Bolsonaro quer lançar a ministra Damares ao Senado e Janaína protesta: “Ele quer vassalos”

A cruzada sem sentido de Janaina Paschoal | VEJA

Janaina pensou que Bolsonaro a apoiaria, mas se enganou

Bianca Gomes e Gustavo Schmitt
O Globo

A declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (sem partido), pode disputar o Senado por São Paulo desagradou pré-candidatos que esperavam contar com o apoio do presidente e dividiu ainda mais o palanque da direita no maior colégio eleitoral do país.

O cenário é parecido com o que se vê no governo estadual, em que o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, antigo aliado do presidente, quer disputar o eleitorado bolsonarista com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.

JANAINA REAGE  – Deputada estadual mais votada da história do país, Janaína Paschoal (PSL) esperava o apoio de Bolsonaro para concorrer ao Senado, isso mesmo após romper com presidente e se tornar crítica de seu governo, já tendo dito em redes sociais que o mandatário parecia filiado ao PSOL.

Nos últimos meses, no entanto, para viabilizar o apoio, a parlamentar voltou a acenar para a base bolsonarista e começou a trabalhar por uma aliança com Tarcísio. Ao comentar o convite a Damares, Janaína disse que Bolsonaro gosta de prejudicar a direita. Já fez isso em 2020 e está fazendo de novo, declarou:

— Ele (Bolsonaro) quer vassalos. Nada além disso. E ele sabe que eu não sou — disse a deputada, que ainda criticou a escolha da ministra. — É preciso lembrar que o Senado é a casa em que o estados são representados. Quanto às pautas conservadoras, para defendê-las, é preciso bem mais do que dizer que menina veste rosa e menino veste azul — afirmou ela, em referência à polêmica frase dita pela ministra em 2019.

SEM PEDIR AVAL – Segundo Janaína, sua pré-candidatura está mantida mesmo sem o apoio do presidente: ‘Eu anunciei minha pré-candidatura bem antes, não pedi aval, nem apoio de ninguém” — disse a deputada, que vai deixar o PSL nos próximos meses. “Só me querem para puxar os candidatos escolhidos pela cúpula”.

O novo partido ainda não está definido, mas ela adianta que não quer estar amarrada a candidato nenhum. Sobre um possível apoio a Sergio Moro, candidato do Podemos, afirmou que admira o que ele fez pelo Brasil, mas ainda é preciso ver suas propostas.

A entrada de Damares na disputa também dificulta o caminho de Paulo Skaf (MDB), ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), cujo nome tem sido cotado para disputar o Senado com o apoio do presidente.

APOIO DO EMPRESARIADO – Ainda assim, aliados de Skaf avaliam que é cedo para que ele fique fora dos planos para uma eventual chapa com o ministro Tarcísio como candidato a governador.

Embora não seja um nome que entusiasma a militância bolsonarista como a ministra Damares com seus discursos inflamados de radicalismo e esteja enfraquecido após deixar a presidência da Fiesp, Skaf é visto na direita como um nome capaz de atrair o apoio do empresariado, o que poderia ser um ativo.

Há alguns meses, Skaf sonhava ainda, segundo empresários, em disputar o governo de São Paulo com apoio de Bolsonaro, mas viu o presidente passar a estimular a candidatura de Tarcísio. Com a queda de popularidade do presidente e sem avanços significativos na agenda liberal de Guedes, Skaf começou a procurar caminhos diferentes e cogitou se filiar ao PSD, embora nunca tenha criticado publicamente o governo, já que jamais descartou uma aliança com Bolsonaro.

CANDIDATÍSSIMA – Damares deu pelo menos três declarações que revelam suas intenções eleitorais. Uma delas ocorreu em uma “live” promovida pelo pastor evangélico e ex-deputado federal Fábio Sousa na segunda-feira, quando a ministra disse que estava “gostando da ideia” de ser candidata. O convite, por sua vez, foi confirmado na última quarta-feira pelo presidente Bolsonaro.

— Posso adiantar uma possível senadora para São Paulo: a ministra Damares. O convite foi feito, o Tarcísio (de Freitas) gostou dessa possibilidade. Conversei com a Damares, e ela ainda não se decidiu — contou o presidente, deixando claro que a sugestão passou pelo crivo do ministro da Infraestrutura, seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes.

Ainda que não seja unanimidade dentro da bancada religiosa, Damares conta com o apoio da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que recentemente postou em suas redes sociais o resultado de uma enquete em que a ministra aparece na liderança da corrida pelo Senado no Amapá.

12 thoughts on “Bolsonaro quer lançar a ministra Damares ao Senado e Janaína protesta: “Ele quer vassalos”

  1. Janaína Paschoal percebeu que não conta com o apoio da família Bolsonaro. Será que ela vai abrir mais uma lacuna nas hostes bolsonaristas, como fizeram recentemente, Ernesto Araújo e Abraham Weintraub?.
    Se a escolha do Ministro Tarcísio de Freitas para concorrer ao governo de SP tenha sido uma péssima decisão, a escolha da ministra Damares ficou ainda pior. Nenhum dos dois têm condição de vencer a disputa nesse colégio eleitoral difícil e que é um feudo do PSDB.
    Bolsonaro desconhece, que somente um senador será eleito nesse 2022. Então, a disputa será acirrada, não só em São Paulo, mas, no Brasil inteiro.
    Creio, que a candidatura de Janaína, a musa do impeachment da Dilma, leva mais chances do que Damares, porém, ambas perderão. Janaína não tem mais, aquele capital inicial e ainda tem demonstrado ser negacionista e reacionaria. Quanto a Damares, trata-se de uma ilustra desconhecida e tem fama de fazer tudo que seu mestre Bolsonaro mandar.
    Pelo andar da carruagem, o PL de Valdemar Costa Neto sairá menor nessa eleição. Triste fim desse cacique do Centrão, que apostou suas fichas no Mito, na hora errada. Os candidatos do PL serão chamados de políticos anti vacina e contra a classe trabalhadora. Se colar no Mito, as suas candidaturas, vão amargar o limbo da derrota.
    Os Partidos começam a “morrer”, quando seus membros brigam e ninguém tem razão.

  2. Ela cumpriu muito bem a sua missão no impeachment da presidente Dilma.
    A exposição pública dela no Processo do Impeachment no Senado, como advogada de acusação, tendo como tema as Pedaladas Fiscais, a hoje deputada Janaína foi uma artista naquele palco. Teve um dia, que ela até chorou.
    Mas, será que o raio cairá mais uma vez, na cabeça dela? O cenário hoje é outro, logo não creio que tenha o mesmo sucesso de outrora.
    Se Janaína for pouquinho coisa mais astuta, concorre a eleição de deputada, esquecendo por hora, o mandato no Senado.

  3. Duas cosias que não consigo entender, porque a Janaína quer dar um passo tão grande? E de onde o mito tirou que a Damares tem chance de se eleger senadora por São Paulo. A pretensão da deputada ainda se entende, teve uma votação extraordinária, que mesmo que repetida não é suficiente para garantir-lhe o upgrade, mas a ministra? Espera lá, aí é exagerar na dose, tanto o mito quanto a ministra acreditam que só existem eleitores evangélicos no estado mais populoso do Brasil?

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