
Pinheiro, com saudade das favelas
Paulo Peres
Site Poemas & Canções
O cantor, compositor e poeta carioca Paulo César Francisco Pinheiro é considerado um dos maiores autores da canção popular do Brasil, cuja obra ultrapassa 2 mil músicas compostas. A letra de “Nomes de Favelas” denuncia as mudanças e a violência existentes nas favelas cariocas. Este samba foi gravado por Paulo César Pinheiro no CD O Lamento do Samba, 2003, pela Quelé.
NOMES DE FAVELAS
Paulo César Pinheiro
O galo já não canta mais no Cantagalo
A água não corre mais na Cachoeirinha
Menino não pega mais manga na Mangueira
E agora que cidade grande é a Rocinha!
Ninguém faz mais jura de amor no Juramento
Ninguém vai-se embora do Morro do Adeus
Prazer se acabou lá no Morro dos Prazeres
E a vida é um inferno na Cidade de Deus
Não sou do tempo das armas
Por isso ainda prefiro
Ouvir um verso de samba
Do que escutar som de tiro
Pela poesia dos nomes de favela
A vida por lá já foi mais bela
Já foi bem melhor de se morar
Hoje essa mesma poesia pede ajuda
Ou lá na favela a vida muda
Ou todos os nomes vão mudar
Até hoje não entendi o erro da frase, prefiro um verso de samba do que…ao invés de preferir um verso a escutar….Bem.deve ser porque o PCP pode tudo,até maltratar a Língua Portuguesa.
“Deterioração” das favelas? Não entendi.
Alguém mora em uma favela por que quer morar lá?
Por bela que seja do ponto de vista poético, essa composição faz o gênero daquele programa “Esquenta”, com a Regina Casé.
A origem do nome do morro do juramento nao tem nada a ver com juras de amor.Muito pelo contrário…
A origem mesma das favelas também não tem nada de romântico nem tem nada a ver com “vida bela” nem “melhor de se morar”…..
No final de semana estive com o Edu Krieger que fez alguns arranjos para o Paulo.
O Edu mostrou essa musica dele em ” homenagem ” a Samarco que eu não conhecia .
Quanta saudade
Do gigante Rio Doce
Que em seu leito sempre trouxe
Tanta vida e tanta paz
Quantas cidades
Da nascente até Linhares
Davam graças em seus lares
Pelas águas fluviais
Mas uma empresa
Que não vale uma cisterna
Molha a mão de quem governa
Dando rios de dinheiro
Rompe a represa
E a desordem do progresso
Faz a lama do Congresso
Soterrar o rio inteiro
Rompe a represa
E a desordem do progresso
Faz a lama do Congresso
Soterrar o rio inteiro
A lama sem alma
Que a água do rio secou
Derrama e exala
Um cheiro tão forte de dor
Essa tragédia
Não tem nada de acidente
Foi descaso dessa gente
Que tem sede de poder
Mas fazem média
Quem tem culpa fica ileso
Pois com tanto rabo preso
Como é que vão prender
Enquanto isso
A gigante do minério
Cria um grande cemitério
Que começa em Mariana
Meu “padim Ciço”
Leve chuva pro Sudeste
Pois não há um só que preste
Chafurdando nessa grana
Meu “padim Ciço”
Leve chuva pro Sudeste
Pois não há um só que preste
Chafurdando nessa grana
A lama sem alma
Que a água do rio secou
Derrama e exala
Um cheiro tão forte de dor
Genial essa recordação do Rio Doce que hoje é um Rio Amargo. Vejam o tom profético de Carlos Drummond de Andrade:
O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.
IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
Pessoal, antes de comentar “As Favelas” quero parabenizar todos os avós da Ti, porque hoje, dia 26/7 ´é dia dos avós por ser dia de Santa Ana, mãe da Virgem Maria.
“A arte de ser avó – por Rachel de Queiroz
Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu… É como dizem os ingleses, um ato de Deus”. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto. O neto é, realmente, o sangue do seu sangue, o filho do filho, mais que filho mesmo.
(…)
E o espanto é que todos lhe reconhecem o direito de o amar com extravagância. Ao contrário, causaria espanto, decepção se você não o acolhesse imediatamente com todo aquele amor recalcado que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim, tenho certeza de que a vida nos dá netos para compensar de todas as perdas trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que vem ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
E quando você vai embalar o menino e ele, tonto de sono abre o olho e diz: “Vo!”, seu coração estala de felicidade, como pão no forno!
“O galo já não canta mais no Cantagalo
A água já não corre mais na Cachoeirinha
Menino não pega mais manga na Mangueira
E agora que cidade grande é a Rocinha!”
Uma obra prima do poeta Paulo Cesar!
Favela já foi um espaço dividido entre a música e a poesia.
“Favela, oi favela. Favela que trago no meu coração”
Do grande Ataulfo Alves:
No carnaval me lembro tanto da favela, ô
Onde ela, ô morava
Tudo o que eu tinha era
Uma esteira e uma chinela, ô
Mas ela, ô gostava
Por isso eu ando pelas ruas da cidade
Vendo que a felicidade
Foi a vida que passou
E da favela, que era minha
E era dela,
Só deixou muita saudade
Porque o resto ela levou
Me lembro tanto do café numa tigela, ô
Que ela, ô me dava
E de umas rezas
Que por mim,
Lá na capela, ô
Só ela rezava
No num outro dia,
Eu fui lá em cima na favela, ô
E ela, ô, não estava
Onde era a casa
só achei uma chinela, ô
Que ela ,ô usava
E da favela, que era minha
E era dela,
Só deixou muita saudade
Porque o resto ela levou
Além do Espelho
João Nogueira
Quando eu olho o meu olho além do espelho
Tem alguém que me olha e não sou eu
Vive dentro do meu olho vermelho
É o olhar de meu pai que já morreu
O meu olho parece um aparelho
De quem sempre me olhou e protegeu
Assim como meu olho dá conselho
Quando eu olho no olhar de um filho meu
A vida é mesmo uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
Sempre que um filho meu me dá um beijo
Sei que o amor de meu pai não se perdeu
Só de olhar seu olhar sei seu desejo
Assim como meu pai sabia o meu
Mas meu pai foi-se embora no cortejo
E eu no espelho chorei porque doeu
Só que vendo meu filho agora eu vejo
Ele é o espelho do espelho que sou eu
A vida é mesmo uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
Toda imagem no espelho refletida
Tem mil faces que o tempo ali prendeu
Todos têm qualquer coisa repetida
Um pedaço de quem nos concebeu
A missão de meu pai já foi cumprida
Vou cumprir a missão que Deus me deu
Se meu pai foi o espelho em minha vida
Quero ser pro meu filho espelho seu
A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
Composição: Ivor Lancellotti / Paulo César Pinheiro
http://mundovelhomundonovo.blogspot.com.br/2017/07/loteria-moral.html
Como não se emocionar com este espelho de João Nogueira cantando “E o meu medo maior é o espelho quebrar” – o esoelho é bom vai ficar para sempre.
Sueli Costa e Paulo Cesar Pinheiro se uniram e compuseram essa Música linda !
VIOLÃO
Sueli Costa e Paulo Cesar Pinheiro
Um dia eu vi numa estrada
Um arvoredo caído
Não era um tronco qualquer.
Era madeira de pinho
E um artesão esculpia
O corpo de uma mulher
Depois eu vi
Pela noite
O artesão nos caminhos
Colhendo raios de lua
Fazia cordas de prata
Que, se esticadas, vibravam
O corpo da mulher nua
E o artesão, finalmente,
Nesta mulher de madeira,
Botou o seu coração
E lhe apertou contra o peito
E deu-lhe nome bonito
E assim nasceu o violão.
EDJAILSON, o violão é perfeito porque é divino. Tem alma, tem sangue, tem emoção, É completo, com raios de lua, corda de prata – admirável. Legal sua postagem.