sete que estariam cotados para o Senado, três visitaram Bolsonaro para articular suas candidaturas.
É uma vergonha que, num berço de grandes políticos como Minas, o PL local não saiba o que fazer sem o picareta do ex-mito, ora preso e futuramente represo.
À extrema direita, autoritária, arrogante e prepotente, faltaria inteligência e sabedoria?