Só um apoio em bloco do STF pode salvar Toffoli dessa situação desconfortável

Charge do Solda (cartunistasolda.com.br)

Pedro do Coutto   

Depois da reportagem da Revista Veja sobre a qual escrevi domingo, e também após a matéria de Bruno Peres na edição do Valor de segunda-feira, a respeito da qual escrevo hoje, somente uma manifestação em bloco dos ministros do Supremo Tribunal Federal, em favor de Dias Toffoli, é capaz de retirá-lo da situação de constrangimento causada pela delação antecipada do ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, sobre a intimidade entre ambos e seus interesses, que aponta como tendo sido comuns em momentos determinados, como, por exemplo, o habeas corpus em seu favor concedido de forma liminar e depois revogado pela Corte Suprema.

RESPOSTA FRACA - A situação de constrangimento foi também destacada pelo Estado de São Paulo na edição de domingo, e pelo Valor ao publicar resposta muito fraca de Dias Toffoli. Esta resposta limita-se à decisão de não considerar, neste momento, adotar providências em relação às informações divulgadas pela Veja. Assim, com isso, Toffoli deixa claro que não pretende nem processar Leo Pinheiro por calúnia, tampouco exigir direito de resposta à revista.

Entende-se dessa forma que pretende conservar-se em silêncio, da mesma forma com que agiu quando a revista publicou em abril existirem evidências do relacionamento entre o ministro do Supremo e o ex-presidente da OAS.

NÃO É CALÚNIA? – O silêncio, claro, é um direito dele, mas abafa a revolta natural de parte de quem deveria se julgar vítima de acusação caluniosa e, pelo menos, de uma difamação. Toffoli preferiu não responder sequer a insinuações contidas nas declarações de Leo Pinheiro.

O silêncio, relativamente ao caso, pode também vir a ser adotado pelos integrantes da Corte Suprema. Porém, representará, pelo menos uma atmosfera hostil e também uma moção de desconfiança. Se isso ocorrer, como poderá Dias Toffoli sentir-se à vontade entre seus pares? O silêncio será seu isolamento.

DELAÇÃO SUSPENSA – Reportagem de Jailton de Carvalho, O Globo também de segunda-feira, revela que o procurador-geral da República Rodrigo Janot decidiu suspender o processo de delação premiada em relação a Leo Pinheiro em face do vazamento das informações comprometedoras a Toffoli, possíveis de prejudicar a própria sequência do acordo, através do qual Pinheiro propôs apresentar mais provas comprometendo o ex-advogado geral da União no governo Lula.

A não aceitação, por parte de Janot, da proposta de Leo Pinheiro restringe-se à figura do prêmio pela delação, porém não envolve o conteúdo dos fatos que continuarão, mesmo assim, sustentando as acusações, mas sem o bônus legal ao delator. São coisas distintas embora convergentes e sobretudo, no caso de Toffoli, restritas unicamente à apreciação do Supremo Tribunal Federal.

FORO PRIVILEGIADO – Os ministros do STF possuem foro privilegiado, mas não o privilégio da imunidade como estabelecia a Constituição de 46, no dispositivo revogado pela Carta de 88.

Em setembro a Ministra Carmen Lúcia assume a presidência do STF.         Provavelmente caberá a ela solicitar a Dias Toffoli uma explicação em profundidade sobre o assunto. Claro, se ele se dispuser a fazê-la e também se vier a sentir-se em condições de realizá-la de forma objetiva e com a profundidade que o episódio exige.

8 thoughts on “Só um apoio em bloco do STF pode salvar Toffoli dessa situação desconfortável

  1. Há anos, talvez décadas, tenho dito aos Senhores e Senhoras, reiteradamente, de forma até enfadonha, que o problema do sistema político partidário-eleitoral e golpista-ditatorial, velhaco$, camaleônico$, portanto o conjunto da obra, que se renova só na malandragem, dos quais, no Brasil, somos todos vítimas e reféns há 126 anos, que o problema do dito cujo é de junta, ou seja, juntar tudo e jogar no lixão da história do Brasil. Muitos me xingam, me zombam, me corneteiam, alguns me dão me prestigiam e me dão força, por estes e por uma futuro melhor às novas e próximas geração sigo em frente com a minha pregação, até que a morte me separe delas.

    • Daí vêm os velhos e novos malandros, a mídia bandida, Tia Sam pillantra e CIA, vendo a viola do dito cujo em caco, aplicam o golpe, e vejam só quem elle$ colocam para comandar a república 171, senão o pior do pior do lixo partidário-eleitoral, tal seja o PMDB, o câncer partidário maior da nação, que, na cara dura, já está pedindo mais 20 anos para arrumar o país, como se cabritos e raposas tivessem credibilidade e isenção para cuida de hortas e galinheiros. E o pior de tudo que no Brasil tem, pelos menos enquanto ainda tiverem hortas e galinheiros. E nesse contexto, típico de ambiente hospitalar psiquiátrico, o povo aplaude a aquisição de 7 medalhas de ouro, no valor de R$ 500, cada uma, por R$ 17 bilhões. Pode ? Nestas plagas pode tudo, só não pode ser honesto senão leva a pior conforme o “Acordo CARACU”, do Carlos Newton.

  2. No Brasil é assim…”TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI”..e, diante do mar de lama de todas, sem exceção, Instituições em defesa da ORCRIM PETRALHA E SEUS CHEFÕES, para que continuem IMPUNES …isso já virou “jurisprudência” pelo procrastinadores jurídicos que mudaram o texto para..”TODOS SÃO IGUAIS FORA DA LEI …” ! O BRASIL TÁ PODRE !!!

  3. …alardeiam na mídia que há PECs visando mudar o critério de os ministros do STF serem indicados pela Presidência República após uma lista tríplice…aguardemos + 126 anos…

  4. “Há diversas teorias na praça, mas nenhuma delas pode driblar um fato concreto. É a primeira vez que o vazamento de informações é usado como motivo para melar um acordo de delação. As acusações de Delcídio do Amaral, Sérgio Machado e Ricardo Pessoa jorraram à vontade antes de os três se livrarem da cadeia”
    Bernardo de Mello Franco-Folha.

    “…Aécio será delatado, com base em documentos, por Léo Pinheiro, ex-presidente e sócio da OAS. De acordo com a delação, Aécio cobrou 3% de propina nas obras da Cidade Administrativa do governo Mineiro, a maior obra dos seus governos, em Minas.

    Léo Pinheiro afirmou, ainda, como eram pagas as propinas, por meio de Oswaldo Borges da Costa, ex-presidente da Codemig. Oswaldinho, como ele é conhecido em Minas, é o tesoureiro informal das campanhas de Aécio e também casado com uma prima de Gilberto Faria, padrasto do senador. É ele também o dono do avião usado por Aécio em seus deslocamentos.

    Ao todo, a obra custou R$ 1,3 bilhão e foi licitada pela Codemig, presidida pelo tesoureiro de Aécio. Como a OAS recebeu R$ 102,1 milhões, os 3% da suposta propina seriam equivalentes a pouco mais de R$ 3 milhões. Se todas as empreiteiras tiveram pago a mesma propina, seriam R$ 390 milhões.

    Segundo Aécio, as acusações são “falsas e absurdas”.

    Bela Megale
    Mário César Carvalho- Folha

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