Transparência nos olhos dos outros é refresco e Lula exagera nos cem anos

Tribuna da Internet | Lula prometeu acabar com o sigilo de 100 anos e muita gente acreditou…

Charge do Duke (O Tempo)

Bernardo Mello Franco
O Globo

Tema de debate na última eleição presidencial, o sigilo de cem anos voltou ao noticiário. Desta vez, é o governo Lula que insiste em esconder documentos oficiais, porque transparência nos olhos dos outros é refresco.

O Executivo negou acesso à Declaração de Conflito de Interesses do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O ofício precisa ser entregue antes da posse de cada ocupante do primeiro escalão.

NA CASA CIVIL – A decisão pelo segredo foi da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, chefiada pela Casa Civil. No início do mês, o órgão alegou ao UOL que a declaração de Silveira conteria dados de acesso restrito, “que se referem a aspectos da vida privada e intimidade do titular e, portanto, não publicizáveis”.

A conversa repete um artifício muito usado pelo governo de Jair Bolsonaro: usar a Lei de Acesso à Informação para dificultar o acesso à informação.

De acordo com a lei, o Estado deve preservar informações pessoais que envolvam “a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem” dos cidadãos. Nesses casos, é previsto o sigilo máximo de cem anos. A regra foi estabelecida para valer em situações excepcionais. Numa interpretação distorcida, virou arma para encobrir o que deveria ser revelado.

NORMA AVILTADA – A transparência deve ser a norma no serviço público. Quem aceita virar ministro precisa estar pronto para ser submetido a escrutínio. É o que prevê a Lei de Conflitos de Interesses, sancionada em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff. O texto afirma que os ocupantes de altos cargos na administração pública devem informar patrimônio, participações societárias, atividades econômicas e profissionais. Se Silveira preencheu o questionário para virar ministro, não há por que esconder essas informações da sociedade.

No início do governo, Lula bateu bumbo para a derrubada de sigilos impostos por Bolsonaro. É no mínimo incoerente repetir a prática que condenava na gestão passada.

OUTROS CASOS – A aversão à transparência é suprapartidária. Na última semana, o governo de São Paulo impôs cem anos de sigilo a processos disciplinares contra o coronel Mello Araújo, ex-comandante da Rota. O policial será candidato a vice-prefeito na chapa de Ricardo Nunes, que concorre à reeleição na capital paulista. A decisão de esconder os documentos beneficia o prefeito, aliado do governador Tarcísio de Freitas.

Ao tratar informações corriqueiras como segredos de Estado, governantes também se arriscam a cair no ridículo. Na quarta-feira, a Casa Rosada se negou a fornecer informações sobre os cachorros do presidente da Argentina, Javier Milei. Alegou que os dados seriam “de natureza privada e familiar”.

Desde que o dono da matilha tomou posse, a imprensa pede informações sobre os cães, que ele chama de “filhos de quatro patas”. Uma das excentricidades de Milei é que ele acredita se comunicar por telepatia com seu primeiro mastim inglês, morto anos atrás. Os repórteres tinham perguntas mais simples: quanto se gasta em ração, quem cuida dos animais, quanto custou a construção de canis na residência oficial de Olivos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, fica claro que, em determinados países, a transparência é do tipo vacina que não pega, muito usada em campanhas eleitorais, De resto, não serve para nada. (C.N.)

Mundo se divide quanto à fraude na “vitória” de Maduro em rápida contagem

Putin é reeleito presidente da Rússia e diz que mundo pode estar a um passo  da 3ª Guerra Mundial – Noticias R7

Putin se apressou em saudou a vitória de seu grande aliado

Da CNN

Depois de os resultados eleitorais terem sido conhecidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nesta segunda-feira (29) de madrugada, as reações foram imediatas com muitos políticos da região rejeitando estes resultados e pedindo auditorias independentes.

Segundo o órgão eleitoral, o presidente Nicolás Maduro obteve 51,2% e o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%.

RÚSSIA FELICITA -O presidente da Rússia, Vladimir Putin, felicitou Nicolás Maduro pela sua reeleição como presidente da Venezuela, informou nesta segunda-feira (29) o Kremlin no seu canal Telegram.

“As relações russo-venezuelanas têm o carácter de uma parceria estratégica. Estou certo de que as suas atividades à frente do Estado continuarão a contribuir para o seu desenvolvimento progressivo em todas as direções”, disse Putin.

“Isto responde plenamente aos interesses dos nossos povos amigos e está em linha com a construção de uma ordem mundial mais justa e democrática. Gostaria de confirmar a nossa vontade de continuar o nosso trabalho conjunto construtivo sobre questões atuais da agenda bilateral e internacional”, acrescentou Putin. “Lembre-se de que você sempre será um convidado bem-vindo em solo russo”.

BOLÍVIA E COLÔMBIA – O presidente da Bolívia, Luis Arce, felicitou Maduro pela “vitória eleitoral” e comemorou que “a vontade do povo venezuelano foi respeitada nas urnas”. Arce disse que a Bolívia continuará fortalecendo os laços de amizade com a Venezuela.

O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse no X que “é importante esclarecer quaisquer dúvidas sobre os resultados” das eleições na Venezuela, depois que o Conselho Nacional Eleitoral proclamou vencedor o presidente Nicolás Maduro, resultado que a oposição não reconheceu.

E depois acrescentou: “Apelamos para que, o mais rapidamente possível, se proceda à contagem total dos votos, à sua verificação e à auditoria independente”.

CHILE AGUARDA – O presidente chileno, Gabriel Boric, disse que seu governo não reconhecerá “qualquer resultado que não seja verificável”. Acrescentou que os resultados publicados pela CNE “são difíceis de acreditar”, razão pela qual exigiu “total transparência das atas de votação e do processo”, e que “observadores internacionais não comprometidos com o governo prestem contas da veracidade dos resultados”.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, respondeu ao tweet de Boric dizendo que seu governo “não precisa de seu reconhecimento desvalorizado”. “Cuide dos seus problemas! Aqui vencemos, defendemos a vitória e comemoramos como verdadeiros revolucionários”, escreveu Gil a Boric.

CHINA PARABENIZA – O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, parabenizou Nicolás Maduro por sua reeleição, disse ele nesta segunda-feira em um briefing diário do ministério.

“A China e a Venezuela são bons amigos e parceiros que se apoiam. Este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e a Venezuela. A China atribui grande importância ao desenvolvimento das relações China-Venezuela e está disposta a trabalhar com a Venezuela para enriquecer continuamente a conotação da parceria estratégica e beneficiar melhor os povos dos dois países”, disse o porta-voz Lin Jian.

COSTA RICA REJEITA – Num comunicado, o governo da Costa Rica disse que não reconhece a eleição de Maduro, que chamou de “fraudulenta” e disse que a “repudia”. O governo de Rodrigo Chávez disse que trabalhará em conjunto com os “governos democráticos” do continente e organizações internacionais para garantir que a vontade do povo venezuelano seja respeitada.

Mas o presidente de Cuba Miguel Díaz-Canel felicitou Nicolás Maduro por esta “vitória histórica” nas eleições.

“Hoje a dignidade e a coragem do povo venezuelano triunfaram sobre as pressões e manipulações”, escreveu o líder cubano, que acrescentou que “o povo bolivariano… derrotou de forma limpa a oposição pró-imperialista de forma inequívoca”.

ESPANHA QUER CONFERIR – O Ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, disse que é necessário que os registos de votação das assembleias de voto sejam apresentados para “garantir resultados totalmente verificáveis”.

Já o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expressou “sérias preocupações” sobre os resultados eleitorais anunciados nesta segunda-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que declarou Nicolás Maduro vencedor.

“Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano. É essencial que cada voto seja contado de forma justa e transparente, que as autoridades eleitorais compartilhem imediatamente informações com a oposição e os observadores independentes, sem demora, e que o as autoridades eleitorais publiquem a apuração detalhada dos votos”, declarou.

GUATEMALA DUVIDA – O Presidente Bernardo Arévalo disse que o seu governo recebe os resultados emitidos pela CNE “com muitas dúvidas”, razão pela qual solicitou que sejam recebidos relatórios das missões de observação eleitoral que “devem defender o voto dos venezuelanos”.

Já o presidente de Honduras, Xiomara Castro, felicitou Maduro por sua “vitória incontestável que reafirma sua soberania”.

Mas o ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier González Olaechea, disse que seu país “não aceitará a violação da vontade popular do povo venezuelano”. Em sua conta X, o chanceler peruano informou que “diante de anúncios oficiais muito graves das autoridades eleitorais venezuelanas”, como a vitória de Nicolás Maduro, o Peru convocou o embaixador peruano em Caracas para consultas.

REINO UNIDO CONTESTA – O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido não aceitou a legitimidade da eleição de Nicolás Maduro e atualizou nesta segunda-feira as suas recomendações de viagens para a Venezuela, aconselhando os cidadãos britânicos no país sul-americano a “ficarem em casa, se possível” após as eleições presidenciais do país.

“O Reino Unido não aceita a legitimidade da atual administração estabelecida por Nicolás Maduro”, afirmou o Gabinete de Relações Exteriores no seu último conselho de viagem.

E o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse que “não se pode reconhecer uma vitória se não confiar na forma e nos mecanismos utilizados para alcançá-la”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O mundo se divide, como sempre, mas está óbvio que a eleição foi fraudada, com uma contagem feita rápida demais para votos impressos. Maduro entregou as riquezas do país aos militares, que administram as estatais, e fez acordo com o Judiciário, criando uma democracia de simulacro, ao gosto de Putin, Jinping e outros líderes ditatoriais. Um dia de tristeza para a democracia. (C.N.)

PL refaz pesquisa para testar Michelle, Bolsonaro e Tarcísio contra Lula, em 2016

Lula, Michelle, Tacísio e Bolsonaro

Até agora, as pesquisas indicam preferência por Michelle

Bela Megale
O Globo

Nesta semana será divulgada uma nova pesquisa encomendada pelo PL, que testa nomes da direita contra Lula na disputa pela Presidência. O levantamento vem sendo feito pela Paraná Pesquisas, que testa cenários com Michelle e Jair Bolsonaro e os governadores de direita, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná), em uma eventual disputa contra Lula.

Na pesquisa feita pelo instituto em maio, a ex-primeira-dama apareceu empatada, tecnicamente, com Lula. Tarcísio ficou cerca de cinco pontos atrás do petista nas intenções de voto.

Integrantes do PL relataram à coluna que o partido chegou a avaliar a suspensão da pesquisa nacional no segundo semestre, devido às eleições municipais, mas a opção foi seguir com os levantamentos. O partido vem fazendo pesquisas de nomes para a Presidência desde janeiro, de olho em 2026.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A pesquisa é cada vez mais necessária, porque a nova apreensão de documentos de Alexandre Ramagem mostra que ele e Bolsonaro atuavam juntos na campanha contra as urnas eletrônicas, sem haver qualquer prova de que sejam suscetíveis a fraudes. Como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Ramagem se comportava como um espião de péssima categoria, ao conduzir Bolsonaro por caminhos tortuosos, que o levaram a ser inelegível. Agora, é preciso saber qual será melhor substituto para enfrentar Biden da Silva aos 80 anos em 2026, completando 81 anos dias antes do segundo turno. (C.N.)

Peter Schjeldahl mostra que nada é banal quando a morte bate à porta

Peter Schjeldahl, New Yorker's Head Art Critic, Dies at 80

Peter Schjeldahl era crítico de arte da New Yorker

Mario Sergio Conti
Folha

O comediante Mel Brooks deu certa vez um sábio conselho a quem quer viver bastante: “Nunca corra para pegar o ônibus”. O diretor de “O Jovem Frankenstein” sabia do que falava; está com 98 anos.

Peter Schjeldahl não seguiu o mandamento e se deu mal. Ao correr como uma gazela para pegar o ônibus, tropeçou e tomou um tombo daqueles. Sangrando, com os óculos esfrangalhados, sem saber onde estava nem quem era, foi de ambulância para o hospital.

SEIS MESES – Fizeram-lhe uma tomografia para ver o estado da coluna vertebral. Ela não tivera danos, mas descobriram uma mancha no pulmão. Era um câncer em estágio avançado. O oncologista deu seis meses de vida.

Sua filha perguntou o que gostaria de fazer pela última vez. Revisitar Roma, Paris? Preferiu ir a um jogo de basquete. Começou um tratamento experimental, imunoterápico. Deu certo e viveu mais quatro anos.

Schjeldahl era estimado em Nova York. Foi crítico de artes plásticas por décadas, primeiro no Village Voice e depois na New Yorker. Mais jornalístico que teórico —mais Robert Hughes que Clement Greenberg— tinha um estilo límpido, idiossincrático, isento de jargões.

LIVRO PÓSTUMO – Essas virtudes são a espinha dorsal de “The Art of Dying”, seu livro póstumo. Elas convivem com a mancha do câncer que se espalha. A morte, diz, não é uma escultura, que se olha de todos os lados. É uma pintura, tem de ser encarada de frente porque o avesso nos é vedado.

Schjeldahl escreveu até o fim, morreu 11 dias depois de publicar o último artigo. A primeira parte do livro é um ensaio autobiográfico. A outra, com os derradeiros escritos para a New Yorker, dialoga com os retalhos da vida que contou. Nada fica banal quando o fim se aproxima.

Relata o que se lhe passou com leveza, mesmo os anos pesados como chumbo. Foi viciado em drogas e alcóolatra. Não terminou a faculdade. Empenhou-se em ser poeta e malogrou. Começou a escrever sobre arte porque gostava, mas com uma ignorância irrestrita do assunto.

DELEITE E TERROR – Não generaliza sua experiência. É subjetivo e cita Baudelaire: “cultivei minha histeria com deleite e terror”. Foi assim ao ser convocado para lutar na Guerra do Vietnã. Após três dias se drogando, sem dormir nem tomar banho, virou um pano de chão.

“Os encarregados do alistamento me descartaram como uma camisinha usada”, conta. O relato não acaba com essa nota bem-humorada; diz ainda: “Fiquei com remorso. Pensei que outro cara teria de ir no meu lugar. Fingi tão bem a psicose que minha sanidade bambeou durante meses.”

Não tem lições a dar sobre seus vícios. O LSD lhe permitia ver sua mente funcionando e “dissolvia o ego como Alka-Seltzer na água”. Acha que o álcool destrói a vida, enquanto o cigarro a encurta. Parou com as drogas e a bebida graças ao AAA e ficou 27 anos sóbrio.

CIGARRO, NÃO! – Não parou de fumar porque o cigarro é imbatível, relaxa e excita ao mesmo tempo. Calcula ter fumado 1 milhão de cigarros, e curtiu cada um deles. Fumou até morrer para não passar pela “tragicomédia da fissura por nicotina” durante o tempo de vida que restava.

Schjeldahl faz abstrações sobre seu ofício, a crítica: a atenção é crucial, tudo pode ser arte quando se põe uma moldura em volta; estou aberto ao novo, sem ser prescritivo nem prospectivo; quanto menos arte se vê, mais tolo se fica; a originalidade é superestimada, mas não pelos realmente originais.

Ele foi amigo de diversos artistas, de Anselm Kiefer a Willem de Kooning, que lhe deu uma pintura cuja venda lhe pagaria o aluguel por uns dez anos, e nunca a leiloou. Veio a se afastar de todos por incompatibilidade de objetivos: os artistas queriam reconhecimento e ele, sagacidade. “Éramos aspiradores, um sugando o outro”, diz.

AFASTAMENTO – Pouco depois de saber do câncer, veio o confinamento causado pela Covid, e com ele o inferno para críticos de artes plásticas —não poder ir a exposições e museus. Mesmo assim, seguiu resenhando, mas catálogos e mostras online.

Passada a pandemia, foi a Madri com amigos, entre eles o humorista Steve Martin, autor do prefácio de “The Art of Dying”. Queria ir ao Museu do Prado rever “o melhor quadro do melhor dos pintores”, “As Meninas”, de Velázquez. Até aí, nada de mais. Reconhece que “a única maneira de não ver Velázquez é ser cego”.

Para além do esplendor da pintura, o que o crítico vê nela são “as sombras no ambiente, os desastres e mortes que virão”. Falava de “As Meninas”, óbvio, mas sobretudo da indesejada das gentes, que logo o levaria. Schjeldahl morreu em 2022, aos 80 anos.

Um mistério profundo envolve a repentina ida de Lula a São Paulo, fora da agenda

Palácio voador: de tão luxuoso, novo Aerolula passará por ajustes |  Metrópoles

Com Janja em Paris, Lula decidiu ir a São Paulo 

Deu no Estadão

O presidente Lula da Silva (PT) viajou para a capital paulista neste domingo para “compromissos pessoais”, segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto. A agenda é privada e não se trata de compromissos relacionados à saúde, completou a assessoria.

Mais cedo, o Planalto divulgou que o presidente embarca para São Paulo às 16h30 deste domingo, com chegada prevista às 17h50. Também de acordo com a assessoria, Lula deve retornar a Brasília amanhã à tarde ou fim do dia.

Hoje à noite, será transmitido um pronunciamento de Lula em rede nacional de televisão e rádio. O assunto não foi divulgado, mas a expectativa é que ele apresente um balanço de sua gestão até aqui neste terceiro mandato. O comunicado do presidente deve durar 7 minutos e a geração das imagens ficará a cargo da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Esse sigilo e essa falta de transparência na agenda do presidente são altamente negativos, porque dão margem às mais criativas especulações. Tem de haver alguma explicação. Será que foi dar uma bronca pessoal no filho caçula Luís Cláudio, que já ofendeu Janja da Silva duas vezes, chamando-a de oportunista e de etc. e tal? Ou terá indo se consultar com aqueles médicos que o mantêm nessa magnifica forma física perto de completar 79 anos, com energia de 30 e tesão de 20 anos, conforme suas próprias palavras, “Perguntem à Janja”, acrescentou. Ou terá ido visitar um dos grandes amores de sua vida, a secretária Rosemary Noronha, que o presidente amava tanto, a ponto de criar um emprego de alto salário para ela, com escritório luxuoso, carro blindado, motoristas, assessores etc.? Afinal, Janja da Silva está se divertindo lá em Paris, abriu a guarda, e com tesão de 20 anos tudo é possível. Ou será que aconteceu alguma coisa com a filha de Rose, que Lula também empregou com cargo DAS e que nasceu no período do romance, ninguém sabe se é filha dele ou não. Espero não estar exagerando, mas são dúvidas que realmente têm procedência, pois ninguém sabe direito como é a vida do Barba, aquele informante do regime militar, uma espécie de Cabo Anselmo que deu certo. (C.N.)

Eleições na Venezuela: por que o rosto de Maduro aparece 13 vezes na cédula?

Cédula com 13 vezes Maduro, falta de transparência: eleição na Venezuela é  projetada para confundir eleitores, diz oposição | Mundo | G1Genevieve Glatsky
(NYT/Estadão)

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, apareceu repetidamente na cédula de votação das eleições presidenciais da Venezuela neste domingo, 28. Os seus adversários, incluindo o principal candidato da oposição, estão mais abaixo e aparecem menos vezes.

Maduro enfrenta um adversário sério: o ex-diplomata Edmundo González, que lidera as pesquisas de intenção de voto. González aparece 3 vezes na cédula, enquanto Maduro aparece 13.

38 PARTIDOS – A votação apresenta 38 partidos políticos diferentes. Fazem com que as eleições pareçam legítimas e democráticas, embora o processo eleitoral já tenha sido considerado longe de ser justo.

A cédula da votação é apenas uma das maneiras pelas quais Maduro tentou inclinar a balança a seu favor. “Jamais vimos nada semelhante a isto”, apontou Staffan Darnolf da Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais, um grupo com base em Washington que aconselha mais de 30 países em operações eleitorais. O layout da votação, acrescentou ele, parece dar a Maduro uma clara vantagem.

“É uma vantagem estar no topo da cédula de votação, porque normalmente é para isso que as pessoas estão olhando”, disse.

CLARAS ARMAÇÕES – Para muitos críticos do governo, o formato do boletim de voto é outra medida do governo autoritário para distorcer a votação a seu favor, mesmo quando as sondagens sugerem um apoio esmagador à oposição.

“À medida que as eleições se tornam cada vez menos competitivas, os instrumentos de votação tornam-se mais confusos”, disse Eugenio Martínez, diretor da Votoscopio, uma organização de monitorização eleitoral.

Não é incomum em alguns países que vários partidos indiquem o mesmo candidato, segundo vários especialistas eleitorais. Esse tem sido o caso na Venezuela há muito tempo, e o fato de um candidato aparecer mais de uma vez nas urnas não é por si só um sinal de uma eleição falha, avalia Carlos Medina, diretor do Observatório Eleitoral Venezuelano, um grupo independente.

HOUVE COOPTAÇÃO – O que é preocupante, acrescentou, é que muitos dos partidos nas urnas foram cooptados pelo governo Maduro para nomear Maduro ou candidatos aprovados pelo governo. “No caso da Venezuela, é uma tradição que as opções de voto sejam assim”, disse ele. “O problema está na origem dos partidos políticos que neste caso apoiam Nicolás Maduro 13 vezes.”

Há cerca de seis anos, o governo começou a visar alguns dos partidos políticos mais antigos e estabelecidos do país e a substituir os seus líderes por partidários do governo.

Ao mesmo tempo, aprovou a criação de uma série de novos partidos para preservar uma fachada de democracia, nomeando candidatos que não são vistos como adversários legítimos pelos especialistas políticos e por muitos eleitores venezuelanos. Catorze dos 38 partidos eleitos foram criados nos últimos seis anos.

FAVORITISMO – Na Venezuela, oposição chega às eleições como favorita pela primeira vez em 25 anos. Segundo a lei venezuelana, o partido que obteve mais votos nas eleições anteriores tem a primeira escolha de colocação na cédula eleitoral, e outros partidos aliados que apoiem o mesmo candidato são colocados juntos.

Mas os três partidos que apoiam González não estão juntos porque quando a configuração da votação foi determinada, esses partidos não apoiavam o mesmo candidato. Portanto, suas três imagens não aparecem consecutivamente.

“Eles estão tentando manter a fachada de uma eleição, mas gradualmente limitam a capacidade das pessoas de votarem no que querem”, disse Tamara Taraciuk Broner, especialista em Venezuela do Diálogo Interamericano, uma organização de pesquisa em Washington. “E a votação é um exemplo claro disso.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A contagem dos votos já começou, até agora nada… Mas é compreensível. Deve dar muito trabalho fraudar uma eleição desse porte. (C.N.)

Como não está nos planos de Lula, governo descarta mudar a Previdência

13 charges sobre a reforma da previdência – blog da kikacastro

Charge do Cícero (cicero.art.br)

Vera Magalhães
O Globo

A defesa que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou a fazer da necessidade de uma nova reforma da Previdência ainda neste mandato não encontra nenhuma adesão no governo. Ministros de Lula dizem que promover uma nova mexida ampla nos critérios de aposentadoria, inclusive de militares, não está nos planos até 2026.

O horizonte traçado no Planalto para os dois anos e meio que restam de mandato para Lula é cumprir a meta fiscal com medidas pontuais de controle de gastos, combate a fraudes que drenem recursos e ganhos localizados de arrecadação com o fim de políticas de benefícios ineficientes (que Fernando Haddad vem atacando desde o começo da gestão), entregar um crescimento acima de 2% nos quatro anos (algo que não acontece desde Dilma 1), emprego e renda em alta. Com isso, a expectativa é que Lula consiga se reeleger, vencendo o indicado por Jair Bolsonaro.

HÁ CONTROVÉRSIAS – Economistas de bancos, gestoras de recursos e fundos não são unânimes em acreditar que esse “arroz com feijão” seja suficiente.

Alguns, inclusive, duvidam de que, no atual ritmo, Lula e Haddad consigam sequer entregar o cumprimento da meta fiscal a que eles mesmo se propuseram.

E apontam que, sem reformas mais profundas no gasto, incluindo Previdência e outros benefícios sociais, vinculações constitucionais e o Orçamento, ainda que se reeleja, Lula 3 entregará um déficit crescente e uma dívida explosiva.

SEMPRE NO PODER – Lira passou a defender uma nova reforma da Previdência para ter uma bandeira econômica capaz de cacifar seu final de mandato e reforçar junto aos agentes econômicos uma imagem de promotor de grandes pautas econômicas que acredita ter construído com a reforma tributária e sua regulamentação, neste ano, e a aprovação do novo marco fiscal, entre outras medidas.

Isso o ajudaria na travessia de volta à planície, na qual planeja não só eleger o sucessor de forma consagradora como manter influência sobre a pauta da Casa, além de indicar o ministro da Saúde.

Acredite se quiser! Na pequenina Bélgica existem mais de mil marcas de cerveja…

A Bélgica é um dos países mais tradicionais para cerveja! | Viajando com Sergio Motta

Qual será a melhor cerveja? Ninguém consegue saber…

 

Antonio Rocha

Passei nove dias na Bélgica, visitando filha, genro e duas netinhas, uma de quatro anos e outra de nove. Minha família mora em Woluwe (rio estreito) de Saint Pierre, uma cidadezinha, 42 mil habitantes, a 15 minutos da capital Bruxelas, de carro, ônibus ou trem.

A Bélgica é uma espécie de capital do Ocidente, lá fica o Parlamento Europeu e a sede da Comunidade Econômica Europeia. É um reino, nos moldes da Social Democracia europeia, pouco mais de 11 milhões de almas.

NEOCAPITALISMO – O regime político do capitalismo parece humanizado. Os trabalhadores recebem décimo terceiro e décimo quarto salários. Isso não quebra a nação, ao contrário, ajuda a economia, o comércio, a indústria etc.

Lá tem também a Otan e o belga sabe que , se começar uma Terceira Guerra Mundial, um foguete nuclear russo em 7 minutos alcança a capital Bruxelas. Por falar em russos, foi dito aqui nesta TI, inclusive eu escrevi algo na época: o gás que aquece a Bélgica no rigoroso inverno é da Rússia, mas a tubulação, os canos do gasoduto, são de uma empresa indiana.

A ameaça de fechar as torneiras do gás russo no início da guerra com a Ucrânia não deu em nada, há contratos milionários empresariais com a distribuidora de gás, que é da Índia…

E O PALADAR? – Falemos de coisas mais amenas: dizem os belgas que a melhor batata frita do mundo vem de lá, eles fazem batata frita com batata doce e a tradicional batata inglesa.

Robota é um robô que aspira a casa toda sozinha, a presença humana é só apertar o botão e pronto. Com isso, as chamadas faxineiras e similares cobram por hora ou meio dia de trabalho. Geralmente quem faz esse tipo de serviço são imigrantes: brasileiras e de outros países da América do Sul.

A seleção nacional de futebol da Bélgica tem como símbolo, mascote, o Diabo Vermelho. As crianças tem um boneco de pano simbolizando o Satanás Encarnado e nem pó isso houve comoção dos religiosos, que entram na brincadeira esportiva.

E HAJA CERVEJA… – E o país tem mais de 1000 (mil) marcas de cerveja. A tradição vem da Idade Média quando os frades nos conventos preparavam o produto.

Apesar de tanta cervejada, a criminalidade e a violência parecem ser pouquíssimas. Cheguei no começo do verão, termômetros apenas marcavam 17 graus.

Com estas temperaturas os ladrões não se mostram motivados a agir, principalmente no inverno quando cai neve.

Se vencer, a oposição venezuelana terá de se entender com os militares

Maduro entregou aos militares o controle das riquezas

Celso Rocha de Barros
Folha

A Venezuela elege seu presidente neste domingo. Há uma chance razoável de Nicolás Maduro perder a eleição. Daí em diante, só há cenários difíceis. Maduro não dá o menor sinal de que aceitará a derrota pacificamente. Seu governo cassou candidaturas de oposição. Impediu a entrada de observadores da União Europeia. Desconvidou o ex-presidente (de esquerda) da Argentina Alberto Fernández, que estaria em Caracas como observador para vigiar a lisura do pleito.

Respondendo a críticas de Lula, Maduro abraçou seus irmãos brasileiros de militarismo e ladroagem, mentindo que as urnas brasileiras não são auditáveis. Em resposta, o TSE cancelou a ida de seus observadores à Venezuela.

FUGINDO DO PAÍS – Na semana passada, conversei com a jornalista venezuelana Paula Ramón, autora do ótimo “Mãe Pátria”(Companhia das Letras, 2020), que conta histórias da vida de sua família sob o regime bolivariano.

Paula Ramón me chamou atenção para um problema sério desta eleição: nos últimos dez anos, cerca de 7,8 milhões de venezuelanos deixaram o país, fugindo da crise econômica e do autoritarismo. É cerca de 20% da população venezuelana, que o resto do continente tem tido muita dificuldade em absorver.

Maduro fez o que pôde para impedi-los de votar: por exemplo, exige que tenham um análogo de residência permanente nos países em que estão, o que a maioria dos refugiados venezuelanos não tem. A multidão de venezuelanos nos Estados Unidos não votará, porque os dois países não têm relações diplomáticas.

INDUZIR A ERRO – Essa é a única esperança de vitória para Maduro hoje: que o eleitorado tenha ido embora a ponto de induzir as amostragens das pesquisas eleitorais a erro. Se as pesquisas estiverem corretas, Maduro perderá feio.

Se Maduro tentar melar a eleição, não terá vida fácil. Mesmo os governos de esquerda da América Latina, inclusive o brasileiro, devem condenar o golpe. A China não vai se meter nisso, a Rússia tem problemas maiores com que lidar, e ambos parecem confortáveis com uma ordem internacional em que cada potência faça o que quiser na sua vizinhança.

E se a oposição vencer e levar? Bom, aí começa uma transição dificílima, até porque Maduro ainda terá vários meses de mandato. E a Venezuela é uma ditadura militar.

EXÉRCITO FORTE – Para se manter no poder, o chavismo entregou toda a riqueza do país para seu Exército: militares controlam a produção de petróleo, a mineração no arco do rio Orinoco, tudo que o governo tem de lucrativo. É mais ou menos como o centrão faz no Brasil, mas à mão armada. O Exército venezuelano tem seu próprio banco.

De longe, a melhor esperança da oposição venezuelana conseguir assumir em caso de vitória é um acordo com os militares. Qualquer acordo desse tipo certamente preservará muitos dos privilégios concedidos pelo chavismo. Não é um acordo fácil de fazer, não será um acordo sob o qual será fácil governar.

Torço para que a Venezuela inicie sua transição de volta à democracia com a menor turbulência possível e que volte a experimentar a alternância de poder que lhe faltou nesses 25 anos de chavismo. E torço para que toda a energia que parte importante da esquerda latino-americana gastou defendendo Maduro seja usada em lutas mais justas e com maior probabilidade de sucesso.

Chances de Kamala vão além do fato de não ser Biden, mas precisa inovar

O fator Kamala Harris - por Leonardo da Rocha Botega - Claudemir Pereira

Kamala Harris sabe que tem muito trabalho pela frente

Bruno Boghossian
Folha

Kamala Harris abriu de maneira idêntica os três discursos que fez até agora como provável candidata à Casa Branca. A vice-presidente enalteceu o legado de Joe Biden, descreveu o governo do qual faz parte como um dos mais importantes da história e assumiu a inevitável bandeira da continuidade para disputar esta eleição.

O Partido Democrata precisava desesperadamente de um candidato que não fosse Biden para enfrentar Donald Trump. Kamala larga como uma candidata de situação que tem a vantagem de não ser um político de 81 anos cuja capacidade de liderança é alvo de questionamentos. Para vencer, ela terá que ir muito além.

INSATISFAÇÃO – A idade de Biden não era o único risco dos democratas. A despeito de um cenário econômico positivo, a taxa de aprovação do presidente indica que os americanos não se mostram satisfeitos com o país. A candidatura de Kamala depende de sua capacidade de vender algo mais do que um retrospecto dos últimos anos.

Em seus primeiros dias na arena, a vice-presidente falou em futuro e buscou uma contraposição ao que seria uma volta ao passado com Trump.

Disse que sua prioridade será o fortalecimento da classe média, que vem se mostrando mais distante dos democratas, e alertou para a ameaça que os republicanos representam para os direitos reprodutivos.

TESTE DIFÍCIL – A credibilidade do discurso econômico de Kamala passará por um teste difícil nos meses que restam até a eleição. O que é inegável é que ela dispõe de uma energia maior do que Biden para enfrentar Trump e apresentá-lo como uma ameaça, numa estratégia capaz de ampliar a participação de mulheres e negros, além de levar às urnas eleitores independentes que rejeitam o republicano.

A investida precisa ser suficiente para cobrir flancos que tornam sua candidatura potencialmente vulnerável.

 Kamala é tratada pelo populismo conservador como a vilã progressista perfeita e se tornou alvo preferencial de trumpistas que apontam para a falta de um plano democrata para a imigração. Ainda assim, ao menos agora há uma disputa aberta.

Se a oposição venezuelana ganhar, toma posse? Se tomar posse, poderá governar?

Ex-motorista de caminhão, Maduro não sabe dirigir o país

Dora Kramer
Folha

Criaturas do naipe autoritário de Donald Trump e Nicolás Maduro só respeitam quem os enfrenta; tratam com desdém os que os adulam. O americano não fazia a menor questão de dar moral a Jair Bolsonaro quando ambos eram presidentes.

O venezuelano fez questão de menosprezar o apreço que Luiz Inácio da Silva sempre lhe devotou ao receitar chá de camomila a quem, como Lula, tenha se assustado com as referências a “banho de sangue” e “guerra civil” em caso de derrota neste domingo (28).

URNA ELETRÔNICA– Não satisfeito, ainda avalizou a versão bolsonarista de que a eleição no Brasil foi fraudada, ao levantar suspeita sobre a lisura do nosso sistema de votação.

Em boa hora, o Tribunal Superior Eleitoral reagiu à mentirosa ilação do ditador ao cancelar o envio a Caracas de dois técnicos para observar de perto a ignomínia liberticida que, a distância, se pode perfeitamente observar.

O presidente Lula não escalou a provocação. Foi criticado, cobrado aqui e ali por uma reação. Mas, desta vez, ao contrário de outras ocasiões em que se submeteu a situações constrangedoras para dar respaldo ao, agora se vê, “mui amigo”, agiu com prudência.

IMPREVISÍVEL – A despeito dos vícios impostos ao processo eleitoral, o resultado é dado como imprevisível, pois agora a oposição se organizou e resistiu às pesadas restrições. Resistência que não puderam exercer os milhões de cidadãos refugiados pelo mundo e impedidos de votar. Se fugiram da miséria e da opressão, por óbvio na urna não dariam guarida ao opressor.

De nada adiantariam condenações nesta altura dos acontecimentos; melhor mesmo esperar o que será do amanhã para se posicionar. Queira o bom senso, contudo, que se for materializada uma vitória fraudulenta de Maduro, o governo brasileiro não insista na fantasia de que a eleição prova a existência de uma democracia consolidada na Venezuela, pois aí sim ter-se-á escancarado de vez a ditadura.

Ramagem mentiu sobre a urna eletrônica e destruiu a carreira de Bolsonaro

PF encontra documentos com orientações de Ramagem para Bolsonaro mentir sobre urnas | Blog da Camila Bomfim | G1

Bolsonaro acreditou nas loucurass de Ramagem e se deu mal

Carlos Newton

Estamos sempre lembrando aqui na Tribuna da Internet que não existe maior surrealismo do que a política brasileira, capaz de matar de inveja os grandes mestres, como Tristan Tzara, Paul Éluard, André Breton, Hans Arp e Salvador Dali.

Vejam bem o que está acontecendo no Inquérito do Fim do Mundo, aquele que não acaba nunca no Supremo. Há tempos, o ministro Alexandre de Moraes e sua equipe da Polícia Federal tentavam encurralar o ex-presidente Jair Bolsonaro, mas ele sempre escapava, escorregadio como uma enguia.

De repente, com a perfeição de snipers trapalhões, os policiais federais atiraram num alvo e atingiram outro, a centenas de milhas daqui, como diria Djavan. Estavam procurando a “Abin Paralela”, e acabaram achando a “Abin Hospício”, e tiro acertou dois coelhos de uma vez só – o delegado federal Alexandre Ramagem e o ex-presidente Jair Bolsonaro. 

SURREAL PURO – Quem poderia imaginar que um delegado federal experiente como Alexandre Ramagem, a essa altura do campeonato, iria deixar de bobeira textos importantíssimos, que o incriminam diretamente em atentado contra o Estado Democrático de Direito (Lei nº 14.197), justamente a legislação preferida do ministro Moraes, que revela um prazer inexcedível em aplicá-la, tipo furor uterino, tendo transformado o Supremo numa verdadeira fábrica de falsos “terroristas”

Na condição de diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem agiu de forma criminosa e temerária, mostrando ter vocação de terrorista de verdade. Em um dos textos, orienta Bolsonaro a traçar uma estratégia de reforçar politicamente a “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas.

“Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos”, argumentou irresponsavelmente Ramagem, como se tivesse alguma prova de fraude eleitoral. E não tinha nenhuma.

CLARA ORIENTAÇÃO – Portanto, há uma clara orientação de Ramagem para Bolsonaro traçar a estratégia de reforçar politicamente a “vulnerabilidade” das urnas eletrônicas.

“O argumento na anulação de votos não teria esse alcance todo. Entendo que argumento de anulação de votos não seja uma boa linha de ataque às urnas. Na realidade, a urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente (…) A prova da vulnerabilidade já foi feita em 2018, antes das eleições. Resta somente trazê-la novamente e constantemente”, aponta o documento.

Assim, fica evidente que foi Ramagem, ao dar a entender que tinha provas da fraude, que induziu Bolsonaro a enfrentar abertamente o TSE, causando aquela confusão toda na campanha eleitoral. 

PAPEL RIDÍCULO – Um personagem como Bolsonaro, de baixo nível intelectual, jamais poderia imaginar que o diretor-geral da Abin, um experiente delegado federal, lhe passaria informações inteiramente furadas, sem base em qualquer prova material, instando para que ele as usasse num enfrentamento contra o TSE, o que significaria uma guerra aberta também com o Supremo, é claro.

E Bolsonaro, confiando que Ramagem tinha essas provas, partiu para sua operação suicida, que no ano passado motivou a condenação no TSE, com a inelegibilidade que hoje o imobiliza politicamente.

Tudo isso é surrealismo puro, chega a ser difícil de acreditar que Ramagem e Bolsonaro tenham se incriminado de maneira tão infantil e ridícula.

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P.S. – O mais surreal é ver agora Bolsonaro tentando eleger Ramagem prefeito do Rio, ao invés de tentar estrangulá-lo com as próprias mãos. Bolsonaro ainda não percebeu que seu maior inimigo foi e ainda é Alexandre Ramagem. E por isso la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)

UE entrega à Ucrânia 1,5 bilhão de euros em ativos russos bloqueados

Ursula von der Leyen has lost Europe's trust. She doesn't deserve a second  term | Alberto Alemanno | The Guardian

A presidente da Comissão Europeia fez o comunicado

Deu na InfoMoney
Reuters

A União Europeia vai transferir 1,5 bilhão de euros em receitas de ativos russos congelados para a Ucrânia, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta sexta-feira.

Os países ocidentais bloquearam cerca de US$ 300 bilhões em ativos soberanos russos depois que Moscou invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Esse 1,5 bilhão de euros é parte do rendimento do dinheiro russo.

ACORDO – No mês passado, o Grupo das Sete principais democracias e a UE concordaram em usar os juros obtidos com os ativos russos congelados para apoiar um empréstimo de US$ 50 bilhões para a Ucrânia, ajudando sua defesa contra a invasão de Moscou. A Rússia prometeu tomar medidas legais.

“Hoje, transferimos 1,5 bilhão de euros em receitas de ativos russos imobilizados para a defesa e a reconstrução da Ucrânia. Não há melhor símbolo ou uso para o dinheiro do Kremlin do que fazer da Ucrânia e de toda a Europa um lugar mais seguro para se viver”, disse Von der Leyen na plataforma de mídia social X.

O primeiro-ministro ucraniano Denys Shmyhal agradeceu à UE. “Obrigado a Von der Leyen e à UE por seu apoio inabalável e por essa contribuição significativa para a defesa e a reconstrução da Ucrânia. Juntos, estamos transformando a adversidade em força e construindo uma Europa mais segura e resiliente”, disse ele.

MAIS SANÇÕES – Os Estados-membros da UE têm discutido opções para estender o período de renovação das sanções sobre os ativos do banco central russo, a fim de garantir o empréstimo do G7 para a Ucrânia, de acordo com um documento preliminar da UE e declarações de diplomatas, informou a Reuters na quarta-feira.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta sexta-feira em Moscou que a Rússia avaliará cautelosamente como responder à decisão da União Europeia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
O líder russo Vladimir Putin havia avisado à UE que não aceitaria usurpação das reservas russas. Agora, não se sabe qual será sua reação. Ainda bem que só mexeram nos juros e preservaram o principal. Vamos aguardar a posição de Moscou, nesta segunda-feira. (C.N.)

Enviado por Lula à Venezuela, Amorim dirá se Maduro pode aceitar a derrota?

Amorim mantém viagem à Venezuela para acompanhar eleições, mas não descarta mudanças de última hora – Política – CartaCapital

Lula passou a “missão impossível” para Celso Amorim

Demétrio Magnoli
Folha

Maduro prometeu vencer as eleições “por bem ou por mal”. A Venezuela é uma ditadura singular, descrita pelo ditador como “união cívico-militar-policial”. Faltou esclarecer que a “união” é gerida por uma máfia cleptocrática apoiada na intimidação, na violência e em extensas redes de clientelismo. Celso Amorim, enviado por Lula, observará se o regime é capaz de aceitar, por bem, a derrota eleitoral avassaladora indicada pelas pesquisas.

O chavismo nasceu das urnas, numa revolução nacionalista pacífica concluída pela Constituição de 1999. Nela estavam as sementes da lenta transição da democracia representativa à democracia plebiscitária, ou seja, à tirania da maioria. Foi isso que Lula caracterizou, com uma ponta de inveja, como “democracia até demais”.

PODERES CRESCENTES – Na etapa inicial, Chávez representava a maioria, utilizando-a para enfeixar poderes crescentes, subordinando o Judiciário, as forças armadas, o serviço público e os veículos de comunicação.

À sombra do ciclo internacional de commodities, o petro-regime chavista conservou a hegemonia social sem recorrer à violência sistemática. Lula ofereceu-lhe amparo político e diplomático, tornando-se cúmplice da longa operação de erosão democrática.

O encerramento do ciclo econômico e a morte de Chávez, em 2013, inauguraram a era Maduro. O “bolivarianismo” perdeu sua base popular, sedimentando-se como ditadura devastadora. A falência venezuelana tem muitos índices, mas deve ser sintetizada num número: 7,7 milhões, um quarto da população total, fugiram do país na última década, num êxodo maior que o deflagrado pela guerra na Síria.

OPOSIÇÃO FORTE  – Nas últimas eleições competitivas, realizadas em 2015, para a Assembleia Nacional, a oposição triunfou com 56% dos votos, contra 38% para o chavismo. Dois anos depois, o regime extirpou a Assembleia de seus poderes, substituindo-a por uma Constituinte oficialista. Maduro decidiu que vencer “por mal” era a única solução. E Lula seguiu fiel ao companheiro ditador.

O Acordo de Barbados, firmado entre o regime e a oposição, começou a ser costurado em maio de 2023, quando Lula recebeu Maduro em Brasília. A ditadura cambaleante precisava livrar-se das sanções dos EUA para reativar o setor petrolífero – e prometia, em troca, patrocinar eleições livres. Biden e Lula vestiram o figurino de fiadores diplomáticos do acordo, abrindo a via para o pleito deste domingo (28/7).

Maduro nunca pretendeu honrar o compromisso. Violando-o seguidamente, proibiu o acesso de observadores europeus, vetou a candidatura de Corina Machado e de sua substituta, Corina Yoris, providenciou ordens de prisão contra dezenas de opositores e bloqueou os sites independentes venezuelanos.

PESQUISAS CONFIRMAM – Cada um desses passos foi admitido, com silêncio resignado ou murmúrios ambivalentes, pelo fiador brasileiro. Contudo, apesar deles, as sondagens sugerem acachapante vitória de Edmundo Urrutia, o discreto diplomata convertido, na hora final, em candidato opositor.

A qualidade distintiva da democracia é a garantia de que os governantes derrotados não enfrentarão a vingança arbitrária dos oposicionistas triunfantes. Ditadores não têm o hábito de ceder o poder pacificamente pois temem a justa punição por seus crimes. É por isso que Maduro proclama a seus associados mafiosos que triunfará “por bem ou por mal”. Se o passado serve como bússola, Celso Amorim, o observador brasileiro, pouco se importa com a segunda alternativa.

Urrutia e Corina Machado descortinaram nos últimos dias, talvez tarde demais, uma proposta de anistia e reconciliação nacional. Os próceres da ditadura enfrentam acusações criminais nos EUA e no TPI. Lula poderia ter usado sua influência na articulação de um perdão internacional aos chefões chavistas, contribuindo para uma transição pacífica. Não o fez, confiando no triunfo de Maduro. Agora, resta-lhe apenas observar.

Brasil registrou forte aumento na entrada de venezuelanos na semana pré-eleições

Centenas de pessoas cruzam a pé fronteira da Venezuela com Roraima - A Crítica de Campo Grande

Venezuelanos atravessaram antes do fechamento da fronteira

Juliana Lopes
CNN Brasil

Roraima monitora o aumento no número de venezuelanos que deixaram o país de origem para buscar refúgio no Brasil. De acordo com os gestores do estado e do município de Pacaraima, o fluxo imigratório diário mais que dobrou na semana que antecede as eleições na Venezuela.

Segundo o prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato, desde a última segunda-feira (22), o município passou a receber, em média, 800 cidadãos venezuelanos por dia. Nos últimos meses, o fluxo diário variava entre 200 e 600 pessoas.

A cidade faz fronteira com a Venezuela e é considerada porta de entrada para famílias que buscam abrigo em território brasileiro. No local, o governo federal monitora o fluxo de refugiados por meio da “Operação Acolhida”.

CENÁRIO DE INCERTEZA – Para autoridades de Roraima ouvidas pela CNN, o aumento foi impulsionado pela proximidade das eleições no país vizinho e diante de um cenário de incerteza política.

No último dia 17 o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse em um comício que o país pode enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso ele não seja reconduzido ao cargo.

A fronteira entre os dois países foi fechada, pelo lado venezuelano, na última quinta-feira (25) às 20h. A medida é adotada pelo governo do país vizinho sempre às vésperas de eleições. A expectativa é que a passagem seja liberada assim que o pleito for encerrado, no próximo domingo (28).

Delegado punido alega perseguição por denunciar bolsonaristas da PF

Governo Lula afasta delegado que tretou com Bolsonaro | MetrópolesJohanns Eller
O Globo

A Polícia Federal (PF) afastou por 31 dias o delegado Alexandre Saraiva, que se destacou no governo Jair Bolsonaro por denúncias de aparelhamento da corporação por indicados do então presidente. A decisão assinada pelo atual diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, foi publicada no boletim interno da corporação na última segunda-feira (22).

O afastamento foi recomendado por uma comissão disciplinar e avalizado pela corregedoria-geral da corporação, sob o argumento de que Saraiva cometeu infração disciplinar ao fazer denúncias contra o então diretor-geral, Paulo Maiurino, “sem o aval de sua chefia imediata”, além de conceder entrevistas a veículos de imprensa.

VAI RECORRER – Em entrevista à equipe da coluna, o delegado afirmou que vai recorrer ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para tentar reverter a medida, e se disse vítima de retaliação de setores bolsonaristas da PF pela sua atuação contra a gestão de Maiurino, um dos quatro diretores-gerais do órgão na gestão Bolsonaro.

“Esse processo administrativo é uma vingança. Ele foi gestado durante o governo Jair Bolsonaro e a comissão que avaliou o procedimento é formada por bolsonaristas”.

O processo administrativo, aberto no dia 31 de outubro de 2022, um dia após a derrota de Bolsonaro nas urnas contra Lula, se debruça sobre dezenas de entrevistas de Saraiva à imprensa, além da representação que ele fez contra Maiurino na corregedoria-geral por improbidade administrativa sem o aval de sua chefia imediata.

FOI ATÉ ARQUIVADA – A sindicância em questão foi arquivada na instância da superintendência do Rio, mas foi reaberta no dia seguinte ao segundo turno de 2022 na divisão da PF em Brasília.

Uma das justificativas da comissão para a abertura de um novo processo é a de que Saraiva se candidatou a deputado federal pelo PSB no Rio de Janeiro nas eleições daquele ano, e acabou não eleito. Os integrantes do colegiado chancelaram a conclusão da sindicância arquivada de que o delegado buscava notoriedade pública através de entrevistas para se projetar politicamente.

Saraiva, por sua vez, diz que não usou o cargo para fins eleitorais. Na defesa apresentada à corregedoria, destacou que sua campanha custou apenas R$ 5 mil e obteve 16 mil votos.

PREJUDICAR OS CHEFES – Segundo ele, a denúncia à corregedoria da PF não foi informada aos superiores imediatos para não prejudicar seus chefes.

“Eles insistem muito no fato de ter mandado a representação contra o Maiurino diretamente para a corregedoria-geral sem passar pela minha chefia. Se eu fizesse isso, teria exposto meus chefes. Por isso escrevi [na representação] que excepcionalmente deixei de seguir os trâmites burocráticos naquelas circunstâncias”, justificou.

O delegado afirma ainda que a decisão provoca “constrangimento total” e serve de mal exemplo para delegados mais jovens engajados no combate a crimes.

E AS CONCLUSÕES – “Durante a sindicância que pedia minha demissão e o processo administrativo reaberto, vivia com uma espada no pescoço”, afirmou. “E as denúncias que fiz contra o Maiurino, cadê as conclusões? Estão todas sob sigilo, ninguém consegue acessar”.

Para Saraiva, o atual diretor-geral só acompanhou a decisão da corregedoria “porque é complicado negar monocraticamente a decisão de uma comissão”. “Mas, a partir do recurso ao ministro da Justiça, aí sim haverá um novo juízo”.

A Lewandowski, o delegado pretende repetir argumentos que, na sua avaliação, foram ignorados no processo de defesa na corregedoria – entre eles o de que as entrevistas por policiais federais estão autorizadas pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e que o processo deveria ter sido conduzido no estado em que está lotado, o Rio de Janeiro, e não Brasília, como ocorreu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O delegado Saraiva pode ter cometido erro administrativo, mas isso não importa. O que interessa é se as denúncias dele estavam corretas ou não. E está difícil saber, porque a Polícia Federal não se movimenta nesse sentido. Mas quem se preocupa com isso? (C.N.)

Polícias Civil e Federal batem cabeça e o crime organizado fica incólume

Padrinho, cartilha e juramento para o crime: como é o 'batismo' do PCC

No Brasil, o crime é mas organizado do que as forças policiais

Marcelo Godoy
Estadão

A união de esforços e o compartilhamento de informações são essenciais para enfrentar o crime organizado de forma coordenada e abrangente. Essa sinergia maximiza os recursos públicos, o que fortalece a capacidade de investigação e repressão.

Emas não é isso que acontece quando se trata de combater as grandes facções criminosas, como o PCC, pois a Polícia Civil e a Polícia Federal não conseguem formar uma força-tarefa que possa agir em conjunto.

DISTANCIAMENTO – Existe uma fratura, com o distanciamento entre as cúpulas dos aparelhos de segurança responsáveis pelo combate ao crime organizado no País: a PF, ao combater o crime transnacional, e as polícias do Estado que foi o berço e é a principal base da maior de todas as organizações criminosas: o Primeiro Comando da Capital (PCC).

A falta de coordenação entre as polícias, procuradores e fiscais da Receita Federal gerou situações constrangedoras nos últimos anos.

Por exemplo: no dia 9 de abril, a maior operação da história contra a captura do sistema público de transporte na cidade de São Paulo, viu a Polícia Civil paulista ser excluída da ação.

FIM DA LINHA – A bancada da entrevista coletiva sobre a Operação Fim da Linha reuniu Derrite, o comandante da PM, coronel Cássio de Araújo Freitas, o procurador-geral, a chefe regional da Receita, Márcia Cecília Meng, e até o prefeito Ricardo Nunes em um auditório lotado. Mas não havia ali um único policial civil.

A desconfiança entre os integrantes das instituições provocou o protesto solitário do diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Fábio Pinheiro Lopes, o Fábio Caipira, que deixou um grupo de WhatsApp que reunia policiais e promotores.

Nos dias seguintes, a Associação dos delegados da Polícia Civil chegou a questionar a legalidade da operação em razão da ausência da Polícia Civil nas investigações.

BRIGAS INTERNAS – Policiais civis acusam o Ministério Público de se apropriar de informações de seus inquéritos para montar as operações enquanto promotores desconfiam que inquéritos e ações da polícia se desenvolvem para se adiantar às suas operações.

O bater de cabeças na área é antigo. Em 2022, ele envolveu a investigação a respeito da empresa de ônibus UPBus e o contador João Muniz Leite. Ele e a mulher eram investigados por terem supostamente movimentado R$ 526 milhões entre 2020 e 2021 em suas contas bancárias, embora Muniz declarasse salário de R$ 26 mil no período.

A coluna teve acesso à íntegra do inquérito n°. 020/2022 da PF sobre o caso. A PF estava trabalhando em conjunto com a promotoria. O delegado pediu a expedição de mandados de busca contra alvos ligados ao contador e ao traficante de drogas Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, e outros investigados.

SORTE DEMAIS – O delegado descobrira que Muniz ganhara 640 prêmios lotéricos. Cara Preta, assassinado em dezembro de 2021, era ainda suspeito de ser um dos donos da UPBus, empresa que foi um dos alvos da Operação Fim da Linha.

Na mesma época, os policiais do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), preparavam os últimos detalhes para o lançamento da Operação Ataraxia, que tinha como alvos Muniz, parentes de Cara Preta, a UPBus e outras pessoas ligadas à facção.

A ação foi desencadeada no dia 2 de junho, quando os policiais civis cumpriram 62 mandados de busca e apreensão expedidos pela mesma 1.ª Vara de Crimes Tributários e Financeiros, Organizações Criminosas e Lavagem da capital que examinava o pedido da PF sem que uma polícia soubesse oficialmente do pedido feito pela outra.

PF DESISTE – Os policiais do Denarc apreenderam então celulares, computadores, documentos, dois fuzis, pistolas, revólveres e grande quantidade de munição. E pediram à Justiça o sequestro dos bens dos acusados do caso.

Diante disso, em 21 de junho de 2022, o delegado da PF informou à Justiça que estava desistindo das buscas e do sequestro de bens dos acusados. Pediu ainda que o inquérito enviado fosse incluído no inquérito da Polícia Civil. Muniz só foi ouvido nessa investigação no fim de 2022. Dois anos depois, as investigações contra ele permaneciam sem solução.

Nesse período, conforme mostrou o Estadão, as empresas de ônibus investigadas pela polícia por suspeitas de relação com a facção receberam quase R$ 850 milhões da Prefeitura depois que os inquéritos foram abertos.

RECEBIA REPASSES – Entre junho de 2022 e abril de 2024, só a UPBus contou com cerca de R$ 150 milhões de repasses da Prefeitura mesmo depois de ser alvo da Operação Ataraxia. Foi só depois de ser alvo de outra operação, a Fim da Linha, que a Prefeitura decretou intervenção na empresa para cumprir decisão da Justiça.

Só por esse caso pode-se medir o tamanho da encrenca que é o desencontro e desconfianças entre os doutores. Suspeitas de corrupção, histórias de vazamento de operações e de ligações espúrias de autoridades envenenam o combate ao crime organizado, enfraquecendo o cumprimento da lei.

Mas não só. O desencontro é também burocrático e administrativo.

Maduro entregará o poder, caso seja derrotado? Você acredita mesmo nisso?

Maduro discursa diante da imagem de Hugo Chávez

Hélio Schwartsman
Folha

Receio que Nicolás Maduro e seus lugares-tenentes já tenham queimado a linha da normalidade democrática. Não me parece muito realista o cenário em que, no caso de derrota no pleito presidencial do próximo domingo (28), entreguem o poder e se preparem para disputar a próxima eleição, como recomendou Lula.

Pelas pesquisas de institutos independentes, o candidato da oposição unificada, Edmundo González, tem sólida vantagem sobre Maduro, o que é compatível com a escala da ruína econômica que o governo promoveu.

É DITADURA – O chavismo do qual Maduro é herdeiro começou sob a égide da democracia em 1999, mas foi paulatinamente se convertendo num regime autoritário. Pelo menos desde 2017, quando suprimiu os poderes do Legislativo eleito, pode ser chamado de ditadura.

Nesse período, houve graves violações a direitos humanos, pelas quais os atuais governantes teriam de responder em caso de troca de comando.

Isso significa que eles têm poucos incentivos para seguir o script das democracias e muitos para tentar burlá-lo e permanecer no poder.

VAI RESISTIR – Meu palpite, portanto, é que Maduro fará o que estiver a seu alcance para não entregar o osso. As respostas mais óbvias seriam invalidar o pleito ou recorrer à fraude eleitoral. Esta última seria apenas a continuação dos casuísmos contra a oposição que o regime já perpetrou.

Mas pode não ser tão simples, sobretudo se a vantagem numérica de González for muito grande. Outra possibilidade é fingir que aceita um resultado desfavorável, mas fabricar uma crise que inviabilize a transferência de poder. Tempo não faltará. A posse do próximo presidente está prevista só para janeiro de 2025.

O que torna a democracia o menos ruim dos sistemas políticos à nossa disposição é que ela permite ao eleitorado remover pacificamente governantes com os quais não esteja satisfeito. É esse mecanismo que talvez já não funcione mais na Venezuela, o que seria trágico.

Novos ataques misóginos e racistas contra Kamala sugerem desespero de Trump

Após atentado, Trump confirma candidatura à Casa Branca

Trump que repetir a campanha de baixo nível de 2016

Lúcia Guimarães
Folha

A intensidade dos ataques misóginos e racistas contra Kamala Harris surpreende até os pessimistas observadores da política americana. A eleição, até há dias definida pela idade avançada de dois homens brancos, virou a disputa de um idoso declarado culpado de estuprar uma jornalista contra a filha de um economista jamaicano e de uma cientista indiana que, à época em que foi promotora, colocou vários patifes como Trump na cadeia.

Sem noção de vergonha, sentimento hoje extinto entre a ultradireita, os capangas de Donald Trump e seus simpatizantes da mídia escolheram a nova Geni e começaram a apedrejar a vice-presidente com insultos de cunho sexual e étnico.

DIFAMAÇÃO – Ela teria dormido com poderosos para chegar ao topo (mentira: Harris namorou publicamente o ex-prefeito de San Francisco quando ele já estava divorciado da mulher); a advogada, duas vezes vencedora da difícil eleição para procuradora-geral do estado quase nação da Califórnia que, em seguida, elegeu-se senadora, teria virado vice de Joe Biden como uma empregada DEI (acrônimo para diversidade, equidade e inclusão).

É o cúmulo dizer que a nativa californiana não poderia se eleger presidente porque seus pais nasceram no exterior (a Constituição garante: qualquer pessoa nascida nos EUA pode se candidatar). Repetir o “birtherismo” que tentaram com Obama, nascido no Havaí, parece desespero.

A hostilidade havia começado já na campanha Biden-Harris de 2020, e o vice da chapa de Trump deixou uma trilha de migalhas de pão digitais para provar.

MAIS IMPOPULAR – Como J.D. Vance é o candidato a vice mais impopular desde 1980, é possível que ele tire mais jovens e minorias de casa para votar contra republicanos arrotando chocalhos raciais como acusar a democrata de “não sentir gratidão” por viver nos Estados Unidos.

Um eleitor negro ouve esse comentário e arrasta até a avó de 90 anos para as urnas.

Como o destrambelhado Trump sofre de incontinência verbal e seu vice é um consumado lambe-botas, ambos não param de facilitar novos comerciais da campanha democrata. Nesta semana, Trump anunciou triunfal num comício que “Kamala não será a primeira mulher presidente”.

MAIS BAIXARIAS – Ele erra a pronúncia —Kâmala— e se refere a ela como Kamála para humilhá-la pela origem imigrante. E ainda arrematou, “não vamos ter uma presidente socialista, especialmente se for mulher”.

Um vídeo ridículo de J.D. Vance voltou a circular, no qual ele diz que a nova geração democrata, mencionando nominalmente Harris, a deputada latina Alexandria Ocasio-Cortez e o secretário de Transportes gay Pete Buttigieg, não passa de um bando de estéreis criadoras (no feminino) de gatos.

Harris tem dois enteados com o marido Doug Emhoff, Buttigieg adotou gêmeos e Ocasio-Cortez está noiva.

O fato é que 2024 não é 2016, quando Hillary Clinton enfrentou uma artilharia de misoginia escatológica como nenhuma outra política de projeção nacional nos EUA.

PELA VAGINA – 2016 foi a campanha do áudio em que Trump se vangloriou de agarrar as mulheres pela vagina.

Nestes oito anos, as mulheres americanas se organizaram melhor, disputaram e venceram mais eleições e estão em pé de guerra contra a volta da criminalização do aborto, cortesia da jurássica Suprema Corte.

Kamala Harris espera a baixaria que virá nos próximos cem dias. Mas uma filha de imigrantes, escoltada ainda criança para a escola no fim da segregação racial, não vira promotora se fica facilmente intimidada.

Brasil não ajusta contas públicas, e isso assombrará Lula até fim do mandato

Tribuna da Internet | Lula agora enfrenta o desafio de ajustar contas públicas, sem reclamar dos juros

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

William Waack
Estadão

A principal certeza sobre a questão fiscal e o governo Lula é a de que ela o assombrará até o final do mandato. E deve se projetar também sobre seu sucessor, não importa quem seja. A “predominância do fiscal” é uma maldição da qual seu governo não se livra mais até 2026 pelo menos. Significa dizer, do ponto de vista prático e imediato, que boa parte da política brasileira vai girar sobretudo em torno desse tema.

Ela já é uma disputa por migalhas do orçamento público, cada vez mais apertado por decisões políticas de Lula 3 – que estão encolhendo rapidamente seu espaço discricionário. Com ciclos previsíveis em função das datas que o Executivo é obrigado a cumprir, como acaba de acontecer com a apresentação do relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas.

IRRESPONSABILIDADE FISCAL – O básico para o noticiário político é um fato bastante preocupante: despesas têm crescido mais do que as receitas. Essa é a constatação fundamental para entender a razão do governo não conseguir convencer o público quanto aos fundamentos de sua responsabilidade fiscal.

Investidores e agentes econômicos em geral já se “acostumaram” (e puseram um belo preço) à realidade fiscal brasileira. Ela não produz mais sobressaltos, pânico ou a procura da porta de saída.

Mas também nenhum grande entusiasmo. O cenário internacional em seus “fundamentos” mais genéricos é favorável ao Brasil, especialmente em relação à transição energética e oferta de alimentos.

CLIMA DE INSEGURANÇA – As circunstâncias mais imediatas pesam contra. O ambiente de negócios é agravado não só pelos juros altos, que tornam tão alto o custo de capital (portanto, de investimentos). As grandes indagações sobre os rumos da reforma tributária são apenas o mais recente exemplo do que se convencionou chamar de insegurança, que é jurídica e regulatória também.

Ocorre que a predominância do fiscal associada à paralisia do sistema político produz a situação atual de marcar passo em torno de questões que, mesmo tão relevantes (como o rumo das contas públicas), consomem as energias necessárias para resolver os problemas de fundo – dos quais se pode dizer que o fiscal é muito mais consequência do que causa.

Em outras palavras, perde-se tempo mesmo diante de profundas mudanças demográficas que, por si só, deveriam disparar todos os alarmes. O que tudo isso produz é chamado pelos economistas de diminuição do PIB potencial – a capacidade de crescimento do Brasil vem sendo rebaixada constantemente nos últimos 10 anos. E esta é a maior das assombrações.