Charge do Duke (domtotal.com)
Roberto Nascimento
É louvável a iniciativa do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao solicitar transparência do Congresso na identificação de parlamentares que indicaram as emendas do bilionário orçamento secreto. Reconheço esse mérito dele. Pelo menos, acertou uma. Merece até parabéns. No entanto, em relação à economia propriamente dita, o fracasso continua.
Na verdade, Paulo Guedes está irritado com o Centrão, porque o grupo patrimonialista e interesseiro, que cobra caro para dar apoio a qualquer governo, realmente passou a mandar na gestão de Jair Bolsonaro, que hoje está refém desse bloco parlamentar informal.
SUBALTERNO DE LUXO – Não há mais Posto Ipiranga. No momento, quem manda na economia do Brasil é o ministro-chefe da Casa Civil, senador licenciado Ciro Nogueira, que coordena o Centrão e está sendo substituído no Congresso pela suplente, que vem a ser sua própria mãe, dona Eliane Nogueira, que jamais foi política mas sabe como garantir o abastecimento do jatinho do filho com verbas públicas do Senado.
Assim, de repente Guedes virou um subalterno de luxo. Não manda mais nada e seus principais auxiliares econômicos pediram demissão, por causa do esvaziamento do Ministério da Economia.
Guedes se irrita sem razão, perder faz parte da vida. E a realidade mostra que os ratos são os primeiros a abandonar o navio. Se não está satisfeito, por que Guedes não pede demissão também? Não tem coragem ou não pode perder a blindagem do foro privilegiado? Isso é bobagem, porque as denúncias contra ele por gestão temerária de recursos de fundos de pensão já estão perto de prescrever, como é praxe na Justiça brasileira.
SEM TRANSPARÊNCIA – Ulysses Guimarães dizia que não adianta reclamar do atual Congresso, porque o próximo será ainda pior. Não é uma frase de efeito. Realmente trata-se de uma realidade. Assim, quanto ao atual Congresso, que ainda deve ser considerado o pior da História do Brasil, os parlamentares vão continuar escondendo do povo quem se beneficiou do chamado orçamento secreto. São os vendilhões da pátria.
Nesse sentido, o Estadão publica impressionante matéria de Breno Pires e André Shalders, denunciando que o Congresso continua a desrespeitar a determinação da ministra Rosa Weber, do Supremo, sem dar transparência ao orçamento secreto.
Do total de R$ 6,6 bilhões em emendas liberadas entre 13 e 31 de dezembro, o relator Márcio Bittar (PSL-AC) tornou públicos apenas R$ 4,3 bilhões, revelando os nomes dos parlamentares só em 48% dos casos. Ou seja, o ministro Paulo Guedes finge que está reclamando, porque sabe que ninguém irá ouvi-lo.
Ninguém no Congresso respeita mais o ministro Paulo Guedes. E olha, que nos dois anos de mandato, de 2019 a 2020, ele arrotava arrogância e vivia as turras com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia. Tinha na época, uma arrogância atroz, um nariz em pé e uma verborragia pior do que os bares da vida. Mas, a vida dá o seu troco na hora certa. Hoje, Guedes demonstra uma imagem depressiva, pois se encontra abandonado até por Bolsonaro, que o colocou na reserva. O titular informal da Economia é o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira com a missão de gastar o que tem, e o que não tem, joga para frente para o futuro governo pagar.
O coronel das Alagoas, o deputado presidente da Câmara, Arthur Lira, ignora Paulo Guedes solenemente.
Comprou nova briga com o Congresso ao solicitar a transparência pública, os nomes dos beneficiários do Orçamento Secreto. Bolsonaro não gostou nada disso, pois ele já gastou mais de 30 milhões do Cartão Corporativo e se recusa a mostrar as contas. Quando deputado, reclamava dos ex presidentes. No Poder faz pior. Em sua defesa, diz que gasta com Emas, passarinhos, piscina do Alvorada, almoço para mais de 200 pessoas e os vinhos caríssimos é claro. Quem acredita nessas lorotas?