Diretor da Transparência diz que Brasil parou de combater corrupção

Diretor de organização explica piora do Brasil em índice de corrupção | CNN Brasil

Desde a Lava Jato não se combate corrupção, diz Brandão

Deu na CNN

O Brasil caiu para a 107ª posição no mais recente Índice de Percepção da Corrupção, divulgado pela Transparência Internacional. Em entrevista à CNN, o diretor executivo da organização, Bruno Brandão, detalhou os fatores que levaram à queda do país no ranking.

O índice, considerado o mais abrangente e tradicional medidor de corrupção no mundo, é baseado na percepção de especialistas sobre o problema em 180 países e territórios.

EMENDAS SECRETAS – Brandão explica que, devido à natureza oculta da corrupção bem-sucedida, o índice se baseia em avaliações de empresários, investidores, juristas e acadêmicos que estudam ou trabalham com o tema.

Um dos principais fatores destacados por Brandão para a queda do Brasil no ranking é o uso indevido de emendas parlamentares.

O diretor executivo aponta três impactos sistêmicos desse esquema: 1) Destruição da capacidade do Brasil de formular políticas públicas com bases técnicas; 2) Explosão da corrupção no nível local, com bilhões de reais sendo direcionados a municípios sem capacidade de controle; 3) Distorção no processo eleitoral, com a reeleição favorecida para quem tem acesso às emendas.

RECEITA ANTICORRUPÇÃO – Brandão ressalta que os países bem-sucedidos no combate à corrupção compartilham três elementos essenciais: 1) Instituições sólidas, confiáveis e democráticas; 2) Leis eficazes que permitem o enfrentamento e a prevenção da corrupção; 3) Uma cidadania bem informada, consciente, livre e ativa na defesa de seus interesses e direitos.

O diretor enfatiza que, embora a receita seja simples de compreender, sua aplicação é desafiadora.

Para o Brasil melhorar sua posição no ranking, será necessário um esforço conjunto de fortalecimento institucional, aprimoramento legislativo e engajamento cidadão na luta contra a corrupção.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
No caso do Brasil, tudo isso funciona como uma belíssima Piada do Ano. Por obra e graça do Supremo, a corrupção não é mais punida no Brasil, as ações se arrastam de tal maneira que os crimes acabam prescrevendo. Quando chega a haver condenação, como no caso de Paulo Maluf, prevaleceu a prisão domiciliar, porque ele alegou ter câncer. Na verdade, foi câncer de próstata, que ele operou em 1990, e ficou curado. Apesar disso, deram a ele a prisão domiciliar, sem uso de tornozeleira. Ah, Brasil!!! (C.N.)

O boné de Lula é o nada absoluto deste país sem nada na cabeça

Lula com boné criado por seu marqueteiro

Lula com o boné criado por seu ministro-marqueteiro

Mario Sabino
Metrópoles

Você tira férias e o que acontece no Brasil? Piora. É o caso perfeito de um país que piora permanecendo como sempre foi, e você pode escolher o ângulo que quiser para definir o nosso imutável estado de coisas.

Agora, temos o ângulo do boné inventado pelo marqueteiro de Lula, usado pelo presidente da República e por ministros e outros acólitos petistas.

AME-O OU DEIXE-O – Sai o boné do MST, vermelho como a alma companheira, entra o boné azul, para fazer contraste, com o slogan “O Brasil é dos brasileiros”, de notável afinidade eletiva com o “Brasil: ame-o ou deixe-o” da ditadura militar.

Parece que é uma apropriação petista de um mote de campanha da oposição, que dizia que o Brasil não era do PT, mas dos brasileiros, segundo publicou o colega Paulo Cappelli. Uma forma de “provocar a oposição, que usou adereços vermelhos para exaltar a posse de Donald Trump nos Estados Unidos”.

Criou-se, assim, esta não menos do que ridícula guerra dos bonés. Em resposta, opositores usaram bonés com inscrições críticas ao governo e com propaganda eleitoral do inelegível Jair Bolsonaro.

POBRES BRASILEIROS – Porta-vozes bolsonaristas na imprensa também fizeram litanias sobre o Brasil, na verdade, não pertencer aos brasileiros, já que os coitados dos brasileiros não mandam no próprio país, são explorados por uma elite assim e assado e por aí vai. Como se os bolsonaristas estivessem muito preocupados com essa verdade.

E é assim que, a quase dois anos da eleição presidencial de 2026, o Brasil está outra vez sob os eflúvios do marketing eleitoral. Para quê?

Para eleger os mesmos nomes de sempre, que não têm projeto nenhum de país, certo ou errado que seja, a não ser satisfazer as próprias ambições de poder e do seu corolário, a cobiça pelo vil metal. Para o Brasil, enfim, piorar, permanecendo como sempre foi.

ESTILO MACHADIANO – Ao me informar sobre a guerra dos bonés, depois das minhas férias romanas, lembrei-me do conto de Machado de Assis, aquele autor muito citado e pouco lido hoje, intitulado “O Capítulo dos Chapéus”, a meu ver elucidativo sobre a atual guerra dos bonés.

A certa altura, um dos personagens do conto, de quem a mulher gostaria de mudar o chapéu baixo, que julgava pouco elegante, explica como um chapéu é o prolongamento de quem o usa:

“A escolha do chapéu não é uma ação indiferente, como você pode supor; é regida por um princípio metafísico. O princípio metafísico é este: o chapéu é a integração do homem, um prolongamento da cabeça, um complemento: ninguém o pode trocar sem mutilação.”

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P.S.
– O boné criado pelo marqueteiro de Lula não tem significado, não expressa ideias, não aponta caminhos. É um complemento do nada absoluto de um país que não tem nada na cabeça. (M.S.)

Trump, Musk e Netanyahu se igualam em crimes contra a humanidade

Benjamin Netanyahu arrives in US for talks with Donald Trump | BBC News

Netanyahu e Trump são dois perdidos numa guerra suja

Wálter Maierovitch
do UOL

Ao assumir o DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), o empresário Elon Musk montou, no governo Donald Trump, uma assessoria composta apenas de pessoas muito jovens e sem experiência na política. Segundo ele, esses assessores deverão trabalhar 80 horas semanais.

É uma busca de lugar ao sol, num sistema de emulação, como numa final olímpica de 100 metros rasos do atletismo.

CORTAR A USAID – Daí desse grupo de idealistas, partiu a ideia de cortar os auxílios financeiros proporcionados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, a USAID, criada pelo então presidente democrata John Kennedy.

Musk quer mudar a estrutura administrativa da Casa Branca, fazendo-a funcionar como uma espécie de startup estatal, para transformá-la em modelo.

SEM REGRAS – Assim como a Trump não contam as regras do direito internacional, as convenções e os tratados, para Musk as pesquisas que interessam são apenas as que confirmam as suas ideais e delírios.

Nesta semana, uma pesquisa apontou que a maioria dos norte-americanos não querem grande influência de Musk no governo.

O resultado é o seguinte: 26% não desejam que ele tenha muita influência; 43% entendem que deveria ter apenas um pouco de influência e 17% apontam para não possuir nenhuma influência.

RIVIERA EM GAZA – O premier israelense Netanyahu e o novo ministro de Defesa do seu governo, Israel Katz, iniciaram na sexta-feira (7) uma campanha para convencer os palestinos de Gaza, diante da intenção revelada por Trump, a desocuparem a faixa, para a construção da Nova Riviera idealizada pelo presidente americano.

Qual a vantagem? Certamente esperam que os palestinos deem asas à imaginação e esqueçam as destruições de suas casas e a morte se parentes e amigos.

A dupla Netanyahu e Katz terá de convencer 2 milhões de palestinos. Para onde os palestinos deverão mudar, nada está sugerido. Por seu turno, Jordânia, onde já vivem 3 milhões de foragidos palestinos, e Egito já declararam que não aceitarão os palestinos, depois da sugestão de migração de Trump.

REPROVAÇÃO – O sanguinário Netanyahu ainda não Atentou, sob o prisma moral e ético, para a reprovação do mundo árabe.

Quando anunciou o bombardeamento do norte de Gaza, o premier israelense recomendou o deslocamento dos palestinos do norte ao sul. À época, o direito internacional já condenava esse tipo de ação coercitiva do tipo: “saiam daí que vamos bombardear, destruir tudo”.

Agora, Netanyahu não está só no papel de divulgar os desejos de Trump. Sua conduta de premier, à luz do direito internacional, será, caso tentada ou consumada, a ação delinquencial de coautor de “limpeza étnica”, um grave crime contra a humanidade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como dizia meu amigo Francisco Rego, políticos como Netanyahu e Trump não valem o peido de uma gata, especialmente quando se encontram na situação prevista pelo ator, diretor e dramaturgo Plínio Marcos, e são dois perdidos numa guerra suja. (C.N.)

“Álibi”, a canção de Djavan sobre um amor que era mais que um desejo

Djavan traz 'Vesúvio' para o Recife, em maio - Folha PE

Djavan, grande nome da MPB

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, compositor e produtor musical alagoano Djavan Caetano Viana revela na letra de “Álibi” o ser apaixonado e não correspondido, tal como ele gostaria que fosse, inclusive, já não se sacia com força do beijo, mesmo que o sexo seja intenso, frequente e vadio.

A música tornou-se um dos maiores sucessos do cantor e faz parte do LP Djavan Ao Vivo, lançado em 1999, pela Epic/Sony Music.

ÁLIBI
Djavan

Havia mais que um desejo
A força do beijo
Por mais que vadia
Não sacia mais

Meus olhos lacrimejam teu corpo
Exposto à mentira do calor da ira
No afã de um desejo que não contraíra.
No amor, a tortura está por um triz
Mas gente atura e até se mostra feliz

Quando se tem o álibi
De ter nascido ávido
E convivido inválido
Mesmo sem ter havido, havido

Quando se tem o álibi
De ter nascido ávido
E convivido inválido
Mesmo sem ter havido, havido
Havia mais que um desejo

Trump abre a negociação de paz na Ucrânia, falando com Putin e Zelensky

Em conversa com Trump, Putin afirma que 'negociações | Internacional

Na conversa, Putin convidou Trump a visitar Moscou

Katharine Jackson e Doina Chiacu
MSN/Reuters

Donald Trump discutiu a guerra na Ucrânia nesta quarta-feira em ligações por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no primeiro grande passo diplomático do novo presidente dos EUA em uma guerra que ele prometeu encerrar.

Em uma publicação em sua plataforma de redes sociais após falar com Putin, Trump disse que eles “concordaram que nossas respectivas equipes iniciem as negociações imediatamente” e que ele começaria telefonando para Zelensky.

CONVERSA BOA – Segundo o Kremlin, Putin e Trump concordaram em se encontrar, e Putin convidou Trump a visitar Moscou.

Depois da ligação com o líder ucraniano, Trump escreveu: “A conversa foi muito boa. Ele, assim como o presidente Putin, quer a PAZ”.

“Nós… conversamos sobre oportunidades para a paz, discutimos nossa prontidão para trabalharmos juntos… e as capacidades tecnológicas da Ucrânia… incluindo drones e outras indústrias avançadas”, escreveu Zelensky no X.

CEDER TERRITÓRIOS – Trump vem dizendo que vai encerrar a guerra na Ucrânia rapidamente, sem explicar exatamente como irá fazê-lo.

Mais cedo nesta quarta-feira, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, deu a declaração mais contundente do novo governo até agora sobre sua abordagem em relação à guerra, dizendo que recuperar todo o território da Ucrânia ocupado pela Rússia desde 2014 é irrealista, assim como sua adesão à Otan.

“Nós queremos, como vocês, uma Ucrânia soberana e próspera. Mas precisamos começar reconhecendo que voltar às fronteiras pré-2014 da Ucrânia é um objetivo irrealista”, disse Hegseth, em uma reunião com a Ucrânia e mais de 40 aliados na sede da Otan em Bruxelas. “Buscar um objetivo ilusório apenas prolongará a guerra e causará mais sofrimento.”

GARANTIAS – Hegseth afirmou que qualquer paz duradoura precisa incluir “garantias robustas de segurança para assegurar que a guerra não começará novamente”.

Afirmou, no entanto, que tropas dos EUA não serão mobilizadas para a Ucrânia como parte dessas garantias. “Os Estados Unidos não acreditam que a adesão da Ucrânia à Otan seja um resultado realista de um acordo negociado.”

França, Alemanha e Espanha disseram que o destino da Ucrânia não pode ser decidido sem a participação ativa de Kiev. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, afirmou que a Europa teria o seu papel nas garantias de segurança à Ucrânia, mesmo se a adesão à Otan não fosse imediata.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Parodiando Fernando Pessoa, negociar é preciso, viver não é preciso. Estima-se que a guerra na Ucrânia já deixou centenas de milhares de mortos. Para quê? Ora, para nada, como os cavaleiros de Granada, em louca disparada, na monumental obra de Miguel de Cervantes. Vivemos num mundo cão, sem a menor dúvida. (C.N.)

Brasil ‘não entrará em guerra comercial’ por tarifas sobre o aço, diz Padilha

No Brasil, o Congresso fortalecido serve de freio a exageros do governo

Charge/Cartum – Junião

Charge do Junião (Arquivo Google)

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Não passou nem um mês de governo Trump e já perdemos as contas de suas ordens executivas. É quase como se o Congresso americano não existisse. Ele é, hoje, disfuncional, entregue à polarização. O Partido Republicano —salvo raras exceções— virou o partido do movimento Maga (Make America Great Again).

O Congresso lá funciona como um freio de mão. Quando está nas mãos da oposição, trava o andamento do governo, inclusive impedindo a aprovação do Orçamento e punindo toda a população. Quando está nas mãos do governo, lhe dá carta branca.

MAIORIA ESCASSA – Como as maiorias são sempre pequenas, também não permite que o governo aprove mudanças mais profundas, que exijam votações superiores a 50%. Pelo mesmo motivo, um impeachment é impossível. Quase não há negociação entre os partidos.

Essa é uma das grandes diferenças da política americana para a brasileira: nosso Congresso é forte. Na verdade, forte até demais, e é o governo que fica sempre contra a parede.

Seja com Lula ou com Bolsonaro, o Congresso se fez protagonista da política e impôs limites ao presidente, bem como traz agendas próprias. Aqui não existe a possibilidade de o presidente governar sozinho. Precisa formar uma coalizão. E tanto os partidos da base podem votar contra o governo quanto os da oposição podem votar a favor em uma série de projetos.

SEM PARALISIA – Também vivemos a polarização —inclusive afetiva— da discussão política. No entanto, isso não se transforma em paralisia legislativa. A representação proporcional garante uma pluralidade de vozes e interesses. O Congresso pende para a direita, mas isso não impede que o governo de esquerda negocie suas pautas e avance com uma agenda de reformas.

Bolsonaro bem que tentou governar sem o Legislativo —ou melhor, contra ele— ao longo de 2019. O Congresso não só não se deixou coagir como ainda aprovou a impositividade das emendas de bancada, aumentando seu poder.

O voto impresso foi outra derrota que o Congresso lhe impôs.

FREIO EM BOLSONARO – Enquanto Bolsonaro tratava a educação como palco para arroubos ideológicos, o Congresso renovou o Fundeb em 2020. Lula, por sua vez, gostaria de ter revertido privatizações e a reforma trabalhista, acabado com a independência do Banco Central; graças ao Congresso, não o fez.

A questão é toda sobre os termos em que a negociação se dá. O PL de Bolsonaro aceitou apoiar Davi Alcolumbre para a presidência do Senado. Isso desagradou parte de sua base de eleitores.

Mas o resultado foi que o partido conseguiu espaços importantes —presidindo a Comissão de Segurança Pública, por exemplo—, que poderá usar para avançar suas pautas.

PODER DO CONGRESSO – Isso é muito mais produtivo do que ficar bradando aos quatro ventos contra tudo e contra todos sem conseguir efetuar mudança nenhuma.

Se você é partidário de Lula ou de Bolsonaro e gostaria de ver seus planos para o Brasil impostos sem limites, o poder do Congresso é sempre ruim. Ele faz com que a mudança profunda seja possível, mas impõe a negociação com o lado oposto.

Quando ela se dá dentro da lei e com transparência, em cima de projetos e propostas, essa negociação deve ser estimulada, não condenada. É mais parte da solução do que do problema.

Uma coisa é apoiar o governo; outra coisa será apoiar o candidato Lula

Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira e o Presidente Lula no Palácio do Planalto

Lira mostrou que o país entrou no semipresidencialismo

Merval Pereira
O Globo

Um sinal de que o presidencialismo de coalizão está no fim, e que o governo Lula está abalado, é a definição dada pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira do que seja o apoio dos partidos a um governo: apoio para governar é diferente de apoio eleitoral, disse ele.

O que significa avisar que os partidos que fazem parte da estrutura governamental não se consideram necessariamente obrigados a apoiar uma candidatura presidencial em 2026 que “esteja afundando”.

APOIO AO GOVERNO – Além de deixar no ar que o governo está mal, mostra uma mudança no equilíbrio dos Poderes. No presidencialismo brasileiro, o presidente da República é eleito diretamente com o apoio de diversos partidos, que idealmente formarão o governo.

Mas como dificilmente, para não dizer nunca, o eleito terá a maioria do Congresso, tem que formar coalizões, muitas vezes, para não dizer quase sempre, incoerentes com o papel que os partidos assumiram na campanha presidencial.

No tempo em que os parlamentares dependiam do Executivo para ter poder, o “presidencialismo de coalizão” funcionava à base de persuasões mais ou menos republicanas.

BOA VONTADE – As emendas dependiam, para serem liberadas, da boa vontade do Executivo com o parlamentar ou partido que as patrocinava. Essa troca de favores pressupunha que a coalizão funcionasse não apenas nas votações no plenário, mas também nas campanhas eleitorais.

Havia também as nomeações para cargos públicos, em estatais principalmente, que foi se degenerando ao longo do tempo, gerando um ambiente corrosivo controlado pelo Executivo, como nos casos do mensalão e do petrolão.

O regime político brasileiro, que durante muito tempo foi um hiperpresidencialismo, colocava o Congresso a reboque do Executivo, o que provocou uma reação dos parlamentares, que passaram ano após ano a forçar um equilíbrio de poder, baseado na liberação das emendas.

AVANÇO DO CONGRESSO – Pouco a pouco, as emendas passaram a ser impositivas, o volume delas foi aumentando, especialmente quando o financiamento privado das campanhas foi proibido, até que chegamos aos dias de hoje, em que os parlamentares dividem entre si R$ 50 bilhões de emendas e mais os fundos eleitoral e partidário.

O Congresso ficou independentes em relação ao Executivo na parte financeira, restando ainda a disputa de poder, que é definida pela influência na máquina do governo.

Passamos a ter um semiparlamentarismo. Ministério sem porteira fechada, nem pensar. O que era uma prática para manter o controle partidário dos governistas nos órgãos estatais, hoje é inaceitável para os parlamentares, que querem o controle completo. É aí que entra a distinção feita por Arthur Lira.

SEM COMPROMISSO – Os ministérios fazem parte do patrimônio dos partidos que os assumem, ocupá-los não significa que este ou aquele partido está comprometido com os projetos do governo. Não há mais pudor em afirmar que apoiar o governo no Congresso é uma coisa, outra muito diferente é apoiá-lo eleitoralmente.

As coalizões brasileiras já não se referem a um governo, mas a uma situação pontual que não exige compromissos além da governabilidade. Esta também não engloba questões ideológicas que envolvam valores morais.

Votar a favor de um projeto na área econômica, por exemplo, que obtenha o consenso parlamentar, está no jogo. Mas debates sobre aborto, armamentos, casamento homoafetivo, tudo isso está na mesa para discussões e pode ser revertido, dependendo das circunstâncias.

VAI ENDURECER – Por isso é previsto que a vida do presidente Lula não melhorará com a troca da presidência do Senado, de Pacheco por Alcolumbre.

Ao contrário, o novo presidente é mais voluntarioso do que o anterior, o que pode criar áreas de atrito entre o Legislativo e o Executivo.

Sem falar no Judiciário, que pode ter problemas a partir da discussão das emendas parlamentares, que estão sendo constrangidas a cumprir a legislação no tocante à transparência, o que, no momento distópico que estamos vivendo, é considerado uma afronta à independência do Legislativo.

Trump abre guerra contra a Justiça e volta a desafiar a Constituição

Análise: Trump sobe tom contra judiciário após restrição a Elon Musk | WW |  FacebookJamil Chade
do UOL

Quando a sede da Corte Suprema dos EUA foi erguida, em 1935, um debate acalorado tomou conta da obra em Washington. Para muitos, o prédio erguido em um estilo antigo não fazia sentido. Mas a escolha por uma arquitetura clássica não era um erro de julgamento dos responsáveis. O objetivo era o de dar a impressão de que o Judiciário sempre esteve ali. Desde os primórdios do experimento da democracia americana.

Um século depois, é justamente o Judiciário que se apresenta como a grande trincheira contra o avanço da extrema direita. Imobilizado, o Congresso americano se transformou em um mero espectador de um governo que caminha para uma autocracia eleitoral.

40 PROCESSOS – Já com mais de 40 processos e tendo barrado alguns dos projetos mais insensatos e desumanos de Donald Trump, as cortes fincaram uma barreira contra o desmonte do estado de direito.

Proporcional à resistência tem sido os ataques de membros do Executivo contra os juízes. Trump, o primeiro presidente condenado criminalmente a entrar na Casa Branca, questionou a validade das decisões dos últimos dias que frearam seu sequestro das instituições. Para ele, os juízes são “politizados” e estão tentando impedir o trabalho de seu governo.

JD Vance, o vice-presidente, rasgou seu diplomata de direito da prestigiosa Universidade de Yale quando sugeriu que um juiz “não está autorizado” a barrar os trabalhos de “um poder legítimo”.

MUSK CONTRA-ATACA – Elon Musk deixou escapar não apenas um gesto totalitário. Mas ao pedir o impeachment de juízes, revelou uma atitude de ataque ao Judiciário que definiu o próprio fascismo.

Trump, JD Vance e seus conspiradores estão apenas repetindo o que a cartilha da extrema direita estipula: mentir, capturar o estado e, se o projeto for barrado pelo Judiciário, desmontar o próprio poder dos juízes. Como escreveu Timothy Snyder, “a pós-verdade é o pré-fascismo”.

Com a mesma cartilha, o partido ultranacionalista Fidesz na Hungria adotou em 2013 reformas para enfraquecer a separação de poderes entre o Legislativo e o Judiciário. Viktor Orbán, assim, passou a controlar os tribunais.

TAMBÉM NA POLÔNIA – Em 2015, o Partido da Lei e da Justiça da Polônia usou sua maioria no parlamento para mudar as leis que regem o Tribunal Constitucional e nomeou cinco novos juízes para a corte. Em 2019, o governo também criou uma nova câmara da Suprema Corte e alterou a lei para permitir que nomeasse e demitisse o chefe da Suprema Corte.

No Brasil, os conspiradores do bolsonarismo também escolheram o Judiciário como o grande inimigo. Assim como fazem os aliados de Trump, o ex-presidente brasileiro indiciado e inelegível anunciou sobre um carro de som que não cumpriria as ordens dos tribunais

Não por acaso, em diferentes partes do mundo, a defesa do Judiciário passou a ser estratégica para barrar a extrema direita.

SALVAGUARDA – Na Alemanha, uma reforma foi adotada em 2024 para reforçar a autonomia da Corte Constitucional e blindá-la contra a influência política. A ideia era de que inimigos da democracia não tivessem uma trilha para desmontar o Judiciário. Todos os partidos apoiaram a ideia. Salvo a extrema direita.

Quando autocratas chegam ao poder, desmontar a independência das demais instituições é central para que seu projeto de sequestro do estado possa existir. Seja para impor sua visão de mundo. Seja para concentrar o poder na mão de uma plutocracia.

Pensar que as instituições vão, por si mesmas, sobreviver e frear o colapso da democracia tem sido o grande erro em diversos países que apostaram na acomodação como estratégia de sobrevivência.

LEMBRANDO HITLER – Em fevereiro de 1933, um editorial de um jornal alemão liderado por judeus tranquilizava os leitores explicando que as propostas dos nazistas de retirar seus direitos ou de colocá-los em guetos não tinham como ser implementadas.

Afinal, pensavam eles, viviam num país com instituições sólidas e uma Constituição a ser respeitada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nos EUA, a Justiça está funcionando e o presidente Donald Trump subiu o tom contra os tribunais. A escalada acontece depois de a Justiça restringir o acesso de Elon Musk aos gastos do Tesouro. Comprem pipocas. (C.N.)

Zelensky teme ser enganado por Trump na reunião com Putin

Zelensky quer acordar plano de paz com Trump antes de falar com Putin - SIC Notícias

Trump quer assumir as ricas jazidas minerais da Ucrânia

Wálter Maierovitch
do UOL

Como sabe até a mitológica deusa romana Libertas, entronizada monumentalmente em Nova York, o neopresidente Donald Trump errou ao afirmar, levianamente, que acabaria com a guerra na Ucrânia em 24 horas.

No momento, existem dúvidas quanto a ter havido em novembro passado, como anunciado por Trump, uma ligação telefônica ao presidente russo Vladimir Putin para acertos futuros sobre a guerra. Para muitos, Trump inventou o telefonema para poder sustentar o tal prazo de 24 horas.

Perguntado pelo repórter do New York Post, ele respondeu: “É melhor que não lhe diga”.

NEM SIM NEM NÃO – A desconfiança veio à tona porque Trump sustentou ter mantido, entre sábado e domingo passados, conversa telefônica com Putin. O Kremlin não confirmou e, com a estratégia de sempre, também não desmentiu.

O presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, preocupou-se e entrou em campo para avisar, com sutileza, seu desejo de participar do tão propalado encontro entre Trump e Putin sobre a Ucrânia. Já teme levar bola nas costas e não vê lógica de ficar fora de conversa que envolve seu país.

“Não podemos permitir que alguém decida qualquer coisa por nós”, frisou Zelensky.

VISÕES DIFERENTES – Trump e Putin têm visões diferentes e, ao que tudo indica, inconciliáveis para se chegar ao fim da guerra.

Trump tem visão mercantilista e míope. Ele, como se fosse um corretor à cata de comissões e não presidente dos EUA, quer receber, em troca da paz, o contido em “terras raras” ucranianas: lítio, urânio e outros minerais. A expressão “terras raras” é do próprio Trump.

Talvez Trump ainda não tenha sido informado que essas reservas encontram-se bem próximas dos russos – -em região próxima ao Donbass (bacia carbonífera do Donests), área pretendida pela Rússia.

10% DO TERRITÓRIO – Putin, que cinicamente afirmou estar preocupado com as mortes na guerra e para lá enviou norte-coreanos como ‘bucha de canhão” (pelo despreparo, morrem como moscas, disse um general ucraniano), quer garantir uma fatia de mais de 10% do território ucraniano, a ser integrado a já conquistada Criméia.

Segundo Trump, na conversa telefônica do final de semana, Putin teria dito: “Toda aquela gente morta. Jovens, belas pessoas. São como os vossos filhos, dois milhões deles”.

Mas e ao contrário do imaginado por Trump, o interesse de Putin não está nos mortos e não se resume às conquistas territoriais. E Zelensky sabe bem disso.

AS EXIGÊNCIAS – Putin não abrirá mão da neutralidade da Ucrânia, ou seja, jamais quer vê-la integrando a Aliança Atlântica (Otan).

Mais ainda, Putin quer a Ucrânia sem exército e armas. E, lógico, não quer assumir nenhuma garantia de que não realizará novas anexações.

Trump não tem a mínima visão de estadista. É apenas um empresário, de visão mercantilista, como afirmei acima.

UCRÂNIA VENDIDA – Zelensky, que já percebeu tudo, pisa em ovos. Numa reunião somente entre Trump e Putin, ele tem certeza que sairá vendido –junto com a Ucrânia.

Zelensky pretende, e esta é a razão da resistência à invasão russa, uma Ucrânia livre, autônoma e independente.

Para a inteligência ucraniana, e Trump não sabe, o presidente russo já projetou investir 10% do PIB na guerra. Putin está calculando a guerra como de longo prazo, depois da gritante falha de informação quando imaginou uma invasão concluída em poucos dias e com aplausos dos ucranianos.

MAIS SOLDADOS – Para os 007 ucranianos, Putin projeta utilizar mais 100 mil novos soldados nos combates.

Keith Kellogg, 80 anos e assessor da Trump para a guerra na Ucrânia, revelou à mídia norte-americana ser preciso uma centena de dias para o governo trabalhar com a tentativa de colocar fim à guerra.

Disse isso porque Trump tomou posse no dia 20 de janeiro e o prazo trombeteado já escoou.

Trama da Usaid contra Bolsonaro é mais uma teoria conspiratória

What cutting USAID could cost the U.S. — and how China, Russia may benefit

Usaid é a maior fornecedora de alimentos a países pobres

Felipe Bailez e Luis Fakhouri
Folha

Na última segunda-feira (3), Elon Musk, que conduz o Departamento de Eficiência Governamental (Doge) na gestão Trump, anunciou que pretende fechar a Usaid, a principal agência do governo americano responsável por administrar programas de ajuda e desenvolvimento internacional.

O presidente Donald Trump ordenou o congelamento de pagamentos e a suspensão massiva de funcionários, resultando no fechamento do site da Usaid e na tentativa de integrá-la ao Departamento de Estado.

TEMA CENTRAL – Esse evento rapidamente se transformou em tema central de discussão no ecossistema de mensagens da direita bolsonarista brasileira, onde mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram monitorados pela plataforma Palver vêm intensificando uma narrativa que associa a Usaid a uma suposta interferência com intenções golpistas nos rumos políticos do Brasil.

De acordo com essa narrativa, a agência estaria envolvida em manobras para influenciar decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e até mesmo para silenciar vozes críticas por meio da censura em redes sociais e aplicativos de mensagens.

Essa narrativa sustenta que a Usaid desvia recursos dos impostos dos Estados Unidos para financiar operações de influência e censura que favorecem determinados interesses políticos.

VITÓRIA DE LULA – Assim, os defensores dessa tese afirmam que, se a agência não estivesse “financiando” tais redes, o resultado das urnas seria outro e o presidente Jair Bolsonaro, retratado como vítima de interferência externa, teria se mantido no poder.

É possível detectar uma ampla disseminação através de mensagens de uma fala de Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado do primeiro governo Trump. Sua fala é utilizada como prova central dessa interferência, afirmando que, “se a Usaid não existisse, Bolsonaro ainda seria presidente”.

O Supremo Tribunal Federal (STF) e o TSE são acusados de adotar decisões que, em conluio com a Usaid, contribuíram para silenciar os apoiadores de Bolsonaro, enquanto Alexandre de Moraes é descrito como um instrumento desse aparato, apoiado por agentes ligados à instituição.

ATÉ SOROS… – A suposta rede de influência se estende também a figuras internacionais como George Soros, apontado como o grande financiador por trás de uma rede de ONGs que colaboram com a Usaid para promover uma agenda globalista, e a Bill Gates, cuja fundação é citada como uma fonte de apoio a projetos controversos alinhados a essa suposta política de censura.

O governo Biden é acusado de manter e financiar instituições que facilitam essa interferência externa, em oposição às iniciativas de Trump e Musk.

Victoria Nuland, por sua vez, é citada como peça chave que teria participado de intervenções em governos estrangeiros, “escolhendo” novos gabinetes antes mesmo de derrubar os antigos.

NÓS E ELES – Essa articulação retórica é reforçada por uma linguagem intensamente emotiva, com termos agressivos como “verme” e “golpe dos golpes”, que dividem o debate político em dois campos antagônicos: “nós”, os patriotas defensores da soberania, e “eles”, os supostos agentes de uma conspiração global.

A repetição incessante de links e referências a vídeos e artigos – na maioria das vezes sem verificação – contribui para uma polarização que fragiliza o debate público, misturando informações distorcidas a críticas legítimas sobre a influência estrangeira na política.

Ao refletir sobre essas acusações, é fundamental lembrar que a narrativa que coloca a Usaid como a grande vilã da interferência política e da censura é, antes de tudo, uma adaptação de teorias conspiratórias antigas, agora recontextualizadas para se adequar ao discurso da extrema direita.

RETÓRICAS ALARMISTAS – Em um momento em que a confiança nas instituições é essencial para a consolidação da democracia, o debate público deve se fundamentar em evidências verificáveis, e não em retóricas alarmistas que apenas ampliam a polarização.

Afinal, a verdadeira soberania não se conquista com teorias conspiratórias, mas com o fortalecimento das instituições e do espírito democrático.

Bolsonaro acha que dois erros formam um acerto na Ficha Limpa

Charge do Alecrim (Arquivo Google)

Mario Sabino
Metrópoles

Um assecla de Jair Bolsonaro, o deputado federal Hélio Lopes, do PL do Rio de Janeiro, propõe que a Lei da Ficha Limpa seja desfigurada por lei complementar. A desfiguração prevê que o período de inelegibilidade de um político ficha suja caia de 8 para 2 anos a partir do cometimento do ilícito e que a condenação impeditiva tenha de ser na esfera criminal, não apenas na eleitoral. Valeria já para a próxima eleição presidencial.

A coisa, portanto, foi pensada sob medida para permitir que Jair Bolsonaro, condenado no TSE pela reunião com os embaixadores para avacalhar as urnas eletrônicas e pelo uso eleitoreiro do 7 de Setembro, possa concorrer à presidência da República em 2026.

MUITO OTIMISMO – É uma malandragem otimista, visto que não coloca no horizonte a quase certa condenação do ex-presidente pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático e organização criminosa.

Como não poderia deixar de ser, Jair Bolsonaro está entusiasmado com a proposta de lei complementar. Para se justificar diante do seu eleitorado, notório por apoiar o texto draconiano da Lei da Ficha Limpa, ele diz que a legislação virou arma política da esquerda e dos tribunais superiores contra desafetos políticos.

De fato, o que vale no Brasil é a máxima segundo a qual aos amigos faz-se o favor e aos inimigos aplica-se a lei.

DO TIPO DILMA = Exemplo inesquecível dessa tradição tropical é o episódio espantoso de Dilma Rousseff ter conservado os direitos políticos ao sofrer impeachment, em inquestionável afronta ao texto da coitadinha da Constituição, graças a uma manobra de Ricardo Lewandowski, que presidia a sessão do Senado que chancelou o impeachment da companheira.

Jair Bolsonaro é, no entanto, mais um espécime brasileiro a tentar convencer a malta desavisada de que dois erros fazem um acerto, em oposição à máxima que diz o contrário. De que se combate a jurisprudência de ocasião com a legislação de ocasião.

TUDO ERRADO – Mas não é porque uma lei certa serve a gente errada que se deve servir a gente errada mudando a lei certa.

O afrouxamento na Lei da Ficha Limpa para beneficiar Jair Bolsonaro abrirá a porteira para que a impunidade grasse ainda mais no ecossistema político, e assim se explica o alvoroço com a proposta de Hélio Lopes na Câmara dos Deputados, onde viceja gente reta e vertical.

Nada é ruim o suficiente que não possa piorar.

Decreto de Trump prepara demissões em massa no serviço público

No Salão Oval, Musk explica, mas não justifica seus métodos

Victor Lacombe
Folha

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto nesta terça-feira (11) ordenando que as agências do governo federal americano preparem um plano de demissões em massa a ser liderado pelo bilionário Elon Musk, à frente do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).

O texto diz que todos os órgãos federais devem se colocar à disposição de Musk e sua equipe, que avaliarão a folha de pagamento e decidirão que cortes serão feitos.

CARGOS-CHAVE – Além das demissões, o decreto prevê novas contratações para cargos-chave —parte da iniciativa de Trump, discutida ainda na campanha eleitoral, de garantir que apenas pessoas leais a ele ocupem as posições mais importantes da burocracia americana.

O decreto, entretanto, estabelece que, para cada quatro servidores federais demitidos, as agências poderão contratar somente um novo trabalhador. A regra não vale para órgãos que lidem com segurança pública ou imigração, e as Forças Armadas não estão inclusas no plano de demissões.

O texto assinado por Trump diz ainda que todas as novas contratações devem ser feitas “em consulta com o chefe da equipe do Doge”, Elon Musk, que decidirá ainda quais vagas devem ser permanentemente fechadas.

ESTADO MENOR – O Doge, que não é um departamento propriamente dito, foi criado por Trump para que Musk pudesse diminuir o tamanho do aparato estatal americano. Na prática, o bilionário vem usando seu poder para pressionar servidores federais a se demitir e fechar agências e programas que ele julga “de esquerda” ou desperdício de dinheiro —como a Usaid, de ajuda externa, hoje num limbo jurídico.

Em entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca ao lado de Trump, Musk disse que os EUA irão à falência sem os cortes de gastos no governo federal propostos por ele.

Foi a primeira vez que o bilionário conversou diretamente com a imprensa desde que se mudou para Washington para assumir o Doge.

SEM CORRUPÇÃO – O empresário disse que suas ações à frente da iniciativa buscam eliminar corrupção e fraude na burocracia, sem citar exemplos ou apresentar provas desses crimes. Segundo ele, seu objetivo principal é “restaurar a democracia”. “Se a burocracia é quem manda, qual o sentido de falarmos em democracia?”, perguntou.

Questionado por jornalistas, Musk descartou a ideia de que ele opera em uma zona jurídica cinzenta sem fiscalização, uma vez que não ocupa um cargo formal em uma agência estabelecida do governo americano.

Segundo uma porta-voz da Casa Branca, o bilionário é um “trabalhador especial do governo”.

TUDO NA JUSTIÇA – Essa zona cinzenta é a lenha na fogueira dos processos judiciais em curso contra Musk e suas ações de cortes de gastos nos tribunais americanos. No sábado (8), um juiz proibiu que o bilionário e sua equipe do Doge tenham acesso ao sistema de pagamentos do Tesouro —uma decisão que Musk, Trump e o vice-presidente, J. D. Vance, criticaram fortemente nos últimos dias.

“A burocracia, que não é eleita, é o quarto Poder, e tem na verdade mais poder do que qualquer representante eleito”, disse Musk nesta terça na Casa Branca —ele próprio uma das pessoas não eleitas mais poderosas do governo americano.

“Ela não corresponde à vontade do povo”, insistiu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A intenção é boa. Gostar gastos supérfluos, combater a corrupção, agilizar o serviço público, tudo isso é necessário. O que causa espanto e revolta é a maneira de fazer, atropelando as leis e as pessoas, de forma impiedosa. Não é um jeito republicano de fazer as coisas, é um procedimento claramente tirânico, que a Justiça tem obrigação de impedir. (C.N.)

Advogado petista ataca Múcio por defender revisão das penas do 8 de Janeiro

Um homem de terno escuro e gravata vermelha está sentado em um sofá, olhando para a câmera. Ao fundo, uma mulher está em uma mesa, visível parcialmente, com um logotipo que diz 'VIVA' em um painel circular. O ambiente é moderno e bem iluminado.

Experiente e seguro, Múcio deu uma bela entrevista à TV

Mônica Bergamo
Folha

Coordenador do grupo de advogados Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, ligados a Lula e ao PT,  diz que as declarações do ministro José Mucio (Defesa) sobre anistia a presos no 8 de janeiro são “estarrecedoras” e “gravíssimas”.

Mucio defendeu na segunda (10), em entrevista ao programa Roda Viva (TV Cultura), diferenciar penas de envolvidos nos ataques. Sobre a possibilidade de anistia, o ministro disse ser uma decisão que pertence ao Congresso Nacional.

VIA WHATSAPP – Trechos da fala de Múcio passaram a ser encaminhados via WhatsApp por advogados que defendem presos no 8/1, e incomodaram membros do Prerrogativas. O grupo é alinhado ao governo Lula e foi criado na época da Lava Lato como reação a medidas da operação.

“Nunca houve, na história de nenhum país do mundo, uma tentativa tão fartamente documentada de golpe de Estado como a que assistimos no Brasil. Algo que não se pode ignorar ou relativizar. Múcio deveria, antes de se pronunciar, ler os autos e os processos. Deveria procurar um advogado. Múcio insultou os que seguem defendendo a nossa democracia e as nossas instituições. Insultou o Supremo Tribunal Federal e o bom senso”, diz Marco Aurélio de Carvalho, em nota.

E segue: “E, ainda pior, insultou milhares de famílias que ainda choram os seus mortos e ainda procuram os corpos daqueles que morreram lutando pela liberdade que ele próprio utiliza agora para passar pano para golpistas. Vergonhoso”.

SEM ANISTIA – O advogado diz, entretanto, que “não podemos deixar de reconhecer a lealdade do ministro Mucio ao presidente Lula e a importância de sua gestão na estabilização das relações do governo com as Forças Armadas”. Mas ressaltou:

“A anistia não é e jamais será o melhor caminho para reconciliar um país ainda tão dividido pelo ódio e pela intolerância. Esperamos, pois, que o ministro se some aos que não pretendem se omitir ou se esconder na conveniência do silêncio.”

Em momentos da entrevista, Mucio chegou a chamar os ataques de “golpe”, mas recuou e posteriormente argumentou que apenas o julgamento da Justiça poderá dizer se houve um ataque para derrubar ou não o governo Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGJosé Múcio está corretíssimo. O Supremo julgou atos coletivos, ao invés de fazer julgamentos individuais, em que cada um responde exclusivamente pelo que fez. O advogado Marco Aurélio de Carvalho parece desconhecer esta lei. É lamentável. (C.N.)

Receita poética de Hilda Hist para curar os ferimentos do tempo

Revista CULT - Hilda Hilst (1930 - 2004) | FacebookPaulo Peres
Poemas & Canções 

A ficcionista, dramaturga, cronista e poeta paulista Hilda Hilst (1930-2004) usa o poema “Penso Linhos e Unguentos”, para os ferimentos que o tempo produz no coração.

PENSO LINHOS E UNGUENTOS
Hilda Hilst

Penso linhos e unguentos
para o coração machucado de tempo.
Penso bilhas e pátios
Pela comoção de contemplá-los.
(E de te ver ali à luz da geometria de teus atos)

Penso-te
Pensando-me em agonia. E não estou.
Estou apenas densa
Recolhendo aroma, passo
O refulgente de ti que me restou.

Líder do PL acredita que a anistia vai entrar logo na pauta da Câmara

Tribuna da Internet | Anistiar Bolsonaro significa suicídio democrático e  convite à baderna

Charge do Fred Ozanan (Paraíba Online)

Bela Megale
O Globo

Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entraram em campo com o foco de conseguir votos para aprovar o projeto que anistia os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Integrantes da cúpula do PL relataram que ambos têm procurado presidentes dos partidos, na tentativa de fazer com que a proposta seja pautada o quanto antes na Câmara dos Deputados.

PRIMEIRO, OS VOTOS – As lideranças do PL, no entanto, se comprometeram com o presidente da Casa, Hugo Motta, a pleitear que o assunto só seja apreciado no plenário depois de terem os votos necessários para a anistia.

As conversas de Valdemar e Bolsonaro com os presidentes dos partidos têm ocorrido separadamente, já que ambos estão proibidos de se falarem, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

OUTROS LÍDERES – Em paralelo, deputados do PL na Câmara têm conversado com lideranças de outras legendas na busca de votos. Entre os partidos que estão na mira dos bolsonaristas estão o Republicanos e o PSD, já que o União Brasil é a sigla do relator da proposta.

Entre os deputados mais empenhados em angariar apoio para a anistia está o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante. Como informou a coluna, ele tem feito projeções otimistas sobre a data em que o projeto poderia ser pautado e avalia que há chance de isso ocorrer nas próximas semanas, antes do Carnaval.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
O pastor Sóstenes Cavalcanti, autor do projeto, tornou-se líder do PL, o que facilitará a tramitação, porque depende do colégio de líderes e do presidente Hugo Motta, claro. Antes de sair, Arthur Lira convocou uma comissão para analisar o projeto. Portanto, o primeiro passo de Motta será pedir que os líderes anunciem os membros. Só depois de formada a comissão é que o projeto começa a tramitar, com aprovação quase certa, na minha opinião, por motivos que depois mencionarei. (C.N.)

Inflação abranda, e não há mais justificativa para juros tão elevados

Há um descompasso entre a inflação real e a taxa de juros da economia

Pedro do Coutto

A inflação oficial em janeiro de 2025 recuou para 0,16%, a menor taxa para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em 1994. O INPC, que mede a inflação das famílias com renda de até cinco salários mínimos, não variou (0%). Os resultados não serviram para aplacar a sede do mercado financeiro, ou melhor, a sede de juros altos.

Os analistas financeiros se dividiram, uns vendo baixa nos preços dos alimentos, mas se alarmando com os serviços, enquanto outros observaram justamente o oposto. Apesar de o índice, no acumulado em 12 meses, ter ficado bem próximo do teto da meta de inflação, em 4,56%, o mote no mercado financeiro é de que o caos se aproxima.

DESACELERAÇÃO – Na economia real, a situação é diferente. O índice oficial tem desacelerado a inflação, convergindo para o centro da meta, e a combinação de diferentes instrumentos tende a contribuir com a melhora do quadro inflacionário, não apenas a calibragem periódica da taxa de juros. O grupo de alimentos ainda tem uma pressão inflacionária forte, marcada pelos fatores climáticos, pelo câmbio e pela conjuntura de produção e de colheita no mundo.

Porém, a expectativa é que haja uma desaceleração nos próximos meses, motivada inclusive por um câmbio mais favorável. Durante o último bimestre do ano, o mercado sofreu uma pressão altista na taxa de câmbio, que consequentemente produz um efeito em cascata sobre os demais preços da economia.

Com um processo de desaceleração ou redução gradual da taxa de câmbio, consequentemente, a pressão inflacionária sobre produtos que são negociados internacionalmente, tende a diminuir. Então, a expectativa é que a inflação se mantenha nessa tendência nos próximos meses.

TAXA BÁSICA – A menor pressão inflacionária abre espaço para uma taxa básica de juros menos ortodoxa, como está sendo adotada ao longo dos últimos meses. Ou seja, temos um descompasso entre a inflação real e a taxa de juros da economia. Aumentar a taxa de juros não produz um efeito direto sobre esses itens, que são muito voláteis, mas acaba produzindo um efeito negativo sobre a economia, impedindo que a capacidade produtiva do país seja aumentada, se expanda e se tenha a possibilidade de ter um crescimento econômico com menor pressão inflacionária no médio e longo prazo.

Então, só com os juros mais civilizados o país terá a capacidade de competir internacionalmente em melhores condições e ter uma economia que cresça sem os gargalos estruturais. Nesse sentido, há espaço para um processo mais adaptável da taxa básica de juros, ao invés do que o mercado financeiro anda projetando com taxa de juros acima de 15% neste ano.

Se conseguir cumprir 50% das suas promessas, Trump sairá consagrado

Trump impõe tarifas a China, México e Canadá - 01/02/2025 - Mercado - Folha

Excêntrico, devasso e pedante, Trump é um bom político

Denis Lerrer Rosenfield
Estadão

É Donald Trump “louco”? Bravateiro? A seguir boa parte da cobertura midiática e jornalística, o mundo estaria à beira da falência.

Outros o qualificam como “colonialista”, “imperialista”. Todavia, tais apelações apenas expõem a perplexidade da esquerda e de autointitulados “especialistas”, que procuram tão só aferrar-se a suas ideologias.

FINO ESTRATEGISTA – A questão consiste, porém, em que. quando não se entende um fenômeno, a única alternativa reside na repetição de velhas fórmulas e ações infrutíferas. Se há loucura em Trump, é a que se faz com método.

Apesar de seu estilo desagradar a muitos, Trump é um fino estrategista. Sabe utilizar as armas que tem à sua disposição: a força militar e o poderio econômico. Não se atém nem a tratados internacionais com nações amigas, como o tratado de livre comércio com o México e o Canadá. Terminou a era em que o discurso democrata politicamente correto simulava ditar as cartas, que eram simplesmente desrespeitadas. O diálogo, agora, torna-se subsequente à ameaça, que pode tornar-se realidade a qualquer momento.

NOVO PARADIGMA – Trump está introduzindo um novo mindset, um novo paradigma geopolítico. E a partir dessas novas ideias, novas ações surgirão. Em nosso continente, os resultados já se fazem sentir. Na Colômbia, o governo esquerdista de Gustavo Petro tentou enfrentar Trump e foi literalmente humilhado.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, ao dar-se conta de que Trump não recuaria no aumento da tributação dos produtos importados de seu país, comprometeu-se a controlar a imigração ilegal e o narcotráfico.

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, tentou fazer frente ao presidente americano. Retrocedeu imediatamente na visita de Marco Rubio, ministro de Relações Exteriores, inclusive saindo da Rota da Seda.

CHINA E BRASIL – Assinale-se, ainda, duas atitudes que destoam dessas reações iniciais: China e Brasil. A China respondeu moderadamente e, pasme-se, recorreu à Organização Mundial do Comércio. Os comunistas recorreram a uma agência internacional criada para regrar o livre comércio internacional segundo uma lógica liberal!

Lula da Silva foi igualmente comedido. Não teve nenhum arroubo e orientou a diplomacia brasileira a evitar qualquer atrito. Mudou o seu discurso anterior de enfrentamento com Trump. Igualmente emitiu uma nota, muito bem elaborada, condenando o antissemitismo e relembrando os horrores do Holocausto. Parece aí sinalizar para uma trégua com o Estado de Israel, a depender de seus próximos passos.

O CASO DE GAZA – Trump pensa fora das ideias recebidas. Sua postura relativa ao Oriente Médio é uma prova disso. De nada adianta repetir as mesmas fórmulas e os mesmos fracassos. Reconstruir Gaza! Como? Reerguendo a estrutura do terror?

Quando Ariel Sharon saiu de Gaza em 2005, coube aos palestinos exercerem a sua autodeterminação. O que fizeram? Primeiro, entraram em uma guerra civil entre o Hamas e o Fatah, com a vitória do primeiro, lançando centenas dos membros do segundo de altos edifícios.

Posteriormente, o Hamas não se preocupou com o bem-estar material dos palestinos. Pior, veio a utilizá-los como escudos humanos. A ajuda humanitária foi desviada para a construção de túneis e a aquisição de armamentos.

CONQUISTA DO HAMAS – A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) tornou-se um mero instrumento do terror. A destruição de Gaza é uma das grandes conquistas do Hamas. E querem eles agora ditar os termos de um acordo que lhes permita voltar à situação anterior?

A retórica de Trump não deixa de ser desconcertante ao propor uma nova “Riviera do Oriente Médio”. Para além da imagem, o problema colocado é importante.

A reconstrução de Gaza não pode ser feita sem um deslocamento populacional, salvo se essas pessoas ficarem expostas a tendas e às intempéries durante um período de 10 a 15 anos.

SEM DOIS ESTADOS – Claro que qualquer deslocamento deve ser voluntário, com garantias a serem estabelecidas entre as partes. Se essa ideia não for aceitável, que outros atores apresentem soluções factíveis.

Clamar pela solução de dois Estados está agora fora do horizonte após o massacre de 7 de outubro. Historicamente, os árabes recusaram a partição da Palestina conforme a proposta da Comissão Peel nos anos 1940, não aceitaram tampouco a partição da ONU em 1947, tendo como único objetivo a destruição do Estado de Israel.

Tentaram novamente eliminar o Estado judeu nas guerras de 1967 e 1973. Yasser Arafat recusou a criação de um Estado palestino, com pequenas correções territoriais, proposto pelo ex-presidente Bill Clinton e pelo ex-primeiro-ministro israelense Ehud Barak. As guerras do Hamas são apenas o epílogo desse longo processo destrutivo.

ESTILO PORTO RICO – Trump busca novas soluções. Se ganhar 50% do que está propondo, já é uma grande vitória. Talvez tenha em vista a proposta do ex-embaixador americano em Israel, David Friedman, visando a criar uma entidade palestina juridicamente semelhante à associação de Porto Rico aos EUA.

Gozo pleno da cidadania, Estado de bem-estar social, liberdade de trabalho e estudo, sem, no entanto, ter independência em questões de defesa, de relações exteriores e tributárias.

O objetivo é uma vida digna.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGInstigante matéria, enviada por Mário Assis Causanilhas, que aumenta a polêmica sobre Trump. (C.N.)

Maior culpado pela anistia chama-se Alexandre de Moraes, vulgo “Xandão”

Tribuna da Internet | Moraes não aprende com os erros e está envergonhando o Supremo

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

A anistia aos envolvidos na repressão e na luta armada na ditadura de 64 foi discutida em profundidade, mostrou-se absolutamente necessária, e o país conseguiu permanecer 45 anos seguidos em normalidade democrática.

Agora, o Congresso se prepara para votar outra anistia, em função dos acontecimentos do final de 2022 e início de 2023. Mas a situação é muito diferente, a anistia atual jamais deveria sequer ser cogitada, embora já caminhe para se tornar realidade.

MAIOR CUJPADO – Se existem alguns culpados por essa desnecessária e incômoda anistia, não há dúvida de que o principal deles é o ministro Alexandre de Moraes, que passou a ser chamado de “Xandão” devido ao inconveniente rigor nas condenações, que foram absurdamente seguidas pela maioria dos ministros do Supremo.

Se Moraes não tivesse chamado a si a responsabilidade de julgar os envolvidos no 8 de Janeiro, deixando que os juízes federais de primeira instância cuidassem do assunto, não teria havido tanta injustiça, a ponto de levar os parlamentares a apoiar esse novo projeto de anistia.

Em reação ao destempero de Moraes, o presidente da Câmara Hugo Motta, logo após assumir, foi claro ao considerar exagerada a dosimetria das penas.

FALSOS TERRORISTAS – Moraes cometeu erros seguidos. Um deles foi declarar “terroristas” todos os réus. Na Praça dos Três Poderes foram presos 243 suspeitos – 161 homens e 82 mulheres. No dia seguinte, a PM prendeu mais 1.927 que não tinham deixado o acampamento.

Os verdadeiros terroristas, que se infiltraram na manifestação, eram os militares “kids pretos”, que lideram o quebra-quebra, mas nenhum deles foi preso. Mas também poderiam ser considerados terroristas os três trapalhões que foram presos depois, por tentar explodir no aeroporto um caminhão-tanque na véspera de Natal – George Washington Oliveira, Alan Diego dos Santos e Wellington Macedo de Souza.

PENAS PEQUENAS – George Washington, o líder, foi condenado a nove anos e quatro meses de regime fechado; Alan Diego pegou cinco anos e quatro meses de reclusão; e Wellington Macedo de Souza foi condenado a seis anos de prisão. Todos já estão em liberdade condicional.

Enquanto isso, os 1.430 eternos suspeitos do 8 de Janeiro pegaram entre 13 e 17 anos e continuam presos. A comparação mostra condenações injustas de Moraes, que prendeu como “terrorista” até um morador de rua.

O ministro errou também ao julgar crimes dos quais alegava ser vítima. Deveria ter se considerado “suspeito”, mas quem se interessa?

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P.S. 1
Os parlamentares do PT, PSOL e PCdoB estão unidos contra a anistia, mas a maioria do Congresso acha que é medida necessária e muitos querem dar um jeito de livrar Bolsonaro, como aconteceu na ilegal descondenação de Lula da Silva. Se isso ocorrer, não tenham dúvidas, a culpa é de Moraes e da grande maioria do Supremo, que se curva diante de suas decisões ditatoriais.  

P.S. 2 – Mas o castigo vem a cavalo. Agora, o poderoso Xandão passa pelo constrangimento de ser inquirido pelo relator especial para liberdade de expressão da OEA, o colombiano Pedro Vaca Villarreal. Teria sido muito melhor votar na forma da lei do que bancar o machão. (C.N.)

Gaza como Riviera do Oriente Médio devia ser o projeto palestino

Costa da Faixa de Gaza que pode ser usada para corredor humanitário marítimo -- Metrópoles

Israel e EUA querem se apossar do território palestino

Mario Sabino
Metrópoles

Leitores cobram deste colunista, pobre de mim, um comentário sobre a fala de Donald Trump a respeito de os palestinos serem evacuados da Faixa de Gaza, de ela passar a ser administrada pelos Estados Unidos e da sua transformação em Riviera do Oriente Médio.

É um factoide, mais um, do presidente americano, que guarda proporcionalidade no seu absurdo com os gritos dos antissemitas sobre a eliminação de Israel e a formação de uma Palestina que iria do Jordão até o Mediterrâneo, embora pouquíssimos deles saibam dizer tanto o nome do rio como o do mar.

APOIO A ISRAEL – A declaração abilolada de Donald Trump deve ser levada em consideração pelo seu subtexto: o de reafirmar que o presidente americano está fechado com a direita radical israelense, não fará nenhuma pressão pela criação de um estado palestino e, pelo contrário, apoiará a política de Benjamin Netanyahu e dos seus asseclas de continuar a estabelecer colônias israelenses na Cisjordânia.

Quando Donald Trump disse o troço, fui além dessa constatação e perguntei a mim mesmo, visto que não poderia perguntar ao meu cachorro, por que não ocorre aos próprios palestinos transformar a Faixa de Gaza na Riviera do Oriente Médio, o que geraria benefícios também para a Cisjordânia?

É POSSÍVEL – Por que não admitem a realidade incontornável de ter de conviver com Israel, não chutam o Hamas do poder, não dão uma banana para o Irã e não abraçam o projeto de desenvolver o seu território?

Não sou tão ingênuo a ponto de achar que tudo isso é fácil, mas o caminho difícil não significa que ele é impossível, como já demonstraram outros povos, que superaram dificuldades internas e saíram da pobreza para a prosperidade.

Imagino que, com um projeto de desenvolvimento ousado, os palestinos poderiam contar com o apoio da Arábia Saudita, por exemplo, que veria na Faixa de Gaza um ótimo negócio financeiro e também geopolítico para se contrapor aos iranianos. Em um segundo momento, os Estados Unidos também não perderiam a oportunidade de investir na região, e até os Trump ergueriam um hotel por lá.

GRANDE POTENCIAL – Uma Palestina disposta a usar o seu potencial turístico e avançar economicamente, abandonando ódios ancestrais e renunciando ao terrorismo, teria mais apoio internacional para ser reconhecida como estado independente e se mostraria suficientemente confiável para que Israel aceitasse o fato. Interesses econômicos comuns são o melhor caminho para a paz.

Gaza como a Riviera do Oriente Médio deveria ser o projeto palestino. Mas eles precisariam se livrar da servidão voluntária aos canalhas do Hamas e aos corruptos da Autoridade Palestina.