
Pedro do Coutto
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POLICIAMENTO
CENÁRIO POR CENÁRIO
Vejamos cenário por cenário. Dilma subiu de 41 para 43 pontos; Aécio ficou com 14; Eduardo campos desceu de 10 para 7%. NO segundo cenário, Rousseff avançou de 39 para 42; Marina desceu de 21 para 16; Aécio Neves permaneceu em 13. No terceiro cenário, Dilma cresce de 40 para 41 pontos; Serra aumenta de 18 para 19; Eduardo Campos cai de 10 para 7%. No quarto cenário alternativo, Dilma sobe de 39 para 40%; Serra avança de 16 para 17 e Marina Silva passa projeções simuladas no cão de segundo turno: Dilma derrotaria Aécio por 47 a 18; venceria Marina por 44 a 24 pontos; bateria Eduardo campos a 12%.
Os resultados acentuam razoável vantagem de Serra sobre Aécio e diferença muito grande (mais que o dobro) das intenções de votar em Marina Silva do que ir às urnas com o governador de Pernambuco. Em síntese: enquanto os partidos de oposição não definem seus rumos e os nomes com os quais vão disputar as eleições, a atual presidente da república vai seguindo seu rumo mantendo ampla liderança. A pesquisa foi feita pouco antes das prisões do mensalão. Vamos ver como será depois delas. Pessoalmente não creio que possam causar mudança de peso no quadro.
Pedro do Coutto
Os candidatos às eleições de 2014, não só quanto à sucessão presidencial, mas também incluindo disputas estaduais, permanecem em silêncio diante da decisão do Supremo em relação ao mensalão, especialmente quanto as prisões decretadas para diversos condenados. Estão aguardando a divulgação de pesquisas do Datafolha e do Ibope para que possam sentir efetivamente quais são as reações populares em face dos acontecimentos.
Atualmente nada se faz no campo político sem que haja um levantamento de opinião pública norteando o caminho a seguir. Até agora, portanto, as reações verificadas, especialmente na área do PT, são fracas, não permitindo uma visão mais nítida das tendências. Não estou me referindo ao julgamento em si, mas às prisões determinadas e à forma com que estão sendo cumpridas. O caso da prisão do deputado José Genoino, por exemplo, que vem apresentando problemas de saúde.
Não há clima, é claro, para que candidato algum assuma posição contrária ao desfecho ocorrido até agora. Porém as situações de saúde sempre motivam um sentimento de pena porque todos nós nos sensibilizamos diante do sofrimento humano, sejam quais forem as condições.
No caso específico de Genoino creio que cabem medidas de resguardo, inclusive pelo fato de que a situação de risco que o está envolvendo pode, junto à opinião pública, de alguma forma estender-se aos demais cujas prisões forem decretadas. A atmosfera de sofrimento de uma pessoa pode ser capaz de causar um reflexo nas demais prisões dos condenados, embora a penas diferentes, mas em consequência do mesmo processo.
Não se pode alegar cerce4amento do direito de defesa a uma questão que se arrastou – e parcialmente ainda se arrasta – por mais de oito anos na Corte Suprema do país. Tampouco tem cabimento réus alegarem ser perseguidos políticos. Perseguidos por quem? Por qual governo ou quais governos? De 2005 para cá, só houve dois presidentes da República: Lula e Dilma Rousseff. Tal constatação bloqueia as manifestações de um pequeno grupo do PT.
SILÊNCIO ESTRATÉGICO
Mas isso não significa que o julgamento do STF represente uma vitória da oposição. Daí o silêncio estratégico adotado como norma de conduta de todos os candidatos. A respeito do tema silêncio, o jornalista Ricardo Noblat escreveu um artigo muito bom na edição de O Globo de segunda-feira. O texto de Noblat possui várias colocações, além do silêncio, uma delas a que focaliza um provável mal estar de parte de José Dirceu ante o distanciamento em relação a ele adotado pela presidente Dilma Rousseff.
Havendo silêncio no plano federal, nada mais lógico do que ocorra nas áreas estaduais. Porque em muitos casos as alianças entre os candidatos nacionais e os regionais vão naturalmente depender de uma sintonia entre os posicionamentos. Isso é próprio da política. Todos, sem dúvida, são a favor de mais emprego, melhores salários, mais recursos para educação e saúde. Pacífico. Nesses pontos não vão surgir divergências. Mas as convergências têm limites. Evidentemente se todas as opiniões coincidissem, a política, que é a luta pelo poder, não existiria. E a própria vida humana seria um tédio.
As divergências, portanto, são fundamentais. Mas não podem conduzir o pensamento humano às raias do absurdo. Os reflexos das prisões do mensalão certamente estão sendo avaliados nas pesquisas que devem estar sendo realizadas. Os candidatos assim vão esperar um pouco.
O artigo de Charlie Savage significa uma chave a mais para descerrar a porta e iluminar como se desenvolvem nos Estados Unidos, e no mundo, ações simples de invasão de privacidade. Pois está evidente que a verificação das chamadas não vai restringir a identificação dos que trocam telefonemas. Pelo contrário. Vão proceder dessa forma, mas também dependendo do rumo das conversas gravadas partir para analisar seus conteúdos. Não serão todas as conversações, mas aquelas que, por um motivo ou outro, tornam-se interessantes e possam fornecer informações importantes em todos os setores da vida humana. Ninguém está livre. Sobretudo os que se envolvem em atividades ilegais como aconteceu agora em São Paulo.
Os que sonegam o ISS, por exemplo, acabam sonegando portanto o Imposto de Renda. Da mesma forma, os que sonegam o ICMS e o IPI. O primeiro é um tributo municipal, como também é o caso do IPTU. O segundo é estadual. O terceiro, IPI é federal. Mas da mesma maneira que todos os caminhos levam à Roma, todas as tr4apaças culminam obrigatoriamente no Imposto de Renda. O que o país, como um todo, perde com a sequência de escândalos bloqueia a existência de recursos públicos para obras e investimentos essenciais, como é o caso de uma política capaz de desfavelizar os centros urbanos e melhorar os índices de qualidade de vida de 323 cidades, as quais, de acordo com a Folha de São Paulo, são as que possuem favelas em suas áreas.
Pedro do Coutto
Reportagem de Ranier Bragon e Marina Dias, Folha de São Paulo, revela que Aécio Neves mostra-se favorável a que o PSDB antecipe para já o lançamento da candidatura ao Planalto, alterando portanto seu posicionamento anterior quando acertou com José Serra que a escolha definitiva do nome só ocorresse em março de 2014. Mas Serra está percorrendo o país para se colocar entre as opções (duas) para a sucessão presidencial. Dúvidas no ar, sobretudo porque o ex-governador paulista está na frente do senador mineiro nas pesquisas do datafolha e do Ibope. Entretanto ambos perderiam por larga margem para Dilma Rousseff. Isso no lado tucano.
No lado do PSB, o enigma será entre Eduardo campos e Marina Silva, outra fonte de dúvida, também em função dos resultados das pesquisas que apontam Marina com o dobro das intenções de voto registradas para o governador de Pernambuco. Segunda dúvida, que somada à primeira, induz à pergunta que está no título: afinal, quais os candidatos que vão enfrentar Dilma Rousseff nas urnas de 2014? As oscilações sinalizam para a falta de unidade entre as correntes de oposição e este tornar-se um fator que acrescenta no sentido da reeleição da atual presidente.
Estarão faltando temas para os adversários do Planalto ou interpretação para suas colocações no palco sucessório? Esta perspectiva a mim parece mais realista, já que Dilma, como é natural, encontra-se em plena campanha. Tem a seu favor, sem fazer força, as indecisões entre os que lhe são contrários. Isso de um lado. De outro, a caneta e as inaugurações de obras e realizações de eventos.
A dúvida, no momento, é mais acentuada entre os tucanos, na medida em que Aécio é favorável à antecipação da escolha, mas deseja o apoio de Serra através da integração deste à sua campanha. Logo, no momento, em termos de convenção partidária, hoje, o senador está mais forte do que o ex-governador. Fica nítido. Porém nítido fica, também, o temor de Aécio relativo a um crescimento de Serra no Datafolha e no Ibope que supere novamente os índices que vai registrar daqui em diante.
Este é mais um complicador para ambos, já que Serra está muito mais forte que Aécio em São Paulo, enquanto Aécio está muito mais forte que Serra em Minas Gerais. Os dois maiores colégios eleitorais do país. Se os dois não se acertarem em torno de um só, dividido, o PSDB partirá para mais uma derrota. Da mesma forma que o PSB se lançar a candidatura de Eduardo Campos preferindo-o a Marina Silva.
ENTUSIASMO
Pois uma coisa é essencial em matéria de voto: o entusiasmo no decorrer da campanha, em entusiasmo autêntico capaz de irradiá-lo junto aos eleitores. Não o entusiasmo fraco, resultado do cumprimento de uma obrigação partidária. Seb tal disposição não se verificar nos setores da oposição, não haverá nenhuma novidade nas urnas. Pois se as oposições reunidas atingiram 44% dos votos no segundo turno de 2010, ficando 12 pontos atrás de Dilma, sem a mesma unidade a tendência é a de que seu índice seja menor no próximo ano.
Assim, o primeiro passo a ser dado tanto pelo PSDB quanto pelo PSB é estabelecerem o consenso e decidirem logo quais serão, de fato, seus candidatos. É inclusive a única forma de conduzir o desfecho final para o segundo turno. Caso contrário, Dilma Rousseff vence no primeiro.
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De outro não se explica à luz da lógica quais os motivos que incluem viagens internacionais na agenda do governador. Eles podem ocorrer, mas de maneira pouco frequente, que podem ser atendidos pelo uso das linhas comerciais regulares que levam rapidamente de um ponto a outro do planeta.
É preciso colocar uma barreira concreta e efetiva entre os dois polos da questão. O poder não existe para satisfação individual e deslumbrada dos que o ocupam. Sua finalidade é outra, muito diferente: melhorar os níveis de vida da população e melhorar as estruturas da sociedade. Mas os exemplos nada dignificantes se repetem. Acumulam prejuízos enormes, incluindo a queda da credibilidade do poder público. Isso é extremamente negativo para os políticos, para a política, para o próprio país.
As questões nacionais influem muito mais que as estaduais em se tratando de escolher um presidente da república. O voto não sendo vinculado, como afirmei há pouco, inclusive permite aos eleitores votar num candidato a presidente de uma legenda e, no estado, marcar na cédula o nome de outro de partido diverso. O problema assim não parte da instalação de palanques estaduais em sintonia com os palanques federais. Inclusive, na medida em que candidatos a presidente da república condicionam parte de seus destinos às bases estaduais, passam aos votantes um sinal de fraqueza.
LIÇÕES DE JK
O candidato quando está forte – me disse um dia, em 1960 o presidente Juscelino – rompe a marcha para as urnas se4m depender de apoios. Depender de apoios é negativo, acrescentou. Passa uma imagem negativa ao eleitorado. JK se referia à posição do general Teixeira Lott na campanha em que perdeu para Jânio Quadros. Eu, então no Correio da Manhã, fiz a pergunta sobre a posição de neutralidade assumida por Juscelino diante da disputa. O candidato, qualquer que seja a situação, respondeu ele, tem que se afirmar por si. Quando está firme, não precisa pedir, os apoios vêm em sua direção. Verdade absoluta, acentuo eu, agora, nada mais verdadeiro. Os rios correm para o mar. Isso vale tanto na política quanto na própria vida humana.
Os candidatos precisam, principalmente, estar atentos às suas posições em São Paulo, Minas e Rio de Janeiro. Porque os três estados pesam 41% dos votos de todo o país. E seguirem seu caminho independentemente da situação de seus aliados. Em São Paulo, por exemplo, o ministro Alexandre Padilha, candidato do PT contra Geraldo Alckmin e Paulo Skaff, este pelo PMDB, eis um exemplo. O atual governador é o favorito, não apenas por se encontrar à frente nos levantamentos de opinião pública, mas também porque Padilha, de um lado, Skaff de outro, representam uma divisão da base aliada que Dilma Rousseff possui no estado. Em São Paulo, portanto, a atual presidente da república não pode, isso sim,hostilizar o governador, pois uma parcela dos eleitores de Alckmin poderá das um voto para o Palácio Bandeirantes, outro para o Planalto.
Na esfera tucana, os repórteres Marina Dias e Felipe Amorim revelam que José Serra apareceu em maratona organizada por Aécio Neves junto a prefeitos paulistas e afirmou: o futuro não está definido. O que está definido é que vou estar na batalha. A qual futuro ele se referiu? Só pode ser o processo de escolha do candidato pela convenção nacional. Aécio neves, inclusive, foi surpreendido com a presença de seu adversário, sobretudo porque somente na véspera Serra avisou de seu comparecimento ao encontro. Isso, claro, no sentido de imobilizar qualquer reação negativa por parte do senador mineiro. Eugênio Juliani, organizador do encontro, acentuou que o convite havia sido feito há alguns meses, mas Serra não respondera se estaria ou não presente.
Como se constata, a ofensiva da coligação PT-PMDB começou por Minas. Lá, inclusive, vão se defrontar Fernando Pimentel, que apoia Dilma Rousseff e Pimenta da Veiga, que apoia Aécio. Quem vai apoiar Eduardo Campos ou Marina Silva?
Foi o que sucedeu com os principais personagens do mensalão, em relação aos quais, punidos pela Justiça, Lula culpa a imprensa, ao acentuar na entrevista a El País que ela julgou os réus antes do pronunciamento do Supremo Tribunal Federal. Neste ponto equivoca-se. Pois foi ele, usando a caneta, quem demitiu o principal acusado do cargo de ministro chefe de sua Casa Civil. E substituiu Duda Mendonça de sua equipe de marketing.