Pedro do Coutto
A divergência de posições entre os Estados Unidos e o Brasil na questão das eleições na Venezuela poderá trazer problemas para o governo Lula da Silva. O fato de o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, ter reconhecido uma possível vitória de Edmundo González sobre Nicolás Maduro na eleição presidencial da Venezuela dificulta o trabalho conjunto entre os governos norte-americano e brasileiro.
Blinken afirmou que: “dada a esmagadora evidência, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos nas eleições presidenciais da Venezuela em 28 de julho”. Dois dias antes, os presidentes Lula da Silva e Joe Biden haviam conversado por telefone e concordado sobre a necessidade de a Venezuela divulgar na íntegra as atas eleitorais.
ATAS – A Casa Branca e o Palácio do Planalto não fizeram, naquele momento, qualquer menção a atestar um dos lados como vencedor. Os governos de Brasil, Colômbia e México reiteraram uma cobrança à Venezuela pela divulgação das atas eleitorais. Os países também instaram todas as partes a resolver por vias institucionais as “controvérsias”.
O apoio que o presidente Lula da Silva transferiu para Nicolás Maduro criou, inclusive, reações contrárias entre integrantes da base do próprio governo, formalizando críticas por ele ter assumido esse posicionamento. A tolerância do presidente brasileiro em relação ao regime autoritário de Maduro tornou-se um dos temas mais desgastantes para o Palácio do Planalto durante o terceiro mandato do petista.
Em meio à repressão militar aos protestos da oposição e às suspeitas de fraude nas eleições venezuelanas, membros do governo, da base aliada e até mesmo do PT manifestaram descontentamento com a postura de Lula, que minimizou a crise venezuelana, e com a decisão de seu partido de reconhecer a vitória de Maduro como “democrática”. O tema também foi explorado pelo bolsonarismo e se tornou uma das principais bandeiras da “guerra cultural” nas redes sociais.
SEM RESPALDO – O desfecho da crise não poderá ser dos melhores para Nicolás Maduro, já que evidentemente os dados fornecidos pelo governo de Caracas não encontram respaldo na realidade. Caso encontrassem ressonância não teriam sido produzidos de forma praticamente secreta e depois de surgirem os dados que apontavam cerca de 78% dos votos para a oposição. Logo, se os Estados Unidos rejeitam a fraude e o governo brasileiro a aceita, está visto que reflexos poderão surgir .
É evidente que o recurso à fraude foi o instrumento utilizado por Maduro para ampliar a sua permanência no poder usando métodos obscuros e que, por esse motivo, o torna desmoralizado totalmente. Não se entende bem a posição brasileira que não pode insistir em uma tentativa de amenizar o episódio marcado pela falta da verdade. É através do voto que se exerce a vontade popular. Um político que recorre às manobras usadas por Maduro, legitimamente reconhece a própria derrota. O problema agora, entretanto, é saber qual será o desfecho na investida de Maduro e o resultado da divergência entre os Estados Unidos e o Brasil. Procura-se uma saída para a contradição e o impasse.
Maduro precisa se lembrar do fim dado a Saddam Husseim e a Muammar Gaddafi.
Saddam estava então isolado politicamente e a oportunidade criou até as fake news de armas químicas.
No caso de Gaddafi, a derrota também foi o descarte no xadrez geopolítico.
Maduro é indissociável do Brasil atual.
Sobre o exorcismo de maus políticos, aplicamos aqui a máxima de Mateus 12:43-45:
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“Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso. Como não o encontra,
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diz: ‘Voltarei para a casa de onde saí’. Chegando, encontra a casa desocupada, varrida e em ordem.
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Então vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele, e, entrando, passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim acontecerá a esta geração perversa”.
Assim, todos seguem no poder e relutam a se desprender da carne nessas terras do Distrito Federal brasileiro, o que reverbera nas províncias desse reino do surrealismo.
Maduro, o ultradireitista pós-moderno, está SE GARANTINDO em:
China de Xi
Rússia de Putin
E…
Acreditem:
Brasil de Lula
Me chamou atenção essa parte: “O tema também foi explorado pelo bolsonarismo e se tornou uma das principais bandeiras da “guerra cultural” nas redes sociais.”
Quer dizer que os mesmos bolsonaristas que estavam acampados em quartéis implorando por uma aqui, apoiaram a tentativa de golpe de estado em 08/01 e veneram a ditadura que tivemos no Brasil estão reclamando da ditadura da Venezuela? Hipócritas da pior qualidade.
Rafael Santos, o Bolsonarismo vive essa contradição indissolúvel.
Quando exercia o mandato de deputado, Bolsonaro elogiou o tenente coronel Hugo Chaves, o ditador da Venezuela e mentor desse pária mundial, que se tornou Maduro.
O sonho do ex- presidente, sempre foi se tornar ditador, amparado por militares das Forças Armadas da sua confiança e milícias nos Estados. Uma cópia fiel do regime venezuelano, apenas com sinal trocado. Aqui com a farsa de direitistas na Venezuela, a farsa da esquerda.
Nenhum dos dois, Bolsonaro e Maduro, têm qualquer ideologia. O fetiche deles é o Poder mandar Enos outros obedecerem. Lembra do: ” um manda e o outro obedece” frase citada pelo general Pazuello, no hospital, pegou COVID, junto com Bolsonaro?
Maduro é um fantoche dos militares, que ocupam de fato o Poder na Venezuela.
Trata-se de uma Ditadura Militar, com um civil no comando, entre aspas do país. Os militares venezuelanos estão levando o país para um buraco sem fundo. Quando Maduro não servir mais, os generais se livram dele.
O presidente eleito e a opositora Maria Corina, correm perigo de vida. As milícias comandadas por militares do Exército venezuelano, estão fora de controle em Caracas. Andam em grupo de moto, fortemente armados e matando manifestantes a esmo.
Um opositor foi sequestrado, quando estava em casa, por militares encapuzados e não se tem notícias dele. Os advogados perderam o contato com o cliente. É uma cópia carbono, do que ocorreu no Brasil, nos 21 anos de tiro, porrada e bomba.
OBS: O único país da América do Sul, nos anos 70/80, sem Ditadura Militar era a Venezuela, considerada a Suíça do Cone Sul.
Como esse mundo da voltas e nos surpreende sempre. Quem diria né?
Não estamos livres, de um novo período militar, muito mais sangrento do que o violento período inaugurado em 1964.
Tem gente aí, com sangue nos olhos para barbarizar em cima do povo. Com armas pagas pela sociedade, é fácil, mas, que é covardia, nenhuma dúvida sobre isso. Matar em nome da Religião, do falso nacionalismo e da enganação ideológica, tem um custo: guerra civil e empobrecimento da nação. Tem exemplos ao redor do planeta.
Cito dois: Líbia e Síria