Nathalia Garcia
Folha
O ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou nesta terça-feira (11) que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem um plano alternativo para a MP (medida provisória) que trata de mudanças no PIS/Cofins para compensar a perda de receitas com a desoneração da folha de pagamento de 17 setores e de pequenos municípios.
Segundo ele, uma alternativa será construída em conjunto com o Senado. No fim da tarde desta terça, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), comunicou a devolução ao governo Lula de parte da MP que restringe o uso de créditos tributários do PIS/Cofins.
DISSE HADDAD – “O Senado assumiu uma parte da responsabilidade por tentar construir uma solução. Nós vamos colocar toda a equipe da Receita Federal à disposição do Senado para a gente tentar construir uma alternativa, uma vez que tem um prazo exíguo e que precisa encontrar uma solução”, afirmou Haddad.
“Não temos [plano B]. Nós estamos preocupados porque identificamos fraudes nas compensações de Pis/Cofins, então, nós vamos ter que construir também uma alternativa para o combate às fraudes, que essa seria uma saída, mas eu já estou conversando com alguns líderes para ver se a gente encontra um caminho”, acrescentou.
O chefe da equipe econômica citou irregularidades da ordem de R$ 25 bilhões e diz que apresentará números aos parlamentares para dar sequência às tratativas.
APRESENTAR OS NÚMEROS – “Nós temos que sentar com o Congresso Nacional. Primeiro, apresentar os números, porque os deputados e senadores precisam ter clareza do quanto a arrecadação está perdendo”, disse. “Nós não vamos fazer nada antes de expor os números para os parlamentares, porque não adianta você reapresentar um projeto sem que as pessoas estejam minimamente familiarizadas com o que está acontecendo.”
Segundo Haddad, a possibilidade de devolução da MP foi debatida em audiência com Pacheco e com Lula na segunda-feira (10), mas nunca esteve na mesa o governo retirar o texto voluntariamente. O ministro disse que o presidente não demonstrou qualquer tipo de incômodo sobre o tema.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essa desoneração foi uma grande burrice de Dilma Rousseff, que ajudou a quebrar a Previdência. Agora, está difícil consertar, porque Lula alega que “gastar é viver”. Além de se julgar um grande economista, Lula é também um tremendo filósofo… (C.N.)
Segundo a mídia, o mercado não gostou quando Lula falou que não se pode discutir economia, sem olhar para o lado social. E o mercado também não gosta de qualquer medida que recomponha as receitas, como essa MP de restrição das possibilidades de abatimento de créditos do PIS/Cofins.
Vejo que o mercado veria com bons olhos se o governo falasse em revisão dos gastos mínimos de educação e saúde (como Haddad vai propor), desvinculação do SM aos benefícios sociais, tais como aposentadorias e pensões, BPC (como o TCU sugeriu).
KKK quem lê acredita que o ministro está mesmo de mãos atadas, que não pode fazer nada, mas tudo não passa de jogo de cena, de um faz-de-conta. O que me espanta é o tremendo cinismo do “mercado”, da gente dona da grana e, que nunca perdeu um centavo sequer com qualquer governo, seja ele do viés que tiver. Como sempre digo, adoro demagogia barata.
Compadrio camaleônico. Jogo de cena.