Pedro do Coutto
Na noite de segunda-feira, 12 de abril, mais uma vez por iniciativa do deputado Gerson Bergher, que invariavelmente a repete ao longo do tempo, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, em sesso especial, relembrou a data, extremamente importante, que marca a queda do campo de concentrao de Auschwitz e a libertao por tropas russas, com voluntrios poloneses e franceses dos poucos que conseguiram sobreviver longa noite de terror e horror que sufocava e violava, sem motivo algum, sua dignidade e seu direito de existir.
As cmaras de gs funcionavam sem parar, na sequncia macabra o roubo de dentes dos cadveres e sua transformao final em montanhas de lixo. Nos campos de concentrao espalhados pela Polnia ocupada e na Alemanha, seis milhes de judeus, alm de ciganos e testemunhas de Jeov, crianas inclusive, viraram sabo e subiram s nuvens cinzentas em forma de fumaa pelas chamins de fbricas improvisadas.
Dos 6 milhes de judeus covardemente assassinados pelos nazismo de Hitler, 2 milhes e 300 mil foram mortos em Auschwitz. Rus condenados morte, sem culpa, sem o mnimo direito de defesa, condenados pelo dio racial, cuja motivao era somente o mesmo dio e nada mais do que isso. Crueldade sem paralelo na histria universal. O sadismo nazista tornou-se a maior tragdia registrada pela memria humana. Perodo hediondo de nosso tempo.
Da, inclusive, um dos aspectos mais importantes da iniciativa de Gerson Bergher: mostrar, incluindo a exibio de documentrios, s novas geraes de judeus e no judeus o que significou o genocdio, para que jamais seja esquecido. O nazismo significou a maior violao dos direitos de todas as pocas. Nada escapava sanha do nazismo e ao sadismo cujo emblema era a sinistra sustica.
A sustica, como acentuou Bergher, o smbolo eterno do que de mais imundo e covarde a humanidade conheceu. Alguns sobreviventes marcados a ferro no corpo, como se fossem animais, com os quais cruzo com relativa constncia nas ruas de Copacabana e Ipanema, so testemunhas do que se passou entre as paredes e os pores do ponto mximo da indignidade de Hitler, de Goebells, de Eichman, de Himmler, alm de tantos outros criminosos que terminaram condenados pelo Tribunal de Nuremberg.
Alguns como Martin Bormann e Josef Mengele conseguiram escapar. Adolf Eichman foi capturado no final da dcada de 50 em Buenos Aires. Todos os nazistas, entretanto, receberam a condenao eterna da conscincia universal. Foram parar no esgoto da histria. Este o destino do delrio hitlerista de construir a cidade Germnia, que seria a capital do mundo, e deixar como legado um governo de mil anos. Terminou com a destruio da prpria Alemanha e seu suicdio no bunker de Berlim, que Winston Churchill chamava de covil dos abutres.
Alm do discurso de Gerson Bergher, falaram os jornalistas Villas Boas Correia e Merval Pereira, alm do professor Francisco Carlos, que, de forma brilhante, classificou, ponto a ponto, o que de fato inspirou e representou o nazismo. O evento, pelo seu contedo e sua forma, representou um compromisso com a verdade, com o tempo, com o prprio processo da histria. Ela se escreve em momentos como o da noite de segunda-feira. Gerson Bergher, no fundo, deu seu testemunho de um tempo, para que no seja esquecido em todos os tempos.