
Charge Jota A (O Dia/PI)
Deu em O Globo
O governo não para de dar demonstrações de falta de rumo. O conflito entre os ministros Paulo Guedes e Rogério Marinho já deveria ter sido resolvido, sob a coordenação do Planalto. Bastaria a fidelidade declarada de Bolsonaro ao teto de gastos para apartar a briga. Mas não, não acabou, como se viu sexta-feira nas indiretas disparadas por Guedes no Congresso contra Marinho, a quem chamou de “ministro gastador”, municiado por economistas a soldo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), qualificada como “casa de lobby” .
Guedes também não esclareceu a posição do governo sobre a nova CPMF e negou que a intenção do decreto que assinou com Bolsonaro fosse privatizar Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O decreto foi revogado ante a avalanche de críticas previsíveis, a maioria infundadas. Mas o Planalto deveria ter agido antes. Chama a atenção que tenha tratado na surdina de tema tão polêmico.
MUNDO PARALELO - A confusão revela a distância de Bolsonaro para a realidade. O presidente vive num mundo paralelo. Chega a ser risível que, enquanto há um programa de privatizações a cumprir, o Planalto abra outra frente.
É indiscutível que a saúde pública só teria a ganhar com métodos de gestão do setor privado, como demonstram inúmeras experiências do próprio SUS. A questão é outra. Qual o sentido de pôr a nova frente em marcha se a privatização da Eletrobras está paralisada e a dos Correios mal começou?
Nada se faz sem articulação com o Parlamento. E o Congresso já mostrou ter condições de deliberar em sessões virtuais. Bastaria Bolsonaro ter vontade e talento para política. Privatizar o que está na fila, além de promessa de campanha, é peça crucial no ajuste fiscal. Que envolve ainda as reformas tributária e administrativa, postergadas para as calendas pós-eleitorais.
GOVERNO PARALISADO – Reforça-se a percepção de um governo paralisado, esperando o tempo passar. O presidente nada faz que afete seu projeto de reeleição, em que uma estratégia coerente de reformas não vale nada perto das curtidas nas redes sociais.
Só que o imobilismo tático de olho em 2022 tem custo. O capitão reformado pode ter achado que, ao se cercar de generais, blindaria o governo. Prova de que estava errado é o artigo publicado pelo ex-porta-voz e general Rêgo Barros no “Correio Braziliense”.
“O poder inebria, corrompe e corrói”, diz o texto, para depois contrastar o “memento mori” (lembra que morrerás) dito aos generais vitoriosos na Roma Antiga com os “comentários babosos” e “demonstrações alucinadas de seguidores de ocasião” dos dias de hoje.
RECADO DA CASERNA – Está dado o recado da caserna. A política errática de Bolsonaro, confiando no Centrão e no apoio das redes para o que der e vier, não tem provocado apenas choques entre aliados. A oposição já se articula para o enfrentamento, como demonstra a reunião do ex-presidente Lula com Ciro Gomes.
Bolsonaro não deve entender a popularidade em alta nas pesquisas como licença para absurdos. Para o país, a conta da paralisia já está cara demais. Nalgum momento, será cobrada dele também.
Este imbecil, primeiro presidente internet do país, acha que é o maior. Doce ilusão. Os brasileiros realmente inteligentes e patriotas jamais votarão nele. Nem mesmo os que votaram desta vez, porque o fizeram para livrar-se do PT. Os homens são julgados pelo que fazem; não pelo que dizem.
Essas eleições municipais mostrarão claramente que a tal “popularidade” do Bozo é só fachada.
O Bozo não consegue eleger nem sindico de condomínio.