Lira defende o parlamentarismo sem responsabilidades, que ele implantou

Jornal fala de processo contra Lira, mas deputado já foi absolvido

Lira defende o sistema de emendas, agora do tipo Pix

Carlos Andreazza
Estadão

Arthur Lira tomou gosto pela aclamação. Não aprecia concorrência. Eleição franca no condomínio produz riscos. “Nunca é bom.” Ele quer dirigir, esvaziar (como fez às comissões), a própria sucessão. Construir “tranquilidade para a Câmara”. Para si. À Coluna do Estadão, Elmar Nascimento, na dúvida sobre se poderá ser aclamado, divulgou o lema de sua candidatura: “Palavra dada é palavra cumprida”.

Sabe pelo que peleja e a quem fala. Concorre – não à sucessão de Lira – a lhe ser o sucessor. É um perfil. Vale o pacto corporativista. Ganha quem tiver mais coragem de bancar esculachos como a PEC da Anistia.

AUTORITARISMO – O corajoso referencial Lira, aquele em cuja gestão o orçamento secreto foi institucionalizado, deu entrevista ao Globo. Questionado sobre o autoritarismo com que opera a distribuição de emendas parlamentares, abriu o coração:

“Talvez aqui os meus amigos não gostem, mas sou muito crítico… E eu defendo as emendas. Mas eu não uso o Pix.”

Defende a forma de sua própria existência concentradora; o modelo que aperfeiçoou e com o que – bom para os amigos também – impera: a disfunção à República por meio da qual os senhores do Parlamento controlam fundos orçamentários crescentes. Donde a autonomia pervertida fundadora desse parlamentarismo sem responsabilidades.

APRIMORAR O PIX – Diz o pai – fez para as crianças – da modalidade de emenda com a qual dinheiros públicos são disparados a municípios e Estados sem o mais mínimo vínculo a aplicação específica. A grana apadrinhada chega, rapidamente, à ponta – e lá é gasta como se quiser. “Mas eu não uso o Pix, porque acho que o Pix vai ter que ser aprimorado agora para ter o objeto.”

Lira, cuja marca do poder é a altivez via orçamento secreto, ora militando por transparência e eficiência – para que bilhões despejados Brasil adentro sejam atrelados a uma licitação ou obra em curso. Presidente da Câmara desde 2021, o patriota propõe o aperfeiçoamento do bicho a poucos meses de passar a cadeira.

“De onde nasceu a emenda Pix? Da burocracia do governo. A turma fez uma emenda de transferência direta.”

EMENDA PIX – A turma, essa indeterminação… A emenda Pix, evolução natural do orçamento secreto, admitida como nova reação aos filtros exigentes de que empenhos tenham origem e destino conhecidos.

“Podemos avançar? Podemos. Vamos fazer a emenda Pix com um objeto determinado. Então, ela vai para a construção de uma ponte, para a construção de uma escola, de um sistema de água.”

Ousado! Avançar para fazer a emenda Pix – vão-se os anéis, ficam as Codevasfs – regredir à condição já acomodada de orçamento secreto. O bagulho ficara excessivo mesmo. E o Parlamento é conservador.

6 thoughts on “Lira defende o parlamentarismo sem responsabilidades, que ele implantou

  1. Lira quer um Parlamentarismo sem responsabilidades.

    Isso é uma indicção que ele só deseja o bônus e não o ônus.

    Deve estar delirando.

  2. O fato é que, refém das bancadas do norte e nordeste, e do famigerado centrão, que perfazem a maioria dos votos no congresso nacional, aliada à falta de ética, de escrúpulos e de remorsos, a república do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, com a mídia mercenária à bordo, já nasceu moribunda, condena ao insucesso, carente de reformulação, atrasada há 134 anos. http://www.tribunadainternet.com.br/2024/07/24/lira-defende-o-parlamentarismo-sem-responsabilidades-que-ele-implantou/#comments

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