
Carlos Newton
No desespero e na insegurança da reeleição, a presidente Dilma Rousseff está passando todos os limites, em matéria de propaganda eleitoral. Como dizia Tim Maia, agora está valendo tudo.
A Agência Brasil, por exemplo, está sob intervenção branca, em clima de retrocesso. É pena, por que no governo Lula, com a criação da Empresa Brasileira de Notícias, a Agência Brasil havia conquistado um invejável índice de liberdade editorial. Agora, voltamos ao velhos tempos da Agência Nacional.
Quem acompanha o noticiário da Agência Brasil já percebeu que a linha editorial mudou por completo, para transformá-la num órgão de propaganda do governo. E o primeiro passo foi eliminar a assinatura das matérias, tornando-as anônimas e manipuláveis.
LIBERDADE EDITORIAL
Todos sabem que a completa liberdade editorial é uma utopia. Tentamos exercitá-la aqui no território livre da Tribuna da Imprensa, mas acabamos sendo mal entendidos, levando pancadas de determinados comentaristas que não conseguem distinguir o que é divulgação de um fato e o que é defesa de tese.
Esta semana, por exemplo, divulgamos um artigo de Gelio Fregapani que abordava a insatisfação da classe média e a inquietação militar. Por coincidência (será que alguém com mais de 40 anos ainda acredita em coincidências?), eu mesmo tive a oportunidade de assistir, em Brasília, a duas palestras de oficiais superiores (um general de divisão e um major brigadeiro, ambos da ativa), pronunciadas para plateias de 200 pessoas, aproximadamente, e os dois baixaram o sarrafo no governo. Um disse que não existe planejamento estratégico, o outro afirmou que o país não tem um norte, e por aí foram em frente.
FORA DO REGULAMENTO
Como se sabe, oficiais-generais da ativa são proibidos de se pronunciarem politicamente. Perguntei se podia publicar suas declarações, eles responderam que sim. Ainda não o fiz, porque não quero botar lenha na fogueira, como se dizia antigamente.
O posicionamento deles é um fato, indesmentível e presenciado por uma enorme plateia, formada por personalidades de destaque, civis e militares da ativa e da reserva, que recentemente participaram de uma Convenção em Brasília, que foi inteiramente filmada em HD e tenho a gravação comigo.
Noticiar esse fato não significa estar defendendo golpe de estado, pelo contrário. O objetivo é advertir que essa possibilidade existe, sempre existe, e se fortalece toda vez que o poder civil demonstra que não tem autoridade, como tem acontecido nos conflitos de rua envolvendo os Black Blocs, com apoio de militantes políticos e até traficantes, como se sabe agora. E tudo isso tem acontecido em meio a um mar de corrupção, que fustiga praticamente todos os partidos, num baixo nível político realmente de estarrecer, com uma Justiça podre e a um Legislativo idem.
Felizmente parece que os protestos arrefeceram. Mas todo cuidado é pouco, não custa dizer.