Jair Bolsonaro muda de tom para impedir a vitória de Lula no primeiro turno

Charge do Aroeira (Portal O Dia/RJ)

Pedro do Coutto

O presidente Jair Bolsonaro mudou o tom de sua campanha eleitoral e passou a desfechar ataques contra o ex-presidente Lula estendendo-os aos ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, e tendo como alvo também o Movimento Sem Terra.

Da Folha de S. Paulo, reportagens de Ricardo Della Colleta e de Matheus Vargas focalizam a nova postura, e no O Globo escrevem Daniel Gullino, Jussara Soares e Dimitrius Dantas. Bolsonaro dirige sempre os seus pronunciamentos também aos grupos conservadores e liberais da economia tentando sustentar que Lula representa uma ameaça à estabilidade do país e dos grupos conservadores que apoiam o seu governo.

RADICALIZAÇÃO – O presidente Jair Bolsonaro, como se constata, partiu para radicalizar o confronto eleitoral afastando-se de sua posição até então adotada certamente em decorrência do fato de sua assessoria, analisando as pesquisas do Datafolha e do Ipec, ter concluído que a terceira via na medida em que fosse capaz de assegurar o segundo turno deixaria Bolsonaro e Lula para um confronto final. A terceira via principalmente agora com a nova ofensiva de Bolsonaro ficou ainda mais distante do que se encontrava, na minha opinião.

Dentro da radicalização, Bolsonaro atacou também os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso por suas posições contrárias  às manifestações nas redes da internet, uma vez que está patente que a fábrica das fake news localiza-se no Palácio do Planalto.

Bolsonaro classificou o posicionamento de Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso como contrários à liberdade de expressão. E também citou o exemplo da prisão determinada por Moraes ao deputado Daniel Silveira pelos ataques que este dirigiu a ministros da Corte Suprema.

MONETIZAÇÃO – Dentro da ofensiva que passou a adotar, Bolsonaro condenou também as decisões dos dois ministros contra o que chamou de monetização das mensagens nas redes sociais, incluindo o Facebook, Twitter,  Instagram e Whatsapp.

Os ministros do Supremo condenaram a atividade profissional na internet, mas ao que se refere às fake news, não incluindo trabalhos profissionais de divulgação dentro da lei. Esse panorama representa o início de uma nova etapa da campanha pela Presidência da República.

O pronunciamento do general Paulo Sérgio Nogueira sobre a vacinação contrariou o presidente na medida em que Bolsonaro deve ter identificado o alvo da mensagem , destacando a necessidade da vacina, mas transmitindo um outro recado, este de defesa da democracia e do resultado das urnas de outubro.

ATAQUES A LULA – A reportagem de O Globo focaliza também ataques de Jair Bolsonaro numa entrevista à uma emissora de rádio do Espírito Santo na tarde de segunda-feira dirigidos ao ex-presidente Lula pela prática de corrupção na Petrobras.

O posicionamento do chefe do Executivo, a meu ver, elimina totalmente qualquer hipótese de surgimento de um terceiro candidato, como escreveu Eliane Cantanhêde no Estado de S. Paulo de ontem, para se opor à atual polarização entre o presidente da República e o ex-presidente nas urnas de outubro. Ela admite a hipótese, mas creio que o seu artigo foi escrito na terça-feira e publicado na quarta, dia também em que O Globo e a Folha de S.Paulo deram destaque às declarações de Jair Bolsonaro.

OFENSIVA – Bolsonaro deve continuar na ofensiva, uma vez que sentiu finalmente o peso das pesquisas do Datafolha e do Ipec, talvez até informado por novos levantamentos  que se encontram em preparação pelos dois institutos.

A radicalização de Bolsonaro visando direta e singularmente Lula da Silva não deixa campo para qualquer avanço das candidaturas de Sergio Moro, Ciro Gomes e João Dória. Inclusive porque em outubro serão realizadas eleições também para a Câmara Federal, Senado e Assembleias Legislativas, além de para os governos estaduais.

OPÇÕES – Diante do quadro atual que não deverá sofrer alteração até a semana das urnas, dificilmente candidatos a governador poderão partir para as suas campanhas ao lado de Sergio Moro, Ciro Gomes e João Doria. Terão que optar ou por Lula da Silva ou por Jair Bolsonaro no caso de o presidente da República interromper a queda que está se verificando entre o seu eleitorado.

O problema da vacina infantil acrescenta mais um fator de desgaste, sobretudo porque os casos de contaminação pela ômicron têm atingido percentuais muito altos. Assim o caminho das urnas também passa pelas vacinas.

12 thoughts on “Jair Bolsonaro muda de tom para impedir a vitória de Lula no primeiro turno

  1. As chances do mito estão todas nas mãos do Luladrão, enquanto este continuar ameaçando com a volta ao passado, revogação das reformas feitas, o mito tem chance. Mas se o mito insistir em só dizer besteiras, como insiste em fazer, a reeleição vai para o buraco. Acredito em milagres, mas não no da reeleição do mito.

  2. Lula assumiu em 2003 com um Brasil quebrado. Além do FMI, tinha desemprego, dólar a R$ 4, apagão, salário mínimo de US$ 100.
    Após 8 anos passou a faixa com o maior índice de aprovação, e elegeu Dilma.
    Já Bolsonaro, o Barraqueiro, foi eleito em cima de mentiras. Tudo falso. Oportunistas de todos os matizes. Muitos são hoje inimigos ferrenhos.
    Quem vai querer posar na foto de quem?

  3. É possível que os três candidatos Lula,Bolsonaro,Moro,sejam impugnados por motivos diferentes…

    Dois estão na marca do pênalti…

    Afinal, o que se desenha, será Ciro Gomes X Dória..

    Devo resaltar, o calça apertada está sendo estrategista milimetricamente.

  4. Caro César, orgãos internacionais funcionam…

    FBI,Interpol,estão no calcanhar de duas figuras digamos proeminentes…

    Aguardem…

    De outra banda,senhor percebeu, João Dória, não entra em dividida,assisti de camarote a carnificina dos vilões das duas quadrilhas.

    Quando foi necessário o calça apertada disparou o míssil Exocet acertando o casco do Márcio França/Alckmin-SP,a fundando com suas pretensões.

  5. A cada queda nas pesquisas, o presidente estressado vai partir com tudo contra a primeira via e contra os ministros do STF que estão a frente do Inquérito das Fake news ( Moraes) e sobre as fake news na campanha eleitoral e da segurança das Urnas Eletrônicas ( Barroso).
    Bolsonaro tenta demonstrar o seu conservadorismo para se contrapor ao esquerdismo de Lula.
    Bolsonaro não é conservador, ele está além do conservadorismo, na verdade é um reacionario, político que tem como marca aumentar aínda mais a distância entre os ricos e pobres. Suas políticas públicas são excludentes, destinadas a ampliar as condições de desigualdade, dificultando a vida dos trabalhadores. É só observar o descaso como vem tratando a Educação e a Saúde públicas.
    No caso de Lula, o presidente tem tentado colar o título de esquerdista, mas, o ex-presidente é de Centro. Nos oito anos de seu Governo, os banqueiros, industriais e comerciantes foram muito bem tratados. Portanto, a Faria Lima sabe que Lula não é bicho papão.
    Os ataques vão se acirrar de lado a lado, a partir de março, quando o quadro eleitoral estará mais definido.
    Quem estiver perdendo eleitores, caso de Bolsonaro, vai tentar todas as artimanhas, no sentido de desqualificar o adversário.
    A Terceira Via está em banho Maria. Isso se deve, ao recesso parlamentar, a preocupação do povo com a Omicron, a Cepa variante, que vem contaminando gregos e troianos e a proximidade do carnaval. Já é tradição no Brasil, tudo começar a vera, após a quarta feira de cinzas.
    Sérgio Moro, o xerife da Lava Jato ainda não deslanchou e tem tido problemas no Partido Podemos, com algumas dissidencias, como agora no Paraná, cujo candidato a governador abandonou o Partido e se filiou ao PSDB para tentar vencer o governador Ratinho.
    A candidatura de Moro assustou o presidente Bolsonaro, porque o ex juíz atua no campo da Direita, logo dividindo os votos desse segmento, que votou em massa no Bolsonaro e muitos se arrependeram por causa do Negacionismo presidencial.
    Creio, que Sérgio Moro não vai desistir, porque por enquanto, é cedo demais, pois o cenário eleitoral não está definido.
    O mesmo raciocínio, tem similaridade com a candidatura de Ciro Gomes, mesmo após a ação da Polícia Federal chegando na casa do cearense ao raiar do sol. Ciro deve ir até o final, mas, os deputados do PDT estão pressionando pela sua desistência.
    Quanto ao João Dória, este não conseguiu unir os tucanos. Há dissidencias em Minas e Rio Grande do Sul. Falo de Aécio Neves e Eduardo Leite.
    No campo governista, as dificuldades não são diferentes e um exemplo cabal é a candidatura ao governo de São Paulo. Bolsonaro quer a candidatura de seu Ministro Tarcísio de Freitas, mas, seu ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, também deseja concorrer causando um desconforto no presidente. Ele não esperava essa dissidencia no seu novo Partido, o PL do cacique Valdemar da Costa Neto.
    A candidatura Lula está as voltas com a escolha do vice. Será Geraldo Alckmin ou um perfil parecido com José Alencar? E como contornar o salto alto da Gleisi e de Rui Falcão?
    Conclusão: problemas de ordem geral.
    Enquanto isso, o povo sofre com inflação disparando, juros altos e desemprego. Nisso nenhum candidato se debruça.

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