Hillary Clinton perdeu para seus próprios e-mails no espelho da Internet

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Analisando-se serenamente o resultado das eleições americanas, chega-se à conclusão, numa síntese final, que Hillary Clinton perdeu mais por si mesma do que pelo confronto com Donald Trump. Venceu os três debates realizados pela CNN e pelo Canal Bloomberg, como os levantamentos de opinião pública apontaram, abriu doze pontos de vantagem a dez dias das urnas, era franca favorita.

Quando de repente, não mais que de repente, o panorama mudou quase completamente. Foi quando um setor do FBI retomou o episódio dos e-mails que enviou de seu provedor pessoal na fase em que ocupava a Secretaria De Estado.

IMPACTO PROFUNDO – Verificou-se um impacto tão forte, ao ponto de não se discutir o conteúdo dos textos, mas sua simples existência. Pois se algum conteúdo fosse comprometedor à segurança dos EUA, ele seria trazido à tona, uma vez que ocorreu a nova divulgação apenas com base na versão 2016, de fatos acontecidos quatro anos atrás. A divulgação incendiou bases eleitorais de domínio democrata tradicional. Mas não é esta apenas a questão.

A questão essencial refere-se ao equívoco cometido no espelho da Internet. E-mails são para sempre. Entre nós, Marcelo Odebrecht, no auge da Operação Lava-Jato, ordenou que fossem apagados, logo tacitamente reconheceu serem comprometedores de atos múltiplos de corrupção. Não adiantou, eles já se encontravam na redE geral de comunicação. Poderiam ser apagados do sistema emissor, me informa um especialista na matéria, Filipe Campello, mas não da rede de receptores. Era tarde demais.

NÃO HÁ MAIS SIGILO – O mesmo processo envolve artistas filmados em situações de intimidade. As cenas e sequências vão para a teia gigante. Sem volta ao segredo recomendado. As consequências são muitas.

A que atingiu Hillary Clinton foi, de fato, o que terminou afastando-a da sucessão de Barack Obama na Casa Branca. Ela esteve muito perto de Washington, mas o erro cometido no passado recente, e superado no tempo, ressurgiu na reta de chegada. Obama ainda tentou apagar o incêndio através da direção do próprio FBI. Mas a reação não conseguiu estancar a queda da candidata junto ao eleitorado. Muitos votos nulos e brancos, abstenção elevada entre os grupos sociais que se encontravam fechados em seu apoio.

DEPOIS DA INTERNET – O desfecho mais uma vez acentua a cultura moderna que se configurou depois da Internet. E nesse ponto vale assinalar que até o sigilo secular dos bancos suíços foi rompido. Contas e correntistas foram expostos. O reflexo refletiu-se rapidamente. Bancos foram negociados e mudaram de nome incorporados por outros conglomerados, o Banco Central daquele país determinou o fim das contas até há pouco secretas cujos recursos forem provenientes de negócios ilegais.

Daí porque o repatriamento de recurso em dólar para o Brasil, por exemplo, e que com taxas e impostos alcançou cifras consideráveis para os cofres brasileiros.

REPATRIAÇÃO – Foi o motivo principal do que aconteceu e deve prosseguir em 2017. Pois ninguém por vontade própria iria repatriar dinheiro cotado em dólares transferindo-o para a moeda brasileira. Pois o câmbio oscila sempre para o padrão internacional do universo financeiro.

Com a Internet, acabou o sigilo bancário. No espelho dos e-mails Hillary Clinton deixou de ser a primeira mulher a presidir os EUA. A Internet é um caminho sem volta. O que foi emitido fica na teia gigante da comunicação. Não faltam especialistas para iluminá-la.

9 thoughts on “Hillary Clinton perdeu para seus próprios e-mails no espelho da Internet

  1. O excelente comentarista Pedro do Couto, como sabemos, tem uma cultura invejável além de uma memória privilegiada. Ler seus artigos é assistir uma aula de História com isenção e com a verdadeira explicaç?o dos acontecimentos. Humildemente, discordo dele da paixão que tem pelas pesquisas eleitorais. Positivamente não é mais possível levar a sério esses Institutos que, durante a campanha ficam publicando percentuais de sucesso dos candidatos. Como erram frequentemente, é fácil após a apuração publicar relatórios tentando justificar os seus fracassos.
    Voltarão em 2018. Alguém ainda acredita em pesquisa ? A propósito, as pesquisas americanas também foram para o brejo. E aí … ?

  2. O grande e experiente Jornalista Sr. PEDRO DO COUTTO, a meu ver, acerta em cheio quando arrola o caso dos E-mails que HILLARY CLINTON enviava via seu Provedor pessoal enquanto era Secretária de Estado, (tradicionalmente considerado o 3º Cargo mais importante do Executivo, logo atrás do Presidente e Vice-Presidente). Especialmente, quando o Diretor-Geral do FBI ( Polícia Federal deles), há uma semana da Eleição, abriu Inquérito arrolando HILLARY CLINTON como suspeita de quebrar as estratégicas Leis de Segurança Nacional.
    Não importa que há dois dias da Eleição, o mesmo Diretor-Geral do FBI informava que anulava o Inquérito. O mal já estava feito.

    Me pergunto PORQUE uma Política tão experiente, como HILLARY CLINTON, em vez de só usar em sua comunicação de Secretária do Estado, os canais CIFRADOS do Estado, usou a Internet para enviar centenas de milhares de E-mails NÃO CIFRADOS?

  3. Sinceramente, acho que ela nunca esteve na frente, a não ser nas pesquisas tendenciosas (ou talvez muita gente escondesse a polêmica preferência).
    Os emails não afetaram em nada os votos porque o povo estava já decidido por uma mudança e Hillary nunca teve capacidade para mudar isso.

    • Concordo plenamente e falar que a perda foi grande. E nos meios de comunicação deram a vitoria durante 60 dias. Com essa margem de derrota, eu confio que essa senhora nunca esteve na frente.

  4. O foco do escrito é sobre o sigilo, em seus vários aspectos, que não mais existe e concordo com o autor. Pensar um mundo em que armações criminosas são preparadas em escondido, é falácia. Podem até sê-lo preparadas, mas serão descobertas logo. Mas, a respeito do comentário de Pessoa, acerca das pesquisas eleitorais, embora concorde com ele, amplio o enfoque ao acusá-las se serem fator indutor nos sufrágios, pois muitos candidatos vão à disputa por que venceram percentualmente em escolhas internas dos partidos que, por serem núcleos fechados, manipulam seus interesses à vontade. Por outro lado, muitos candidatos são eleitos pelo povo por que os índices os mostraram favorecidos na disputa, levando o eleitor ao “voto útil”. Ora, em ambos os casos, onde ocorre o fulcro, ou o fundamento da DEMOCRACIA? Como ela pode se manifestar se os eleitores votarão em quem as pesquisas indicam vencedor e apenas por poder ser? Cadê o voto fundamentado nas propostas construtivas dos candidatos, na sua moralidade? Esta pergunta tem a ver com teorias que são abordadas livremente por grandes pensadores, até!, de que a Democracia como a vivenciamos é um engodo imposto e dizê-la “o melhor sistema” é uma mentira. Na prática, sim, é ainda o melhor sistema, pois nenhum outro se mostrou alternativa, mas devemos melhorá-la. O aperfeiçoamento dela talvez esteja no pensamento exposto por Couto, em que a tecnologia avance de tal forma que secretismos não mais existam. Adicionalmente, o termo POLÍTICA tem de ser repensado e devemos voltar a adotá-lo na sua essência que é a prática dos interesses maiores, suprapensados, supraprojetados, supraestimulados, com visão de décadas, ou de séculos, para a frente, estruturando a sociedade em que vivemos, hoje, e que nossos descendentes usufruirão, amanhã. Perdeu-se o pensamento e a visão horizontais e ganhou a vertical, aquela que nos dá o limite do umbigo. A esse procedimento da sociedade, por intermédio dos seus representantes, os parlamentares, é que chamaríamos Política, em torno da qual todas as discussões teriam como base a estruturação e a formação da sociedade e da Nação brasileiras.

  5. Os democratas vão botar a culpa de sua derrota eleitoral no diretor do FBI, nos candidatos alternativos Jill Stein e Gary Johnson, nos órfãos de Bernie Sanders que não teriam votado em Clinton, no racismo e sexismo dos americanos… Mas na verdade Hillary Clinton fracassou porque não foi capaz de captar as frustrações dos americanos que foram deixados pra trás pela tão decantada globalização econômica.

    Ademais, em restrospecto, vê-se que os democratas só ganham eleições presidenciais quando tem candidatos carismáticos, capazes de atrair a empatia popular e de gerar uma expectativa de mudança positiva, como foi nos casos de Obama e mesmo Bill Clinton. Mas esse tipo de personalidade não é comum, e normalmente os candidatos presidenciais democratas tendem a ser tecnocratas frios e distantes, com pouca empatia, como Dukakis, Gore e Kerry, E no caso de Hillary Clinton, há o agravante da desconfiança gerada pela sua ligação com o mundo financeiro, e pelas origem do dinheiro da fundação Clinton.

  6. Dona Clinta ganhou mas não levou.
    O problema é que os Delegados que são bem “gordinhos” não queriam ficar na fila em pé do Mercado Governamental da Matrix esperando as duas asinhas de frango e um potinho de arroz, por semana.
    E desta vez deram preferência aos hambúrgueres do Mc Donald Trumpis……
    Os Delegados não aguentariam ficar 16 anos desgovernados por Comunistas……….

  7. Sinceramente, acho que a derrota dela, nada tem a ver com os e-mails, dos quais foi inocentada pelo FBI. Tem mais a ver com “forças ocultas” que agiram. Lá, como cá é tudo igual.

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