
Ilustração de Kleber Sales (Estadão)
Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense
A urna eletrônica é o maior avanço já realizado no Brasil para assegurar que nosso Estado de direito democrático seja realmente uma democracia de massas, segundo o princípio “cada cidadão um voto”, que caracteriza as eleições majoritárias no Brasil — principalmente as eleições para o Executivo, nos três níveis de federação. Só para ilustrar, esse princípio foi a principal reivindicação da luta contra o apartheid na África do Sul, em que pese a bandeira “Libertem Mandela”, o grande pai da democracia sul-africana.
As eleições proporcionais, embora tenham o mesmo princípio, não garantem uma representação exatamente proporcional ao número de eleitores de cada unidade da federação, porque São Paulo elege menos deputados do que seria a proporção de seu colégio eleitoral, e alguns estados com menos eleitores são sobrerepresentados, como Roraima, por exemplo.
MAIS SEGURANÇA – Com a urna eletrônica, acabaram-se as fraudes eleitorais na contagem e na apuração dos votos, que eram muito frequentes quando o voto era impresso e apurados manualmente, inclusive durante o regime militar, e mesmo após a redemocratização.
Em parte, o aperfeiçoamento do sistema decorreu da tentativa de fraude das eleições para o governo do Rio de Janeiro, em 1982, quando foi eleito o governador Leonel Brizola, numa operação tabajara realizada pelos órgãos de inteligência do governo do presidente João Batista Figueiredo.
Um sistema informatizado de apuração dos votos, feito pela empresa Proconsult, associada a antigos colaboradores do regime militar, transferia votos nulos e brancos para o candidato governista. Os indícios de que os resultados seriam fraudados surgiram da apuração paralela contratada pelo PDT à empresa Sysin Sistemas e Serviços de Informática, que divergiam completamente do resultado oficial. Outra fonte que obtinha resultados diferentes dos oficiais foi a Rádio Jornal do Brasil. A tentativa de fraude é analisada no documentário britânico Beyond Citizen Kane, de 1993.
APURAÇÃO IMEDIATA – Com a adoção da urna eletrônica, porém, se tornou impossível alterar o resultado da votação na apuração e na computação dos votos, porque cada urna é um compartimento estanque, não conectado em rede, que registra, apura e emite o boletim de votação de cada seção eleitoral. Esses resultados, posteriormente, são transmitidos para os tribunais eleitorais e somados, num processo que possibilita a obtenção do resultado da eleição no mesmo dia.
Além disso, torna possível uma operação reversa de rastreamento, para conferir o resultado urna por urna, caso isso seja necessário. A inviolabilidade da urna eletrônica, porém, precisa ser atualizada a cada eleição, para impedir que sejam hackeadas.
Desde quando tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro (PL) levanta suspeitas sobre as urnas eletrônicas. Afirma que venceu as eleições de 2018 no primeiro turno, o que é fantasioso, sem qualquer base nos fatos.
PROJETO REJEITADO – Bolsonaro chegou a promover uma tentativa de restabelecimento do voto impresso, que foi rejeitada pelo Congresso. Com a aproximação das eleições desde ano, nas quais concorrerá à reeleição, o presidente da República intensificou seus ataques ao processo eleitoral, levantando suspeitas sobre as urnas eletrônicas e, até mesmo, em relação à idoneidade dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para neutralizar esses ataques, o então presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, decidiu ampliar o colégio de especialistas encarregado de testar a segurança das urnas e, para isso, também convidou um representante das Forças Armadas, que têm uma unidade de defesa cibernética a cargo do Exército.
O que era para ser uma colaboração específica, entretanto, passou a ser tratado por Bolsonaro como uma espécie de tutela militar sobre processo eleitoral, o que é inconstitucional. Mais de 80 questionamentos foram feitos pelo general Heber Garcia Portella, encarregado de representar as Forças Armadas nesse processo, que agora estão servindo de pretexto para desacreditar o processo, em lives e declarações do presidente da República.
RESPOSTAS PRECISAS – Nesta segunda-feira, dia 9, o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, encaminhou aos integrantes da Comissão de Transparência das Eleições um ofício com as respostas técnicas da Corte às opiniões e recomendações expostas pelo Ministério da Defesa, em 22 de março deste ano.
As respostas tratam de novos questionamentos sobre a confiança do teste de integridade; o processo de amostragem aleatório para seleção de urnas que compõem o teste de integridade; a totalização com redundância pelos TREs; fiscalização e auditoria; a inclusão de urnas modelo UE2020 no teste público; os procedimentos normativos para a hipótese de verificação de irregularidade em teste de integridade; e as sugestões para uma possível duplicidade entre abstenção e voto.
Com esses esclarecimentos, o TSE deixou claro que a responsabilidade integral pela realização e lisura do pleito é da Justiça Eleitoral.
Temos de parar de “bater tambor para maluco dançar!”
Perdemos energia, perdemos tempo, perderemos a paciência!
O que mais temos para perder?
Os alucinógenos são uma classe de drogas que causam à pessoa uma distorção profunda na percepção.
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Ah, Bolsonaro é o alucinógeno da gadolândia!
Fallavena
Bangladesh e Butão também não inventam pretextos.
Já Cuba, Venezuela, Argentina inventaram.
Bolsonaro talvez sonhe que a OEA poderá lhe dar algum respaldo em caso de derrota.
A sopa de idéias do Azedo azedou.
Primeiro deslize: “a urna eletrônica é o maor avanço já realizado NO BRASIL”. Ou seja, a geringonça é tão ruim que nenhuma grande democracia ocidental arriscou-se a adotar. Um ou outro país que adotou percebeu a burrada e adotou o sistema do voto impresso na própria urna.
Segundo deslize: lembrou o caso Proconsult, que nada mais era do que um sistema INFORMATIZADO, com alguns dos mesmos princípios adotados na urna inauditável do TSE, que resultou numa tentativa de fraude eleitoral. O velho Brizola, vítima da trapaça informatizada, foi em toda a sua vida um crítico radical da urna inauditável do TSE. O seu partido, PDT, foi o primeiro a contestar publicamente a urna, denunciando as falhas da geringonça fraudulenta. Hoje, nas mãos de corruptos submissos aos marginais do STF, esqueceu do passado.
Quando você fala “voto impresso”, você da margem para algum malandro dizer que é um retrocesso.
Acredito eu, que o correto, para não dar margem aos malandros, seria dizer:
O voto “fisico”, prevê que, após o voto na urna eletrônica, a escolha do eleitor será impressa em um papel que será depositado automaticamente (após a visualização do eleitor) em uma urna aparte, para uma possível conferência futura. É diferente, portanto, do voto que havia no país até os anos 90, em que eleitor marcava sua opção em uma cédula com um “x”.
Sr Maurício, concordo com a sua observação.
O grande culpado por todo este imbróglio é o Tofolli com a sua famigerada apuração secreta que acabou elegendo a Dilma. Ali ficou clara a manipulação do sistema eleitoral brasileiro. E, preparem-se pois o golpe vai ser aplicado novamente e o objetivo é um só: eleger o Lula.