Leonardo Boff
O Tempo
A encíclica “Cuidar da Casa Comum” e a Carta da Terra talvez sejam os dois únicos documentos de relevância mundial que apresentam tantas afinidades. Tratam do estado degradado da Terra e da vida em suas várias dimensões, fora da visão convencional que se restringe ao ambientalismo. A encíclica reconhece a Carta da Terra e a cita num dos pontos mais fundamentais: “Atrevo-me a propor de novo o considerável desafio da Carta da Terra: como nunca antes na história, o destino comum nos obriga a procurar um novo começo”. Esse novo começo é assumido pelo papa Francisco.
Em primeiro lugar, comparece o mesmo espírito que pervade os textos: de forma analítica, recolhendo os dados científicos mais seguros, de forma crítica, denunciando o atual sistema, que produz o desequilíbrio da Terra e, de forma “esperançadora”, apontando saídas salvadoras. Não se rende à resignação, mas confia na capacidade humana de forjar um novo estilo de vida na ação inovadora do Criador.
Há o mesmo ponto de partida. Diz a Carta: “Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando a devastação ambiental, a redução dos recursos e uma maciça extinção de espécies”. Repete a encíclica: “Basta olhar a realidade com sinceridade para ver que há uma grande deterioração da nossa Casa Comum… O sistema atual é insustentável a partir de vários pontos de vista”.
MESMAS PROPOSTAS
Há igual proposta. Assevera a Carta: “São necessárias mudanças fundamentais dos nossos valores, instituições e modos de vida”. A encíclica enfatiza: “Toda aspiração a cuidar e a melhorar o mundo requer mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo, nas estruturas consolidadas de poder que hoje regem as sociedades”.
Grande novidade, própria do novo paradigma cosmológico e ecológico, é a afirmação da Carta: “Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados, e juntos podemos forjar soluções includentes”. Há um eco dessa afirmação na encíclica: “a íntima relação entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que tudo está estreitamente interligado no mundo, o convite a procurar outras maneiras de entender a economia, o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia e a proposta de um novo estilo de vida”.
A Carta afirma que “há um espírito de parentesco com toda a vida”. O mesmo afirma a encíclica. É a franciscana fraternidade universal.
A Carta da Terra enfatiza que é nosso dever “respeitar e cuidar da comunidade de vida em toda a sua diversidade”. Toda a encíclica, a começar pelo título “Cuidar da Casa Comum”, faz desse imperativo uma espécie de “ritornello”.
JUSTIÇA SOCIAL
Outra afinidade importante é o valor dado à justiça social. A carta sustenta forte relação entre a ecologia e a justiça social e econômica, que “protege os vulneráveis e serve aqueles que sofrem”. A encíclica atinge um de seus pontos altos ao afirmar “que uma verdadeira abordagem ecológica deve integrar a justiça para ouvir o grito da Terra e dos pobres”.
A Carta da Terra formulou uma definição de paz que é das mais felizes já realizadas pela reflexão humana: “a plenitude que resulta das relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, com outras culturas, com outras vidas, com a Terra e com o todo do qual somos parte”.
Esses dois documentos são faróis que nos guiam nestes tempos sombrios – devolvem a necessária esperança de que ainda podemos salvar a Casa Comum e a nós mesmos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Redigida por intelectuais ambientalistas de diversos países e organizações, a versão final da Carta foi aprovada numa reunião na sede da UNESCO, em Paris, em março de 2000.
AS ENCÍCLICAS COMEÇAM A ENXERGAR O ÓBVIO: A TERRA TEM GENTE DEMAIS. AS CULPADAS? VÁRIAS RELIGIÕES QUE SE OPÕEM AO O USO DE ANTICONCEPCIONAIS. O POVÃO SEGUE OS ENSINAMENTOS DAS MESMAS SEM QUESTIONAR NADA. COMO OS BOIS VÃO PARA A BOIADA. É POR ISSO QUE NENHUM GOVERNO ATÉ AGORA DECIDIU EDUCAR O POVO.
O interessante é que nem a Carta da Terra aprovada pela UNESCO em 2.000 DC, e a atual boa Encíclica do Papa FRANCISCO ” CUIDAR DA CASA COMUM”, precificam o CUSTO para “despoluir a Terra, e não poluí-la mais daqui para frente”.
Quando se começa a esboçar o Orçamento, e já se partem de cifras de US$ Trilhões, NINGUÉM diz de onde sairá o Dinheiro. Lógico, que será em forma de um Imposto Ecológico. Mas aplicar um brutal Imposto Ecológico em cima de uma já Brutal carga Tributária? Como?
Ainda o melhor começo é pela via da PROGRAMAÇÃO FAMILIAR, mas aí, a própria Igreja Católica é contra, pois que condena até o uso de camisinha. E a Carta da Terra, também não diz nada sobre o Assunto: PLANEJAMENTO FAMILIAR.
Fácil é FALAR e ESCREVER, difícil FAZER. Abrs.
Bonito e verdadeiro o artigo, A vaidade do ser humano acarretará a
destruição do planeta. Os animais carnívoros matam para se alimentarem
e sobreviverem, o ser humano agridem e matam para alimentar suas vaidades.
Qual o motivo de acumular riqueza, senão para atender a vaidade?
O que o ser humano normal necessita é de uma situação que atenda as suas necessidades
básicas: alimentação, educação, saúde, moradia, transporte, lazer etc.
Quem acumula grandes fortunas, não pensa que sua vida não durará o suficiente para
usufruir de tal riqueza. Sem a exploração dos seus semelhantes, ninguém fica rico. Ninguém
é suficientemente capaz de enriquecer somente com o seu trabalho.