Charge do Nani (nanihumor.com)
Carlos Newton
O comentarista José Augusto Aranha é daqueles que entendem a importância de abrir debates na Tribuna da Internet, sem viés ideológico. Ao comentar artigos sobre a situação do Chile, que está cortando salários de presidente, ministros, governadores e parlamentares. Aranha desconfia que isso não seria possível no Brasil e destaca que o grande dilema é saber como e quem fará esse corte.
“É preciso lembrar que os indecentes salários dos três Poderes e das estatais resultam de reajustes que ocorreram nos anos do PT. O então presidente Lula ganhava em 2006 apenas R$ 8.885,48. Em 2014, Dilma já recebia R$ 30,9 mil, com aumento de 250%!”, assinalou Aranha.
E O MÍNIMO? – Em seguida, o comentarista disse que o salário mínimo em 2006 era de R$ 350 e em 2014 de R$ 724, ou seja, no mesmo período aumentou pouco mais de 100%. “São dados consolidados, números, ciência exata. É por demais claro que a desigualdade social nunca vai diminuir se continuarmos com salários do serviço público muito maiores do que a mesma função no resto da sociedade”, concluiu Aranha.
Realmente, a redução de salários abusivos é o maior desafio. Para diminuí-los, primeiro é preciso lembrar que a culpa foi do Supremo, ao aceitar descumprir importantíssimos dispositivos da Constituição, especialmente o artigo 17 das Disposições Transitórias, que determina, implacavelmente: “Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os adicionais, bem como os proventos de aposentadoria que estejam sendo percebidos em desacordo com a Constituição serão imediatamente reduzidos aos limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso, invocação de direito adquirido ou percepção de excesso a qualquer título”.
LIMITAÇÕES – Já o artigo 37, inciso XI, diz que a remuneração e o subsídio dos servidores públicos não pode “exceder o subsídio mensal” dos ministros do Supremo. Nos municípios, não pode ultrapassar o salário do prefeito. Nos estados e no Distrito Federal, o teto é o que ganha o governador, no caso do Poder Executivo, e os desembargadores do Tribunal de Justiça, no caso do Judiciário.
A partir de 1988, a Constituição inicialmente foi cumprida, com redução dos salários e aposentadorias dos chamados marajás. Mas depois o próprio Supremo resolveu bagunçar o coreto, ao romper o teto e conceder gratificação aos cinco ministros (três do próprio STF e dois do STJ) que integram o Tribunal Superior Eleitoral.
Foi o início da Farra do Boi. Os ministros do Supremo abriram a porteira e por lá passou todo tipo de penduricalhos e vantagens.
CRIATIVIDADE – Aliás, os magistrados são muito criativos e até inventaram o duplo salário, quando um juiz cobre férias de colega, mesmo que a produtividade seja baixíssima, despachando-se apenas as decisões de urgência, como geralmente acontece. Essa moda pegou e contaminou o Ministério Público.
Em regime democrático complacente como o brasileiro, José Augusto Aranha tem toda razão, não há com desrespeitar o direito adquirido, reduzir salários e penduricalhos, mesmo que se trate de flagrantes distorções. Isso só poderia ocorrer mediante um acordo entre os Poderes, para ressuscitar os dispositivos constitucionais já existentes e expurgar os penduricalhos, pois o próprio artigo 17 das Disposições Transitórias prevê que não se pode arguir “direito adquirido”.
PACTO POSSÍVEL – Para salvar as finanças do país, o pacto institucional é possível, como está acontecendo no Chile e já ocorreu em outros países em crise. É a única maneira de reduzir os privilégios dos marajás, que além disso deveriam ser obrigados a trabalhar 40 horas por semana, como a maioria dos trabalhadores brasileiros.
Recentemente, os três Poderes até tentaram um pacto, mas foi para inviabilizar a Lava Jato e impedir a investigação dos filhos de Bolsonaro, e a manobra acabou ficando pela metade. Entre os chefões, só conseguiram soltar Lula e José Dirceu. Os outros líderes das quadrilhas, como Michel Temer, Aécio Neves, Paulo Preto, Eliseu Padilha, Jader Barbalho, Fernando Pimentel e “tutti quanti” continuarão a ser processados e o Congresso vai repor a prisão após segunda instância para encarcerá-los.
Como se vê, era um pacto mafioso e acabou fracassando . No entanto, um pacto de verdade, pelo bem do país, até poderia ser viável. Mas quem se interessa?
1) Ótimo artigo, mas…
2) A Nomenklatura tupiniquim + elites vão muito bem obrigado, desde o Brasil Colônia…
Governasso, vende tudo, não faz nada, arromba a soberania nacional, veste otário de verde amarelo e deixa todos com a bunda pra cima….
O que pode acontecer depois disso?
governasso mesmo, que nem o aço das forças militares impediu esse desastre que vai completar um ano…
Tragédia
1) Licença Andre BR… por falar em “desastre” lembrei do livro:
2) “A doutrina do Choque – a Ascenção do Capitalismo de Desastre”, da jornalista canadense Naomi Klein.
3) Está acontecendo na América do Sul…
Cinto “C” muito digníssimo CN; mas o congresso não vai repor nada de prisão após segunda instância e nós; que nos danemos; ‘paguemos’ e não ‘bufemos’.
Obs: Eu jurava que era analfabeto político e muito; muitíssimo ingênuo.
Não tem jeito!
Esse país só vai pra frente depois que prenderem os filhos do Bolsonaro.
bom dia , peço ajuda de todos eleitores . sou terceirizado e recebia 30% de premiação . pois trabalhava em posto especifico de uma grande empresa do governo . há [ cinco anos ] ela cortou o beneficio . obs: ainda posso receber esse direito . conforme o artigo 17 das Disposições Transitórias .
Consulte um bom advogado, Marco Aurélio. Ele vai orientá-lo.
Abs.
CN
Off topic:
Muito bem PGR Aras!
Aras atende pedido de Damares e põe Ailton Benedito no comando do Conselho de Direitos Humanos
Está decisão evidência o alinhamento do PGR com as pautas do governo Bolsonaro.
https://conexaopolitica.com.br/ultimas/aras-atende-pedido-de-damares-e-poe-ailton-benedito-no-comando-do-conselho-de-direitos-humanos/
Bom dia ! O próprio #STFescritoriodocrime exigiu aumento o que acabou por elevar o teto e consequentemente milhares de salários que já eram absurdamente altos no final do ano passado. Tem que haver redução de salários sim e aumento da carga horária de trabalho também, ajustando os servidores públicos às condições de trabalho da iniciativa privada. É o justo !
Alguém aqui aceitaria implantação do social comunismo?
A materia e muito bl e dou meu exemplo o ni rota aponta para varias distoções e previlegio mais parece esquecer que a maioria dos servidores que são do executivo ,saude segurança educação cultura entre outros não se encontram nesse rol e dou me exemplo,trabalhei no into min da saude depois de 43 anos de serviço,trabalhando duro me aposentei com 4.500,00 essa e a realidade da grande maioria.
A Nomenklatura é insaciável.
Os três poderes são formados por uma elite perversa e insensível à crise e à pobreza dos trabalhadores., o importante para eles são os seus salários e mordomias.
Democraticamente não vejo como fazer uma reforma salarial em que ninguém ganhe em demasia e que ninguém insuficientemente.
Trabalhei na empresa de um comunista, Camilo Olivetti, que tinha a filosofia de que ninguém ganhasse muito e que ninguém ganhasse pouco. Assim era feito, a diferença salarial entre os funcionários, desde o vendedor até o gerente da filial era relativamente pequena.
Caro Newton;
Não consegui ainda ler a tua matéria, mas a “manchete” está perfeita.
Acho que servidor público deve ganhar bem, amigo Victor Marins, mas o que está acontecendo, sobretudo no Judiciário, é uma orgia com dinheiro público.
Abs.
CN