Quadro fiscal não será uma ‘muleta’ para não perseguir a meta de inflação

Galípolo afirmou que o futuro da taxa de juro ainda está em aberto

Pedro do Coutto

A questão dos juros com base no valor da Selic está ganhando dimensões de um debate político cheio de avanços e recuos. O candidato mais forte para o lugar de Roberto Campos Neto, Gabriel Galipolo, disse que de forma alguma o Banco Central irá utilizar a meta fiscal para equilibrar as relações políticas entre o Bacen e o Palácio do Planalto.

Diretor de Política Monetária do BC, Galípolo afirmou que a situação fiscal do país não será “muleta” para não perseguir a meta de inflação. “Na posição que eu estou, como diretor de Política Monetária [do BC], tento evitar comentar a política fiscal. O Banco Central como autoridade monetária vai a todo momento reafirmar com ações e na comunicação a sua função e reação dos efeitos da política fiscal tanto nas expectativas quanto na inflação corrente e, de maneira alguma, irá utilizar o fiscal para que isso seja algum tipo de muleta para que você não persiga a meta de inflação. O Banco Central tem as ferramentas para atingir a meta e irá utilizá-las”, afirmou.

EM ABERTO – Galípolo também disse que a Ata do Copom reflete exatamente o que ele está pensando sobre a política monetária e disse que o futuro da taxa de juro no Brasil ainda está em aberto: “A palavra que a gente utilizou foi interrupção [da Selic, a taxa básica de juro], mas claramente a gente não quer fazer qualquer tipo de sinalização ou guidance para a frente, o que a gente fez, ao fazer uma comunicação que utilizou a palavra interrupção, mas pretende deixar aberto para a gente ver como é que as coisas vão se desdobrar a partir de agora. Então, essa foi a intenção que a gente pretendeu transmitir tanto na ata quanto no comunicado”, declarou.

O ministro Fernando Haddad, por sua vez, deixou claro que vai prosseguir esperando uma política de cortes gradativos na taxa Selic, mas a Diretoria do Banco Central não considera essa queda como um fator definido. Pelo contrário, sustentou que os juros não recuarão tão cedo e que essa posição assinala que a meta inflacionária vai ditar ajustes futuros. Galipolo ratificou que poderão haver ajustes futuros mais altos dependendo do comportamento da taxa inflacionária. Já Haddad e a corrente progressista do PT defendem que a taxa inflacionária depende da redução de juros do Bacen e não o contrário.

Esse choque na base de uma escalada inflacionária são realmente contraditórios e conflituosos, pois uma visão confronta-se com a outra. Como se vê, são dois caminhos diversos. Quem tem razão? Essa pergunta deve ser respondida pelo Palácio do Planalto, até porque a nomeação de Gabriel Galipolo em dezembro será um marco na história do Banco Central no país. O problema está posto de forma bastante clara.

1 thoughts on “Quadro fiscal não será uma ‘muleta’ para não perseguir a meta de inflação

  1. Que tal repatriar, o que nos faz falta?
    Há “dendos”, em:
    Abrólhos!
    “…..um funcionário do banco, aparentemente vindo do Departamento de Estado, pediu-me para rever um memorando que propunha tornar os Estados Unidos “a nova Suíça”.

    Ou seja, um paraíso para o dinheiro da droga e outros crimes de branqueamento de capitais, para cleptocratas e evasores fiscais, a fim de ajudar a travar o défice da balança de pagamentos dos EUA, que resultava inteiramente das despesas militares estrangeiras no Sudeste Asiático e noutras partes do mundo.”
    PS. Continua, em: https://www.resistir.info/m_hudson/cleptocracia_17jun24.html

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