Mediador teme mais conflitos com índios na Amazônia

José Maria Tomazela
Estado de S.Paulo

O ressentimento entre brancos e índios na região de Humaitá, no sul do Amazonas, pode gerar novos conflitos como o que abalou a cidade no dia do Natal. Para o bispo d. Francisco Merkel, de 69 anos, a quem foi confiado o papel de mediador do conflito, se ficar comprovada a participação de indígenas no desaparecimento de três homens na reserva, a tensão vai aumentar.

Segundo ele, quando a população local atacou as instalações indígenas na cidade, além da revolta contra os índios, havia uma insatisfação com as autoridades. “Três homens de bem sumiram e tudo apontava para os índios, mas o que fizeram as autoridades? Nada. Então, o principal alvo da explosão foi essa inércia do governo.”

O bispo conta que, no dia 24 de dezembro, ele foi ao local em que a multidão paralisava o serviço de balsas no Rio Madeira e sentiu um clima tão tenso que não conteve o choro. “No dia seguinte, vi que o problema ia além da questão dos desaparecidos, pois havia muita raiva. À dor dos familiares se juntou a revolta de outras pessoas.”

OMISSÃO

Para o bispo, se as autoridades tivessem iniciado as buscas pelos desaparecidos, o conflito não teria acontecido. “Houve uma reunião de emergência e ficou tudo acertado para iniciar as buscas, só que não foi feito.” Diante da demora na investigação, a multidão teria decidido fazer alarde para chamar a atenção.

“Quando soube o que estava acontecendo, fui à sede da Funai e vi que não tinha condições de mediar nada. Era um clima de raiva, de explosão, e cheguei a temer pela minha integridade”, contou.

Segundo o bispo, sem escudos e capacetes, a Polícia Militar não estava preparada para enfrentar a multidão. “No Natal, a cidade não tinha juiz, nem polícia, e o prefeito também estava ausente. O Natal é um dia com a família, mas três homens estavam desaparecidos e a população ia recorrer a quem? A revolta foi contra toda essa omissão”, disse.

PEDÁGIO

Acabar com o pedágio cobrado pelos índios na Transamazônica é apontado por d. Francisco como uma medida essencial para a paz. Na região desde 2000, ele lembra que os conflitos começaram após a cobrança, em 2006.

“As pessoas não acham justo pagar para passar numa estrada sem asfalto e segurança”, afirmou. A omissão das autoridades em relação ao pedágio levou a uma situação insustentável. “Se os índios têm direito a uma compensação pela Transamazônica cortar a reserva, o governo é que tem de pagar.”

2 thoughts on “Mediador teme mais conflitos com índios na Amazônia

  1. Para que serve a FUNAI ? Cadê o Congresso ? Cadê o Estado ? Cadê os indigenistas, sertanistas, sociólogos que trabalham para o governo ? Lugar de bispo é na igreja isso aí é caso sério, é caso para autoridade pública. Está provado que a FUNAI não serve para nada é um órgão que atrapalha, confunde, não cumpre seu papel.
    PS: A igreja é a menos indicada para cuidar deste caso porque a igreja catequizou para impor um deus que nada tem a ver com a cultura indígena, todo problema com os indios começou com a igreja. No livro de Eduardo Bueno, a coroa a cruz e a espada, a cruz representa a igreja catequizadora.

  2. “Fala sério. Que país é este ? Que políticos são esses ? Que oposição é essa que quer levar o povo no bico, só no blablablá e no velho trololó, do velho palanquismo vazio que termina sempre no velho 171 dos sofismas e das bravatas (“esqueçam o que escrevi”, “ era tudo bravata de campanha”), ou na truculência do tb 171 golpista-ditatorial ? O fato é que a oposição teve 12 anos para preparar ou abraçar um Candidato munido de um Projeto Novo e Alternativo de Nação e de Política, em contraponto ao velho continuísmo da mesmice, e não moveu nenhuma palha nesse sentido. Pelo contrário, está jogando de bandida oportunista contra o Projeto Novo e Alternativo ( a Mega-Solução), e, até por isso, está pagando caro perante a opinião pública revoltada contra o velho fla-flu apenas pelo velho fla-flu, ou poder pelo poder. Não é à toa que o trem está cada vez mais feio para o lado da oposição. Aliás, Diogo Mainardi, inimigo radical, capital, visceral e figadal de Lula e PT, no dia 05/01/2014, no Programa “Manhattan Connection”, da globo, deu um sincero aviso aos navegantes da oposição dizendo que Dilma deve ganhar no primeiro turno, tendo em vista que a situação é medonha mas que a oposição é tão medonha quanto, ou mais, e, sobretudo, porque não existe perspectiva de mudanças de verdade, face às candidaturas que estão postas (Campos à bordo). E, no caso , a opinião de Diogo é insuspeita, e reflete a opinião de 66% do eleitorado nacional. Pelo visto, só a oposição não sabe que está feia na fita. Será surda, cega e muda, ou será apenas avestruz ? Só falta a oposição dizer agora que Diogo é petista. Oposicionistas partidários, juízo, reflitam sobre o insuspeito conselho do Diogo Mainardi , posto que, doravante, mais do que possível reles alternância, a população do Brasil , especialmente a que saiu às ruas, quer, isto sim, MUDANÇAS, sérias, estruturais e profundas, capazes de expressarem Esperança de um Brasil mais evoluído e de fato melhor para todos, como demonstram, reiteradamente, as pesquisas.”

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