União Brasil enquadra Sabino e acusa governo de interferência em crise interna

Prisão de oficiais-generais por ordem de Moraes põe à prova os militares

Moraes manda generais Heleno e Paulo Sérgio para prisão militar - Estadão

General Heleno vai ficar preso no Comando Militar

Francisco Leali
Estadão

E chegou o dia em que um ex-presidente e três oficiais-generais são colocados para cumprir pena de prisão. Por ordem do ministro Alexandre de Moraes, Jair Bolsonaro ficará detido em sala especial na Polícia Federal. Já os militares, como manda o regramento da caserna, terão que ficar recolhidos em instalações militares. O ineditismo do fato é diretamente proporcional às circunstâncias que nos levaram até aqui. Bolsonaro e os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira e o almirante Almir Garnier foram condenados por tentativa de golpe de Estado.

Ainda que com níveis de participação diferente na trama descrita pelo Ministério Público Federal, os cinco levaram penas duras. Bolsonaro pegou 27 anos e três meses, Braga Netto, 26 anos, Garnier, 24, Heleno, 21, e Paulo Sérgio, 19.

SEM MELINDRAR – Para não melindrar as Forças Armadas, as prisões desta terça-feira, 25, foram todas executadas no modo discretíssimo. Não se viu, por exemplo, Heleno, o mais velho dos generais, laureado por comendas e respeitado por boa parte da tropa, ser visto de algemas entrando em camburão. Coube ao próprio Exército, com roteiro previamente combinado, levar os oficiais reservistas para o Comando Militar.

Consumado o primeiro ato, as Forças Armadas passarão a ser postas à prova. Os generais estão condenados. Por força de lei, ficam em quarteis. Serão tratados como detentos que são? Ou haverá uma certa liberalidade em relação ao que podem ou não fazer, como circular pela instalação militar, ainda que apartados dos demais?

Garnier está em instalações da Marinha. Um local afastado do centro de Brasília e longe da vigilância tradicional de um juiz de execução penal. Já Heleno e Paulo Nogueira estão sob a tutela do Comando Militar do Planalto. Este mesmo comando é o responsável pela segurança do Palácio onde o presidente da República trabalha. É também quem coordena os desfiles militares de 7 de Setembro.

ÚLTIMO SUSPIRO – Nos idos de 1984, esse mesmo Comando protagonizou o último suspiro da ditadura. Na época, seu comandante, o general Newton Cruz, executou as ordens de colocar Brasília sob a tutela militar, enchendo a rua de soldados armados nos dias em que a Câmara flertava com a tentativa de aprovar eleição direta para presidente da República. A emenda das diretas não passou.

E o general Cruz entrou para a história como o responsável pelas derradeiras ameaças de um regime em fim de linha.

Neste novembro de 2025, o Comando Militar do Planalto volta a ter relevância também política agora que também assume a função de ser a carceragem de dois generais quatro estrelas. O que o Comando do Planalto fizer servirá de exemplo para toda a tropa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É intrigante o comportamento dos jornalistas. Todos os veículos da chamada grande imprensa festejaram o encerramento do processo, sem a preocupação funcional de apurar se a decisão de Alexandre de Moraes foi legal ou não. Caramba! O que pensariam dessa submissão jornalística o político mineiro Francelino Pereira, que fez a histórica pergunta, e Renato Russo, que criou uma música lendária, indagando “que país é esse?”. A única exceção foi o Jornal Nacional, que deixou os advogados de defesa atacarem as arbitrariedades de Moraes. Como vocês veem, aqui na Tribuna a gente esculhamba a Globo, mas também elogia. (C.N.)

Rombo das contas públicas e déficit das estatais ameaçam o governo Lula

Prisão de Bolsonaro acelera disputa na direita e pressiona Tarcísio a definir 2026

Imprensa global reage: condenação de Bolsonaro vira símbolo do combate ao golpismo

Jornais estrangeiros citam caso da tornozeleira eletrônica

Deu no Estadão

O fim do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e o início do cumprimento da sentença em breve foram destaque na imprensa internacional nesta terça-feira, 25. A prisão preventiva de Bolsonaro, realizada no último sábado, 22, após o ex-presidente queimar a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda, foi bastante citada por veículos de mídia estrangeiros.

O jornal The New York Times, dos Estados Unidos, classificou o julgamento de Bolsonaro como um teste para a jovem democracia brasileira, principalmente após o governo de Donald Trump impor tarifas altas ao País e citar o julgamento de Bolsonaro como uma das razões. No entanto, também afirmou que o próprio governo americano parece ter deixado a pressão para trás.

TORNOZELEIRA – O jornal citou a tentativa de violação da tornozeleira por Bolsonaro e recordou todo o caso do golpe, assim como a prisão de outros ex-presidentes brasileiros (Lula e Fernando Collor) na última década.

O Washington Post, também dos Estados Unidos, apontou que Bolsonaro foi o primeiro ex-presidente a ser condenado por tentativa de golpe de Estado no Brasil e apontou semelhanças entre o caso de Bolsonaro e a invasão do Capitólio, sede do Congresso americano, por apoiadores de Trump em 6 de janeiro de 2020.

Assim como o New York Times, o jornal também lembrou a reação do governo Trump ao julgamento do ex-presidente brasileiro, e mencionou que boa parte dos itens de exportação brasileiros aos EUA receberam um alívio recentemente. O Post destacou ainda que Bolsonaro está preso numa cela especial.

TRAMA GOLPISTA – O Guardian, do Reino Unido, apontou que a trama golpista envolvia o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, e citou as sentenças dos outros seis envolvidos no “núcleo 1″ do planejamento de golpe, que também terão que começar a cumprir suas penas .

O jornal britânico comparou as reações de progressistas e conservadores brasileiros com a prisão, com júbilo de um lado e críticas do outro, e avaliou que a tentativa de aprovar uma anistia no Congresso deve ser mal sucedida e que a influência de Bolsonaro no campo conservador vem diminuindo.

O argentino Clarín destacou o episódio da tornozeleira eletrônica e apontou que falta ao STF definir apenas em qual local Bolsonaro cumprirá a pena. Também citou os problemas de saúde de Bolsonaro e que a estratégia dos advogados era pedir prisão domiciliar por “razões humanitárias”.

PENAS – O La Tercera, do Chile, mencionou as penas que os outros envolvidos no plano do golpe terão que cumprir e os problemas de saúde do ex-presidente. Também citou a frase de Carlos Bolsonaro de que o pai estava “psicologicamente devastado”.

Na França, o Le Monde publicou um texto da agência de notícias AFP com um resumo dos acontecimentos que levaram Bolsonaro à cadeia, desde a tentativa de golpe até a tentativa de violação da tornozeleira, e afirmou que a justificativa para este último ato foi um “estado de confusão mental” devido a medicamentos.

Na Alemanha, a revista Der Spiegel destacou o esgotamento de recursos judiciais para a defesa e o fim definitivo do caso. Também mencionou o ineditismo da condenação de um ex-presidente brasileiro por tentativa de golpe de Estado e lembrou o dano causado à tornozeleira eletrônica no último sábado.

Manobra desesperada de Moraes tenta evitar a absolvição de Bolsonaro

Moraes vai corrigir advogado por gafe, mas erra pronúncia em francês

Moraes tenta encontrar uma saída, mas está muito difícil

Carlos Newton

A cada decisão equivocada ou descabida, o ministro Alexandre de Moraes mostra que sua ascensão ao Supremo foi o que de pior poderia acontecer à Justiça brasileira. Com repetidos descumprimentos das leis, seus desmandos são de tal ordem que chegam a ser assustadores.

O mais incrível, porém, é que esses atos ultrajantes são acatados e até elogiados por sete dos atuais integrantes do STF, e também pelo ministro Luís Roberto Barroso, que acaba de se aposentar.

MAIS UM ERRO – Ao  tomar a decisão de encerrar nesta terça-feira o processo do golpe de estado, alegando que os advogados perderam o prazo para recorrer, Moraes está mais uma vez descumprindo as leis – no caso, o próprio Regulamento do Supremo Tribunal Federal, que o ministro já deveria até ter decorado, mas demonstra desconhecer.

O artigo 334 do Regimento Interno, que tem força de lei, mostra que declarar o trânsito em julgado foi um erro crasso e primário do ministro Alexandre de Moraes, que se diz professor de Direito, mas precisa voltar urgentemente a frequentar as aulas da Faculdade.

Art. 334. Os embargos de divergência e os embargos infringentes serão opostos no prazo de quinze dias, perante a Secretaria, e juntos aos autos, independentemente de despacho.

PROPOSITADAMENTE – Isso significa que Moraes encolheu para apenas cinco dias o prazo de apresentação dos embargos infringentes, que são o derradeiro recurso para provar a inocência de réus que estejam sendo julgados de forma errônea, propositadamente ou não. No caso, o temido relator está agindo propositadamente.

É claro que Moraes sabe ter decidido de forma equivocada. Não há dúvidas a esse respeito. Assim, a pergunta que não quer calar é a seguinte: O que pretende ele, ao cometer erro tão primário?

O objetivo do relator é apressar o andamento do processo, fazendo as defesas se precipitarem, ao apresentar os embargos infringentes antes do prazo de 15 quinzes dias.

SEGUNDA TURMA – Como os embargos infringentes serão apresentados à Segunda Turma, Moraes tenta forçar que isso aconteça enquanto o colegiado é presidido por Gilmar Mendes, que fica até 31 de dezembro,  quando será substituído por Nunes Marques.

Com Gilmar arquivando os recursos das defesas, Moraes acredita (?) que o processo estará realmente transitando em julgado e não haverá mais possibilidade de ser revista a condenação de Bolsonaro e dos demais.

Assim, essa jogada de Moraes, ao descumprir a lei para apressar o processo, poderia ser considerada magistral e definitiva, um xeque-mate nas defesas dos réus. Mas ainda há controvérsias.

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P.S.Vejam que no Supremo brasileiro a lei não tem mais importância. Para os ministros, o que interessa são as manobras e o interesse político. Neste contexto, o relator Moraes se julga o suprassumo da Justiça, mas é apenas um iniciante, um aprendiz de feiticeiro, conforme demonstraremos aqui, no momento oportuno. Se deixarem, é claro. (C.N.)   

Bolsonarismo perde força e centro-direita busca libertar-se da radicalização para 2026

Charge do Mariosan (opopular.com.br)

Octavio Guedes
G1

A prisão de Jair Bolsonaro e de outros militares tem impacto direto nas eleições de 2026, e deve acelerar a reorganização das forças políticas e obrigar a direita a antecipar a escolha de seu candidato, tornando-se menos dependente da família Bolsonaro.

A tendência é de uma bifurcação inevitável. O Brasil continuará tendo uma extrema direita bolsonarista, provavelmente liderada pelo clã, mas abre-se espaço para o surgimento de uma liderança moderada, de centro-direita e democrática.

DESAFIO – O grande desafio para a sucessão é saber o timing dessa ruptura. A questão central é quando essa direita democrática conseguirá romper a “tornozeleira eletrônica” que o bolsonarismo colocou em sua perna. Enquanto não se livrar desse peso, a centro-direita continua presa à radicalização.

Os herdeiros políticos de Bolsonaro chegam a esse novo cenário politicamente “desidratados” e com poucas condições de ampliar o eleitorado para além da bolha radical.

Eduardo Bolsonaro é considerado carta praticamente “fora do baralho”. Inviabilizou-se pela “loucura” de apoiar um “tarifaço” contra o próprio país.

FLÁVIO QUEIMADO – O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), sempre que parece caminhar para ser a figura do “bolsonarista razoável”, tem seu capital político é queimado.

No início do governo do pai, foi o escândalo da rachadinha. Agora, desgasta-se ao ter convocado vigílias antes da prisão do pai.

Por fim, Carlos Bolsonaro, o Carluxo,  nunca foi cogitado como uma liderança razoável ou moderada da extrema direita.

Novo texto de projeto pode beneficiar Bolsonaro e condenados do 8 de janeiro

Reunião tensa no PL mostra disputa por narrativa e defesa dramática de Bolsonaro

Assustado, Moraes descumpre a lei para evitar embargos infringentes

Moraes reforça presidência do TSE com juiz da Lava Jato e ex-ministro da  Justiça - 12/03/2022 - Poder - Folha

Moraes faz manobra desesperada para bloquear a defesa

Carlos Newton

Diante de possibilidade de a defesa de Jair Bolsonaro apresentar embargos infringentes que podem levar à absolvição do ex-presidente, conforme a Tribuna da Internet tem divulgado desde que o ministro Luiz Fux passou a integrar a Segunda Turma, o relator Alexandre de Moraes tomou uma decisão totalmente ilegal nesta terça-feira, ao decidir encerrar o processo do golpe de estado, alegando que os advogados perderam o prazo para recorrer.

Na mesma decisão, o ministro do Supremo Tribunal Federal resolveu manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preso na Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal, oficializando a condenação definitiva do ex-presidente a 27 anos e 3 meses de prisão pela acusação de liderar uma trama golpista.

TRÂNSITO EM JULGADO – Moraes também declarou o trânsito em julgado para os demais réus do núcleo crucial do caso e determinou a prisão dos que ainda estavam em liberdade. Com isso, os ex-ministros Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira e o ex-comandante da Marinha Almir Garnier foram presos e iniciaram cumprimento da pena à qual foram condenados na mesma ação.

Apanhados de surpresa com a decisão totalmente ilegal de Alexandre de Moraes, os advogados de Bolsonaro afirmaram que Moraes está descumprindo o próprio Regulamento do Supremo, que dá 15 dias de prazo para a apresentação de embargos infringentes.

Celso Vilardi afirmou que o relator jamais poderia encerrar o processo e a defesa fará um recurso para a aceitação de embargos infringentes, cujo prazo ainda não está esgotado e são apresentados depois de julgamentos em que a decisão dos juízes não foi unânime.

SEM CONSIDERAÇÃO – Segundo a jornalista Mônica Bergamo, o advogado Celso Vilardi reivindica maior consideração pela defesa dos réus. Ele relata que no sábado (22), dia em que Bolsonaro foi preso, recebeu uma notificação do STF às 16h30 dando prazo de 24 horas para que a defesa rebatesse as razões apresentadas pela Polícia Federal para a detenção.

“Apesar de ser fim de semana, nossa equipe trabalhou para dar uma resposta no próprio domingo (23), já que a Primeira Turma apreciaria a decisão [de Moraes] no dia seguinte”, diz. Ele afirma que os argumentos dos advogados não foram sequer citados na decisão de Moraes. “O juiz examina os argumentos. Ele pode acolhê-los ou refutá-los. Simplesmente não considerá-los não me parece ser o melhor caminho”, segue.

“A defesa está sendo tratada como algo menor, e isso é ruim para o sistema jurídico, inclusive para aqueles que estão comemorando a prisão neste momento”, finaliza.

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P.S. – A audácia processual do ministro Moraes chegou ao paroxismo, ao tentar impedir o direito de defesa do réu. Sua reação mostra que ele está apavorado com a possibilidade de revisão do processo do golpe de estado, que cabe à Segunda Turma do Supremo, conforme a Tribuna da Internet tem noticiado, com absoluta exclusividade. Moraes pensa (?) que sua manobra processual de encerrar o processo antes do prazo será aceita pela Primeira Turma. Se isso acontecer, será a desmoralização total do Supremo Tribunal Federal, se é que isso ainda não aconteceu… Depois voltaremos ao assunto. (C.N.)

Ao empunhar o ferro de solda, Bolsonaro exibiu sintomas bem preocupantes

Bolsonaro Admite à PF que Usou Ferro de Solda para Violar Tornozeleira - RED

Charge reproduzida do Arquivo Google

Vicente Limongi Netto

Final triste e melancólico para o “seu Jair”, como o ex-presidente foi tratado pela enviada do ministro Alexandre de Moraes para ver de perto o estrago que o destrambelhado mito de barro fez na tornozeleira eletrônica. Nem criança faria pior. A nação ficou perplexa com a abissal pantomima. 

Naquela altura dos acontecimentos, não só a tornozeleira estava avariada. Os neurônios, também, de todo o clã bolsonarista. A burrice, o açodamento e a insensibilidade política foram destruídos.

DESCULPAS… – Como num passe de mágica. Vieram a desculpas esfarrapadas, do “seu Jair”, dos filhos e seguidores. Advogados ficaram sem bons argumentos, para retrucar as decisões do xerife Xandão. O severo ministro cumpriu os rigores da lei. Inapelavelmente. 

Falantes e agressivos parlamentares bolsonaristas foram apanhados de surpresa. Acordaram atônitos. Não esperavam, seguramente, que o bom senso da luta política fosse arrancado da rinha, dando lugar para a estupidez, multiplicada pela desenfreada burrice. Esqueceram que a boa política é feita com o cérebro e não com o fígado. Bolsonaro pagou caro o deprimente e inacreditável espetáculo, que foi de fazer inveja aos memoráveis artistas de “Os Trapalhões”.

Por fim, meu agradecimento a todos os amigos e amigas que me enviaram mensagens pelo meu aniversário, na semana passada. Estamos juntos, minha gente.

Alcolumbre arma corrida no Senado para barrar Messias e desafia o Planalto

Alcolumbre tenta evitar que Messias mobilize votos de apoio

Malu Gaspar
O Globo

Em sua ofensiva contra a escolha do advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), já avisou a lideranças do Congresso que avalia acelerar o andamento da indicação, encaminhando o caso para análise do plenário da Casa antes do recesso de dezembro, que começa em 23 de dezembro.

A estratégia, segundo aliados, teria o objetivo de não dar tempo suficiente para Messias mobilizar lideranças evangélicas, integrantes do governo e até mesmo ministros do Supremo para contornar a resistência ao seu nome. Para ser confirmado, o advogado-geral da União precisa de pelo menos 41 votos dos 81 em disputa. A última vez que a Casa barrou um indicado para o STF foi em 1894, no governo Floriano Peixoto.

CONFRONTO – “O governo Lula viu que a coisa ficou feia e quer baixar a temperatura, jogando [a sabatina] para o ano que vem. Já o Davi quer manter a fervura e votar esse ano”, resumiu uma fonte que acompanha de perto as movimentações nos bastidores do Senado.

Segundo um interlocutor de Alcolumbre, o presidente do Senado “não quer cometer o mesmo erro” em que teria incorrido quando da indicação de André Mendonça para o STF, em 2021. Naquela ocasião, Alcolumbre colocou Mendonça em banho-maria por quatro meses e adiou o agendamento da sabatina, o que deu tempo de sobra para ele procurar senadores, mobilizar aliados e virar votos para garantir a aprovação – ainda que por um placar apertado, de 47 votos favoráveis, apenas seis a mais que o necessário.

Judeu, Alcolumbre também foi alvo de uma campanha intensa nas redes sociais promovida por pastores amapaenses, que o acusaram de promover uma “guerra santa” contra o “terrivelmente evangélico” Mendonça.

NOS BASTIDORES – Tanto agora quanto em 2021, Alcolumbre ficou contrariado com os escolhidos para o Supremo e trabalhou intensamente nos bastidores pela rejeição – o amapaense preferia o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ex-procurador-geral da República Augusto Aras para as vagas que ficaram com Messias e Mendonça, respectivamente.

“Por ora, Alcolumbre trabalha contra [Messias]. Mas se [a sabatina] ficar pro ano que vem, é capaz dele se realinhar com o governo”, afirmou um interlocutor do presidente do Senado, em alusão ao modus operandi do parlamentar de criar dificuldades em um primeiro momento para “vender facilidades” depois. “Quanto mais perto da eleição, se Lula se mantiver favorito [nas pesquisas], aumenta a chance pro Messias [ser aprovado].”

SINAL DE ALERTA –  Uma prévia dos obstáculos que aguardam Messias veio à tona no último dia 12, com o resultado da votação que confirmou a recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Gonet foi mantido no cargo com apenas 45 votos favoráveis, no placar mais acirrado para o cargo desde a redemocratização, o que acendeu o sinal de alerta da base lulista.

Entre aliados de Alcolumbre, a leitura é a de que o resultado de Gonet serviu como uma espécie de recado da Casa sobre o tortuoso caminho de Messias para garantir a aprovação, em um momento em que o Palácio do Planalto enfrenta dificuldades para emplacar uma agenda no Congresso.

“Os ânimos estão quentes e o governo não está entregando sequer para os seus”, disse um senador ao blog, em referência à liberação de emendas e cargos. “Creio que o presidente Lula esteja isolado numa bolha. Está viajando muito e acreditando no que aliados dizem pra ele. Eu vejo um cenário de muito risco de rejeição do Messias”, acrescentou.

APOIO – Mendonça já se comprometeu a ajudar Messias a reduzir a rejeição no Senado, principalmente na tropa de choque bolsonarista e na ala da oposição que o vê como “quadro ideológico do PT” e “homem de confiança do Lula e da Dilma”. Os dois são evangélicos – Messias é membro da Igreja Batista, enquanto Mendonça é pastor da Igreja Presbiteriana.

Em um aceno a Alcolumbre, Messias divulgou nesta segunda-feira uma nota pública endereçada ao presidente do Senado em que afirma que juntos “poderão aprofundar o diálogo” e “encontrar soluções institucionais que promovam a valorização da política”.

A resposta foi meramente protocolar. Alcolumbre disse que o Senado cumprirá “com absoluta normalidade, a prerrogativa que lhe confere a Constituição: conduzir a sabatina, analisar e deliberar sobre a indicação feita pelo Presidente da República”. “E o Senado assim o fará, no momento oportuno, de maneira que cada senador e cada senadora possa apreciar devidamente a indicação e manifestar livremente seu voto”, frisou, sem estabelecer prazos.

PREVISÃO – Aliados de Alcolumbre avaliam que Messias teria, hoje, entre 28 e 31 votos certos pela sua aprovação — um mapeamento feito a partir de conversas informais com os parlamentares, sinais de bastidor e posicionamentos públicos de colegas que não escondem a preferência por Pacheco, considerado o “candidato da Casa”.

“Nesse primeiro momento, há muita coisa emotiva que precisa ser respeitada, mas depois que isso esfria um pouco, acho que as pessoas vão encarar como uma prerrogativa do presidente”, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), em entrevista ao programa Estúdio I da Globonews. “Eu não vou dizer ‘vai ser aprovado, não vai ser aprovado’. Eu vou trabalhar para ele ser aprovado, até porque a exceção é lá do comecinho da República.”

Após 21 anos de pena, Heleno mira Moraes e acusa STF de “quebra de imparcialidade”

Um noturno de Chopin, que enlevava o amor de Pedro Nava

Pedro Nava na Companhia das Letras | Autores e Livros

Pedro Nava, poeta e memorialista

Paulo Peres
Poemas & Canções

O médico, escritor e poeta mineiro Pedro da Silva Nava (1903-1984), no poema “Noturno de Chopin”, fala da noite em Belo Horizonte, onde a música enlevava seu grande amor.

NOTURNO DE CHOPIN
Pedro Nava

Eu fico todo bestificado olhando a lua
enquanto as mãos brasileiras de você
fazem fandango no Chopin

Tem uma voz gritando lá na rua:
Amendoim torrado
tá cabano tá no fim…
Coitado do Chopin! Tá acabando tá no fim…

Amor: a lua tá doce lá fora
o vento tá doce bulindo nas bananeiras
tá doce esse aroma das noites mineiras:
cheiro de gigilim manga-rosa jasmim.

Os olhos de você, amor…
O Chopin derretido tá maxixe
meloso
gostoso
(os olhos de você, amor…)
correndo que nem caldo
na calma da noite belo horizonte.

Tornozeleira foi detalhe: vigília de Flávio e risco de fuga selaram prisão preventiva de Bolsonaro

Pressão sem precedentes expõe lobby político no colapso do Banco Master

Charge de Fred Ozanan (Instagram)

Malu Gaspar
O Globo

Ao longo da investigação que levou à prisão do CEO do Banco Master, Daniel Vorcaro e outros seis alvos na Operação Compliance Zero, técnicos do Banco Central relataram à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público que nunca tinham sofrido tamanha pressão política em favor de uma instituição financeira como a sofrida para tentar salvar o Master – primeiro aprovando a compra pelo BRB, vetada pelo BC em setembro, e depois para adiar a intervenção e dar chance para uma nova oferta, mesmo que inviável.

O lobby foi detalhado aos investigadores por quadros experientes da instituição, que já lidaram com várias outras tratativas e litígios no setor financeiro. Nada comparado à trama do Master, garantem. Após a deflagração das diligências da PF, o BC determinou a liquidação extrajudicial do banco de Vorcaro, que terá como consequência o maior resgate da história do FGC.

BLINDAGEM – De acordo com um investigador, o decreto de liquidação do Master já estava escrito bem antes da operação da PF, mas a direção do BC só efetivou providência depois da ação para se blindar da pressão.

As irregularidades constatadas pelo BC na operação entre Master e BRB já haviam provocado um racha entre as diretorias diretamente envolvidas no caso. Há meses havia fortes indícios de que os créditos bilionários adquiridos pelo Banco de Brasília não tinham lastro.

Uma minuta de intervenção no primeiro banco chegou a ser elaborada, mas jamais se concretizou. A proposta foi costurada por Renato Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro, que contava com o endosso do colega Gilneu Vivan (Regulação) – mas, de acordo com fontes ligadas ao caso, contou com a oposição do diretor de Fiscalização, Aílton Aquino. Em paralelo, o lobby também funcionava no Congresso.

CPI MISTA – Após o anúncio da compra do Master pelo BRB no início do ano, o que surpreendeu o meio político e o mercado, senadores tentaram emplacar uma CPI Mista para apurar as circunstâncias da compra do Master pelo BRB. O requerimento, encabeçado por Izalci Lucas (PL-DF), atingiu o mínimo de assinaturas exigido para a instalação da comissão. No entanto, o pedido foi abruptamente retirado pelo próprio parlamentar sem maiores explicações.

Izalci se limitou a dizer que propôs a criação da CPI em função de dúvidas sobre o processo de aquisição do Master que teriam sido sanadas por meio de documentos supostamente fornecidos pelos dois bancos e que levar o colegiado adiante traria “preocupação” e “instabilidade” no mercado financeiro.

“Quero aqui agradecer aos parlamentares, porque grande parte deles talvez tenha assinado também, em função da credibilidade e do conhecimento que temos da matéria. Tenho aqui já alguns relatórios, tanto do BRB como do Banco Master, e quero tranquilizar [os colegas]”, declarou durante discurso no Senado.

“BANCADA DO MASTER” – O principal articulador contra a CPI do Master foi o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP e aliado próximo de Vorcaro. Ciro sempre negou ter operado para derrubar a comissão. Nos bastidores, ele é tido como líder da chamada “bancada do Master”, o que incluiria outros parlamentares alinhados aos interesses de Vorcaro.

O PP deve formalizar até o fim do ano uma federação partidária com o União Brasil, partido que impulsionou aportes de governos estaduais e municipais em letras financeiras do Master e é presidido por Antonio Rueda, que também é próximo do CEO do banco preso pela PF.

Não foi a única vez em que Ciro Nogueira atuou a favor do aliado. Em 2024, quando o BRB já estava adquirindo carteiras de crédito do Master mas antes das tratativas de compra serem formalizadas, Ciro já havia patrocinado no Senado a inclusão de um dispositivo na PEC da autonomia financeira do Banco Central que aumentaria de R$ 250 mil para R$ 1 milhão a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para as aplicações financeiras como o CDB, principal produto do Master.

“EMENDA MASTER” – A associação com os interesses do banco foi imediata, e a proposição ganhou o apelido de “emenda Master”. Acabou rejeitada pelo relator da matéria, Plínio Valério (PSDB-AM).

A mobilização ocorreu pouco mais depois a cúpula da Caixa Econômica ter destituído dois gerentes que se opuseram à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, consideradas arriscadas demais para os padrões do banco.

Um parecer sigiloso da área de renda fixa da Caixa Asset, o braço de gestão de ativos da estatal, desaconselhou enfaticamente a operação, considerada “atípica” e “arriscada”, não só em razão do valor, considerado alto demais, como por causa do rating do Master. Com a repercussão do caso, a operação acabou não avançando.

O delírio, a tornozeleira e a crise de responsabilidade

Defesa tenta justificar ação devido ao efeito de medicamentos

Pedro do Coutto

Assumiu um caráter ainda mais dramático o episódio que marcou a tentativa de Jair Bolsonaro de livrar-se da tornozeleira eletrônica, gesto que o próprio ex-presidente atribuiu a um suposto surto provocado por medicamentos.

Ao apresentar-se como vítima de uma combinação farmacológica que teria gerado paranoia e alucinações, Bolsonaro buscou explicar por que tentou abrir o equipamento com um objeto metálico — ato que, para a Justiça, representou clara violação das medidas impostas e sinal de risco concreto de fuga, especialmente diante do histórico recente de aliados que cogitaram buscar asilo em embaixadas em Brasília.

TENSIONAMENTO – A versão clínica, embora não deva ser descartada levianamente — efeitos adversos de remédios como os citados por seus médicos podem, de fato, gerar confusão mental em pacientes idosos —, não elimina o peso político e jurídico do episódio. A Justiça não analisou apenas o gesto, mas o contexto: um ex-presidente condenado por tentar subverter a ordem constitucional, com forte base mobilizada e histórico de tensionamentos com o Supremo Tribunal Federal.

Nesse cenário, a manipulação da tornozeleira não era apenas um incidente doméstico, mas um possível prenúncio de evasão. Por isso, a decisão de converter a prisão domiciliar em preventiva foi apresentada como necessária para preservar a autoridade do processo e impedir novas violações.

No plano político, a narrativa do “surto medicamentoso” ganhou contornos de estratégia. Não é raro, em momentos de crise, que agentes públicos tentem humanizar erros por meio de relatos de fragilidade pessoal, enquanto seus adversários utilizam o mesmo episódio como evidência de irresponsabilidade.

GRAVIDADE – A saúde mental, nesse jogo, corre o risco de ser convertida em instrumento retórico: de um lado, para atenuar a gravidade do ato; de outro, para reforçar a imagem de alguém incapaz de respeitar deveres legais. O debate público, como de costume, preferiu a polarização às nuances, reduzindo o episódio a mais um capítulo da guerra política permanente.

A repercussão internacional reforçou a dimensão institucional do caso. Jornais estrangeiros destacaram a manipulação do monitoramento eletrônico como símbolo de um país que ainda convive com as consequências de um ataque frontal às suas regras democráticas. Nesse sentido, o episódio é menos sobre remédios e mais sobre responsabilidade: quando um ex-presidente tenta violar instrumentos de controle judicial — seja por delírio, seja por cálculo —, coloca em xeque a estabilidade das instituições.

O Brasil precisa, neste momento, de duas atitudes complementares: compaixão e rigor. Compaixão para tratar com seriedade eventuais problemas de saúde, sem ironia nem desprezo; rigor para aplicar a lei de forma igual, sem transformar fragilidades pessoais em salvo-conduto político. O discurso do delírio não pode se sobrepor ao dever de responsabilidade, assim como a punição não pode ignorar garantias fundamentais. O equilíbrio entre humanidade e firmeza é o que preserva a democracia de seus extremos — e impede que crises pessoais se tornem surtos institucionais.

Hugo Motta rompe com Lindbergh e a crise do PT se agrava

Motta rompe com líder do PT e agrava atrito entre Planalto e Congresso

Motta diz que Lindbergh usa redes sociais para atacá-lo

Andre Shalders e Valentina Moreir
Metrópoles

Uma série de postagens nas redes sociais sobre a fuga do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) para os EUA foi a “gota d’água” da crise entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o líder do governo na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ). No começo da tarde desta segunda-feira, Motta disse ao jornal Folha de S.Paulo que não tem “mais interesse em manter nenhum tipo de relação com o deputado Lindbergh”. A informação foi confirmada ao Metrópoles. Lindbergh respondeu no X (antigo Twitter), dizendo que considera “imatura” a posição de Motta.

“Sempre atuei de forma clara e com posições coerentes, nunca na surdina e erraticamente, como agiu o presidente da Câmara”, escreveu.

CASO RAMAGEM – Nos últimos dias, influenciadores ligados ao petismo passaram a divulgar a tese de que a Câmara dos Deputados, com a anuência de Motta, teria ajudado Ramagem em sua fuga para os Estados Unidos. Mesmo nos EUA, Ramagem está “em exercício”, segundo o site da Câmara.

Em setembro, foi condenado a 16 anos e um mês de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por tentativa de golpe de Estado. Na sexta-feira (21/11), o ministro Alexandre de Moraes (STF) decretou a prisão de Ramagem, quando já estava público que ele se encontrava nos Estados Unidos.

Segundo interlocutores de Motta, ele acredita que Lindbergh e o deputado Rogério Corrêa (PT-MG) teriam sido os responsáveis por orientar a campanha nas redes ligando Motta à fuga de Ramagem. Corrêa chegou a postar sobre o assunto na rede X, mas depois retificou a publicação após uma ligação de Motta.

LÍDER NEGA – Já Lindbergh nega envolvimento com essas postagens e diz não ter relação com o caso. Segundo interlocutores dele, o rompimento com Hugo Motta tem outras razões.

Entre esses motivos estariam a articulação de Lindbergh contra a chamada “PEC da Blindagem”, derrotada na Câmara no fim de setembro, e a escolha de Guilherme Derrite (PP-SP) para relatar o Projeto de Lei Antifacção, enviado pelo governo. Na postagem no X, Lindbergh menciona ainda a derrubada do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), em junho.

Agora, a crise entre Motta e Lindbergh se agravou, justamente quando a presidência da Câmara está preparando a pauta das votações de dezembro, antes do recesso parlamentar, que está marcado para o dia 23, na semana do Natal, mas sempre começa antes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lindbergh é um fracasso como líder. Consegue brigar com todos aos mesmo tempo e acaba prejudicando o PT e o Planalto. (C.N.)

Círculo de Bolsonaro joga com narrativa da “equivalência a Lula” para driblar Papuda

Receita “perde o prazo” e deixa de investigar ilegalidades da TV Globo

globo ditadura

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

Há alguns anos, a Tribuna da Internet, com absoluta exclusividade, noticiou uma anormal transação financeira, envolvendo a microempresa GME Marketing Esportivo Ltda., com capital de apenas R$ 10 mil, criada em 2001, e a TV Globo Ltda. (depois Globo Comunicação e Participações S/A), dos irmãos Marinho, à época, em 2006, com patrimônio de cerca de US$ 2,7 bilhões de dólares.

Essa inexplicável transferência bilionária, entre a raquítica empresa que explorava eventos esportivos e um dos maiores grupos de comunicação do planeta, chamou a atenção dos cidadãos bem informados e da editoria desta Tribuna, que buscou na Junta Comercial do Estado do Rio de Janeiro a confirmação para ato societário aparentemente fora de propósito e ilegal, simulado.

ERA FRAUDE – Os documentos mostraram que era tudo fraude. Sem autorização do governo federal e do Ministério das Comunicações, em abril de 2006 Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, concessionários de serviço público de radiodifusão, transgredindo o Regulamento das Telecomunicações (Decreto 52.795/63), transferiram para a GME Marketing Esportivo Ltda., sem autorização prévia do Poder Concedente, a quantia de R$ 5,5 bilhões, equivalente a todo o patrimônio dos cinco canais de TV Globo, localizados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília. 

Surpreendentemente, quatro meses depois, em 1º. de setembro de 2006, os Marinho encerraram as atividades da GME, de quem sempre foram sócios ocultos, e devolveram à Globo Comunicação e Participações S/A a quantia de R$ 5,8 bilhões, ou seja, cerca de R$ 300 milhões a mais, de um lucro adicional que tiveram em apenas quatro meses. 

EMPRESAS FANTASMAS – Em verdade, todo o patrimônio, todas as ações da Globo retornaram para três empresas fantasmas e sem atividade econômica, denominadas RIM 1947 Participações S/A, JRM 1953 Participações S/A e ZRM 1955 Participações S/A, de propriedade de Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho, respectivamente. 

Detalhe importante: essas manobras societárias foram comunicadas aos governos anteriores sem que investigação alguma tivesse sido implementada, e a resposta, infelizmente, só nos chegou agora, no atual governo Lula, informando, porém, que nada mais pode ser feito

E a desculpa foi a alegação de decadência, ou seja, da perda de prazo do Poder Público para cobrar responsabilidades de funcionários que teriam sido omissos e até dos supostos beneficiários dessas  ilicitudes societárias descritas.

DIZ O GOVERNO – O documento-resposta da Ouvidoria do Ministério da Fazenda diz o seguinte: Conforme informou a área técnica responsável, a denúncia ora questionada reporta-se a fatos ocorridos no ano calendário de 2006, portanto, alcançados pelo instituto da decadência. Portanto, não há ação a ser tomada no âmbito da Receita Federal. Ademais, vale frisar que a RFB não comunica ao denunciante as providências por ventura tomadas, uma vez que, em geral são de natureza sigilosa”.

Ou seja, a manifestação oficial adota a tese de que, em nome da segurança jurídica, quem der causa à decadência por omissão ou prevaricação não responderá por supostos desvios de conduta “ad aeternitatem”.

Mas esse entendimento não pode prosperar, pois infringe o parágrafo 5º do artigo 37 da Constituição Federal: “A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento”.

AO CONTRÁRIO – A jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores prevê que a pretensão de ressarcimento ao erário é imprescritível, sendo certo que a imprescritibilidade do ressarcimento ao erário independe de ação penal ou de ação por improbidade administrativa.

A lei deve ser cumprida, para evitar que os agentes causadores de danos fiquem impunes, pondo em risco os verdadeiros interesses públicos.  

No Brasil, temos três Poderes e a Rede Globo, que, a cada dia, é mais monopolista e poderosa em todos os setores. Imbatível.

JUNTO AOS DITADORES – Em 60 anos, a Organização Globo esteve ao lado dos ditadores Castelo Branco, que lhe entregou de bandeja a TV Paulista (canal 5 de São Paulo) em 1965;  Costa e Silva; Garrastazu Médici; Ernesto Geisel, que aprovou a falsa regularização societária da Globo em 1977, homologando centenas de termos falsos de transferência de ações do canal 5 de São Paulo.

Também apoiou João Batista Figueiredo; José Sarney; Fernando Collor até onde deu; Itamar Franco; Fernando Henrique Cardoso, Lula 1 e 2, que em 2008 renovou as concessões dos seus canais até 2022; Dilma 1 e 2 até  onde foi possível; Michel Temer; Jair Bolsonaro que, esquecendo as ameaças trombeteadas, renovou suas concessões até 2037.

E agora apoia Lula de novo, que foi trucidado pela Globo, ao longo da operação Lava Jato, mas deu a volta por cima e a perdoou. Vida que segue, diria João Saldanha.

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P.S. –
Em novembro de 2013, a respeitada deputada federal Luiza Erundina encaminhou contundentes questionamentos ao Ministério das Comunicações, indagando, por exemplo, como pôde a Receita Federal ter emitido certidão negativa de débitos relativos aos tributos federais e à dívida ativa da União, se a GLOBOPAR, à época, era provável devedora da vultosa quantia de R$ 615 milhões referente a Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) não recolhido? Seria mera coincidência com a mega transferência do patrimônio líquido da organização para a GME Marketing Esportivo Ltda., em setembro de 2006? Quem saberá? (C.N.)