J.R. Guzzo
O Brasil que deu a si próprio as funções de vigilante do “processo civilizatório” faz de conta, há anos, que não existe nada de realmente errado com nosso sistema de justiça. Sim, é possível que haja algum exagero aqui e ali, admitem os integrantes do Conselho Nacional de Fiscalização do Estado de Direito e da Democracia.
Talvez haja decisões polêmicas por parte do Alto Judiciário – e uma ou outra dúvida sobre a conduta moral de magistrados que participam de “eventos” pagos por magnatas com causas a serem julgadas nas cortes de Brasília.
Pode-se debater se está certo julgarem processos defendidos por escritórios de advocacia onde as suas mulheres trabalham. Mais do que tudo, é preciso tomar o máximo de cuidado diante de casos em que a lei é indiscutivelmente violada, na letra e no espírito, pelos supremos juízes da nação.
SALVANDO A DEMOCRACIA – Não se pode esquecer que eles agem assim porque entendem que estão salvando a democracia – missão que, do seu ponto de vista, não pode ser atrapalhada por detalhes formais.
Tudo bem, mas o STF e as suas dependências, definitivamente, não estão reagindo de maneira construtiva à essa tolerância toda. Ao contrário: quanto mais os guardiães do bem mostram compreensão com os ministros, a Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público e o resto da máquina judiciária, mais todos eles se convencem de que têm o direito e o dever de mandar para o diabo que os carregue a Constituição, o Código Penal e tudo o que estiver estorvando os seus projetos.
Olhe-se, a qualquer hora do dia e da noite, para o que estão fazendo – é certo que vai se encontrar algum absurdo em estado bruto. Olhando um pouco mais, fica muito pior. Há literalmente centenas de casos em que a lei foi diretamente desrespeitada.
SUPERMINISTRO – O fato é que o “processo civilizatório” aceitou, como a coisa mais normal da vida, que o Poder Judiciário do Brasil gire em torno do ministro Alexandre de Moraes. O resultado direto dessa anomalia é a multiplicação descontrolada de casos em que vale qualquer coisa para não se contrariar o ministro. Acontece o tempo todo.
No último espasmo desta justiça de psicose, a PGR, nada menos que a PGR que se coloca à mão direita de Deus, rebaixou-se a tomar partido numa miserável briguinha de aeroporto – só para mostrar serviço a Moraes.
Fez uma denúncia contra desafetos pessoais do ministro por um crime que não foi cometido, o de calúnia, em que mais de um ano de investigação da Polícia Federal não encontrou nenhuma prova e que, de qualquer forma, nunca poderia estar sendo tratado pela PGR e pelo STF. Mas isso tudo é a lei – e na justiça brasileira de hoje não há nada mais suspeito do que a lei.
Esse excepcional título planifica e torna muito mais suave o comportamento do espaço nos últimos anos.
Como não amar o Guzzo?
Um belo substituto,para léptons,da velha e boa hombridade.
Justiça stalinista. Temos o nosso próprio Béria.
Mas como ensina o decano da suprema corte, o Direito Brasileiro é o mais dinâmico do mundo, que deveria ser obviamente um espelho para os demais países, democráticos ou não. Então as decisões, por mais absurdas que pareçam, à primeira vista, são todas normais e aceitas mesmo não havendo leis que as corroborem. Vivemos em um país avançado, pelo menos quando se trata de Direito, a defesa do Estado Democrático exige sacrifícios, mesmo quando injustiças são cometidas em nome desta defesa.
Os paladinos da democracia só enganam os que tem o cérebro terceirizado.
Tem um erro na charge, pois a deusa Temis de Brasília não está segurando a balança. Ela está sentada com as duas mãos na espada e nada de balança .
O quê será que o escultor pocurou mostrar????