Pedro do Coutto
Todos os diretores do Banco Central, inclusive os quatro indicados pelo atual governo, seguiram nesta quarta-feira o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, e optaram por manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50%, que incidem sobre a dívida interna do país da ordem de R$ 6 trilhões, o que faz com que, por ano, o comprometimento dos recursos nacionais se eleve a mais de R$ 600 bilhões.
A decisão unânime do Comitê de Política Monetária se deu apesar de o presidente Lula da Silva ter subido o tom e criticado Campos Neto na véspera do anúncio. Se o encontro de maio teve um racha no colegiado, esta última reunião apresentou uma coesão na política monetária. Os analistas do mercado financeiro já esperavam a manutenção da Selic, mas a dúvida era se o Copom teria polarização como na reunião anterior.
CRÍTICAS – A decisão do Copom de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano gerou uma onda de críticas no meio político, especialmente entre os membros do Partido dos Trabalhadores. O Comitê, formado pelo presidente do Banco Central e oito diretores, decidiu de forma unânime interromper o ciclo de cortes na taxa básica de juros que havia começado em agosto de 2023. Durante este período, a Selic caiu de 13,75% para 10,50%. A manutenção da taxa no atual patamar foi justificada pelo comitê devido ao cenário inflacionário ainda incerto, que exige cautela na condução da política monetária.
O presidente Lula elevou o tom contra o Banco Central nos últimos dias, criticando a postura da instituição. Em suas palavras, “Um presidente do BC que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político, e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar do que para ajudar o país”.
JUROS – Vale frisar que, como a inflação brasileira é de 3,9% nos últimos 12 meses, os juros reais aproximam-se de 7%, um dos mais altos do mundo. O custo da dívida brasileira, portanto, deu um salto em mais um mês, dando a entender que dificilmente a taxa recuará até dezembro deste ano, quando termina o mandato de Roberto Campos Neto na Presidência do Banco Central.
Essa questão da Presidência do BC ganhou contornos contraditórios, pois o presidente da autarquia tem que ser nomeado pelo presidente da República, mas não pode ser demitido por ele. Isso cria uma contradição. O fato dá poderes a Campos Neto de forma ilimitada e em muitas situações, como vem acontecendo, chocando-se com a política do governo ao qual está vinculado.
Vamos aguardar, porém, o pronunciamento do presidente Lula da Silva em face da manutenção da taxa de juros pela unanimidade do Copom. Essa decisão acarreta, conforme dito, encargos bilionários por ano com o custo da dívida.
Teriam sido, “khazarianamente”, indicados?
“Dendos”, em:
https://www.oevento.pt/2019/08/05/bf-centros-de-poder-que-negoceiam-o-governo-mundial/