Denise Rothenburg
Correio Braziliense
A presença do ex-presidente Jair Bolsonaro na reunião da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) soou para integrantes do governo como uma declaração de guerra, por causa do veto do presidente Lula ao marco temporal de demarcação das terras indígenas. Era esse justamente o receio da turma que ficou para lá de incomodada com o convite ao ex-presidente para comparecer ao encontro.
A resultante foi um racha no grupo mais poderoso do Congresso Nacional e as associações e confederações que contribuem para o Instituto Pensar Agro (IPA), o braço técnico de planejamento da Frente.
AVALIAÇÃO NEGATIVA – A presença foi considerada inoportuna, especialmente, por ocorrer num momento em que o agronegócio tenta negociar com o governo.
A avaliação de parte das entidades que compõem o Instituto Pensar Agro e de parlamentares é a de que a pauta extensa da Frente — marco temporal, agrotóxico, reforma tributária — ficou em segundo plano. Bolsonaro participou da reunião a convite do deputado Luciano Zucco (Republicanos-RS). A FPA, que luta para não parecer bolsonarista, acaba de colocar um carimbo na testa.
A agenda econômica do governo passa por um momento crucial no Parlamento, justamente quando os deputados perceberam que parte dos petistas trabalha no sentido de obter um acesso direto para irrigar as prefeituras no ano eleitoral, de forma a prescindir das emendas de deputados e senadores. A estratégia tem tudo para atrapalhar ainda mais o governo.
DOIS ORÇAMENTOS – As emendas impositivas são de liberação obrigatória, ou seja, a concessão de recursos de forma voluntária, longe das emendas, exigirá do governo dois orçamentos para cumprir, o do Executivo e o das propostas do Legislativo.
Em segundo lugar, os deputados estão irritados com a demora na liberação de seus pedidos e a cada dia reclamam mais do ministro da Casa Civil, Rui Costa.
Se o governo não agir rápido para resolver essas diferenças, a resposta do Congresso aparecerá no painel de votações, quando as propostas cruciais para o Poder Executivo estiverem em pauta. O aviso já foi levado ao Planalto.
Lula foi tão inábil no veto que deu espaço para o “cachorro morto” Bolsonaro.
Com o Congresso que aí está, formado em sua maioria por parlamentares de direita e extrema direita elitistas, que apenas se interessam pelos seus interesses pessoais, não vai permitir que executivo desenvolva o país e atenda melhor os trabalhadores e os necessitados.
São os 3 Bs que puxam o freio de mão do desenvolvimento do nosso país: a bancada da bala, da bíblia e do boi.