O advogado e poeta mato-grossense Manoel Wenceslau Leite de Barros (1916-2014), que ficou famoso como Manoel de Barros, no poema “A Turma”, conta o que ele e seus amigos mais gostavam de fazer.
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A TURMA
Manoel de Barros
A gente foi criado no ermo igual ser pedra.
Nossa voz tinha nível de fonte.
A gente passeava nas origens.
Bernardo conversava pedrinhas com as rãs de tarde.
Sebastião fez um martelo de pregar água na parede.
A gente não sabia botar comportamento
nas palavras.
Para nós obedecer a desordem das falas
infantis gerava mais poesia do que obedecer as regras gramaticais.
Bernardo fez um ferro de engomar gelo.
Eu gostava das águas indormidas.
A gente queria encontrar a raiz das palavras.
Vimos um afeto de aves no olhar de Bernardo.
Logo vimos um sapo com olhar de árvore!
Ele queria mudar a Natureza?
Vimos depois um lagarto de olhos garços
beijar as pernas da Manhã!
Ele queria mudar a Natureza?
Mas o que nós queríamos é que a nossa
palavra poemasse.
(Colaboração enviada por Paulo Peres – site Poemas & Canções)
Barros é um imenso poeta. Agora licença: tema pertinente:
E viva a Gramática !
O único defeito do Dicionário Houaiss é a letrinha (corpo 6, em linguagem gráfica), um absurdo. Sugiro que a editora o publique em dois ou três volumes e coloque em corpo 12.
Forante isso é lá que aprendi os termos:
Desgovernação, Governadanta, Governadeira, Governadura, Governalho, Governatriz, Governeiro, Governelo, Governichar, Governicho etc…
E Viva a Língua Portuguesa !