Destruir as florestas é acelerar o fim do mundo, na concepção de Aílton Krenak

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Correio Braziliense

Num país democrático e multiétnico como nosso, coexistem diferentes formas de pensar e de viver, embora nem sempre em harmonia. Uma delas merece cada vez mais atenção, pela contribuição que pode dar ao planeta, sobretudo à ciência, nesse momento de emergência climática: a cosmologia indígena. Diante da destruição das florestas e consequente aquecimento global, da frequência e escala crescentes dos desastres naturais, os saberes indígenas ancestrais começam a ganhar corações e mentes na sociedade.

Precisamos dar mais atenção às vozes dissonantes desses setores, como a de Aílton Krenac, o filósofo indígena, recém-empossado na Academia Brasileira Letras (ABL). Ativista do movimento socioambiental, Doutor honoris causa pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Krenak nasceu na região do vale do rio Doce, Minas Gerais. Exerceu um papel crucial na organização e conquista dos Direitos Indígenas na Constituinte de 1988.

CABEÇA DA TERRA – O nome Krenak significa cabeça (kre) da terra (nak). Os Krenak ou Borun são os útimos “Botocudos do Leste”, nome atribuído pelos portugueses no fim do século 18 aos grupos que usavam botoques auriculares ou labiais. São conhecidos também por Aimorés e se auto-denominam Grén ou Krén.

Em 2015, a catástrofe de Mariana (MG), devastou toda a fauna e vegetação do Rio Doce, atingindo a principal fonte de subsistência dos Krenak, representados por pouco mais de 600 sobreviventes que ainda ocupam a região.

Lançado em 2019 pela Companhia das Letras, “Ideias para adiar o fim do mundo” é o livro mais famoso de Krenak. A obra critica a ideia de humanidade como um conceito separado da natureza. Essa premissa seria baseada no desastre socioambiental da nossa era, o Antropoceno.

DIZ KRENAC – Somente através do reconhecimento da diversidade e da recusa da ideia do humano como superior aos outros seres, é possível dar outro significado às nossas existências e frear a caminhada para o colapso ambiental.

Sua obra filosófica sustenta-se na cosmologia indígena. “O amanhã não está à venda”, de abril de 2020, sobre como a pandemia de Covid 19, nos fez refletir sobre o que é a “normalidade” e o que significaria voltar para esse status após a crise social, econômica e sanitária.

Publicado no final de 2020, “A vida não é útil” é um diálogo sobre o cenário pandêmico, no qual aponta as tendências destrutivas da civilização, durante um governo negacionista de extrema-direita.

FUTURO ANCESTRAL -Mais recente, seu livro “Futuro ancestral” confronta o senso comum ao explorar a ideia de futuro: “Os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui.”

Esse raciocínio nos remete à tragédia do Rio Grande do Sul. Uma árvore derrubada na Amazônia, como num efeito borboleta, impacta o clima dos pampas. Esse entendimento já tem um consenso científico, mas não tem a devida tradução nas políticas públicas, que vão na contramão.

O Congresso derrubou o veto do presidente Lula a itens da Lei dos Agrotóxicos que deram ao Ministério da Agricultura competência exclusiva para registrar agrotóxicos, esvaziando Ibama e Anvisa. Outros 25 projetos estão prontos para votação com objetivo de enfraquecer a legislação ambiental e “passar a boiada”.

LIBERAÇÃO AMBIENTAL – Os deputados Lucas Redecker (PSDB-RS) e Jerônimo Goergen (PP-RS), além do senador licenciado Luis Carlos Heinze (PP-RS), gaúchos, estão entre os autores de leis favoráveis a flexibilização de áreas de preservação ambiental.

O próprio governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), promoveu cortes no orçamento da Defesa Civil e nos projetos de resposta a desastres ambientais. Em 2019, propôs um projeto que alterou 480 pontos do Código Florestal estadual. A prefeitura de Porto Alegre nada investiu na prevenção contra enchentes em 2023.

Em março, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou, com 38 votos a favor e 18 contra, um projeto que permite devastar campos nativos do tamanho do Rio Grande do Sul e do Paraná juntos. É isso que queremos?

7 thoughts on “Destruir as florestas é acelerar o fim do mundo, na concepção de Aílton Krenak

  1. A única solução é o Loola, o índio krenac, e a extrema esquerda assumirem o controle de tudo, eliminar a extrema direita com Bolsonaro no meio, empoderar todos os jornalistas de esquerda para vivermos num mundo melhor que o do professor Pangloss.
    Conclusão, o paraíso terrestre ainda não foi alcançado por força da existência da extrema direita genocida.

  2. A verdade é que, independente de nacionalidade e ideologia, há muito o planeta está fadado a morrer. A ciência criou os meios de preservação, mas, outro lado da mesma ciência, criou também mecanismos para facilitar o “enterro”; daí que é pura perda de tempo ficar nomeando a, b ou c como possíveis culpados para o descalabro ambiental que se observa não só aqui, mas no mundo afora.

  3. Na moral…
    Os tais “Índios ” destes tempos degenerados…São uns párias e tbm degenerados morais tanto quanto o “Branco” que os “oprime”. Estou exagerando ?
    Então vejamos a história…Não é de agora que “estes Índios ” se venderam…se auto destruíram com suas traições…e perversões pelo “dinheiro” dos “Brancos”…Poucos foram os que guardaram suas “raízes “..Lá na “matriz” ( Royalties para NOSSO Editor Carlão) Os nativos de lá se tornaram iguais aos ” Brancos” e lá a grana rolou pesado…e teve Índio matando Índio…aos magotes…Preservar o Meio Ambiente? Há.. Há.. Há.. ( HF…RIP)…Pura conversa fiada…papo pra foi “dormir “…Tem nativo …Lá na (matriz)…Que nem sabe quem foi Crazy Horse….Touro Sentado..Nuvem Vermelha…e Demais colunas dos povos Vermelhos das Planícies…Estes sim ..estes se preocupavam com a natureza ..com Os seus…com suas terras ancestrais…ENFIM estes sim eram os verdadeiros..( Vide o filme DANÇA COM LOBOS …Com Kevin Constar uma obra prima do que é ser Nativos com visão e amor por suas terras e seus povos)
    E aqui na filial?…Pode Os nativos daqui do ” Pindorama” Se vangloriarem de algum feito? TRAÍRAS entre si mesmos…Deu no que deu…
    Hoje em dia “índio “…só quer dinheiro do “papai estado ”
    E quanto a tal preservação “ambiental”…?
    “Índios já notaram que isso é pura conversa de homem “branco”…”

    YAH NOSSO CRIADOR SEJA LOUVADO SEMPRE…

    • Carlos, essa narrativa do artigo faz parte do processo ideológico.
      A esquerda elege ‘índio bom’, pra sair pelo mundo falando mal do Brasil.
      Loola subiu a rampa com uns deles, e não foram ao paraíso.
      O esquerdismo europeu coloca pilha nesses escolhidos pela mídia.
      Sting, Macron, Greta, Di Caprio, com olhos rútilos operam com esses elementos hipócritas encastelados em ambientes decorados com madeira contrabandeada do Brasil.
      Hipócritas, sepulcros caiados são o que são.

  4. Pois é , as pessoas que se escudam e refugiam nos extremos ” direita & esquerda ” , na verdade esta dando uma verdadeira prova de falta de intelecto , argumentos e bom senso.

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