Economia sai do fundo do poço às vésperas de uma eleição da maior importância

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Charge do Duke (dukechargista.com.br)

Alexandre Schwartsman
Folha

Na semana passada, foram divulgados vários indicadores de atividade econômica, culminando com o índice do Banco Central (IBC-Br), que busca antecipar o comportamento do PIB e que, pela primeira vez desde o fim de 2013, mostrou dois trimestres consecutivos de crescimento, 1,2% e 0,3%, sempre na comparação com o trimestre imediatamente anterior, ajustados à sazonalidade.

Trata-se de desempenho positivo, nem tanto pelo IBC-Br em si, que nem sempre consegue capturar os movimentos do PIB, mas pelo conjunto da obra.

EXPANSÕES – No período, observamos expansão da produção industrial (+0,9%), do varejo (+1,7%) e do volume de serviços (+0,3%), números que sugerem recuperação difundida da atividade, não mais limitada à agropecuária, como havia ocorrido no primeiro trimestre.

Mais próximo do dia a dia das pessoas, há ainda sinais de melhora no mercado de trabalho. Dados do IBGE indicam que, também corrigida a sazonalidade, o emprego total aumentou no segundo trimestre, muito embora o crescimento tenha se dado principalmente entre os trabalhadores informais.

Assim, detectamos pequena queda do desemprego (dessazonalizado), de 12,9% para 12,7%, a primeira desde o último trimestre de 2013.

FUNDO DO POÇO – Para ser sincero, não dá para garantir que o crescimento do PIB já se mostre positivo no segundo trimestre, mas a evidência aponta para uma economia que finalmente saiu do fundo do poço.

Ao contrário do ocorrido no primeiro trimestre, quando o crescimento veio do setor externo e da acumulação de estoques, componentes que tipicamente não sustentam a economia por muito tempo, o consumo deve ter sido o principal motor da expansão, sugerindo continuidade da retomada.

Em particular, como tenho insistido já há algum tempo, a redução persistente da taxa real de juros (de 7% há um ano para menos de 4% agora), resultado da queda da inflação, é a causa mais provável da recuperação.

DEFASAGEM – Notando ainda que seus efeitos costumam aparecer com defasagem ao redor de seis meses, é bastante razoável concluir que ainda há impulso a se materializar na segunda metade do ano, ou seja, devemos testemunhar um desempenho um pouco melhor à frente, longe de espetacular, mas sólido o bastante para nos levar a terreno positivo ainda em 2017 e mais vigoroso em 2018.

Não se segue, contudo, que nossos problemas estejam superados. Muito embora haja condições para uma retomada moderada nos próximos 18 a 24 meses, o comportamento das contas públicas permanece como fonte constante de ansiedade e mais ainda após a revisão das metas fiscais para o período 2017-20.

HERANÇA MALDITA – Mesmo com taxas reais de juros mais baixas, a se confirmarem os números ali previstos, o governo a ser eleito em 2018 herdará uma dívida superior a 80% do PIB e a necessidade de transformar o deficit primário de 2,3% do PIB (R$ 159 bilhões) em superavit de 1% a 1,5% do PIB (de R$ 70 bilhões a R$ 100 bilhões).

A eleição do ano que vem pode ser, portanto, a mais importante pós-redemocratização do país: decidiremos se vale a pena seguir o difícil caminho do ajuste ou se optaremos pela manutenção do status quo, que nos trouxe à pior crise da nossa história.

A depender de nossos políticos, que continuam lutando pelos lugares na janelinha enquanto o ônibus marcha para o abismo, temo que o status quo largue com ampla vantagem.

6 thoughts on “Economia sai do fundo do poço às vésperas de uma eleição da maior importância

  1. A “redução persistente da taxa real de juros” não condiz com os dados.

    Nem o “menos de 4% agora”. Vide sítio do IBGE e da fazenda:

    Inflação acumulada até fim de julho de 2017: 1,4%.
    SELIC acumulada: 6,3%.
    Diferença de 4,9% em 7 meses.
    Anualizado são 8,6% ao ano (inclusive maior que os 7%).

    Nos últimos 2 meses, tivemos inflação nula e juros SELIC de 1,6%, chegando a valores anualizados de 10% ao ano de juros real.

    O juros real está, na verdade, subindo.

  2. Aparentemente, parte das diferenças entre as Txs de Juros reais do Autor Sr. ALEXANDRE SCHWARTZMAN e as calculadas pelo Sr. MATHIAS ERDTMANN, acima, se devem a que o Sr. MATHIAS ERDTMANN não expurgou dela o Imposto de Renda, Tx de Administração Bancária e Comissão.

    Seja como for, as Txs de Juros reais dos Títulos do Governo que giram a Dívida Pública, na média do tempo, estão caindo, e a nosso ver, +- 4%aa não é exagerado.
    Abrs.

  3. Quando critico a imprensa nacional com raras exceções – Carlos Newton, por exemplo -, tenho lá as minhas razões!

    O artigo em tela não reflete a realidade brasileira, com todo o respeito que me merece o articulista.

    JAMAIS vou aceitar e entender que, a economia está isso ou aquilo, mediante o exército de desempregados e inadimplentes que temos!!!

    Não existem argumentos suficientes que me façam comungar dessa reação econômica, com milhões de gente desesperada e sem poder pagar as suas contas, a menos que até a economia não precise mais do ser humano, ela se faz sozinha, sem consumo!

    Desta forma, dados que excluem a presença da pessoa, o bem comum, meramente numéricos e estatísticos, devolvo-os ao autor, haja vista não avaliar devidamente a situação dramática do povo, comprometendo os índices e percentuais publicados.

    Por outro lado, caso os registros apresentados tenham sido obtidos do governo, mais ainda o meu descrédito, pois podem estar sendo facilmente manipulados para dar crédito a um governo que a população deplora, então sem confiança, sem credibilidade alguma, até porque mero seguidor do modo petista de governar, usando a quadrilha peemedebista no lugar do PT no Planalto!

    Não acredito nesta leve e imperceptível melhora na economia, se confrontada pela quantidade de brasileiros desesperados por trabalho, ainda mais que tais estatísticas devem mesmo estar sendo maquiadas porque este governo corrupto e incompetente não considera como desempregado quem recebe a esmola denominada Bolsa Família, portanto, assim como Dilma, falsos os dados apresentados (evidentemente me refiro aos números fornecidos ao jornalista, e não o seu artigo, interessante e pontual).

  4. Enquanto a indústria e o comércio, não retornar ao pleno funcionamento, não haverá geração de empregos. É assim que funciona: primeiro dar elementos a indústria e ao comércio para retomarem o crescimento e, o emprego surgirá automaticamente.
    Para ter ideia do estado em que o PT deixou o Brasil: A Petrobrás perdeu 90% do valor de mercado ao final do governo Dilma, enquanto a Friboi e a Odebrecht cresceram 800%, isso por essas empresas serem amigas do governo, mas a maioria das empresa,ficaram em situação difícil e algumas fecharam as portas, o que gerou esse 14 milhões de desempregados.Contudo,não se pode confiar em dados de governos. Todos os dados de todos os governos são suspeitos..

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