Assista ao documentário “O Dilema das Redes” e desative por um ou dois dias as redes sociais

Warner Bros / Divulgação

É bom assistir também “2001, Uma Odisseia no Espaço”

Carlos Gerbase
Zero Hora

Quando David Bowman consegue desativar o computador HAL 9000 na cena clássica de 2001, Uma Odisseia no Espaço, nós, espectadores, sentimos um grande alívio. Um astronauta de carne e osso vence a máquina assassina insensível que colocara o objetivo da missão acima das vidas humanas à sua volta.

HAL, em seus últimos momentos, não parece uma máquina. Conversa com Bowman, pede clemência e, no crepúsculo de sua consciência artificial, transforma-se numa criança frágil que canta Daisy Bell. Bowman, contudo, sabe com quem está lidando. Ao retirar o último módulo de memória de HAL, elimina sua única companhia e encara a maior solidão que um homem já sentiu. Mas é melhor estar sozinho do que ao lado de um inimigo cínico e sem coração.

REDES SOCIAIS – É cada vez mais comum a ideia de abandonar as redes sociais. A falta de civilidade e a devastação da privacidade que elas potencializam assustam tanto que seus supostos benefícios — especialmente a enganadora, mas reconfortante, sensação de que a solidão não mais existe — muitas vezes são um preço demasiado alto a pagar. Quando vemos companheiros da nave sendo esmagados, temos que agir.

Então queremos desativar tudo, já que HAL não é mais uma ferramenta. Saiu de controle. Vamos apagar as contas! O problema é que a máquina não se chama mais HAL, nem IBM, nem tem apenas uma identidade.

São muitos nomes, muitas redes: WhatsApp, Facebook, Instagram, Twitter, TikTok e tantas outras. A memória de HAL estava num local específico na nave de 2001. Cada módulo retirado diminuía sua consciência. Na nossa nave, em 2020, a memória das redes está numa nuvem insondável.

TAREFA MUITO DIFÍCIL – Tente sair, tente esmagar essa memória, e você verá que a tarefa é mais difícil que a enfrentada por Bowman. HAL, agora, não tem apenas um olho vermelho. São milhões de olhos. São milhões de informações sobre seres humanos manipuladas por algoritmos em constante processo de aperfeiçoamento.

Assista ao documentário “O Dilema das Redes”, reveja a obra-prima de Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke, e faça uma experiência simples: desativar por um ou dois dias suas redes sociais. Peça para HAL dar um tempo.

Ele não vai cantar, nem pedir clemência. Vai lutar para continuar vivo, vai dificultar ao máximo seus esforços para viver offline e, no fim, vai fingir-se de morto, sabendo que as informações continuam a seu dispor. HAL voltou mais poderoso. Temos que enfrentá-lo, estabelecer regras e impedir que ele continue sendo um assassino.

(artigo enviado pelo comentarista Duarte Bertolini)

4 thoughts on “Assista ao documentário “O Dilema das Redes” e desative por um ou dois dias as redes sociais

  1. Rubem Gonzalez

    Com o Pix vão acabar as saidinhas de banco, você será um pato gordo na mão do crime, sem risco para assaltantes.

    André Monteiro
    Vc está dizendo que o banco irá monopolizar o roubo? Kkkkk…
    · Responder · 38 min

    Rubem Gonzalez
    André Monteiro não, isso já é comum, o fato é que o cara vai te enfiar uma pistola na cara e mandar você transferir tudo para uma conta e acabou, não tem que ir no banco fazer isso, tudo liberado por aplicativo
    · Responder · 28 min

    https://www.facebook.com/rubem.gonzalez.568/posts/381768046337090

  2. Se dependesse só de mim já não estaria na frente deste computador fazendo este comentário, é a pressão constante da minha mulher que me faz continuar. Quero um dia dar adeus a tudo isto, internet, Facebook, Yahoo. GMail e este amaldiçoado Whatsapp, este sim o Grande Irmão, sempre vigilante e sempre nos vigiando. Um dia ainda digo não a tudo isto e viro um eremita em meio à esta selva de pedra.

  3. Ímpio,

    Não precisas exagerar.
    Basta deixar o celular em casa ou deixá-lo de lado ou assistir TV ou sair para tomar uma cerveja com sanduíche aberto com amigos, sem o celular.

    Olha, esta semana baixei hospital de novo. Foi a 4ª vez em dois meses.
    Meu, celular em casa, e me dou muito bem.
    Sinto mais falta de escrever que não ter o celular comigo!

    Agora, é notório que muitas pessoas estão obcecadas com este telefone móvel, conforme dizem os lusitanos. Parece que enlouquecem sem esse aparelho na orelha.
    E como acrescentam aplicativos!

    No final da década de sessenta já se comentava sobre até que ponto a cibernética iria escravizar o homem.
    A gente ria porque não se falava em celular, microcomputadores, TV de tela plana, notebooks, quanto mais que seria possível um dia ter até o banco no aparelho que se falaria com o mundo!

    Tá, admito, estou velho, e minhas preferências são muito diferentes dos jovens.
    Mas não posso depender a minha vida por uma caixinha eletrônica.

    Evidente que não se pode dizer que seja um vício o uso indiscriminado do celular, pelo fato de não causar a Síndrome de Abstinência.
    Mas há uma dependência funcional, comportamental, em estar com o aparelho na mão, e quanto mais novo e moderno mais a pessoa se satisfaz.

    Trata-se de um brinquedo para todas as idades, apesar de caro.
    O que as crianças sabem lidar com o celular é inacreditável.
    Parece que nascem sabendo como teclar e encontrar o que querem!
    O lado ruim, péssimo, é que a criança e o adolescente perdem suas criatividades, as brincadeiras de antigamente, as peladas, soltar pipa, pião, jogar bolinha de gude, construir carrinhos de lomba, andar de bicicleta …

    Ainda encontramos crianças brincando em praças, nas ruas, nos pátios de suas casas no interior.
    Nas cidades grandes, pobre delas!

  4. A droga começou, também, com pequenos segmentos. E olha no que deu! Coincidência, aqui estamos colhendo informações, dados e avaliações.
    Vem sendo estudado, cientificamente, por todo o mundo. assim, não é algo novo. O texto trás uma boa parte da verdade. Mas faltou uma fundamental: a pessoa, também conhecida por “pessoa humana” – não sabia que tinha pessoa não humana!
    Não é o celular ou o computador, o problema é o seu uso! Culpar equipamentos, o ladrão, o corrupto e tantas outras coisas, é o mais fácil da história. Atrás ou mesmo na frente de um esperto, sempre tem uma vitima em potencial: um dependente eletrônico!
    Veja o que já acontece com crianças de ontem (últimos 10/12 anos), em relação a dependência conquistada, dia a dia, hora a hora.
    Sabe que existem diversas, muitas clínicas especializadas no atendimento dos “doentes eletrónicos”?
    Nada nos ofereceu tantas possibilidades como a internet: veículos rápidos e acessíveis, para atingir-se objetivos e conhecimentos pretendidos. Lembrei-me, mais uma vez, do grande mestre Prof. Pierluigi Piazzi (este sim pode ser chamado de mestre). Alunos (não estudantes) que se preparam para as provas com algumas horas – só querem a nota. Mas para jogar no computador, dedicam horas e horas! Aqui um dos problemas para o péssimo resultado de nossas escolas!
    “OMS reconhece oficialmente vício em games como problema de saúde.” Com esse movimento, transtornos patológicos e comportáveis associados a jogos electrónicos serão incluídos na 11ª edição da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID-11).
    Recomendo que leiam. Em cada, em cada família tem uma ou mais vítimas das redes sociais, jogos, em geral.
    E já tem muita gente, na área da saúde, se especializando e ganhando dinheiro!
    Ah, mais um detalhe: saber mexer no celular se aprende. Fazer o cérebro funcionar é o problema! E quando tira, a maioria não sabe o que fazer e muito menos como fazer! Quem quer explicar isto?

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