Uso do termo “genocídio” para a reação israelense visa à condenação dos judeus

Presidente Lula conversa com o presidente da Autoridade Palestina — Planalto

Lula devia parar de falar em “genocídio” dos palestinos

Demétrio Magnoli
Folha

Amin al-Husseini, mufti de Jerusalém, deflagrou em 1936 a Revolta Árabe na Palestina britânica. No exílio, em novembro de 1941, redigiu uma declaração conjunta com a Alemanha nazista e a Itália fascista destinada a “resolver” a “questão judaica” no Oriente Médio “como foi solucionada na Alemanha e na Itália”. O documento paradigmático continua, até hoje, a nortear os defensores da eliminação do Estado de Israel.

A guerra de 1948 nasceu da rejeição da Liga Árabe à bipartição da Palestina aprovada pela ONU. A Guerra de 1967 foi precipitada pela aliança entre Egito e Síria baseada no objetivo de supressão do Estado judeu. O Hamas, fundado com uma carta que reafirma o antigo objetivo exterminista, surgiu em campanha de terror contra os Acordos de Oslo de 1993. A guerra em Gaza representa a continuação da resistência judaica ao plano de varrer os judeus da Terra Santa formulado em 1941.

PROPAGANDA – Os parágrafos anteriores parecem história, mas são propaganda. O método que os orienta é a seleção e descontextualização, não a falsificação. Eles obedecem à estratégia de produzir uma narrativa de conspiração. Foi assim que Arlene Clemesha, professora de História Árabe na USP, escreveu seu artigo sobre a Nakba. A diferença: no lugar de propaganda pró-Israel, fabricou propaganda anti-Israel.

O também professor e cientista político Leonardo Avritzer já refutou essa narrativa histórica enviesada, evidenciando os matizes e a complexidade da questão. Resta iluminar o lugar da conspiração no discurso ideológico de Clemesha.

Narrativas de complô adoram textos originários: o plano dos conspiradores. Pode ser a declaração Husseini/Hitler ou, na versão de Clemesha, o Plano Dalet. O documento, um entre tantos produzidos por atores diferentes, nos dois lados, em épocas e contextos diversos, emerge no artigo dela como a prova de algo como uma “Nakba permanente”. O artigo é sobre a guerra atual, embora simule abordar a guerra de 1948.

CONSPIRAÇÃO JUDAICA – O ponto relevante: a noção de uma conspiração judaica apoiada num plano escrito tem sua própria história. A fonte do antissemitismo contemporâneo encontra-se nos Protocolos dos sábios de Sião, a fraude policial inventada na Rússia czarista sobre um projeto de dominação mundial articulado por sombrios líderes judeus.

No artigo de Clemesha, o Plano Dalet cumpre a função dos Protocolos. Seria um roteiro ancestral seguido por sucessivos governos sionistas com o objetivo de concluir a despossessão palestina. Sábios de Sião, parte 2.

Arlene Clemesha não quer a paz em dois Estados. Acha que israelenses e palestinos precisam “encontrar formas de viverem juntos, do rio ao mar” –a senha do “Estado único” inscrito na carta do Hamas de 2017, cujo pressuposto óbvio é o desaparecimento de Israel. Para isso, sugere um intercâmbio esdrúxulo destinado a “gerar a reparação”: o reconhecimento dos sofrimentos dos judeus no Holocausto e dos palestinos na Nakba.

E A REPARAÇÃO? – A equiparação dos dois eventos é, quase, negação do Holocausto. Mas o truque vai além. A “reparação” pelo Holocausto não caberia jamais aos palestinos, que não participaram do genocídio nazista. Já a “reparação” pela Nakba caberia a Israel, a quem o artigo atribui veladamente a autoria de um genocídio continuado. Finalidade: traçar um sinal de equivalência entre o Estado judeu e a Alemanha de Hitler.

O artigo não surpreende: nove anos atrás, na hora do massacre terrorista da redação do Charlie Hebdo, Clemesha atribuiu às vítimas a responsabilidade por suas mortes. O que deveria surpreender é o uso ritual do termo “genocídio” para mencionar a operação de guerra israelense.

Lula faz isso, noite e dia. Prefere, sempre, “genocídio” a “crimes de guerra”. Há um motivo para isso, exposto de modo (mal) oculto no artigo de Clemesha: não se trata de condenar atos desse ou daquele governo de Israel, mas de condenar inapelavelmente o próprio Estado judeu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Belíssimo artigo de Demétrio Magnoli. É inaceitável a demonização que fazem dos judeus. O problema é que os palestinos islamitas transformaram Israel num motivo para morrerem como heróis. Na verdade, são escravos em vida, acorrentados por uma religião que lhes proíbe a alegria de viver, aprisiona as mulheres e persegue os homossexuais. Assim, a maioria dos jovens islamitas prefere ir logo para o paraíso, onde cada um é esperado por 72 virgens e um punhado de viúvas sedentas de amor. Quando morrem, seus pais se orgulham, é uma inversão total de valores. Os islamitas acreditam nisso, ninguém jamais conseguirá vencê-los sem guerra. Depois de destruírem os judeus, vão atacar os cristãos, os espiritualistas, os ortodoxos, os umbandistas, será um nunca-acabar. Como dizem os árabes, “Maktub” (Assim estava escrito), (C.N.)

11 thoughts on “Uso do termo “genocídio” para a reação israelense visa à condenação dos judeus

  1. A intolerância ganha longe nesse conflito, não é possível apontar o dedo e dizer que a culpa é dos árabes ou judeus. Indo na 25 de Março em São Paulo ou na Uruguaiana no Rio de Janeiro vemos árabes e judeus vivendo sob o mesmo lugar de forma democrática. É possível viver em paz, desde que se construa a paz com respeito, harmonia e bom senso. A grande maioria dos Palestinos e Judeus querem a paz e isso seria resolvido no momento em que ocorreu foi criado os estados de Israel e Palestina, as decisões da ONU fossem obedecidas. Israel não reconhece a Palestina como um país, entrando dentro da Palestina com os assentamentos começam os conflitos e o ódio só cresce com o decorrer dos anos.

    Ambos os lados cometeram barbaridades, hoje Israel luta contra o Hamas e tem a opinião pública mundial condenando os seus atos, voltando o fantasma do antissemitismo. Mesmo que Israel mate todos os membros do Hamas, o próximo grupo que surgir será mais forte pois. Basta olhar os vários civis mortos, órfãos, pessoas que perderam muitos entes queridos que não tem mais nada a perder além de se envolver nesse conflito de ódio.

    Benjamin Netanyahu encontrou uma formar de se manter no poder com essa guerra. Ajudou a o Hamas a crescer para tirar a força da Autoridade Nacional Palestina, porém o Hamas cresceu e agora mostra as suas garras, que precisa manter o conflito vivo para justificar a sua existência.

    O cenário hoje é muito diferente de 30, 40 anos atrás. A guerra eletrônica está levando os conflitos para outro nível, a OTAN está levando o pau da Russia que mostrou ter um poder bélico maior que o da Europa. Os EUA estão perdendo o posto de xerife do mundo, a sua indústria bélica deixou de priorizar a eficiência militar para priorizar o dinheiro. EUA não conseguem suprir a Ucrania e Israel com munição ao mesmo tempo, imagina se estourar um outro conflito de grandes proporções no mundo?

    A Marinha do mundo não está preparada para uma guerra com mísseis e drones, a guerra da Ucrania está mostrando isso e os inimigos dos EUA estão muito a frente nesse ponto. Irã dependia dos outros países com relação a armamento há uns 30 anos atrás e hoje exporta armas para o mundo. A China além de oferecer armas e peças, tem um custo de produção 5 vezes ou até mais barato comparado ao custo de produção dos EUA.

    Se hoje o Hezbollah resolver entrar nesse conflito, junto com Irã, Síria e com o apoio dos Houthis, Russia e China tenha certeza que Israel some do mapa. O Iron Dome não segura um ataque sério do Hezbollah que possui cerca de 150 mil misseis sendo 1/3 de grande precisão.

    Não é uma situação fácil de contornar, Israel gasta entre 8 e 15 milhões de dólares dia (esse números não são precisos), com chances de estourar uma crise no petróleo e graças aos Houthis, o preço do frete está subindo de forma absurda pela embarcações que passam pelo Golfo de Adem. O tempo é inimigo que Israel, conforme esse conflito se estende. Israel gasta mais. Os assentamentos judeus precisam ser remanejados (mais gastos) com isso Israel gasta mais. Não tem um contingente militar tão grande quanto os demais países e com isso Israel gasta mais. Hoje cerca de 7% da polução de Israel está envolvida na Guerra, um número significativo de Jovens que tinham outras funções antes da guerra e com certeza com essa nova ocupação, impacta de forma significativa na economia e com isso Israel gasta mais…

    Não existe solução smples para esse conflito, agora precisa apagar o fogo que com certeza vai voltar queimar mais forte mais a frente. So a tolerância, respeito, senso de harmonia e coletivo podem ajudar esses povos a sair dessa sangrenta batalha.

  2. Elucubrar sobre guerra é o mesmo que fazer um bolo, o confeiteiro coloca o sal e o açúcar e outros ingredientes ao seu gosto e receita.
    Vou confeitar meu bolo assim, uma guerra nuclear varreria não só Israel do mapa, acabaria com a humanidade como a que conhecemos.
    O arsenal nuclear existente hoje no mundo daria para extinguir a vida humana da face do planeta umas cem vezes, mas, basta uma só.

  3. A retaliação de Israel extrapola os limites da razoabilidade. Admitir que, em nome da necessidade de acabar com o grupo Hamas, possa haver qualquer tipo de barbaridade, soa como algo macabro.

    Pelo que entendi, o autor critica o uso de termo genocídio (como se a definição fora algo ofensivo), mas não percebi qualquer crítica aos efeitos colaterais terríveis do combate ao Hamas, tampouco as razões que levaram os Palestinos a elegerem o grupo como seu governo..

    Abaixo, há o histórico da palavra genocídio. Cada qual pode chegar às suas próprias conclusões: https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/what-is-genocide

  4. O que o Israel está fazendo em Gaza é genocídio. Transformou a faixa em gueto e massacra os palestinos, que não têm como se defender. Uma pergunta inocente: depois de 20 mil homicídios, onde estão os sequestrados?

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