Brasil não vai seguir EUA na Venezuela, e Maduro deve radicalizar sua ditadura

A líder opositora María Corina Machado (à esquerda), impedida pela ditadura de concorrer à eleição, e o candidato opositor, Edmundo González Urrutia, participação de manifestação em Caracas

Oposição comemora o apoio total dos Estados Unidos

Felipe Frazão
Estadão

A decisão do governo dos Estados Unidos de reconhecer uma vitória da oposição na eleição presidencial na Venezuela lança pressão para que se iniciem conversas sobre uma transição de governo em Caracas, mas não será seguida pelo Brasil.

Cinco dias após as eleições, sem que o chavismo tenha apresentado evidências da alegada e improvável reeleição do ditador Nicolás Maduro, integrantes do Itamaraty já falam, em conversas privadas, do risco de recrudescimento do regime à la Daniel Ortega, o ditador da Nicarágua que perseguiu e encarcerou opositores e até a Igreja Católica. É algo a ser evitado, dizem esses diplomatas, e Maduro tem dado sinais de que pode apostar nessa via.

DISSE BLINKEN – “Dada a evidência esmagadora, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela”, disse o secretário de Estado dos EUA Antony Blinken em um comunicado nesta quinta-feira, dia 1º, depois de a Casa Branca indicar que a “paciência estava se esgotando”.

Em comunicado, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos afirmou que “embora os países tenham adotado diferentes abordagens em resposta, nenhum deles concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos nessa eleição”. Ele disse ainda que “agora é o momento de os partidos venezuelanos iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica”.

Embora os presidentes Joe Biden e Lula da Silva tenham prometido “coordenação estreita” na questão venezuelana, os governos dos Estados Unidos e do Brasil vão seguir em raias distintas. A diplomacia brasileira diz que cada país preservou sua liberdade de se manifestar e não combinou uma estratégia amarrada.

PUBLICAÇÃO DAS ATAS – Os presidentes mantêm e seguirão em contato. Eles já cobraram em conjunto a publicação de resultados completos e detalhados por mesa de votação, mas a partir de agora Washington deu um passo além, reconhecendo um desfecho – a derrota de Maduro – como o legítimo.

O Brasil não. O Palácio do Planalto vai seguir na “receita do diálogo”, embora não esteja ainda definido até quando esperar pela ação das autoridades eleitorais venezuelanas – que são chavistas. Ao mesmo tempo, a diplomacia busca manter os canais com a oposição.

Na prática, os EUA já apostavam, com apoio de governos de direita e centro-direita da América Latina, em uma pressão mais forte sobre Maduro, usando fóruns como a OEA (Organização dos Estados Americanos). Mas essa frente foi barrada por Brasil, Colômbia e México – este último chegou a falar em “ingerência” em assunto doméstico, por meio do organismo multilateral das Américas sediado em Washington.

NOTA CONJUNTA – Os três países – governados por aliados de Maduro – divulgaram nesta quinta-feira uma nota conjunta, em tom sóbrio, que volta a pedir à ditadura de Maduro a necessidade de um escrutínio transparente e rápido, com dados abertos, verificáveis de forma imparcial, para reconhecerem algum resultado no pleito venezuelano.

O governo Lula não esconde a insatisfação. O petista deu um “gelo” e não atendeu ainda um pedido de telefonema feito pelo “camarada” Maduro, que antes ele defendia contra todas as evidências de autoritarismo. O risco de agravamento da violência nas ruas – que Maduro chamou de “banho de sangue” e assustou Lula – entrou no radar.

Ao todo 1,2 mil pessoas foram detidas e organizações não-governamentais, como a Foro Penal, citam a morte de mais de uma dezena de pessoas. Os líderes da oposição estão sendo acusados de terrorismo interno, de um ataque ao sistema eleitoral e de tentar um golpe de Estado. Maduro ameaça prender Edmundo González e María Corina Machado. Ela afirma estar escondida e na clandestinidade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Maduro já subiu o tom, rumo à exacerbação da ditadura. Disse que vai prender mais mil manifestantes e todos iram para o Tocorón e Tocuyito, duas prisões de segurança máxima. Tudo indica que isso vai acabar mal, muito mal. (C.N.)

15 thoughts on “Brasil não vai seguir EUA na Venezuela, e Maduro deve radicalizar sua ditadura

  1. Prender mais de mil nos lembra eventos bizarros do DF, de 8 e, principalmente, de 9 de janeiro de 2023.

    “Presos em 9 de janeiro de 2023

    No dia seguinte, na segunda-feira (9), mais 1.927 pessoas que estavam no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, na capital federal, foram conduzidas à Academia Nacional de Polícia.

    Desse total, 775 foram liberadas por serem idosos e mães de crianças menores, restando 1.152 pessoas na prisão. Depois de passarem por audiências de custódia, 938 permaneceram presas.”

  2. Sr. Newton

    Veja a democracia em excesso ou democracia relativa dos carniceiros Luladrão e seu anão soviético Amorim…..

    Protestos na Venezuela já deixam mais de 20 mortos, aponta ONG

    As vítimas tinham entre 15 e 56 anos, segundo a entidade venezuelana Monitor de Víctimas

  3. NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Maduro já subiu o tom, rumo à exacerbação da ditadura. Disse que vai prender mais mil manifestantes e todos iram para o Tocorón e Tocuyito, duas prisões de segurança máxima. Tudo indica que isso vai acabar mal, muito mal. (C.N.)

    O pior de tudo que o Ladrao de Nove Dedos não vê o sofrimento do povo venezuelano com a bota de ferro do desgoverno NarcoCorrupto do Carniceiro e Amigo Maduro..

    O que a cachaça e o charuto cubano fez com o cérebro desse lixo, verme de latrina…

  4. Por enquanto, o governo brasileiro e países que pedem a comprovação da eleição de Maduro estão agindo corretamente. Mas isso não pode se estender muito mais.

    O Brasil, com sua diplomacia está ajudando países como Argentina e Peru assumindo suas embaixadas na Venezuela. Isso é algo louvável, pois a diplomacia deve prevalecer.

  5. Hoje pela manhã,fui a um supermercado da cidade, aqui onde já vivem mais de 200 venezuelanos.
    A minha frente tinha um deles, que comprou mais de 10 pacotes de macarrão, dos mais baratos e 2 bandejas de ovos, com aproximadamente 60 unidades.
    Isso tem sido a alimentação deles, macarrão com ovos fritos, mas dizem eles que ainda assim aqui é infinitamente melhor que na Venezuela.
    O povo daqui, nem faz ideia da miséria que existe por lá, e que eles não escondem.
    Povo desgraçado o venezuelano, e ainda tem que aturar um bandido destes,
    Acho que ele só larga o osso, a pau, com ou sem o Juvenal.

  6. As forças armadas da Venezuela declara que o país sob o governo de Maduro é legitimamente um país antidemocrático. O mundo vai acabar por isso.

  7. Lula, como Maduro, é um dos chefetes do narcotráfico sul-americano. Deu e, mais importante, recebeu dinheiro ilegal das narcoditaduras do Foro de São Paulo para financiar o seu projeto de poder; não pode abandonar o tiranete. Quem tiver alguma dúvida, ouça o depoimento dos marqueteiros baianos sobre o tema e as denúncias do Carvajal. Há muito tempo que o PT virou o Partido dos Traficantes.

  8. Hoje, o CNE divulgou um segundo boletim dizendo que com cerca de 97% da contagem das atas de urnas, Maduro conseguiu 51,95% de votos e Gonzales Urrutia com 43,18%.

    Isso contrasta com os boletins de urans que a oposição afirma ter. As atas oficiais serão verídicas e auditáveis? E as atas da opsição serão verdadeiras?

  9. Quero ver até onde chega a macheza do nosso presidemente, porque o Trump não gosta do Maduro, e é ele que vai tocar os EUA nos próximos 4 anos, e ele também não gosta de ser contrariado, como todo presidente não gosta. Então vamos ficar entre desagradar os EUA e agradar o Maduro, será que vale a pena?

  10. Maduro tem de ser EXTERMINADO de forma EXEMPLAR. Uma boa hora seria EXPLODI-LO na posse juntamente com TODOS OS CANALHAS QUE O DEFENDEM. Só a MORTE deste DESGRAÇADO pode tirar a Venezuela do fundo do poço.

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