
Ilustração reproduzida da Revista Forum
Carlos Newton
É um Primeiro de Maio diferente, que repete a situação de um ano atrás, quando a então presidente Dilma Rousseff, pela primeira vez deixou de fazer um pronunciamento à nação no Dia do Trabalho, para não ser alvo de mais um panelaço/buzinaço. Um ano depois, Michel Temer imita sua antecessora e faz um discurso às escondidas, a ser veiculado apenas nas redes sociais da internet, dois dias depois de ter divulgado uma mensagem do apresentador Ratinho, do SBT, em favor das reformas da Previdência e das leis trabalhistas, comparando-as às reformas de cozinha e banheiro que as famílias às vezes precisam fazer, vejam a que ponto chega a desfaçatez dessa gente.
DESCULPAS AO POVO – A ausência de Temer na programação das TVs, nesta noite, nem será sentida. O presidente é uma ausência que preenche uma lacuna. Deveria aproveitar para pedir desculpas aos trabalhadores brasileiros pelos três graves erros cometidos:
1) por ter sancionado a tenebrosa terceirização das atividades-fim das empresas, que significa o sepultamento da meritocracia nas empresas privadas;
2) por estar flexibilizando as leis trabalhistas, que causará inevitável redução dos salários;
3) por apresentar uma proposta impiedosa e desumana de reforma da Previdência Social.
UM ANO DEPOIS – O fato concreto é que, um ano depois de ter assumido o poder, o presidente Temer nada tem a exibir aos trabalhadores, pois o número de desempregados, ao invés de diminuir, já chegou a 14,2 milhões de pessoas nesta estatística à brasileira, altamente manipulada, que não leva em conta quem está desempregado há muito tempo e desistiu de procurar trabalho. Aliás, neste particular o Brasil confirma a definição de que “estatística é a arte de torturar os números até que eles confessem o resultado que se pretende obter”.
Sem força, sem prestígio e sem carisma, Temer perdeu o bonde da História e se tornou uma versão masculinizada de rainha da Inglaterra, que reina, mas não governa. No Brasil de hoje, quem estabelece as prioridades político-administrativas chama-se Henrique Meirelles, que comanda com mão de ferro o governo brasileiro, como se fosse um Rasputin imberbe e calvo.
NA PREVIDÊNCIA – Para grande parte do povo, o maior culpado pelos problemas nacionais já não é a dupla Lula/Dilma. Agora, o responsável é Temer, apesar da desculpa de que, para todos os efeitos, foram as administrações petistas que levaram a economia a essa situação de pré-falência.
A crise é tão grave que no último dia 7 o governo admitiu que o rombo nas contas públicas em 2018 será maior que os R$ 79 bilhões previstos anteriormente e deve chegar a R$ 129 bilhões, quase o dobro. Isso significa que as despesas do governo federal no próximo ano vão superar em R$ 129 bilhões as receitas com impostos e contribuições. Detalhe fundamental: essa conta não inclui os gastos com o pagamento de juros da dívida pública.
Em fevereiro, a dívida avançou 2,66%, atingindo espantosos R$ 3,13 trilhões, com crescimento real de 2,33% em apenas 28 dias, descontada a inflação. Em março, pior ainda: subiu 3,17%. Ou seja, cresceu 2,92% em 31 dias, descontada a inflação. É uma bola de neve.
OMISSÃO TOTAL – Como se fosse uma avestruz diante do perigo, o governo enfia a cabeça nesse gigantesco buraco e tenta fingir que não está acontecendo nada e diz que o país vem saindo da crise. Mas não é verdade. Então, pergunta-se: Como resolver a dívida pública? E a resposta é que a situação está sob controle e será “equacionada” dentro de 20 anos, pelo programa do corte de gastos.
Infelizmente, isso é mentira, conversa fiada, papo furado. O Brasil precisa de um estadista como Winston Churchill, que diga a verdade sobre a crise e exija “sangue, suor e lágrimas” a todos os brasileiros, sem deixar de lado os banqueiros, os rentistas e as elites da nossa nomenklatura, espalhadas nos três Poderes da República.
Mas o estadista não existe. E o Brasil, embora seja o país de maior potencial de crescimento em todo o mundo, está condenado ao atraso e à desigualdade social, devido à incompetência de suas classes dirigentes. Por isso, neste Primeiro de Maio, os trabalhadores não têm motivo para festejar. Muito pelo contrário.
85% quer eleições gerais !
Não precisa dizer mais nada !
Eleições quando? Nós as teremos em 2018. Pra quê eleição agora. Temos muito o que fazer antes disso: prender Lula, Lulinha, Renan, Jucá, Collor. Até lá Doria vai se afirmar e teremos na presidência alguém em quem confiar.
Dória ? É só mais um.
Veja matéria do JB em http://nossapolitica.net/2017/04/1991-joao-doria-embratur/
Parabéns CN!
Excelente análise do momento!
Gratíssimo por suas palavras, Silvia, concordo com sua tese sobre a tentativa de manipulação permanente da opinião pública, sem que os problemas sejam discutidos com profundidade, como está acontecendo agora em relação à Previdência e às leis trabalhistas. A internet, porém, pode enfrentar essa manipulação, criando uma discussão paralela.
Abs.
CN
Henrique Meirelles é o condestável do reino fantástico do Michel Temer.
Este senhor foi durante os 8 anos de lula, presidente do banco central e o verdadeiro Czar da economia brasileira.
Portando não é nada estranhável que suas ações no governo tragam impopularidade ao Temer e popularidade ao lula.
O PT já era um moribundo, esperando a morte para ser enterrado e agora volta a vida, apenas pelas ações desastradas do governo do PMDB.
A troca da guarda política no palácio do planalto,
em nada alterou a derrocada econômica do Brasil.
A verdadeira reforma da previdência, é a estrutural, reformar a maneira como a previdência funciona, retirando do âmbito previdenciário as “cortesias” que o governo faz.
Todos os que recebem aposentadorias, sem nunca ter contribuído, devem ser pendurados no Tesouro Nacional, tem que ser encargo do contribuinte de impostos e não dos segurados da previdência.
Do jeito que a coisa vai, antes de 2019, não se vislumbra qualquer solução para o pais. É rezar para este governo acabar logo, sem retirar o Temer do cargo, porque dai então o caos será maior.
É aturar o “mordomo” mais um pouco e aposenta-lo pela previdência, para que sinta o gosto da coisa.
Um ano antes: inteligência, sabedoria, razão indiscutível.
Não tenho dúvidas: esse senhor estará no segundo turno de 2018_ caso haja, de fato, essa eleição.
https://www.youtube.com/watch?v=nOdH3NOzepA
Prezado sr. Carlos Newton :
Ainda inconformado com sua resposta em razão do meu comentário sobre os atributos que o senhor dedica ao falecido ” jornalista ” Ibrahim Sued, faço questão de apresentar meu respeito e admiração pelo texto agora publicado.
Claro, sereno, com argumentos irrepreensíveis e, sobretudo sem paixões, seu texto mostra o alto nível do jornalismo que o senhor pratica como também apela a nós, comentaristas, para quando a razão e a paixão estiverem em conflito devemos esquecer esta e priorizar aquela.
Parabéns !
Gratíssimo por sua palavras, Menezes. Ibrahim Sued era fot´grafo, virou colunista famoso, por isso tinha méritos. Certamente exagerei ao chamá-lo de grande jornalista, mas ele sabia se cercar. Elio Gaspari, Ricardo Boechat, Fernando Carlos de Andrade e Sérgio Barreto Motta trabalharam com Ibrahim Sued, no escritório dele na Praça Serzedelo Correia, que era frequentado pelo barão Fernando Aguinaga.
Abs.
CN
Querido Carlos Newton você é quase 100% , mas como é humano tem lá seus defeitos, e especialmente quanto a CLT você está redondamente errado, o PDT até hoje não saiu da sua cabeça.
Ninguém é 100%, meu querido Walter. Pessoalmente, defendo muitas mudanças na CLT, gostaria de emitir opinião a respeito, mas o governo quer mudar de uma hora para a outras, sem admitir discussões profundas, e com isso vai quebrar a Previdência, com o incremento da terceirização radical e da pejotização, conforme tenha advertido aqui, mas Brasília é um deserto de homens e ideias.
Escreva suas opiniões em artigos aqui, Walter, estamos esperando.
Abs.
CN
Podem espernear a vontade os ptralhas, mas Dilma mandioca é Temer vampiro e Temer vampiro é Dilma mandioca , um apoiou o outro o pt escolheu o vice então só há uma conclusão é a continuação do governo anterior !!
1) Um inofensivo utensílio doméstico, a panela se transformou em espantalho para muitas autoridades, em todo o mundo. De direita, de esquerda, de centro.
2) A panela Democrática + uma colher tem colocado políticos para correr !