Nova estratégia do Planalto é usar a CPI da JBS para desmoralizar as delações

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Ataíde preside a CPI e vai ter 15 minutos de fama

Vera Rosa e Thiago Faria
Estadão

O Palácio do Planalto traçou uma estratégia para tentar transformar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que vai investigar operações da JBS em uma arma contra os delatores da Lava Jato. À espera de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresente nesta semana uma nova denúncia contra o presidente Michel Temer, a base aliada vai atacar os últimos acordos de colaboração premiada, que atingiram a cúpula do governo e o PMDB.

Reforçada pela prisão do empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, que controla a JBS, e do executivo Ricardo Saud, a ideia é pôr em xeque as delações fechadas sob Janot, incluindo a do corretor Lúcio Funaro. O depoimento de Funaro deve servir de “gancho” para mais uma acusação contra Temer, investigado pelo Ministério Público Federal por organização criminosa e obstrução da Justiça.

OUTRO RUMO – Janot deixa o cargo no dia 17 (domingo)e será substituído por Raquel Dodge. Embora o Planalto aposte nessa troca para que a Lava Jato tome “outro rumo”, a ordem é desqualificar tudo o que foi feito até agora pelo procurador-geral. O argumento do governo é de que a delação da J&F é “fajuta” e, como uma árvore podre, contamina os “frutos”.

“Se houver nova denúncia contra o presidente e ela for baseada em fatos ligados aos delatores da JBS, obviamente ficará contaminada”, afirmou o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, defensor de Temer. “Além disso, os fatos de uma nova denúncia, se é que ela vem, só podem dizer respeito ao exercício do mandato do presidente”, disse o advogado.

SUSPEIÇÃO DE JANOT – Mariz entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal pedindo a suspeição de Janot, sob a justificativa de que ele persegue Temer por motivos políticos. Solicitou, ainda, que qualquer outra acusação contra o presidente seja suspensa até o STF se pronunciar sobre o assunto. O plenário da Corte julgará os dois temas nesta quarta-feira.

Além da defesa jurídica, Temer faz articulações para fustigar delatores e seus parceiros, na CPI da JBS, com requerimentos de informações e pedidos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico. Um dos alvos do Planalto será o ex-procurador Marcello Miller, que não teve a prisão decretada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, apesar do pedido de Janot.

DEPOIMENTOS – A previsão do presidente da CPI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), é começar a ouvir Joesley, Saud e outros envolvidos na delação, como Miller, a partir da semana que vem. Requerimentos de convocação devem ser votados amanhã, quando será escolhido o relator da CPI. Na lista dos cotados estão os deputados Carlos Marun (PMDB-MS), Hugo Leal (PSB-RJ) e Fernando Francischini (SD-PR).

Ataídes esteve com Temer no Palácio do Jaburu, anteontem, mas disse não ter tratado sobre a CPI, que também investigará empréstimos do Banco Nacional de Investimento Econômico e Social (BNDES) para a JBS. “Não falei sobre CPI, mas sobre a duplicação da BR-153”, afirmou. O encontro não constou na agenda oficial do presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mais uma Piada do Ano. O senador Ataídes, presidente de uma CPI que Temer mandou criar, agora quer nos convencer de que esteve no Palácio Jaburu com Temer e não conversou sobre a CPI??? Esta piada realmente é muito boa. (C.N.)

9 thoughts on “Nova estratégia do Planalto é usar a CPI da JBS para desmoralizar as delações

  1. A verdade é que os ladrões quadrilheiros, políticos ou não, fazem de tudo para abafar a lava jato e não conseguem e passam noites em claro e dias à base de rivotril enquanto as delações se multiplicam e as prisões também.

  2. Esse tipo de investigação, feita por pessoas que foram eleitas para legislar para o país, nem isso fazem direito e não para julgar e ainda usurpar o ofício de polícia, tem ao longo dos anos servindo proponderantemente aos propósitos da classe política, além de ser uma forma de ajudar a escoar boa parte do dinheiro dos impostos. Quem não lembra dos chamados habeas corpus preventivos emitidos pelo Supremo, para que testemunhas ou depoentes se calassem ou tripudiassem como quisessem sobre suas “excressências”, fazendo nossa visão de nacionalismo descer mais tantos degraus. CPIs que não deram em nada, pois a pizza já tinha sido acertada previamente ou CPIs em que se chegou a uma quantidade de partidos envolvidos que a inviabilizou, como a CPI das Ongs. Temer faz apenas usar as ferramentas que em um país minimanente sério, de pessoas minimanente honradas em sua maioria, jamais estariam disponiveis a ele depois de tantas provas e de ser formalmente denunciado como tantos outros foram.

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