New York Times se perdeu e suprime a opinião da direita, diz seu ex-editor

O artigo saiu na revista digital 1843, no site da The Economist

Nelson de Sá
Folha

No longo texto “Quando o New York Times se perdeu” (ou perdeu seu caminho), James Bennet, ex-editor de Opinião do jornal e hoje colunista da Economist, relatou o que teria levado à sua demissão pelo publisher em 2020 —sob pressão de parte da Redação, após publicar artigo do senador republicano Tom Cotton.

“O NYT está virando a publicação pela qual a elite progressista dos EUA fala consigo mesma sobre uma América que na verdade não existe”, escreve ele. “Os leitores estão recebendo uma gama muito restrita de pontos de vista, por uma publicação que ainda se apresenta como independente da política.”

DIREITA ALIJADA – Para Bennet, no episódio a chefia da Redação cedeu ao “iliberalismo” de parte de seus jornalistas, de esquerda, dando início à supressão de um dos lados do debate político, a direita.

O texto descreve especificamente como o publisher A.G. Sulzberger teria cedido, após dias de revolta interna e de leitores, e falado para ele, Bennet, pedir demissão. Afirma ter faltado “coragem”. Sulzberger respondeu em nota no site corporativo do NYT:

“James foi um parceiro valoroso, mas o ponto onde eu me separei do caminho dele foi na questão de como fazer valer esses valores. Princípios por si só não são suficientes. A execução é importante. A liderança é importante.”

SEM CORREÇÃO – É referência à forma como o artigo de Cotton foi editado pela equipe de Bennet, com partes que, no entender de Sulzberger, deveriam ter passado por correção e contextualização.

Tanto Bennet como Sulzberger citam um artigo escrito depois pelo próprio publisher na Columbia Journalism Review, em que defendeu o “jornalismo independente” como valor essencial, contra as pressões, inclusive internas, por maior ativismo a partir da eleição de Donald Trump. É a discussão de fundo, hoje, na imprensa americana, sobre abandonar a busca de objetividade.

A discussão em torno de Bennet é ampla, entre jornalistas dos EUA. O ex-editor diz que concorda com o artigo, mas que, quando foi necessário defender essa independência, o publisher não resistiu.

MEIO E MENSAGEM – Sulzberger diz que ele e Bennet sempre concordaram, mas que o ex-editor constrói uma “falsa narrativa” — e que hoje o jornal tem, na verdade, “um mix muito mais diversificado de opiniões, inclusive vozes mais conservadoras”.

O texto saiu na revista digital 1843, no site da Economist, e a edição semanal da revista partiu das ideias levantadas por Bennet para o editorial de capa “O meio e a mensagem”, com o subtítulo “É possível ter uma democracia saudável sem um conjunto comum de fatos?”, apontando a próxima eleição americana como um teste.

Também a reportagem “A imprensa partisan” (partidária ou que toma posições), destacando que “NYT e outros meios de comunicação falam cada vez mais para aos seus próprios campos”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Caramba, se lá na matriz USA o problema da polarização chegou a esse ponto, o que poderá acontecer na filial Brazil? Tenho até medo desses “democratas”. (C.N.)

10 thoughts on “New York Times se perdeu e suprime a opinião da direita, diz seu ex-editor

  1. É claro que a manada de extrema direita dos EUA é muito maior que a do Brasil, por isso a polarização é maior.
    No Brasil a mídia com artigos de distorções dos fatos e desinformação, nas redes sociais, com robôs, anônimos entre outros, espalhando fake news e calunias. Evidentemente há a ração de quem é contra que vê nisso um vale tudo.
    Nos EUA Trump vai ter de pagar US$ 148 milhões por calúnia às duas funcionárias negras depois de arrasar a vida delas. Tump acusou que elas cometeram fraude e fez ele perder às eleições.
    Aqui no Brasil as sanções são de pagamentos irrisórios ou cestas básicas. Por isso as calúnias e pichações fazem parte da política rasteira brasileira, o que gera reação e polarização..
    Michelle na live de 6ª feira fez um relatório dos gastos do Lula em suas viagens ao exterior, sem dizer a fonte e disse que Lula fez 1883 viagens nos avião da FAB.
    Fica a pergunta: como uma pessoa pode fazer 1883 viagens num espaço de tempo em menos de um ano?
    Essas lives e viagens de Michelle faz pelo Brasil, é campanha eleitoral para às eleições para o senado na Paraná que vai acontecer, com a cassação do mandato de Moro.
    Nas viagens ao exterior, Lula tratou da defesa de interesses do Brasil conseguiu R$ 200 bilhões de investimentos com proposta de mais R$200 bilhões no futuro.
    O que Bolsonaro trouxe para o Brasil em suas várias viagens a Arábia Saudita? As viagens do ex-presidente custou ao Brasil mais de R$ 120 milhões, sem nenhum benefício para o Brasil.

  2. “O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira, 24, que a elite do Brasil não se preocupa se há pessoas com hanseníase segregadas pelo País. Ele deu a declaração em cerimônia no Palácio do Planalto.

    “Não pensem que um grã-fino qualquer vai se preocupar com alguém que está com hanseníase, que mora numa colônia lá no Estado do Amazonas. Não pensem que alguém da elite desse País, da elite política, vai se preocupar com alguém que está segregado numa colônia lá em Cruzeiro do Sul no Estado do Acre”, disse o presidente da República.

    “Não pense que alguém vai se preocupar com alguém que está confinado e segregado numa colônia em Betim, ou em qualquer outro lugar desse País”, declarou Lula.

    “Eu queria que vocês compreendessem que governar para pobre, governar para negro, governar para a periferia, governar para pessoas com deficiência, governar para pessoas que compõem a maioria desse país que são as pessoas que labutam das 5 da manhã às 10h da noite para ganhar o pão de cada dia. Para governar esse país é muito difícil”, disse ele.

    “Muito fácil é contratar um viaduto, muito fácil é contratar uma ponte. Se bem que tudo isso é muito importante para o país. Muito fácil é contratar até uma ferrovia. Muito fácil até fazer uma universidade. Difícil é você lembrar que tem gente que não vai usar essa estrada, que não usar essa ferrovia, que não vai nessa universidade, e que você precisa ir até elas para dizer ‘se vocês não podem vir até mim, eu venho até vocês'”, declarou o petista.

    O presidente falou em cerimônia de sanção do projeto de lei que cria pensão para filhos de pessoas com hanseníase submetidas compulsoriamente a isolamento ou internação.

    Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2023/11/24/lula-elite-nao-se-preocupa-se-alguem-esta-segregado-com-hanseniase.htm

    Em suma:
    1) “negros e pobres” não rendem a mesma propina que pontes, viadutos e universidades.

    2) o larápio se sentiu o próprio Maomé, dirigindo-se à montanha.

    3) O que significa “contratar” viaduto, ponte, ferrovia ?

    4) Negros e pobres, compreendam:

    “Num” vai “dá” pra “fazê” tudo que prometi. É muito difícil. Continuem votando.

    • O problema do nazismo: quando os veículos de comunicação passam a ignorá-lo, estão perdidos. Coisa nenhuma. Aqui, no Brasil, o Bozonazismo reage da mesma forma. Só que aqui, a imprensa “conservadora”, tipos Estadões da vida, amam o Bozo. Ô decadência.

  3. KKK por isto é que a imprensa encolhe a cada dia que passa, a coisa tomou contornos de paranoia, é zé com zé e mais nada. Independência, debate de ideias, contraditório, isto tudo acabou. Há anos que não assino jornais, se quiser me enganar é só ver os telejornais, a maior empulhação possível. Felizmente a internet está aí, até agora livre de censura, mas até quando?

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