Na R�ssia, Temer tenta viver no mundo da fic��o

Bernardo Mello Franco
Folha

O presidente Michel Temer afirmou nesta ter�a-feira que o seu governo colocou o pa�s “nos trilhos”. Em visita a Moscou, ele disse liderar “a mais ampla agenda de reformas das �ltimas d�cadas”. “� claro que h� l� uma ou outra observa��o, uma ou outra obje��o”, comentou o pemedebista, cuja gest�o � aprovada por apenas 9% dos brasileiros.

Depois dos autoelogios, ele desdenhou do esc�ndalo que encurralou o governo. “No momento que a economia come�ou a decolar, de repente acontecem fatos que visam a tentar impedir… fatos absolutamente desprez�veis e desprez�veis”, disse.

ENROLANDO OS RUSSOS – Enquanto Temer tentava enrolar os russos, novos fatos vieram � tona no Brasil. O principal n�o foi nada desprez�vel: o Supremo tornou p�blico o relat�rio que liga o presidente ao recebimento de propinas da JBS. Segundo o documento, as investiga��es indicam, “com vigor”, que ele praticou crime de corrup��o passiva.

Em outra frente, o doleiro L�cio Funaro afirmou � pol�cia que o presidente deu instru��es para duas “opera��es” com dinheiro do FGTS. Preso na Papuda, ele disse que o neg�cio foi recompensado com “comiss�es expressivas, no montante aproximado de R$ 20 milh�es”. A quantia n�o parece desprez�vel nem para os padr�es do grupo que despacha no Pal�cio do Planalto.

PRIMEIRA DERROTA – No Senado, Temer sofreu a primeira derrota importante. Com dissid�ncias em tr�s partidos aliados, a Comiss�o de Assuntos Sociais rejeitou o relat�rio da reforma trabalhista. O projeto ainda pode ser aprovado no plen�rio, mas ficou claro que a base do governo n�o � mais a mesma.

Para permanecer no cargo, o presidente vende a ideia de que a sua queda inviabilizaria as reformas. A vota��o desta ter�a-feira d� argumentos a quem defende o contr�rio. Se o governo voltar a trope�ar no Congresso, os empres�rios brasileiros podem se convencer de que � melhor abandon�-lo. Para azar de Temer, eles s�o mais bem informados do que os russos.