Vicente Nunes
Correio Braziliense
O governo terá tempos difíceis pela frente. O desemprego está mostrando a sua face cruel mais rapidamente que o esperado. Os números de maio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que estão de posse do Planalto são assustadores.
A perspectiva era de que os dados fossem divulgados no início desta semana. Mas a opção foi por segurá-los num momento de grande embate entre o governo e as centrais sindicais, por causa do fator previdenciário. Comprovar o grande fechamento de postos formais de trabalho só alimentaria o discurso contra a atual política econômica.
As previsões mais otimistas do mercado financeiro, feitas pelo Banco Icatu, apontam o fechamento líquido (contratações menos demissões) de 30 mil postos no mês passado. As mais pessimistas, do Banco Fator, indicam que 124 mil vagas desapareceram.
Técnicos do governo reconhecem que o emprego sumiu. O mercado de trabalho foi o último a sentir o baque da crise e, infelizmente, será o último a se recuperar quando a economia se fortalecer. As empresas seguraram o quanto puderam para cortar pessoal, porque demitir no Brasil custa caro. Chegaram ao limite, ao fim da linha.
Entre integrantes da equipe econômica, a visão é de que o custo unitário da mão de obra no Brasil continua alto, o que pressiona a planilha de gastos do setor produtivo. Além disso, o mundo está crescendo pouco, o real não se desvalorizou o suficiente para dar competitividade às exportações e o país convive com um aperto gigantesco.
Os analistas mais pessimistas acreditam que o desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país, que está em 6,4%, pode chegar a 10% no fim do ano. Já a Pnad Contínua, que reflete o mercado de trabalho em todo o país, tende a disparar para 12% ou 14%, ante os 8% atuais.
Com o desemprego nesses níveis, ruiu o último pilar do discurso do governo, de que todas as medidas tomadas nos últimos quatro anos foram para proteger o mercado de trabalho. Na verdade, os truques fiscais, os malabarismos com as contas públicas, só contrataram o pior. A conta, todos nós sabemos quem está pagando.
Quem deveria ter sido demitido na eleição passada não foi. Agora é sofrer e sofrer.
Sr. Newton
Omelhor lugar para medir o´indice de desemprego no Páis éo BOTECO daesquina
Étiro e queda.
Os Pelegos deviam saber disso, pois tem um bebum em seus quadros
A recessão induzida pelo devastador relaxamento da política fiscal e pelo represamento dos preços administrados perpetrados por Dilma e Mantega para falsear a realidade econômico-financeira do país e garantir a reeleição de Dilma continua deteriorando o mercado de trabalho.
Segundo informa o Caged do Ministério do Trabalho e Emprego, foram fechados 243.948 postos de trabalho formal de janeiro a maio de 2015. Só em abril o Caged computou o fechamento de 97.828 vagas e agora em maio mais 115.599 vagas.
Computados os últimos doze meses o saldo entre admissões e desligamentos é negativo em quase meio milhão de postos de trabalho formal -452.835. Lembrando que no Caged são computados apenas os trabalhos com registro em carteira.
O setor mais prejudicado é justamente o secundário, isto é, o da indústria para a qual – relativamente aos últimos doze meses – ocorreu o fechamento de 662.991 postos de trabalho. Foram 5.838.401 admissões para 6.501.392 demissões. É nítido o efeito da recessão corroborado com a desindustrialização neste mercado de trabalho específico.
A construção civil, em especial, fechou mais 312.417 postos de trabalho computados os últimos doze meses.
O quadro geral do mercado de trabalho só não foi pior por conta do terceiro setor, o de serviços, incluíndo o comércio, que corresponde a 68% da economia e que admitiu mais do que demitiu, abrindo assim novas frentes de trabalho num total de 252.517 novos postos de trabalho nos últimos doze meses. O setor de serviços está sendo o último a repercutir a recessão, mas, já demonstra esgotamento, uma vez que aa criação de postos de trabalho vai diminuindo inexoravelmente com o aprofundamento da recessão.
Evolução do emprego no Brasil por setor de atividade econômica (últimos doze meses – junho/2014 a maio/2015):
————————————————————————————————————————–
SETORES………………………………………ADMISSÕES……DESLIGAMENTOS…….SALDOS
————————————————————————————————————————–
Extrativa mineral……………………………49.418………………60.489………………..-11.071
Indústria de Transformação……….3.360.201………….3.699.704………………-339.503
Serv. Ind. De Utilidade pública………..95.258………………94.655………………………603
Construção Civil…………………………2.428.782………….2.741.199………………-312.417
Comércio…………………………………..5.088.296………….5.017.156…………………71.140
Serviços…………………………………….8.117.394………….7.936.017………………..181.377
Administração Pública……………………88.926………………92.888…………………..-3.962
Agricultura………………………………..1.094.523………….1.133.525…………………-39.002
————————————————————————————————————————-
Brasil………………………………………20.322.798………..20.775.633……………….-452.835
Fonte: CAGED/MTE.
x
x
x
x
Estoque de Emprego Celetista – série com ajustes. (maio/2015):
———————————————————————————————————————–
SETORES……………………………………………….Qtd. de Trabalhadores……………(%)
———————————————————————————————————————–
Extrativa mineral…………………………………………………..215.199……………………..0,53
Indústria de Transformação………………………………..8.115.397……………………19,81
Serv. Ind. De Utilidade pública……………………………….420.646……………………..1,02
Construção Civil………………………………………………….2.956.643……………………..7,22
Comércio……………………………………………………………9.257.492……………………22,60
Serviços……………………………………………………………17.503.117……………………42,73
Administração Pública…………………………………………..909.958………………………2,23
Agropecuária……………………………………………………..1.583.085………………………3,86
———————————————————————————————————————
Total das Atividades…………………………………………..40.961.537…………………100,00
Fonte: CAGED/MTE.
Elaboração: própria.
Observação: o maior contingente de empregados celetistas foi registrado em setembro do ano passado quando o CAGED informou 41.788.711 trabalhadores.
Prévia do PIB medido pelo Banco Central – o IBC-Br – medido até abril aponta para uma variação negativa de -0,84 naquele mês e uma recessão anualizada de -1,38% na série dessazonalizada computada pelo banco.
Enquanto isso o IBGE aponta com a prévia da inflação do mês de junho – o IPCA-15 – de 0,99% (altíssimo para padrão do mês de junho).
Com isso a inflação acumulada computada pelo IPCA-15 atingiu 6,28% no ano de 2015 e 8,80% em doze meses, isto é, a inflação anualizada é de 8,80% medida previamente.
A inflação está disseminada em torno de 70% dos itens de consumo das famílias. De qualquer modo os grupos de despesa que sofreram as maiores altas foram: Habitação (17,66%) e Alimentação e Bebidas (9,30%).