As perguntas que Tarcísio de Freitas não quis responder sobre as concessões do aeroportos

Mal das pernas', Aeroporto do Galeão terá apenas 20% da capacidade doméstica em março - Diário do Rio de Janeiro

Concessionária de Singapura devolveu o Galeão ao governo

Roberto Nascimento

Com a desistência da concessionária do aeroporto do Galeão, a empresa Changi, que opera o superterminal aeroviário de Singapura, que tem até parque temático, o ministro da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas, em entrevista virtual pela internet, revelou que o Galeão foi retomado pelo governo e será leiloado junto com o Santos Dumont no segundo semestre de 2023. Mas ficou mantido o chamado Bloco da Sétima Rodada, para concessão de outros quinze aeroportos de vários Estados em março deste ano.

A iniciativa inicial de oferecer o Santos Dumont à iniciativa privada em bloco com o aeroporto de Jacarepaguá, conforme o governo federal pretendia, não resolveria a principal preocupação do governo do Estado e da Prefeitura, que é impedir a concorrência do Santos Dumont com o Galeão, que enfrenta grave esvaziamento, devido à redução dos voos.

GALEÃO DECADENTE – Mesmo que o governador e o prefeito pretendam novamente transformar o Santos Dumont num aeroporto secundário como o terminal de Pampulha, em Belo Horizonte, ainda assim não conseguirão erguer o Galeão ao patamar dos seus tempos áureos, quando estava sob a administração da Infraero.

Um conselho aos gestores políticos: enquanto exercerem seus mandatos populares, lutem para impedir o caos que advirá de uma concorrência entre os blocos que controlem os simultaneamente os aeroportos de Santos Dumont e Congonhas, com seus opostos Galeão e Guarulhos, pois quem vencer os leilões em bloco ou individual, não admitirá ser tolhido no seu direito de crescer e multiplicar, a bandeira capitalista mais sagrada desde Adam Smith.

A concorrência não pode ser predatória, é preciso adotar uma política que possibilite o funcionamentos dos dois tradicionais aeroportos do Rio de Janeiro.

SEM RESPOSTAS – Assisti à entrevista de Tarcísio de Freitas, no site do Ministério da Infraestrutura, e dirigi seis perguntas ao ministro, sem resposta a nenhuma delas, embora todas sejam da maior importância.

1 – A sociedade terá que pagar a indenização pretendida pela empresa Changi, que desistiu da concessão? Se a Changi abandonou o negócio, que arque com as consequências.

2 – O Bloco Galeão/Santos Dumont será então diferente do Bloco Guarulhos/Congonhas? Isso não fere a Isonomia entre Rio de Janeiro e São Paulo.

3 – Três aeroportos privatizados desistiram da concessão. Isso significa que a privatização dos aeroportos não é um bom negócio, como vossa excelência e outros ministros de governos anteriores consideravam?

4 – Essa engenharia política de conceder o Galeão e o Santos Dumont juntos guarda semelhança ao movimento Confins/Pampulha?

5 – Como ficarão os três aeroportos deficitários de Minas, que estariam agregados em bloco ao Santos Dumont, conforme o objetivo da modelagem em Bloco?

6 – Minhas escusas, mas, não é justo culpar a pandemia pelo fracasso da gestão do Galeão. Antes do início da pandemia, em março de 2020, já existiam sérios problemas de dívidas, prestação de serviço, falta de pagamento da outorga dentre outros.

14 thoughts on “As perguntas que Tarcísio de Freitas não quis responder sobre as concessões do aeroportos

  1. CONCESSIONÁRIOS DO GALEÃO PEDEM CONGELAMENTO DOS CONTRATOS
    Pelo quarto dia, os jornais não falam outra coisa. A desistência da Changi/ Cingapura Concessionaria do aeroporto do Galeão e a retirada do Santos Dumont da sétima rodada de leilões de aeroportos para leiloar o SDU junto com o Galeão na oitava rodada, prevista para o segundo semestre de 2023.
    Isso se deveu a pressão do governador e do prefeito, os dois contra a expansão do SDU com um novo Concessionario privado. Eles temem que isso inviabilizaria o aeroporto internacional do Galeão.
    A desistência da concessão, fez com que o ministro Tarcísio de Freitas, incluísse o Galeão e o Santos Dumont administrado pelo mesmo Concessionário no leilão do ano que vem.
    Mas, Eduardo Paes não ficou satisfeito, porque achou o tempo muito longo. Paes desconhece o Rito da desistência de uma Concessão.
    Ora, o Aeroporto de Viracopos desistiu da Concessão em 2018 e só agora vai ser licitado no segundo semestre de 2022. O choro de Eduardo Paes não se justifica e demonstra falta de conhecimento na matéria.
    O Galeão está nas portas da insolvência, e nenhuma ação de curto prazo vai devolver o seu gigantismo. Quando foi privatizado em 2014, no governo Dilma, operava com 14 milhões de passageiros. Hoje, não passa de 4 milhões de passageiros.
    São vários os motivos para os prejuízos e déficits mensais:
    -Saída da Odebrecht do Consórcio inicial;
    -Obras faraônicas de expansão, sem nenhum planejamento da demanda, gerando espaços ociosos;
    – Queda da atividade econômica do Rio ( Indústria e Comércio), que resultou na queda de passageiros;
    – Péssima administração da operadora de Cingapura, que perdeu clientes, pelos autos custos de aluguéis dos espaços aeroportuarios;
    – Por fim a Pandemia.
    O ministro Tarcísio de Freitas, um defensor ferrenho das concessionárias privadas, em sua Live do dia 10/02, culpou exclusivamente a Pandemia.
    Hoje, no Editorial do Estadão, o argumento foi o valor de Outorga ( pagamento do Leilão em 30 anos), cujo lance inicial de R$ 4,828 bilhões foi vendido por R$ 19,08 bilhões, ágio de 300% maio do que o preço mínimo fixado.
    O ministro Tarcísio, disse que o preço de venda foi irreal e que as Privatizações que sua Excelência fez foram bem reais e que todas estão indo muito bem. Ele se referia, claro a privatização do aeroporto de Vitória, vendido por 300 milhões, enquanto no mesmo ano foi gasto 600 milhões com a inauguração do novo aeroporto capixaba. E ainda levaram como Combo, o Aeroporto de Macaé/ RJ.
    Os argumentos do ministro, tentando aliviar o fracasso das Privatizações alegando que a Pandemia foi a responsável pela falência do Galeão, gerou o movimento dos concessionários do Galeão de pleitear isonomia. Querem em bloco, a revisão de todos os contratos, nos mesmos moldes concedidos a administradora Changi, sob o argumento de que a Pandemia também atingiu os empresários. Nada mais justo, não é Senhor Ministro Tarcísio? Mas, o ministro não concorda, dizendo que o caso tem que ser tratado pontualmente.
    Ora, uma medida de socorro, por causa da Pandemia ou atinge a todos ou não atinge ninguém. Uma Variante da máxima de João Saldanha : ” calça de veludo ou bumbum de fora”.
    Com a palavra o governador Cláudio de Castro e o prefeito Eduardo Paes, nesse caso. Vão defender também os concessionários ou apenas a administradora de Cingapura?
    Vamos ficar esperando o pronunciamento dos dois. Mas, de onde menos se espera, aí, é que não sai nada mesmo.

    • Bom dia, a todos.
      A falta de estudo do impacto causado pela concessão não foi realizado e se foi feito tal estudo o resultado deve ser tão impactante que não pode ser divulgado.

      • Isso mesmo Gilvan, o contribuinte eleitor, no caso em tela, os passageiros não são informados do que acontece nos bastidores.
        Um exemplo: as empresas concessionárias triplicaram as tarifas de permanência, as áreas comerciais, visando o lucro rápido acima de tudo. Então, o comércio abandonou o Aeroporto do Galeão. E ainda, o rateio ficou altíssimo, pois fizeram um conector horrível e aumentou absurdamente os custos de manutenção e de energia elétrica.
        A equação não fechou.
        O resultado foi o mesmo do Aeroporto de Campinas ( Viracopus), que desistiu.
        Na época, em 2018, o ministro Tarcísio entendeu que deveria pagar indenização pelos investimentos não amortizados. A ANAC considerou que não era devido, porque o Concessionário privado desistiu do negócio. Prevaleceu o entendimento do Ministro Tarcísio.
        Agora na desistência do Galeão, não houve divergência entre a Agência Reguladora e o Ministério da Infraestrutura, que vão trabalhar juntos para apurar o valor indenizatório.
        Essas coisas só acontecem no Brasil, que socializam os prejuízos e privatizam os lucros.
        Durma com um barulho desses.

  2. Eduardo Paes, criticou as declarações do Ministro Tarcisio de Freitas, concedidas a Revista Veja neste domingo. O Ministro afirmou que a redução de passageiros foi o principal motivo da desistência da Changi, aliado a logística precária na saída do aeroporto segundo ele, remetendo a segurança deficiente ( violência).
    Paes retrucou o ministro pelo Twitter:

    ” Sem querer colocar mais lenha nessa fogueira mas já colocando. Tenho visto as declarações do Ministro Tarcisio à respeito do Galeão. A mais recente foi dada na @VEJA. São sempre equivocadas, não condizentes com a verdade e pouco elegantes com o Rio”.

  3. Elio Gaspari, colunista do Globo, na sua coluna dominical pergunta:

    ” Os governos gostam de falar bem de tudo o que fazem. Falta contar porque o Galeão virou um mico”?

    Resposta: Quando a Odebrecht venceu o Leilão do Galeão em 2013, em consórcio com a operadora Changi, do aeroporto de Cingapura, com ações minoritária, tendo a Infraero como sócia com 49%.
    Bem, aí começam os erros. A Odebrecht, o braço da empreiteira no negócio começou a fazer obras, criando um túnel parecido com um trem do novo terminal no final do desenho da parte maior do oito, projeto original da Hidroservice, jogado no lixo.
    Essa expansão foi executada sem estudo de demanda de passageiros, logo, os espaços ficaram ociosos, mais os custos de energia, água e ar condicionado, ficaram mais altos. Os déficits operacionais a partir de 2015 se seguiram até hoje, culminando com a desistência do negócio.
    Nesse meio tempo, a empreiteira envolvida na lava-jato saiu do negócio e vendeu sua participação societária para a Changi.
    O descalabro administrativo ficou tão evidente, que o antigo Terminal inaugurado em 1973 foi abandonado a própria sorte. Está lá, uma estrutura gigantesca abandonada a própria sorte.
    O Galeão não precisava de novos Terminais de Passageiros. Seu problema principal sempre foi o Pátio mal dimensionado. Mas, com a redução de voos, se tornou irrelevante sua expansão.
    A situação financeira ficou tao dramática, que interditaram temporiamente a maior pista de pouso e decolagem do Brasil com 4000 m de cumprimento por 40 m de largura. Está operando com uma única pista para reduzir os custos, o que considero uma medida correta.
    Então é isso. A falta de planejamento aeroportuário levou o Galeão a essa situação crítica.
    Não vai adiantar, unir Galeão e Santos Dumont sob uma única administradora, no cenário atual de retração econômica, que interfere boa voos internacionais. Se transferir os vôos domésticos do Santos Dumont, a operadora inviabiliza o Aeroporto Central e não irá alavancar o Aeroporto Internacional. Qual será a escolha de Sofia?
    Os erros iniciais cometidos na privatização, com obras desnecessárias realizadas pela Odebrecht estão hoje na raiz da desistência da Concessão.
    O mesmo erro, cometeram na expansão de Viracopos em Campinas e em São Gonçalo do Amarante em Natal.
    Sem um fluxo de mais de 15 milhões de passageiros ano, nenhum Aeroporto Internacional consegue apresentar lucro, após honrar todas as suas despesas, sem falar no valor de Outorga é claro.

  4. Prezado Roberto Nascimento
    Uma reportagem para ser guardada!
    É claro que, a maioria dos brasileiros (bota maioria nisto!) não sabe nada do que se trata.
    Ainda bem que, conforme o presidente repete, a corrupção acabou! Resta descobrir-se a definição de corrupção para ele!
    É pena que a maioria dos bons brasileiros continuam isolados, separados, desorganizados!
    Cumprimentos pelas informações.
    Fallavena

    • Obrigado Caro Antônio Fallavena.
      Fiquei muito honrado com seu elogio
      Como todo brasileiro, gostaria de ter dado certo, mas, infelizmente, as concessionárias privadas têm encontrado dificuldades de toda ordem.
      Guarulhos não entregou ainda, porque São Paulo é uma potência e hub ( quase todos os voos do B Brasil passam por lá). Também como o Galeão construiu mais um Terminal sem necessidade. O custo de manutenção ficou muito alto, os contratos passam de 3 milhões e ainda têm que honrar as tarifas de Energia, água, etc ..e tal
      O passageiro fica perdido naquela imensidão e não aparece um funcionário da Concessionária para informar aonde é o embarque. Sem contar que a Logística piorou, principalmente para os idosos, que têm que caminhar uma eternidade para chegar ao desembarque. As administradoras de Guarulhos e Galeão não pensaram nas pessoas, nos seus clientes.
      Recentemente estive em Vitória. Desci no aeroporto do Espírito Santo. Comecei a observar: pouquíssimos passageiros, estrutura funcional, mas desproporcional para o número de passageiros do Estado. O Aeroporto não vai lotar nunca. O Estado é muito pequeno e não há atividade comercial e Industrial que gere o ir e vir.
      No desembarque 80% das lojas comerciais, fechadas. Como a administradora vai pagar duas contas? As operações de hangaragem
      e de pouso e decolagem não sustentam um Aeroporto. A principal receita é a atividade comercial. Resultado: vão amargar prejuízos anuais e não vão pagar nem o valor de outorga.
      Só tem uma saída: desistir da concessão ou conseguir a anistia do valor de outorga.
      Entretanto, não resolve a equação, porque o novo ” dono” enfrentará as mesmas dificuldades.
      É exatamente o que disse o ministro Tarcísio, com outras palavras, quando disse, que na relicitação, o novo Concessionario entrará livre de dívidas.
      O que fazer?

    • Senhor Mylcio. Os aeroportos privatizados estão encontrando sérias dificuldades de caixa, por que não se prepararam para assumir esse modal de transporte, sem uma expertise acumulada pela Estatal Infraero, ao longo de mais de 43 anos.
      Faltou a todas as concessionárias, o estudo de Demanda de passageiros e de Carga. Somente depois do estudo de viabilidade, poderiam colocar em prática os investimentos em terminais e aumento do Pátio de Aeronaves.
      Por exemplo: No Galeão, construíram um conector medonho em forma de tubo, que não funciona, pois ao invés de aumentar o número de passageiros, houve uma drástica redução.
      De 14 milhões em 2014, quando a Changi e a Odebrecht assumiram, no final de 2021 com a Changi no comando, fechou com 4 milhões de passageiros.
      A diferença foi brutal e causou uma queda brutal nas receitas. Por isso a Desistência da Concessão. Sabem, os administradores de Cingapura, que é caso perdido.
      Quanto aos políticos, e digo que não são todos, remeto a deles que recebem financiamento de empresários e defendem esses grupos no Congresso. O financiado ajuda o financiador, como uma contrapartida do eleito.
      Olha o prefeito Eduardo Paes, que defende com unhas e dentes, o Concessionário privado do Galeão e não está nem aí, para o destino do Santos Dumont, administrado pela estatal Infraero e que é lucrativo não devendo nada a ninguém.
      O aeroporto de Jacarepaguá lucrou 20 milhões em 2021, sendo um sítio de aeronaves de porte menor, asa rotativa e asa fixa.
      Isso se chama, administração de qualidade, mas, por ser Estatal, o governador e o prefeito pressionam para privatizar.
      Qual o interesse desses dois péssimos políticos, que nós cariocas elegemos?

        • Sr. William Amaral, para os governos, não importa se a Estatal é Lucrativa ou deficitária. O que eles querem é vender o patrimônio público.
          Primeiro para se livrar dos empregados públicos, que o Guedes chamou de parasitas da nação. Esqueceu-se dele, o parasita mor, que ganha os trocadinhos no Brasil e investe nos Paraísos fiscais.
          Em segundo, a venda de uma Estatal rende votos no empresariado e na classe média inculta.
          Terceiro entra recursos no Tesouro, do valor de Outorga, para bancar as mordomias do Executivo e do Legislativo.
          Se vai dar certo ou não, como não está dando no modal de Aeroportos, eles indenizam aqueles que desistem e passam a bola quadrada para outro Concessionario seguir em frente, liberando empréstimos do BNDES, com juros baratinhos e longos anos para pagar.
          Você não gostaria de ter uma molezinha dessa, Sr. William?
          Acho que todo mundo né, mas, o sol nesse caso, não nasce para todos.

    • Até o momento em que o eleitor perceber, quem é quem na hora de votar.
      Tem político que pisca para o eleitor e após a eleição vai jantar com os empresários e financiadores.
      Eles esquecem o povo rapidamente, e se sentem autoridade constituída acima de todos nós. Ficam arrogantes, pedantes e se tornam os sabichões da praça.
      Aqui no Rio de Janeiro, uma cidade linda, mas com políticos que não estão a altura da cidade. Nenhum deles conhece o modal integrado de transporte. Trens da Supervia é caso de polícia, BRT um caos e Galeão falido.
      Paes e Castro estão a deriva. Nada sabem e, se não sabem, como propor soluções?

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