Dilma 3 se mexe para tapar buraco de Dilma 1, mas ninguém aceita os cortes

Haddad e Lula se reúnem nesta 2ª para ajustar tributária

Lula passou a ser chamado de Dilma 3, devido á teimosia

Carlos Andreazza
Estadão

No Brasil, todo mundo quer equilíbrio fiscal e justiça tributária; desde que cortado seja o benefício do outro. A conta não fecha. Assim como jamais fecharia a conta do arcabouço fiscal de Haddad. Não sem uma PEC da Transição permanente. O mundo real se impôs em 2024, zerados os R$ 150 bilhões que lhe permitiram enganar como rigoroso comprometido até com superávit.

O plano era (é ainda) torcer por bonança externa, pedalar (fabricando dinheiros) por voo de galinha até 26, então cuspir uma PEC Kamikaze para financiar a tentativa de reeleição – e empurrar a pancada para 2027.

GASTANÇA – O chão encurtou. (Nem Juscelino Filho pavimentaria.) As despesas – a constante do natimorto fiscal – crescem e crescem, os recursos para aumento de arrecadação vão saturados e as possibilidades de revisão de gastos tributários, escassas.

O lobby é tão forte que fez Pacheco valente. O vencedor de 2023, Haddad, de repente aflito, anunciando “revisão ampla e geral” de despesas. Não estava no plano.

Foi o PT, sob Dilma 1, que inventou essa desoneração da folha de pagamentos. Outra conta que não fecharia. E agora Dilma 3 rebolando para lhe tapar o buraco. Tudo sem convicção e na correria. Para remediar a sangria do calabouço fiscal, que arrombou a porteira das despesas. Não será suficiente. O cobertor é curto. A agonia, larga. E, no desespero, a repetição dos erros.

CONTA NÃO FECHA -Para neutralizar o gasto tributário com as desonerações, a proposta de limitação de outro gasto tributário – o dos usos dos créditos do PIS/Cofins para compensações cruzadas.

É preciso mesmo enfrentar essas reservas. Enfrentamento disparado no improviso, de novo via medida provisória, sem atividade política, à margem da Constituição – e, para juntar impacto inflacionário à insegurança jurídica, com a mão pesada da Receita Federal na forja da mordida. Donde a coragem fácil de Pacheco. A conta não fecha.

Agora – diz-se – Haddad mostrará a Lula cardápio com opções para cortes de despesas. Em ano eleitoral. O menu elencaria alternativas de desindexação de gastos.

ATRELADOS À RECEITA – No caso dos pisos de Saúde e Educação, que sobem atrelados à receita, rever-lhes as vinculações deteria um dos transbordamentos que o arcabouço fiscal contratou. Despesas obrigatórias que crescem conforme o crescimento da arrecadação. O crescimento da arrecadação sendo o instrumento do arcabouço para rebater o aumento das despesas. O ciclo da asfixia. E houve quem elogiasse o troço. Alguém envergonhado?

A ministra clandestina Tebet, do Ministério do Planejamento na Clandestinidade, deu entrevista ao Globo. Qual o apoio do presidente ao corte de gastos?

“Não sei, porque nem ele sabe o trabalho que nós estamos fazendo”.

2 thoughts on “Dilma 3 se mexe para tapar buraco de Dilma 1, mas ninguém aceita os cortes

  1. Surreal, ela não sabe o trabalho que está fazendo.
    Nem Mandrake tinha tanta mágica abstrata.
    Essa cuanga, epa, essa bagaça não vai dar certo.
    Estão comendo o guardanapo e limpando a boca com o bife.

  2. Deu no Claudio Humberto.

    Um ano e meio após a posse de Lula (PT), economistas experientes e o mercado já não esperam grande coisa do atual “governo da vingança”, mas torcem pela manutenção de Fernando Haddad como ministro da Fazenda convencidos de que seria pior sem ele. O grande medo é dos seus eventuais substitutos, as piores opções possíveis, de Aloizio Mercadante (BNDES) a Márcio Porchmann (IBGE), passando pelo ex-ministro Guido Mantega e o diretor do Banco Central Gabriel Galípolo.
    Vanguarda do atraso
    As opções a Haddad sofrem influência da Unicamp, curso de Economia mais empenhado em treinar ativistas partidários do que economistas.
    História de fracassos
    Seus “heterodoxos” fracassam abraçando teorias que negam o óbvio: inflação é fenômeno monetário, por excesso de emissão de dinheiro.
    Maluquice da vez
    Hoje prevalece a invencionice de uma tal MMT (Modern Monetary Theory), que defende o Estado emitir moeda para gastar à vontade.
    Pode ser mesmo pior
    Está na lista Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda de Dilma em 2015 e 2016, quando a economia teve desempenho pior que na pandemia.
    Jean Paul Prates, presidente demitido da Petrobras – (Foto: Divulgação.)
    Deputado acusa fraude na substituição de Prates
    O deputado estadual de São Paulo Leo Siqueira (Novo) desconfia da real dinâmica na demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras e acionou a Justiça pedindo apuração. Siqueira alega que a saída de Prates feriu a legislação com encenação fraudulenta de “saída negociada”, pois teria ocorrido após interferência do presidente Lula. O processo ainda questiona a nomeação dos atuais membros do Conselho de Administração e da nova presidente da petroleira, Magda Chambriard.
    Como tem que ser
    Destituições no comando da Petrobras devem ser feitas em assembleia geral da empresa e não pelo presidente da República.
    Sai todo mundo
    O deputado sustenta que, considerando a ilegalidade na saída de Prates, a escolha de Magda e dos conselheiros foram feitas fora da lei.
    Batalha perdida
    Siqueira também tentou barrar, via liminar, reunião do conselho de administração que referendou Magda no posto de Prates. Foi negada.
    CPI do Achaque
    A CPI das Apostas Esportivas no Senado virou CPI do Achaque: ouvirá amanhã José Francisco Manssur, ex-assessor de Haddad, demitido após contar ter ouvido de empresário que Felipe Carreras (PSB-PE), relator da CPI na Câmara, exigiu R$35 milhões em troca de “ajuda e proteção”.
    Frase premonitória
    O genial Roberto Campos sabia bem o que a turma dos “heterodoxos” representava para o País: “Ou o Brasil acaba com economistas da Unicamp ou os economistas da Unicamp acabam com o Brasil”.

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