Oposição débil abre “zona de conforto” para que Lula repita erros do passado

Oposição enfraquecida facilita vida de Lula que, assim, pode inclusive cometer erros que já cometeu no passado

Lula nem repara que começa a cometer os mesmos erros

Carlos Pereira
Estadão

Uma série de erros decorrentes da estratégia adversarial e de confrontos abertos com as instituições políticas culminaram com a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Esse revés eleitoral, primeiro caso de fracasso de um presidente que concorreu à reeleição, junto com o desastre político dos ataques golpistas de 8 janeiro de 2023, fez com que a oposição ao governo Lula ficasse completamente perdida… sem rumo… sem agenda.

Bolsonaro também foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder, sendo banido do jogo eleitoral pelos próximos oito anos. Para dificultar ainda mais as coisas para a oposição, a Polícia Federal está investigando o envolvimento da família Bolsonaro na existência de uma espécie de Abin paralela que supostamente monitorava ilegalmente adversários políticos e outras autoridades.

MAIS CONDENAÇÕES – Não será surpresa, portanto, se o ex-presidente também vier a sofrer revezes judiciais no futuro próximo como consequência dos vários inquéritos em que está sendo investigado.

Nesse contexto de tibieza da oposição, a força gravitacional do governismo tem sido tamanha que parte considerável dos partidos e lideranças do Centrão, que até bem pouco tempo atrás era fiel escudeira do ex-presidente, migrou rapidamente para a supercoalizão governista do presidente Lula, se transformando no seu principal ator coadjuvante da coalizão governista.

Essa decisão não apenas reduziu o tamanho da oposição no Legislativo, como também a restringiu a um papel meramente reativo à dominância política do atual presidente. O presidente só é derrotado no Congresso quando ignora a preferência agregada do Legislativo.

JOGO POLÍTICO – O presidencialismo multipartidário voltou ao seu normal. Governo, quando mira a preferência mediana do legislativo, domina o jogo político por meio da atração que seus poderes e recursos discricionários exercem nos outros partidos.

A oposição minoritária, por outro lado, atua de forma reativa à dominação do presidente, nutrindo esperanças de que o governo cometa erros que venham a recolocá-la de forma competitiva no jogo do próximo ciclo eleitoral.

O governo Lula está se sentindo tão confortável diante de uma oposição enfraquecida e sem rumo que tem se permitido a reeditar políticas notoriamente fracassadas de seus governos anteriores (como por exemplo, ressuscitar uma indústria naval com recursos do BNDES, retomar a reconstrução da refinaria de Abreu e Lima que se transformou no ícone da corrupção etc.) que não faziam parte da agenda que o fez ser vitorioso por pequena margem nas eleições de 2022.

LULA ENEBRIADO – Esse conforto político tem enebriado tanto Lula a ponto de fazê-lo esquecer que parcela significativa de eleitores só votou nele no segundo turno para evitar a reeleição de Bolsonaro com sua política iliberal de confronto institucional. E não para ver seu governo implementar políticas de perfil mais ideológico e, portanto, distantes da preferência mediana da sociedade, tais como desenvolvimento econômico a partir de investimento público ou interferência de forma imprudente em empresas privadas de capital aberto.

Repetir erros grosseiros do passado com a ilusão de que “agora vai ser diferente” é autoengano. Se o governo insistir nesse caminho provavelmente cometerá deslizes que potencialmente trarão a oposição de volta ao jogo político de forma competitiva, pois vai oferecer para ela uma agenda… uma narrativa política que hoje ela não possui.

Resta saber se a oposição, livre de Bolsonaro, vai conseguir aproveitar essa oportunidade, ou se vai repetir os erros do PT que, quando teve a oportunidade de se livrar de Lula, não conseguiu.

3 thoughts on “Oposição débil abre “zona de conforto” para que Lula repita erros do passado

  1. Investir em refinaria no Brasil? Se podemos exportar petróleo e importar os derivados que faltam mais caros? Incentivar a indústria? Que coisas ultrapassadas para esses “patriotas”, O bom mesmo é distribuir todos o luicro, mais a venda de ativos aos pobres acionistas. Não podemos ter nada mais do que a exportação de produtos primários, para bancar a importação de produtos industrializados.

    Prá que gerar empregos mais qualificados aqui no Brasil? O bom mesmo é exportar os empregos comprando a coisa pronta. .

  2. Do tanto que se avacalha Bolsonaro é de suspeitar que se trata de algum tesão recolhido, ou uma variação da Síndrome de Estocolmo onde o estuprado se apaixona pelo seu estuprador, (Epa) corrigindo o estupro, é onde o sequestrado se apaixona pelo sequestrador.
    Jornalistas devotos do experimento soviético escrevem qualquer coisa que quiser, mas nem que seja nas entrelinhas tem que dar seu coice de porco no Bolsonaro.
    Atenção à praça dos devotos e da paróquia, Trump vem em marcha batida, cavalgando a toda brida lá onde os neo comunistas gostam de passear e tirar férias.
    Cuidem-se canhestros, os genocidas, Trump, Netanyahu, Bolsonaro e Milei vão meter as esporas nos que bebem sangue de criancinha financiadas pelo Ouro de Moscou.
    Essa história de usar frases feitas e receitar mantras como narrativas começa a me arreliar, não pela ofensa e mais pela falta de vergonha na cara dos dissimulados que invertem os valores sob suas ideologias.
    A mídia pilantra faz olhos de cegos quanto a situação de alguns países europeus, França, Itália, Inglaterra e Bélgica estão tomando doses de seu próprio veneno.

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