Carla Kreefft
A possibilidade de se ter na disputa presidencial uma terceira via é, quase sempre, comemorada por todos. Em tese, a entrada de uma dupla forte como Eduardo Campos e Marina Silva na corrida pela Presidência da República é um fator de fortalecimento da democracia. A pluralidade sempre deixa o eleitor mais confortável.
Campos e Marina são políticos respeitáveis e, certamente, acrescentam qualidade à disputa. Mas, para além da comemoração pela entrada de mais concorrente na disputa, é preciso pensar sobre o que a nova via política representa e o que oferece para o país.
Por mais que a polarização entre PT e PSDB possa impedir o aparecimento de novas lideranças e, especialmente, de novos caminhos, é preciso reconhecer que as duas legendas possuem um acúmulo de experiência administrativa importante. É importante ressaltar também que petistas e tucanos já têm um leque de partidos nos seus entornos. E, principalmente, possuem, pelo menos, algumas diretrizes para suas futuras administrações.
Por mais que as plataformas de governo não sejam preocupações primeiras de nenhum dos partidos, é possível identificar o que, minimamente, PT e PSDB pensam para o Brasil. Aliás, neste momento, o PSDB inicia um trabalho interessante, caminhando pelo país para consolidar um programa de governo, tal como os petistas já fizeram por muito tempo as chamadas “caravanas da cidadania” do ex-presidente Lula.
O fato de já existir alguns acúmulos não significa que os dois partidos sejam mais competentes ou que estejam mais habilitados do que os outros. É apenas mais um critério a ser avaliado em meio a uma série de outros itens que podem ajudar o eleitor a tomar a sua decisão no momento do encontro com a urna.
O NOVO PODE SER MELHOR
O que é importante analisar é o quanto o novo pode ser o melhor. Nem sempre a inovação é sinônimo de qualidade. Nem sempre o que é identificado como novo carrega uma posição mais progressista. Aliás, não é incomum algo novo estar carregado de conservadorismo, embora disfarçada de novidade ou modernidade. Assim, é preciso estar atento ao que é invólucro e ao que é conteúdo.
Mas o cenário para o eleitor é promissor. As opções que estão aparecendo merecem ser consideradas e abrem novas possibilidades, o que é um sinal de que as eleições de 2014 serão bem disputadas. Além da corrida presidencial, que ficou aquecida com a união de Eduardo Campos e Marina Silva, os pleitos estaduais deverão ter configurações diferentes já que as alianças nacionais devem provocar novos alinhamentos regionais.
Com a reorganização partidária, ocorrida até 5 de outubro, é possível que as cores partidárias fiquem mais nítidas e definidas. Talvez seja esse o caminho para a reforma política. (transcrito de O Tempo)
Prezada Carla, saudações.
Quantas máscaras tem o novo? Alguém sabe?
O novo é o sempre esperado, é o que move nossas mentes e determina nossos objetivos … e também, em decorrência, o que nos traz as maiores decepções.
Contemplemos Jânio Quadros e Fernando Collor! Jânio, diante da sujeirada imensa na qual estava “até aqui” atolado o país, fez da vassoura o símbolo da sua campanha e foi eleito com inédita votação. Collor acenou com uma implacável “caça aos marajás”, dizia que iria governar para os “descamisados e descalços” e o final disso tudo já sabemos.
“O homem sempre se deixa atormentar pelo que não tem, ao invés de valorizar o que efetivamente já conquistou” (Shakespeare).
“Eu considero que o futuro sempre pode ser melhor do que o presente, então trabalho a expectativa. Aceno com grandes projetos e todos vivem felizes” (Haylée Salassié)
O quadro … é este. E sempre será este. Quem de nós é forte diante de uma promessa bem feita … seja de um governante ou de um diretor que acena com um salário melhor … ou de uma mulher …
O papel do político é este mesmo, é acenar com seus projetos de melhorar o salário mínimo, de acabar com a seca, de combater a corrupção, de melhorar as condições de atendimento dos hospitais, de melhores escolas, de melhorar tudo. Ao final do mandato … tudo é repetido sem qualquer escrúpulo, sem o menor pudor. A culpa é “daqueles que não me deixaram trabalhar, daqueles que não têm espírito público, tudo isto é intriga da oposição, daqueles que não têm argumentos para debater”, blablabla.
Estamos e estaremos sempre aguardando “a vida melhorar”.
Estamos e sempre estaremos aguardando a chegada de “uma nova forma de fazer política”
Estamos e sempre estaremos aguardando que nos mostrem “novos projetos, novos caminhos para o país”
A adesão do povo é total. Se o novo governante tiver um sorriso bonito, se for simpático, se apertar a mão do povo, se dançar bem com belas mulheres, se em seu acenar for leve, se sua fala for convincente … etc … tá eleito (a)!!!
Na Grécia Antiga se dizia que “O povo não aprecia quem faz: o povo aprecia quem diz que faz, quem tem a fala bonita”.
Que venha o “novo”. Ou simplesmente o novo.
O povo costuma aceitar tudo, até porque é mais cômodo.
Por falar de anões da política, na verdade verdadeira, no Brasil(civil,fardada ou à paisana),até esta parte da história,salvo exceções,a dita cuja tem sido feita por “anões” (anões do orçamento,anões disso,anões daquilo e assim por diante, sem excluir os anões da mídia, do marketing …), movidos a golpes, cópias, fuxicos, armações, esquemas, caixa dois, sofismas, bravatas, traições, impostores temporais, puxadas de tapetes, tapetões, blablablá, tomaladacá, quanto pior melhor, tudo por dinheiro, dá ou desce, etc., etc. e tal, nas versões oposição, gollpismo-ditatorial e situação ( direita, centro e esquerda), que perfazem o velho continuísmo da mesmice enquanto pasto e deleito dos velhos, novos e empedernidos continuistas, que, infelizmente, até hoje, não obstante os 530 anos de Brasil, ainda não foram capazes de demonstrar grandeza de espírito, desprendimento, e nem boa vontade à união em torno do Megaprojeto Novo e Alternativo de Nação e de Política-partidária-eleitoral. Até aqui, portanto, neste aspecto, o Brasil não fez outra coisa senão errar, errar e errar, na escolha do Novo. O Novo de Verdade, não pode ser buscado, na aparência física do candidato, nem na sua fala, mas, isto sim, na essência e efeitos do Projeto Novo advogado pelo pretendente.
Digo 513 anos de Brasil. O 30, na verdade, diz respeito ao mandato presidencial democrático que fora roubado do sul-paulista pelo ditador vargas e seus gollpistas-ditatoriais, cuja dívida democrática ainda continua aberta e sangrando.