Trump é um dos últimos espécimes de político conservador
Pedro Meira
“Conservadores” e “liberais” são termos que só se tornam intercambiáveis aqui no Brasil, o que é uma evidência a mais da nossa mediocridade de ideias, porque na política de outros países conservadorismo e liberalismo são mundos opostos. O consultor de empresas Stephen Kanitz está certo quando diz que “conservadores” e “liberais” não elegeram Bolsonaro, mesmo porque não elegem ninguém neste país e isso há bastante tempo.
Na última eleição, os “conservadores” e “liberais”, superpreocupados com a ética na política, estavam embarcados na canoa furada do Geraldo Rouboanel Alckmin, junto com o Centrão que agora criticam.
CANOAS FURADAS – “Conservadores” e “liberais” brasileiros adoram canoas furadas, vide o empenho deles na campanha do Serra em 2010. “Conservadores” e “liberais” de ideologia pura não tem a menor condição de ganhar uma eleição no Brasil, porque vivem num mundinho de ideias que parecem perfeitas porque distanciadas da realidade da gente comum, nada tem a oferecer à população empobrecida que possa interessar a ela.
“Estado mínimo” e “menos impostos”? Para os pobres brasileiros, o Estado sempre foi “mínimo”, e os impostos tirados do preço do feijão só servirão para torná-lo mais mínimo para os desassistidos, não para que recebem empréstimos generosos do BNDES.
“Conservadores” e “liberais” estão pagando até hoje, e provavelmente pagarão para sempre, a conta dos malfeitos da era FHC, a quem aplaudiram sem perceber nada, porque não foram eles que aguentaram as consequências, pois o presidente tucano estava arruinando o país. E nem notaram que FHC só perdurou no poder graças ao uso da máquina pública que eles tanto gostam de criticar.
GLOBALIZAÇÃO – E para Kanitz a obra de FHC ainda foi pouco, sua adesão à globalização pela porta dos fundos foi insuficiente, porque a desindustrialização do país não foi tão grande e tão justa quanto ele acha que deveria ter sido. Afinal, o agronegócio não tem poder político, como diz Kanitz.
Os ditos “conservadores-liberais” vivem numa bolha ideológica, distante dos problemas da gentinha. Um de seus luminares intelectuais, o filósofo Luiz Felipe Pondé, escreveu recentemente na Folha que “o mercado de trabalho só inclui quem reproduz o capital. Os excluídos serão lixo social. O resto é bla-bla-blá.”
E o que se faz com o “lixo social”? Problema da limpeza pública? Pessoas com esse tipo de ideias podem ter alguma pretensão séria de ditar os rumos políticos? É essa a voz que vai esclarecer as massas ignaras, dizendo que elas são lixo? Talvez o Pondé devesse tirar um tempo das suas leituras dos livros de 900 páginas da sua querida Ayn Rand, para prestar um pouco de atenção na vida do povo nas ruas deste país.
DISTANTES DA REALIDADE – Na verdade, está se tornando difícil para “conservadores” e “liberais” ( ou “fundamentalistas de livre mercado”, no sentido que se dá aqui na Brasil) vencer eleições até mesmo na matriz USA.
Suas ideologias se tornaram cada vez mais vagas e distanciadas da realidade. É quase impossível dizer o que conservadores pretendem conservar, nos dias atuais. Os republicanos caminham para uma derrota fragorosa que não pode ser creditada só a Trump.
Os supostos “bons” conservadores Lindsay Graham e Mitch McConnell estão para perder seus assentos no senado, a ideologia livremercadista deles não produziu os efeitos pretendidos, a sociedade americana empobreceu e muitos já não podem dispensar a salvadora assistência prestada pelo Estado que a “boa” direita tanto despreza.
Boa matéria rara na qualidade aqui na TI.
1) Bom artigo.
2) A ave mitológica Garuda me disse que é bem provável que o Biden ganhe a eleição… outros tb já disseram isso.
3) Não confundir a ave mitológica do Hindusísmo com a Garuda Airlines, que é a empresa aérea da Indonésia.
Quando preciso estabelecer um confronto cleptocrático Petistas X Tucanos, costumo dispô-los assim:
-Uma coisa é roubar algumas empresas estatais e deixá-las vivas.
-Outra coisa é sumir com algumas empresas estatais sem deixar vestígios!
E ainda tem gente que acredita que o mestre da corrupção é um pobretão.
O que dá ao articulista tanta certeza da “derrota fragorosa” de Trump? 🙂
Pedro Meira postou um artigo diferente, interessante, que vale a pena comentá-lo.
“Conservadores e liberais” não seriam classificados assim, ao pé da letra, pelo menos não no Brasil.
Conservador seria a manutenção de privilégios, mordomias, regalias, penduricalhos salariais e proventos milionários;
Liberal seria gastar o dinheiro público para que os conservadores mais ainda se locupletassem com o trabalho do “lixo social”, que sustenta esse sistema parasitário do rico sobre o pobre.
Conservadorismo e liberalismo arquitetam há tempos um apartheid social nesta republiqueta. Não aceitam mais o convívio com a ralé, com a plebe, com o lixo social. Faz-se necessário separar os que vivem da caridade do governo, daqueles que produzem, que geram dinheiro na economia nacional.
Se FHC deu o primeiro pontapé no traseiro do povão, ao instituir o Bolsa Família para 3 milhões de brasileiros, Lula e o seu PT continuaram chutando pobres e miseráveis sadicamente, aumentando o número de dependentes do governo para 14 milhões de pessoas, e condenando-as até o fim de suas vidas à condição de carentes, de necessitados, sem qualquer chance de saírem da prisão imposta!
Bolsonaro faz o mesmo, porém de forma mais cruel, satânica:
Muda o nome para Renda Cidadã (??!!), e distribuirá para um contingente maior a quantia de 278,00 (ainda em estudos) para os inscritos nesse falso projeto social, na verdade um escárnio para os pobres e miseráveis que os dados apontam.
Conservadores e liberais se negam a dar trabalho para 50/60 milhões de brasileiros. Ocuparão seus espaços, pensam; ficará insuportável ir aos shoppings, concluem.
Muito melhor dar-lhes de comer, que possibilitar que possam crescer produzindo, trabalhando, resgatando suas dignidades e autoestima.
Portanto, conservadores e liberais são as castas e as elites nacionais, que exigem um tratamento oficial que julgam merecer, pois ambas as classes sociais têm sido responsáveis pelo avanço do conservadorismo e do liberalismo, afora se identificarem intimamente com a direita.
A explicação é fácil:
Nesta republiqueta sempre se entendeu que direita significa poder e, a esquerda, corre sempre em busca desse mesmo poder.
Se a direita detesta o povo, a esquerda o seduz com discursos demagógicos e promessas jamais cumpridas de melhor “qualidade de vida” para a população, distribuição de renda, facilidades para a abertura de pequenas empresas, creches, escolas …
Excelente o artigo, sim.
Parabenizo Meira pela postagem de qualidade, que possibilita o debate social tanto como parte da política, quanto de fora dela, apesar de a conclusão ser única:
Conservadores e liberais tomaram o poder de volta, ou seja, pobres e miseráveis, desempregados e analfabetos, aumentarão as estatísticas porque a direita age dessa forma com o povo, às claras. Em compensação, seguirá sofrendo e padecendo sem ser ludibriado pelos progressistas!
Maaaazzzzzaaaa republiquetazinha, essa!
Muito bom artigo.
Considero que conservadorismo na área política e liberalismo na área econômica são coisas bem diferentes.
No caso nos EUA e no Brasil, na área política, a maioria do povo é conservador nos costumes.
E isso se repete em muitos países. Agora, o liberalismo econômico é algo que não agrada à população e, para mim, isso é coisa antiga, pois nos dias de hoje, há um consenso que sem o Estado, sem proteção social, as condições da maioria ficam péssimas.
Trump pode até ser conservador nos costumes, mas não é liberal na economia, haja vista as intervenções realizadas.
No Brasil, Bolsonaro surfa na onda do conservadorismo de costumes, enquanto Guedes, sem sucesso, tenta implantar o liberalismo na economia, até agora, sem sucesso.
Assim, o liberalismo na área de costumes não é bem visto pela maioria. Nesse caso, o liberalismo sai perdendo.
O que tem imperado é a retroutopia, a volta para um liberalismo que nunca existiu (ressalvada a importância dessa ideologia, aliás, dos fundamentos da Ciência Econômica por Adam Smith, na derrocada do feudalismo).
Devemos lembrar que a, assim tida como “esquerda” também navega no mar da retroutopia, imaginando um modelo futuro de socialismo que já faliu, tá morto e crucificado.
Estou pensando mais em termos dos nossos quintos mundos, onde os ideólogos, que seriam para o avanço civilizatório, são hoje meros militantes e intelectuais orgânicos da corrupção e da defesa de bandidos, corruptos e criminosos.
Já nossos conservadores são como latinhas de sardinha: se entrar um pouco de ar, ou de contemporaneidade, mostram putrefatos e tóxicos.
No Brasil não há conservadores e liberais. O que há neste “país” de merda é muita esculhambação.Ladroeira e corrupção é o que impera.
O Ministro colocado lá no STF pelo corrupto Collor de Mello, soltou um bandido que pegou 25 anos de cadeia, elemento de alta periculosidade.