Carlos Newton
Os brasileiros com mais de dois neurônios, que têm um mínimo de percepção sobre o que está acontecendo ao país, estão decepcionados e muitos deles até acabam deixando o país, como fica demonstrado pela revoada rumo a Portugal, e agora muitos lutam para conseguir voltar, porque nem sempre os sonhos se concretizam.
Além da falta de empregos e da insegurança generalizada, um dos fatores da decepção dos brasileiros é contatar que o país há tempos vem sendo dominado por políticos de baixíssimo nível, que preferem servir aos banqueiros, ao invés de atender aos interesses nacionais, como demonstramos aqui numa série de artigo sobre os absurdos lucros dos bancos, que são inteiramente imunes a crises e inventaram um capitalismo sem risco, que só existe no Brasil.
NÃO FALTAM MOTIVOS – Realmente, não faltam motivos para decepcionar os brasileiros, especialmente o apodrecimento dos três Poderes, que se igualam na busca incessante de privilégios, mordomias e penduricalhos salariais, como se suas cúpulas vivessem em outro país, numa espécie de Ilha da Fantasia, cercada de pobres e moradores de rua por todos os lados.
Há décadas é sabido que o Brasil é um dos países com maior desigualdade social, aqui existe um abismo entre os maiores e os menores salários. E ao invés de se tentar reduzir essa disparidade perversa, as classes dirigentes fazem exatamente o contrário, dedicando-se permanentemente a ampliar a desigualdade social, com uma persistência impressionante.
Como é impossível a convivência pacífica entre a miséria absoluta e a riqueza, o resultado desse coquetel Molotov político é a insegurança permanente, em meio a uma guerra civil não declarada, porém conhecida por todos, por ser destaque diário na imprensa, incluindo telejornais, rádios e redes sociais.
RIGOROSAMENTE NADA – E o que fazem os sucessivos governantes? Nada, rigorosamente nada. A omissão se tornou a palavra de ordem. E foi esse estado de coisas que provocou os protestos populares em 2014, na era Dilma Rousseff, e depois possibilitou em 2018 o surgimento do fenômeno Jair Bolsonaro.
Mas não deu certo, porque o então presidente demonstrou não ter capacidade para atender ao anseio de seus eleitores e preferiu se dedicar a preparar o caminho de uma reeleição que não veio e até colocou um ex-presidiário no Planalto.
Agora, nada há a fazer. Resta aos brasileiros torcer para que o atual governo faça uma administração à altura das ansiedades dos cidadãos-contribuintes-eleitores, como dizia Helio Fernandes. Se não der certo, a alternativa será abandonar a polarização que não nos leva a lugar nenhum e apoiar alguma candidatura que seja realmente confiável.
###
P.S. – Os brasileiros mais experientes lembram Itamar Franco, que fez um governo de união nacional, com apoio de todos os partidos, exceto o PT, e em apenas dois anos tirou o país de uma inflação crônica e devolveu o entusiasmo aos brasileiros. Portanto, os mais jovens precisam abandonar essa tendência de abandonar o país. É fundamental que não tenham vergonha de serem brasileiros, porque um belo dia poderemos ter bons políticos novamente. (C.N.)