José Carlos Werneck
Com sua proverbial simploriedade, o ex-presidente Lula justificou a fantástica multiplicação do patrimônio do ministro Antonio Palocci dizendo que não há nada de errado, porque “Palocci era o Pelé da Economia”.
Brincadeiras à parte, acho que enriquecer, desde que licitamente, não é crime e até deve ser louvado por todos. Também acho, como ensina o bom Direito que, ninguém pode ser considerado culpado até prova em contrário.
Por isso creio que o ministro Palocci deveria se antecipar à qualquer convocação e comparecer espontaneamente ao Congresso Nacional e explicar pontualmente sua evolução patrimonial, refutando todas as acusações, e inclusive processar por injúria, calúnia e difamação todos que insinuaram que em seu enriquecimento ocorreram irregularidades. Assim e SÓ ASSIM, botaria tudo em pratos limpos e calaria de vez TODOS os que o acusam.
O velho ditado “quem não deve não teme” é sempre atual e de grande valia.
O homem público, por força de sua notoriedade, deve explicações à Sociedade e para dissipar quaisquer dúvidas e sempre antecipar-se a seus adversários e se possível aplicar-lhes um didático cala-boca. Isso, é claro, se estiver com a razão e não tiver nada a ocultar.
Quanto à frase do ex-presidente taxando Palocci de Pelé da Economia, a afirmação soou estranha junto aos especialistas da área. Palocci, médico por formação, entende de política e aí fez brilhante carreira, mas quando ministro da Fazenda, limitou-se a seguir cuidadosamente a política econômica implantada nos dois governos de Fernando Henrique Cardoso. O mercado o tem na conta de um bom gestor exatamente por manter as diretrizes implantadas por FHC.
À frente do Ministério da Fazenda, não teve nenhuma idéia nova. Limitou-se a seguir as diretrizes de seu antecessor. Foi inclusive, muito elogiado por isso, sobretudo pela Oposição, que via na política econômica, o ponto alto do Governo Lula.
Palocci foi para o Governo Lula, o mesmo que Fernando Henrique foi para o Governo Itamar. Ambos não eram especialistas na área, mas cercados de competentes assessores, mantiveram a Economia sobre controle.
O próprio ex-presidente Fernando Henrique, faz sempre questão de dizer que economia não é sua área, mas graças a uma equipe muito competente conseguiu implantar o Plano Real, que derrubou a inflação e possibilitou o crescimento do País. Certamente daria boas gargalhadas, se fosse chamado de “Pelé da Economia”.
Palocci pode ter sido tudo, menos “um Pelé da Economia”. Se tornou-se um craque no assunto, depois de ter sido ministro da Fazenda, isso já é outra história.