Augusto Tenório e Roseann Kennedy
Estadão
Após “comer mosca” na formação de blocos parlamentares na Câmara, no início de 2023, o PT agora vai tentar negociar, durante o recesso legislativo, a montagem de um novo grupo para 2024, com a ajuda do Palácio do Planalto. A avaliação, nos bastidores, é a de que o partido do presidente Lula da Silva poderia ter criado uma base sólida de apoio na Casa, se tivesse conseguido unir seus aliados mais próximos, como o PSB e o PDT.
Essas legendas, no entanto, integram o chamado “blocão do Lira”, nome informal dado ao grupo composto pelo PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), com União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante e Patriota, além da federação PSDB-Cidadania. Trata-se do maior bloco partidário, com 176 deputados.
SUCESSÃO DE LIRA – A janela de oportunidade está aberta porque os demais partidos, durante o recesso legislativo, também estão interessados em renegociar os blocos, já de olho na eleição para a presidência da Câmara, que ocorrerá em fevereiro de 2025. O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), é hoje o principal cotado para disputar o comando da Casa com o apoio de Lira, expoente do Centrão.
Pelo lado do PSB e do PDT, as conversas sobre mudança envolvem divergências com outras siglas. É que o União Brasil, o PP e a federação PSDB-Cidadania, por exemplo, costumam impor derrotas ao governo Lula no plenário.
A atitude chegou a provocar constrangimento quando o deputado Felipe Carreras, do PSB, era líder do “blocão” e orientava a votação no plenário. Hoje, o grupo é liderado pelo deputado Dr. Luizinho (PP-RJ).
PRÉ-CANDIDATOS – Com 144 integrantes, o outro bloco da Câmara reúne MDB, PSD, Republicanos e Podemos. Dessa parceria saíram, até agora, dois pré-candidatos à sucessão de Lira: o líder do PSD, Antônio Brito (BA), e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Em conversas reservadas, ministros e dirigentes do PT avaliam que essa aliança pode ganhar nova configuração no ano eleitoral de 2024.
No atual cenário, o PT de Lula e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro não participam de nenhum grupo de representação parlamentar.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O dirigente partidário mais esperto da atual safra é Gilberto Kassab, dono do PSD, um partido que só faz crescer, de uma maneira sólida e consistente. Kassab opera o milagre de apoiar qualquer presidente que estiver no poder, mas não se entrega inteiramente a ele e deixa o outro pé na oposição. Na eleição passada, não apoiou Lula nem Bolsonaro. Com essa tática, ganhou dois ministérios importantes (Agricultura e Minas e Energia) e um desprezível (Pesca). Agora, está fechado com o governador Tarcísio de Freitas, em São Paulo, mas isso não significa que vá apoiá-lo para presidente em 2026. Pessoalmente, Kassab não tem voto, mas sabe distribuir com sabedoria os votos do seu partido, pois o PSD pertence a ele – é uma legenda pessoal, digamos assim. (C.N.)
Cada vez mais, nosso pais está nas mãos de hábeis negociadores, das coisas dos outros.
Acontece que, a maioria dos brasileiros é banana, com casca e tudo!
Como dizia meu grande amigo João Jorge: “a política é tudo putaria!”
E ele sabia muito; conhecia muitos políticos de todos os partidos; viveu 30 anos da política e na politicagem.
O comentário do grande CN diz tudo!!!
Fallavena