Rafael Moraes Moura, Johanns Eller e Malu Gaspar
O Globo
A cúpula da Caixa Econômica Federal destituiu na última segunda-feira (8) dois gerentes que se opuseram à compra de um lote de R$ 500 milhões em letras financeiras do Banco Master, consideradas arriscadas demais para os padrões do banco.
Em um parecer sigiloso de 19 páginas obtido pela equipe da coluna, a área de renda fixa da Caixa Asset, o braço de gestão de ativos do banco estatal, desaconselhou enfaticamente a operação, considerada “atípica” e “arriscada”, não só em razão do valor, considerado alto demais, como por causa do rating do banco.
BANCO MASTER – O Master é um banco formado a partir do antigo Banco Máxima que tem entre os principais acionistas os empresários Daniel Vorcaro, Maurício Quadrado e Augusto Ferreira Lima. Ele assumiu a atual razão social em 2021.
O documento da Caixa classifica o modelo de negócios do Master como de “de difícil compreensão” e aponta para um “alto risco de solvência”. O parecer deveria ter sido discutido no comitê de investimento da Caixa Asset no último dia 4.
Mas, segundo a equipe da coluna apurou, o impasse criado pela postura dos técnicos fez com que o assunto fosse retirado da pauta. Quatro dias depois, os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, que também avalizou os documentos, perderam seus cargos.
EMBROMAÇÃO – Fontes envolvidas no caso disseram à equipe da coluna que os diretores da Caixa Asset afirmaram na videoconferência em que os gerentes foram comunicados de sua destituição que a companhia passaria por uma reformulação, com uma nova forma de atuação, sem especificar que forma seria essa e nem fazer qualquer referência ao parecer sobre a compra das letras financeiras do Master.
A videoconferência, da qual participou também o CEO da Caixa Asset, Pablo Sarmento, aconteceu na última segunda-feira (8).
Nos bastidores da Caixa, o movimento foi interpretado como uma tentativa de retaliação e de eliminar as resistências internas ao negócio, já que o comitê de investimentos, a quem cabe dar aval a esse tipo de operação, deverá ser recomposto com os novos gerentes dessas áreas.
CRISE NO BANCO – Desde então, abriu-se uma crise no banco, que repercutiu entre operadores do mercado financeiro, segundo apurou a equipe do blog com três fontes a par do assunto ouvidas em caráter reservado.
Com a retirada do assunto de pauta, a compra dos títulos não foi efetivada. Mas, de acordo com fontes da coluna relacionadas ao caso, isso não quer dizer que a operação tenha sido sepultada. Não há garantia de que ela não voltará a ser pautada nas próximas reuniões do comitê de investimentos, já sob nova configuração.
A preocupação tomou conta da área técnica porque, de acordo com funcionários da Caixa Asset, não há precedentes na história da companhia de uma operação desse volume com riscos tão altos. Essas mesmas fontes dizem ser muito incomum a área técnica barrar propostas de novos investimentos.
NOMEAÇÕES POLÍTICAS – A Caixa Asset é uma divisão recente do banco estatal, criada em 2021 no governo Jair Bolsonaro durante a gestão do então presidente da instituição, Pedro Guimarães.
No ano passado, com a tentativa de aproximação do presidente Lula com o Centrão, o comando da Caixa ficou na cota do líder do bloco, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O político alagoano dividiu a cúpula do banco entre partidos aliados, incluindo o braço da gestão de fundos.
Para a presidência da Caixa, Lira indicou o servidor Carlos Vieira, que já presidiu o fundo de pensão do banco. Em dezembro do ano passado, ele nomeou como CEO da subsidiária Pablo Sarmento, que era diretor da Caixa Capitalização. Segundo fontes ouvidas pela equipe da coluna sob reserva, Sarmento foi uma indicação do deputado Altineu Côrtes (RJ), líder do PL de Bolsonaro na Câmara.
DEPUTADO NEGA – Procurado, Altineu negou ter qualquer relação com o banco. “Em hipótese alguma [indiquei Pablo Sarmento]. Não tenho nenhuma indicação no governo e nem teria por que ter. Não tem ninguém mais de oposição do que eu”, declarou o parlamentar, que lidera o partido bolsonarista na Casa.
As letras financeiras emitidas pelo Banco Master que a Caixa considerava comprar previam uma rentabilidade de 130% do CDI ao ano no prazo de 10 anos.
Mas, no documento sigiloso encaminhado ao comitê de investimentos, os gerentes observaram que a Caixa Asset nunca aplicou um volume sequer próximo de R$ 500 milhões durante um prazo tão longo em instituições de perfil arriscado como o Master, que tem um rating interno de BB+, considerado de médio risco. No geral, esse tipo de aporte só é feito em instituições renomadas no mercado, como os principais bancos públicos e privados.
PERFIL DE RISCO – “Expor-se a um emissor com o perfil de risco em questão (“médio risco”) e por um prazo de 10 anos é altamente arriscado e atípico no mercado”, dizem os técnicos.
“Tal decisão certamente chamaria a atenção de todo o mercado e dos investidores, uma vez que as carteiras dos fundos são públicas e tal operação vai contra a prática comum de mitigação de riscos, pois reúne dois fatores de risco importantes, o tempo (exposição por um prazo bastante longo) e o próprio perfil de risco do emissor (bem vulnerável).”
Além disso, o parecer pontua que nenhuma das concorrentes do braço de gestão de fundos da Caixa fez negócio com o Banco Master, o que reforça a tese de uma operação atípica. Nos últimos anos, o Master comprou outros bancos menores, razão pela qual seu patrimônio líquido vem aumentando.
ARGUMENTO FINAL – De acordo com o documento interno da Caixa, o Master tem no total R$ 820 milhões em ativos distribuídos no mercado financeiro. Só que, desse total, cerca de R$ 780 milhões foram aplicados por gestoras ligadas ao próprio Master. Isso significa que apenas R$ 40 milhões foram comprados pelo mercado.
Logo, se comprasse as letras financeiras no valor proposto pelo Master, a Caixa Asset investiria no banco quase 13 vezes o valor que outros agentes do setor aplicaram na instituição somados.
“Essa decisão pode suscitar questionamentos sobre a avaliação e a estratégia de gestão de risco adotada pela Asset, impactando a percepção de confiança e prudência no mercado”, alerta o documento.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Os gerentes Daniel Cunha Gracio, de renda fixa, que assina o parecer, e Maurício Vendruscolo, de renda variável, exibem um profissionalismo e uma dignidade que fazem falta a outros setores do governo. (C.N.)
Isso cheira Arthur Lira!!
Nisso aí tem o dedo do “sem dedo”. Já é a terceira tentativa seguida (as primeiras foram a compra do arroz e a MP). Quando conseguir, dará um jeito de perder o cargo e fugirá para a Itália, graças à falecida.
Terceira tentativa que veio à tona.
Fernando Pimentel está escondido na Caixa a serviço de Lula. Logo os Rombos vão aparecer,essa é a marca registrada do PT(Perda Total).
Tudo estava combinado. Só não falaram com os russos.
Quem se lembra da tramoia na aquisição por mais de 19 bilhões de reais do ” Banco Pan Americano ” , falido e cheio de passivo na praça . pela mesma Caixa Econômica Federal – CEF , no primeiro governo do então Presidente Luís Inácio da Silva – Lula , quem a obrigou a adquiri-lo causando enorme prejuízo a Caixa , sendo que o Banco Pan pertencia ao apresentador de TV – empresário Sílvio Santos , por isso ele jogava e jorrava dinheiro ” pelo ladrão e para ladrão ” , ou seja , a má versação do público é regra em todos os governos civis , desde a tal redemocratização do país .
Quem se lembra da tramoia na aquisição por mais de 1Bilhões de reais do ” Banco Pan Americano ” , falido e cheio de passivo na praça . pela mesma Caixa Econômica Federal – CEF , no primeiro governo do então Presidente Luís Inácio da Silva – Lula , quem a obrigou a adquiri-lo causando enorme prejuízo a Caixa , sendo que o Banco Pan pertencia ao apresentador de TV – empresário Sílvio Santos , por isso ele jogava e jorrava dinheiro ” pelo ladrão e para ladrão ” , ou seja , a má versação e roubo do dinheiro público é regra e não exceção em todos os governos civis , desde a tal redemocratização do país .