O que se diz nos círculos do PSDB não “fernandistas” (quase todos são), é o seguinte: Serra não quer a reeeleição e sim a presidência, que persegue insensantemente. Mas não se decide, para mostrar a supremacia e a superioridade sobre o ex-presidente e ex-chefe.
Garantem que sairá no dia 1º de abril, (48 horas antes do prazo final e fatal), coincidência com o golpe de 64. Ficaria na coincidência, Serra não dará uma palavra sobre a ditadura que se instalou há 46 anos.
Também deixará FHC na expectativa, nem citará seu nome. O “ajuste de contas” com o “amigo”, ficará para depois, quando estiver no Poder. (Lógico, se estiver). Aí então atenderá o pedido-esperança de FHC (já divulgado aqui há meses) de nomeá-lo embaixador na ONU.
Atenderá FHC mas atenderá muito mais a ele mesmo. Serra sabe que FHC não poderá influenciá-lo, mas tem tudo para chateá-lo, com conselhos, advertências e pedidos de audiência. Isso Serra não suportará.
Serra tem legenda, tem ambição, tem arrogância, tem o tempo que quiser (até 3 de abril) para decidir. Seus íntimos dizem que já decidiu, está apenas fazendo suspense para marcar o terreno, e deixar bem claro: “Eu sou o senhor do tempo, das decisões, e dos prazos”.
Diante de tudo isso, passará o cargo ao vice Cláudio Lembo, perdão, ao ex-stalinista Alberto Goldman. Este, ansioso pelos 9 meses em que ficará no governo, faz a única opção que lhe restou: esperar. E nessa espera se inclui “fazer tudo que o seu mestre mandar”. Até 1º de janeiro, quando passará o cargo a Geraldo Alckmin. Este, vetado para prefeito, impôs o próprio nome para governador. Já foi governador várias vezes (eleito, substituto, ilegítimo e inconstitucional), há 20 anos no jogo.
A incerteza das alianças:
Serra e Dilma, esperam o vice
Dona Dilma sai quando Lula quiser ou mandar. Tem o partido inteiro contra ela, só que metade não se ilude, a outra metade ilude a todos. Incluindo o próprio presidente que acredita mesmo que conforme sempre soube, o Poder é ele. E pensa (?) que duas coisas não podem ser desmentidas. 1 – Tem mesmo 80 por cento de popularidade. 2 – Toda essa popularidade (ou até mais) vai transferir para Dona Dilma.
Dos chamados presidenciáveis, Dona Marina e Ciro Gomes, não precisam se desincompatibilizar. Esse é o privilegio dos parlamentares, ela é senadora, ele deputado. Ciro, surpreendentemente obteve sucesso com o anunciado projeto de “ajudar Dona Dilma”. Temos que reconhecer: Ciro arriscou ficar sem mandato (repetindo 2002), mas teve a intuição de que poderia levá-la ao segundo turno (ganhando a gratidão conseqüência da vitória), mas iria ele mesmo ir para esse segundo turno.
A mudança de domicilio para São Paulo, deixou os marqueteiros impressionados, se eles fossem capazes de se impressionarem a não ser pela própria competência. Como Dona Dilma não sai do lugar, Ciro pode perfeitamente se reabilitar dos erros e equívocos de 2002.
Dona Marina ficará na disputa até a Copa do Mundo, final de junho. Com a vitória ou a derrota da seleção do Brasil, irá reconsiderar sua carreira, voltará para o Senado. 8 anos de participação garantida, incluindo uma eleição presidencial verdadeira, quem sabe APOIADA por um partido que exista realmente?
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PS – Não falei em Aécio, ele não é presidenciável e sabe muito bem disso. Aos 50 anos, ganhará 8 anos no Senado, o futuro pertence a ele, e naturalmente a Deus. Só aceitaria ser vice (como já registrei), se alguém lhe mostrasse o “resultado antecipado” da eleição, com Serra eleito. Por que iria se “amarrar” a Serra, para ficar sem cargo algum, uma derrota e o futuro comprometido?
PS2 – E já que falei em vice: essa será a batalha mais medíocre mas interessante. Desde que Michel Temer, sem votos e quase sem se eleger deputado, é examinado para essa vice, vale para qualquer um.
PS3 – Dessa forma, podem ir imaginando Jader Barbalho, Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha, quem sabe Paulo Octavio, se renunciar, Arruda se for solto?