Carlos Newton
Os aloprados do PT não aprendem. Há anos vêm quebrando ilegalmente o sigilo bancário e fiscal do atual vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, que foi secretário da Presidência nos governos FHC. Insistentemente, eles tentam encontrar alguma coisa que possa incriminá-lo, sem êxito.
Eduardo Jorge tornou-se assim o homem mais investigado do país, acima de qualquer suspeita, porque nessas investidas não se descobriu nenhuma prova material, apenas constata-se o fato de que ele enriqueceu. E o que é pior: ele admite e declara à Receita ter enriquecido, ao contrário do que fazem muitos outros “políticos”, como Netinho de Paula, Cesar Maia e Tiririca, para citarmos apenas três dos mais conhecidos candidatos que este ano fizeram ridículas declarações de bens. (Dos três, apenas o palhaço se elegeu).
Desta vez, quem entrou na berlinda por quebrar o sigilo de Eduardo Jorge foi o Banco do Brasil. Quando o escândalo surgiu, estávamos na reta das eleições no primeiro turno, e entrou em vigor uma espécie de Operação-Abafa. Assim, da mesma maneira como está ocorrendo na Controladoria Geral da União em relação ao caso Erenice Guerra, com os auditores fazendo papel de advogados, no Banco do Brasil tenta-se agora sepultar o caso Eduardo Jorge.
Como recordar é viver, a cronologia do imbróglio é a seguinte: em abril, o PT contratou a Lanza Comunicação, do jornalista Luiz Lanzetta, para trabalhar na campanha de Dilma Rousseff. Em maio, a revista “Veja” revelou que Lanzetta tentou montar na campanha petista um grupo para elaborar dossiês. Os alvos seriam Serra, Eduardo Jorge e Verônica, filha de Serra. Em junho, “O Globo” denunciou que num suposto dossiê elaborado pelo PT constariam informações sobre depósitos que somam R$ 3,9 milhões na conta de Eduardo Jorge, resultado da venda de imóveis. De lá para cá, vem rolando a denúncia de quebra de sigilo. Três meses já se passaram, e nada.
Até agora, o Banco do Brasil está só enrolando. Forneceu apenas informações genéricas sobre os motivos que teriam levado os dados do correntista a serem “analisados”, e negou qualquer irregularidade. Em ofício encaminhado à Polícia Federal, o BB confirmou que houve cinco acessos às informações bancárias do vice-presidente do PSDB. Mas quem fez os acessos? O Banco não revela. Por quê? O Banco não revela.
“Informamos que as funções exercidas pelos funcionários estão plenamente compatíveis com os acessos efetuados”, diz, laconicamente, a informação do Banco do Brasil. Traduzindo: o Banco do Brasil na verdade nada informou. Apenas declarou à Polícia Federal que os acessos foram feitos por funcionários que tinham direito de fazê-lo. Ou seja, os acessos (quebra de sigilo) não foram feitos por contínuos nem por porteiros ou seguranças, mas por funcionários mais graduados.
A explicação-justificativa é ilusória, porque o fato de o funcionário do BB ter função que o habilite a acessar contas de outras agências, isso não significa que possa fazê-lo a seu bel prazer, sabe-se lá sob qual justificativa. Como foi o caso da conta de Eduardo Jorge. Afinal, o que a pequena agência de Maricá (RJ) tem a ver com a conta do vice-presidente do PSDB? A Polícia Federal perguntou ao Banco do Brasil? Claro que não. O que a PF deveria perguntar é: por que foram feitos os acessos? E isso o Banco do Brasil não responde. Só se sabe que quatro acessos foram em Brasília e um em Maricá, onde Eduardo Jorge nunca teve conta nem fez movimentação.
A Polícia Federal não descarta que sejam necessárias novas diligências para confirmar se houve ou não algum tipo de irregularidade. Mas o tempo passa e os diligentes policiais continuam inertes. Ainda não formalizaram nenhum pedido adicional de informações ao Banco do Brasil. Como se também estivesse empenhada na Operação-Abafa, a Polícia Federal apenas confirma que o relatório entregue pelo Banco do Brasil não apontou indícios de violação de sigilo. E tudo pode acabar por isso mesmo, no reino de Sua Alteza, Lula II (agora quase III, travestido de Dilma).